Livro ‘As vira-latas’ por Arelis Uribe

"As vira-latas" de Arelis Uribe oferece uma visão intensa e comovente da vida de garotas marginais no Chile dos anos 1990, em contos premiados e traduzidos internacionalmente.

Neste livro de estreia, premiado e já traduzido em diversos países, a chilena Arelis Uribe surge como uma espécie de cronista de uma geração de garotas que estão às margens. Em oito contos narrados em primeira pessoa por diferentes protagonistas, As vira-latas oferece uma visão caleidoscópica da experiência de ser uma jovem das classes populares do Chile nos anos 1990, quase sempre mestiça e circulando num cenário social degradado. São histórias de vidas precárias e errantes, envoltas nos acontecimentos da infância e juventude, ordinários ou não, que oscilam entre o conflito, o desejo e a ternura. Arelis dá voz a quem nunca falou, meninas sem pedigree, mas também sem amarras. “A história do medo, do invisível, das que não contavam e agora contam, fazem deste livro o retrato mais vívido de nossa intensidade e desmesura, e planta, sem querer, a semente para a próxima revolução.” Gabriela Wiener.

Editora: ‎Bazar do Tempo; 1ª edição (16 maio 2024); Páginas: ‎96 páginas; ISBN-13: 978-6585984003

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Biografia do autor: Arelis Uribe é uma talentosa escritora e jornalista chilena, nascida em Santiago em 1987. Seu primeiro livro, “As Vira-Latas” (Quiltras), foi publicado em 2016 e recebeu o prêmio de Melhor Livro de Contos do Ministério da Cultura do Chile. Além disso, o livro foi publicado em vários outros países, como Espanha, França, México e Colômbia. Ela também é autora do livro de crônicas “Que Explode Tudo” (2017). Uribe foi professora de escrita na Universidade de Santiago e na Universidade do Chile, e atualmente vive em Valparaíso, onde cuida de um jardim. Instagram @uribearelis

Resenha:

As Vira-Latas: Uma Jornada pelas Margens da Sociedade Chilena

Em sua estreia literária com a coletânea de contos “As Vira-Latas”, a escritora chilena Arelis Uribe nos convida a mergulhar em um caleidoscópio de vivências de jovens mulheres das classes populares do Chile nos anos 1990. Através de oito narrativas em primeira pessoa, cada uma com sua protagonista singular, a autora tece um retrato comovente e cru da realidade marginalizada à qual essas “vira-latas”, como são chamadas, estão submetidas.

Sem pedigree e sem amarras, as personagens de Uribe transitam por um cenário social degradado, onde a precariedade e a errante são constantes. Seus relatos, ora brutos, ora líricos, nos transportam para a infância e juventude dessas jovens, revelando os conflitos, desejos e ternuras que marcam suas jornadas.

Temas Pulsantes:

  • Infância e Adolescência: A obra explora as nuances da formação individual e social das protagonistas, desde as primeiras descobertas até as duras realidades da vida adulta.
  • Sexualidade: A descoberta do corpo e do prazer, permeada por tabus e violências, é um tema central, evidenciando a repressão e a objetificação da mulher na sociedade.
  • Relações Familiares: Os laços familiares, muitas vezes frágeis e disfuncionais, são retratados com honestidade e sensibilidade, expondo as mazelas da pobreza e da marginalização.
  • Amizade e Sororidade: Em meio às dificuldades, a amizade e a sororidade se revelam como pilares de força e apoio entre as protagonistas, proporcionando momentos de cumplicidade e afeto.
  • Desigualdade Social: A pobreza, a violência e a falta de oportunidades permeiam as histórias, tecendo uma crítica social contundente e necessária.
  • Busca por Identidade: As personagens navegam em busca de autoafirmação e pertencimento, desafiando estereótipos e construindo suas próprias identidades.

Linguagem e Estilo:

A escrita de Uribe é visceral e poética, marcada por uma linguagem coloquial e direta. A autora utiliza recursos como o fluxo de consciência e a fragmentação temporal para criar uma atmosfera imersiva e autêntica. As descrições vívidas e os diálogos carregados de emoção transportam o leitor para o interior das personagens, permitindo uma conexão profunda com suas experiências.

Um Retrato Essencial:

“As Vira-Latas” se configura como um retrato essencial da realidade marginalizada no Chile dos anos 1990. Ao dar voz a mulheres que muitas vezes são silenciadas, Arelis Uribe constrói uma obra literária potente e necessária, que nos convida a refletir sobre as desigualdades sociais, a luta por identidade e a resiliência do feminino.

Recomendação:

“As Vira-Latas” é uma leitura imperdível para quem busca se conectar com realidades distintas e com personagens complexas e cativantes. A obra é especialmente indicada para aqueles que se interessam por literatura latino-americana, feminismo, questões sociais e a construção da identidade feminina.

Lembre-se:

  • A obra explora temas sensíveis como violência, abuso sexual e pobreza.
  • A linguagem utilizada é coloquial e direta, com algumas expressões que podem ser consideradas rudes por alguns leitores.
  • Apesar da temática pesada, a obra também apresenta momentos de humor, ternura e esperança.

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