Livro ‘Ritmos de Renovação’ por Rebekah Lyons

Livro 'Ritmos de Renovação' por Rebekah Lyons - Trocando o Estresse e a Ansiedade por uma Vida de Paz e Propósito
Trocando o Estresse e a Ansiedade por uma Vida de Paz e Propósito
VOCÊ PODE SER LIVRE DA PREOCUPAÇÃO, DO ESTRESSE E DA ANSIEDADE TODOS OS DIAS. Como recebemos a generosa paz de Deus quando o estresse assombra nossos pensamentos cotidianos? Agora, mais do que nunca, nossa sociedade parece estar presa em um surto coletivo de pânico. Setenta e sete por cento da população vivencia sintomas de estresse, enquanto a depressão e a solidão aumentam. Nós nos preocupamos com nossas carreiras e com nossa saúde, com política, bem como em sermos suficientes e mantermos sempre o mesmo ritmo. Mas não tem que ser assim. A popular e querida autora e palestrante Rebekah Lyons compartilha sua experiência de superação da ansiedade e apresenta uma jornada premeditada e vitalícia rumo à saúde sustentável...
Editora : Editora Alta Life; 1ª edição (18 dezembro 2020)
Idioma : Português
Capa comum : 304 páginas
ISBN-10 : 8550814970
ISBN-13 : 978-8550814971
Dimensões : 20.57 x 13.72 x 1.52 cm

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Leia trecho do livro

QUANDO AS PORTAS NÃO SE ABREM

INTRODUÇÃO

QUANDO AS PORTAS NÃO SE ABREM

Em uma luminosa tarde de sábado em outubro, o pânico voltou. Eu estava no alto da costa norte da Califórnia, perto da pacata cidade de Carmel, participando de uma reunião de jovens casais, velhos amigos e alguns novos conhecidos. Nos reuníamos para um descanso muito necessário, a fim de reorientar nossos corações e mentes para a próxima temporada. Naquela tarde, o grupo tomou uma decisão coletiva: nos separaríamos para passar um tempinho livre, passeando pela pitoresca vila de Carmel-by-the-Sea, e saborearíamos um café com leite, bolos ou sorvete. Poderíamos ir com calma. Relaxar.

A casa em que estávamos não era nada comum, mas sim a Magnus Opus de mo anos, do arquiteto Charles S. Greene. Ele a chamava de Seaward, que significa “em direção ao mar”, um nome que captura bem o ambiente. Uma biblioteca repleta de clássicos antigos e uma janela palladiana davam para a praia rochosa. Eu precisava de um momento em frente àquela janela, uma pausa antes de me juntar ao grupo para nossa recarga de cafeína e açúcar. Eu disse ao meu marido, Gabe, que seguisse em frente com nossos amigos, e eu chegaria 3o minutos depois, após algumas reflexões naquele belo cenário.

Nem cinco minutos depois que meus amigos foram embora, fui ao banheiro. Como todas as outras partes da estrutura, até o pequeno banheiro parecia esculpido à mão. Era um espaço apertado. Confinado. Mas eu não pensei duas vezes, entrei e tranquei a porta atrás de mim.

Olhando para o meu telefone, vi que a bateria estava acabando muito rápido, e ele acabou desligando em 45%. IPhone velho e maluco. Eu relutava em comprar outro por causa das despesas, mas não podia mais ignorar que a bateria abaixava mais de 50% em apenas uma hora. Fiz uma anotação mental para comprar outro quando a viagem terminasse, levantei-me, dei descarga e virei a tranca e a maçaneta da porta secular. A trava não cedeu. Virei de novo e de novo e de novo. E então, usando as duas mãos, virei com toda a minha força. Nada. Eu virei a maçaneta de um lado para o outro. Esperei o dique do mecanismo interno liberar, mas nada aconteceu.

Uma casa de l00 anos nas falésias do Pacífico. Trancada em um espaço de meio metro por um metro. Paredes de cimento com 25 centímetros de espessura por toda parte. Uma porta pesada de madeira, com l00 anos de idade. Sozinha pelas próximas horas. Celular sem bateria.

As paredes começaram a se fechar, tirando meu fôlego. Em 15 segundos, meu corpo estava em convulsão. Eu estava presa. Ninguém para ligar. Nenhum lugar para ir, a não ser fazer pequenos círculos.

Racional ou não, eu não conseguia pensar na ideia de me sentar naquela câmara de cimento de um metro e meio por um metro até que alguém voltasse horas depois e me encontrasse batendo na porta e chorando. E foi aí que as perguntas vieram.

Por que isso era tão aterrorizante?

Eu não deveria estar melhor?

Eu não havia me recuperado desses ataques de pânico anos atrás?

Acho que a recaída tem uma maneira de reencontrar cada um de nós.

Durante toda a minha vida, fui resiliente e ultrapassei obstáculos. Sem dinheiro para terminar a faculdade? Arrumei dois empregos para cobrir a mensalidade e o aluguel. Sem dinheiro suficiente para comprar um carro? Eu me esforcei para ganhar crédito e me qualificar para um empréstimo. Nenhum fundo secreto para pagar um casamento? Esgotei dois anos de economia em um orçamento apertado, começando com um vestido de noiva de US$300. Não importa quais portas se fechassem para mim na vida, eu me recuperava com maneiras de abri-las. Não havia obstáculo que não pudesse ser superado com coragem e um pouco de trabalho duro.

UMA CASA DE 100 ANOS NAS MONTANHAS DO PACÍFICO.
PRESA EM UM ESPAÇO DE UM METRO E MEIO POR UM METRO.
PAREDES DE 25 CENTÍMETROS DE CIMENTO AO REDOR.
PORTA ANTIGA DE MADEIRA PESADA.
SOZINHA PELAS PRÓXIMAS HORAS.
CELULAR. SEM BATERIA.

Mas aqui estava uma porta que eu não conseguia abrir. Nenhuma quantidade de trabalho duro, conquista ou conversa interna poderia me tirar dessa prisão no banheiro, acima do nível do mar. Fui deixada comigo mesma, com minha fragilidade e com minha incapacidade de escapar. E isso me aterrorizava. E a verdade era que eu não estava com medo da pesada porta de madeira ou da fechadura antiga que não abria. Eu estava com medo de ficar presa, com medo de ficar sozinha e testemunhar a insensatez do meu corpo. Eu estava com medo de mim.

O que eu poderia fazer sob pressão? Mesmo que eu não estivesse em perigo, isso não importava, porque o maior causador de perigo estava escondido em minha mente. Eu pensei nas fases do pânico e do terror repetidamente, procurando qualquer maneira de escapar.

Então, eu olhei para cima.

No topo da parede, notei uma pequena janela em arco, com aproximadamente 50 centímetros de altura e 45 centímetros de largura. Puxei a trava antiga e, para minha surpresa, ela se abriu. Eu gritei com imensa descrença e lágrimas irromperam. Poderia ser? Se eu subisse na caixa do vaso sanitário, eu poderia empurrar meu corpo pela janela. Meus quadris passariam? Isso não importava. O resgate estava à vista e eu estava tentando.

Quando meu corpo já havia passado até a cintura, respirei profundamente, enchendo meus pulmões com ar frio e salgado. Ouvi as gaivotas grasnindo, as ondas do mar batendo, a natureza seguindo seu curso enquanto minha vida parecia estar saindo de controle. Continuei empurrando e apertando meus quadris e pernas, até cair nas rochas com vista para as ondas que quebravam abaixo. Eu pensei que meus músculos da coxa nunca parariam de tremer. Agachada ali em posição fetal, chorei. Tudo o que eu havia enfrentado seis anos antes — os ataques de pânico, a ansiedade insuportável, os colapsos — voltaram à tona, junto com toda a vergonha e fraqueza.

Eu lutei com ataques de pânico diariamente no ano após nossa família se mudar para Manhattan, principalmente quando me encontrava em espaços confinados, como aviões, trens ou grandes multidões. Os elevadores eram os piores. Na Bloomingdale’s, fiquei no primeiro andar por 20 minutos esperando as condições perfeitas para entrar no elevador — pelo menos duas pessoas além de mim no elevador, mas não mais do que cinco. Quando essas condições foram finalmente satisfeitas, entrei e, quando as portas se fecharam, meu coração congelou. Fiquei parada, prendendo a respiração, punhos cerrados, até que as portas se abriram no nono andar. Não importa quantas vezes eu tivesse feito essa viagem, o pânico sempre era o mesmo.

Na noite de 20 de setembro de 2011, clamei a Deus por ajuda e ele me inundou de paz. Nos anos seguintes, viajei e falei sobre a libertação do pânico e até escrevi You Are Free, um livro sobre como se libertar da ansiedade. Por que ela havia voltado agora, sete anos depois?

Perguntei a Deus: “Sou uma fraude?” Como é que eu pude falar com tantas pessoas sobre a cura do transtorno do pânico, escrever um livro sobre isso, orar para que os outros encontrassem cura e me encontrar diante de um ataque de pânico mais grave do que qualquer outro que eu tenha experienciado na Bloomingdale’s? Olhei fixamente para o outro lado do oceano, deixei o vento bater contra minhas bochechas molhadas de lágrimas, as perguntas ecoando em meus ouvidos. Eu sabia que Deus me via com compaixão e ternura, mas Ele não estava respondendo às minhas perguntas. Ainda não.

Enquanto meu batimento cardíaco diminuía até o ritmo de descanso, eu me recompus e fui me encontrar com meus amigos. Eu podia ouvir o resto do grupo rindo no quarteirão. Eles estavam envolvidos pela conversa, então me juntei com um aceno de cabeça. Ouvia o que eles diziam com um sorriso forçado, mas eu estava a milhares de quilômetros de distância. O resto do dia foi um borrão. Eu continuava me afastando para olhar o Pacífico, misterioso e vasto, como se Deus usasse sua obra para me dar uma resposta a todas essas novas perguntas.

Naquela noite, antes de dormir, tentei explicar a Gabe o que havia acontecido, mas nenhuma palavra parecia dar a dimensão do trauma daquela tarde. Quando ele rolou na cama e sua respiração constante diminuiu, olhei para o teto no escuro. Lágrimas caíram dos cantos dos meus olhos, acumulando em meus ouvidos. Perguntei novamente com um sussurro: Como isso pode acontecer? Sete anos de ensino, cura e liberdade? Será que a verdade havia sido roubada em um único incidente? Por que a vergonha e a solidão se instalavam em mim?

Em sua misericórdia, Deus gentilmente sussurrou uma resposta: Você pode se concentrar no fato de que o medo apareceu ou pode se concentrar no fato de que Eu sempre darei uma maneira de escape.

Lá estava o amor de Deus. E parecia a Escritura que eu havia decorado anos atrás: “Eu sempre darei uma maneira de escape […] que você será capaz de suportar.’

VOCÊ PODE SE CONCENTRAR NO FATO DE QUE O MEDO APARECEU OU PODE SE CONCENTRAR NO FATO DE QUE EU SEMPRE DAREI UMA MANEIRA DE ESCAPE.


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