Livro ‘O Abismo’ por Charles Dickens

Livro 'O Abismo - Biblioteca Áurea' por Charles Dickens
Charles Dickens foi um dos escritores mais populares da era vitoriana. Suas obras abarcavam as diversas esferas do cotidiano, trazendo à tona uma crítica social que modificou a história da literatura. A amizade com o romancista e dramaturgo Wilkie Collins, um dos precursores do gênero policial, resultou nesta obra a quatro mãos, que traz o que há de mais emblemático na escrita dos dois autores. Publicado originalmente em 1867, tanto em texto teatral quanto em romance, O abismo conta a jornada de Walter Wilding, um rico comerciante de vinhos que leva uma vida de fortuna e prestígio. Após a morte da mãe, Wilding descobre que não é seu filho legítimo...
Capa dura: 160 páginas  Editora: Nova Fronteira; Edição: 1ªª (29 de novembro de 2019)  Idioma: Português  ISBN-13: 978-8520944790  Dimensões do produto: 23,6 x 15,6 x 1,4 cm

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Leia trecho do livro

Prefácio

Prezado Leitor

Charles Dickens foi um influente escritor inglês, o mais famoso romancista da era vitoriana. Ele nasceu em 1812, na cidade de Portsmouth e, mesmo sem a oportunidade de receber uma educação formal, tornou-se um dos grandes escritores da literatura mundial.

O Abismo, além de ser a trama mais policialesca entre todas as obras de Dickens, tem sua densidade na própria mensagem do escritor, nela estão suas principais características – a vitória do bem sobre o mal, a força do amor, a bondade quase como um instinto natural.

Uma excelente e agradabilíssima leitura

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APRESENTAÇÃO

Sobre o autor e obra

No início do século XIX, a Inglaterra tem uma tarefa a cumprir; conquistar mercados para o escoamento de suas riquezas naturais industrializadas. Através de uma rede de estradas e canais de navegação e de uma grande frota mercantil, a Inglaterra realiza em tempo relativamente curto uma revolução industrial que a transforma na “oficina do mundo”.

A Revolução Industrial propicia à coroa britânica o acúmulo de grandes riquezas e à classe média considerável fortuna, mas simultaneamente acarreta graves problemas sociais e administrativos. As cidades inglesas não comportam o acúmulo de gente que para lá se desloca em busca de trabalho. Há dificuldades de abastecimento de água, carência de esgotos e de habitações. As fábricas que se multiplicam têm, no entanto, urgência de todos os braços disponíveis. Homens, mulheres e crianças mourejam nos tornos e teares mecânicos desde o nascer do sol até noite alta.

Criança ainda. Charles Dickens, nascido em 1812, sente na carne as agruras da Revolução Industrial. Seu pai, John Dickens, escriturário da Tesouraria da Marinha na cidade de Portsmouth, não tem habilidade para controlar seus minguados proventos. Vive de empréstimos, sem conseguir saldá-los. Um dia os credores se impacientam com ele. ÀS pressas, resolve mudar-se para Londres, levando consigo a família.

Num sótão de uma rua pobre da cidade grande, sem saúde para brincar com outros meninos, Charles lê Tom Jones de Fielding, Dom Quixote, de Cervantes, As Mil e Uma Noites (contos árabes medievais anônimos). Não pôde ficar muito tempo imerso nesse mundo de sonhos e aventuras: as dívidas do pai não o permitem: perseguido por credores, John Dickens acaba preso. A esposa Elisabete Dickens vê-se obrigada a vender vários pertences da casa, entre os quais os livros do menino.

Sem meios para se sustentar, transfere-se para a prisão de Marshalsea, onde o marido cumpre pena. O menino não acompanha a familia: está com doze anos, mas precisa trabalhar

Vive na casa de parentes e durante seis meses cola rótulos em potes de graxa. É. o seu primeiro contato com a Revolução Industrial.

Com a morte da mãe, John Dickens recebe uma pequena herança: salda as dívidas e pode sair da prisão. Charles então manifesta o desejo de estudar.

O pai concorda. Elisabete. sempre contrária as iniciativas do filho. não aprova a ideia: o menino na escola representa um gasto a mais. um ganho a menos. Mas Charles insiste, chora e ganha a questão. Entra na Wellington House Academy. mas a instabilidade financeira da família não permite que ele continue na escola por muito tempo. Tem de arrumar um novo trabalho. Quer ser ator, mas precisa ganhar dinheiro.’Emprega-se, então, como aprendiz na casa de um procurador judicial.

Para quem sonha com o palco, não é agradável passar os dias ouvindo queixas. Decide então aprender estenografia para conseguir uma ocupação mais atraente. Assim, aos vinte anos, estenógrafo diplomado, Dickens começa a trabalhar no jornal Troe Sun. A vida de repórter é dura. Viaja pelas províncias inglesas em incômodas caleças, às vezes fica sem comer e frequentemente redige à luz de vela. Mas graças à veia humorística e à sede de aventuras, também se diverte, anotando episódios pitorescos.

Nessa época, a antiga aristocracia rural e a emergente burguesia industrial lutam pelo poder político.

Dickens acompanha de perto as contendas e rixas entre os candidatos e eleitores de ambas as facções. Tudo o que vê conta ao amigo Kolle, companheiro de redação, que se empolga com a maneira com que Dickens conta suas experiências. É Kolle quem apresenta Dickens a várias pessoas da alta sociedade londrina. Dickens conhece Mary Beadnell, por quem se apaixona, mas os pais da moça não aprovam o namoro e mandam-na para Paris.

Para curar a mágoa, Dickens escreve. Timidamente, valendo-se da escuridão da noite, envia ao Monthly Magazine uma pequena crônica, sem assinatura. Um mês mais tarde verifica, surpreso, que seu escrito não só fora aproveitado como é lido por muita gente. O sucesso leva-o então a redigir uma série de crônicas, em linguagem leve e fácil, narrando fatos ou fictícios da classe média londrina. Assina-as sob o pseudônimo Boz, no Morning Chronicle, o jornal londrino de maior circulação na época.

A popularidade de Boz o leva a ser convidado a fazer os textos de alguns desenhos do famoso artista Robert Seymour para publicá-los em capítulos mensais.

Boz aceita o convite, mas impõe que, em vez de redigir de acordo com os desenhos, quer que seus textos sejam ilustrados. Nascem, assim, As Aventuras do Sr. Pickwick, publicadas em 1837. A Inglaterra ri e chora com as “aventuras”. E Dickens casa-se com Catherine Hogarth, filha do redator-chefe do Moming Chronicle. Não parece ter sido amor o motivo do casamento. Triste e apática, Catherine não se harmoniza com o espírito irrequieto e fértil do escritor. Mary Hogarth, a bela cunhada de dezessete anos, ajuda-o a carregar o fracasso conjugal: inteligente, vivaz, alegre, Dickens confia-lhe seus sonhos e problemas.

Mas sua presença no mundo é breve. Um dia, sem nenhum sintoma de doença, Mary Hogarth cai e morre – simplesmente. O romancista fica tão abalado que suspende a série “Pickwick”, encerra-se em si mesmo, emudece.

Só mais tarde, em 1840, amenizada a mágoa, imortaliza a cunhada como a pequena Nell, na obra A Loja de Antiguidades. Durante meses os leitores acompanham emocionados a história da menina, e, ao sabê-la enferma, enviam a Dickens torrentes de cartas, suplicando-lhe que poupe a gentil criatura. Foram inúteis os rogos. Como Mary, também a jovem personagem morre, provocando violenta comoção no país inteiro.

Mal termina As Aventuras do Sr, Pickwick Dickens começa a publicar, em 1838, Oliver Twist, em fascículos mensais ilustrados. O rápido êxito faz o escritor concluir um livro e iniciar outro, sem interrupção. A necessidade de sentir-se amado, a ânsia de reconhecimento público e a vaidade exacerbada não lhe permitem descansar. Após Oliver Twisty escreve, ainda em 1838, Vida e Aventuras de Nicholas Nickleby A Loja de Antiguidades, em 1840, e Barnaby Rudgey 1841.

Após tanta atividade, Dickens resolve viajar para os Estados Unidos. A princípio recebido como ídolo, provoca antipatia da imprensa local ao declarar, num banquete em sua homenagem, que os editores americanos não pagam direitos autorais aos romancistas ingleses que publicam. Somando à reação da imprensa algumas peculiaridades que lhe pareceram desagradáveis, Dickens retorna à Inglaterra e redige uma série de crônicas (Notas Americanas, 1842) e um romance (Martin Chuzzlewitt, 1843-1844) criticando asperamente os Estados Unidos.

É época de Natal, o coração de Dickens se enternece mais que de costume. Tanto que se dispõe a interpretar as emoções populares da época natalina, e escreve seu primeiro conto de Natal. Uma mensagem de amor, que ele entrega à cidade de Londres, partindo em seguida para a Itália, de onde só retorna um ano depois, para ler em público outro conto de Natal: Carrilhões, Uma História de Duendes, inspirado pelos sinos de Gênova. Feliz com o êxito da leitura, dirige-se a Paris, onde é recebido pelos maiores escritores franceses de então: Victor Hugo, (George Sand, Théophile Gautier e Alphonse de Lamartine, entre outros.

Novamente em Londres, Dickens redige sua obra-prima em 1849, aos 37 anos: David Copperfield, uma quase autobiografia.

Os anos seguintes são de produção literária: escreve em 1852 A Casa Sombria. Em 1854, publica Tempos Dificeis nessa época, no ano de 1856, que Dickens concretiza um sonho antigo: adquire uma mansão, a Gads Hili. O menino que pregara rótulos em potes de graxa vencera na vida. Famoso, rico, admirado, querido, realiza até a ambição de ser ator. Depois do êxito com a leitura dramática de Carrilhões: Uma História de Duendes, Dickens apresenta-se em uma série de espetáculos semelhantes. O amigo Wilkie Collins escreve a peça Abismo Gelado, cujos papéis principais são interpretados por Dickens e suas filhas mais velhas e por Collins.

Na reapresentação desse drama, em 1857, Dickens conhece a jovem atriz Ellen Ternan e se apaixona por ela: está com 45 anos. Catherine fica sabendo de sua paixão por Ellen. Dickens teme que o público descubra e o acuse de hipócrita, ele que tanto falara em nome da virtude, O medo de perder a estima dos leitores leva-o a publicar nos jornais uma longa ‘ declaração explicando por que se separava da esposa. Dá como justificativa a invencível incompatibilidade de gênios – estranhamente constatada após vinte anos de casamento e dez filhos.

Corre o ano de 1859, e Dickens conclui Um Conto de Duas Cidades, livro que toma como ponto de referência a Revolução Francesa para mostrar os problemas sociais com políticos da Inglaterra, pois teme que a situação do país vizinho se repita em seu país natal. O relacionamento com Ellen continua intenso. A nova paixão lhe dá mais despesas, as quais procura cobrir com um trabalho incessante, mas a saúde vai se debilitando. Hemorragias constantes interrompem-lhe as atividades. Uma espécie de paralisia dificulta-lhe os movimentos da perna esquerda. Ainda vive onze anos entre um palco e outro, um romance e outro. Uma segunda viagem aos listados Unidos, aos 65 anos, traz-lhe reconhecimento e prestígio.

Em 1870 é apresentado pessoalmente à rainha Vitória, numa penosa audiência que o obriga a manter-se várias horas de pé, com forres dores na perna. No dia 9 de junho desse mesmo ano falece repentinamente. Seu último romance, O Mistério de Erunn Droocly que começara a escrever no ano anterior, fica sem conclusão.

Como chorara com suas histórias, a Inglaterra chora sua morte. Toda a vida e obra de Dickens pode ser resumida na frase do personagem Stephen, o mineiro pobre de Tempos Dificeis:

‘Minha prece de moribundo foi que os homens possam pelo menos aproximar-se mais uns dos outros do que quando eu, pobre coitado, estive entre eles.”

O ABISMO

Prólogo

ESTAMOS A 13 DE NOVEMBRO do ano de 1835. No grande relógio da igreja de S. Paulo soam dez horas da noite.

Todos os sinos da cidade abrem ao mesmo tempo as suas goelas de bronze; e alguns, sem esperar, começaram a tocar antes da catedral; outros não andaram tão depressa, atrasando-se-lhe pelo menos em quatro ou seis badaladas. Entretanto, seguiram-se todos muito de perto, deixando no ar a mesma ressonância lastimosa e longa. Dir-se-ia que o pai alado descrevia uma curva retumbante por cima da cidade com a sua foice gigantesca.

Qual é o sino mais triste de todos, menos ruidoso, porém mais próximo do nosso ouvido? …. Atrasou-se tanto nesta noite, que se ouvem ainda as suas vibrações depois de se extinguirem no ar todos os outros sons: é o sino do Asilo dos Enjeitados.

Outrora, recebiam-se ali as criancinhas, sem se tomarem informações; havia na parede uma roda, que sé abria e fechava discretamente. Hoje, já não sucede o mesmo. Tomam-se informações a respeito das pobres criancinhas, e recebem-se por favor da mão das mães, devendo essas desventuradas renunciar a tornar a ver os filhos, a reclamá-los até, e isso para sempre!

Está uma noite magnífica. O dia não tinha sido bonito; cobre as ruas uma camada de lama, engrossada pelos pingos da neve, e para lhe evitar o alcance penetrante é mister que a dama, que passeia de um lado para o outro, com o rosto cuidadosamente velado, esteja calçada com muita solidez. Caminha, evitando o sítio dos carros; de vez em quando, para na sombra da parte ocidental daquele grande muro retangular, voltando o rosto para uma poita pequena.

Por cima da sua cabeça, desdobra-se-lhe o céu puro, iluminado por uma lua brilhantíssima; o espírito divide-se-lhe em pensamentos bem diversos, uns felizes, outros cruéis, e o coração não lhe fala a mesma linguagem da experiência desapiedada. As suas pegadas, sucedendo-se nos mesmos sítios na lama escura, acabaram por traçar como que um labirinto. Não seria isso a imagem da sua vida, dos obstáculos que o acaso erguera na sua frente, e do dédalo inextricável, onde os seus erros a embrenharam?

A porta pequena abriu-se e saiu do Asilo uma mulher ainda nova. A dama velada conservou-se a uma certa distância, observando com a máxima atenção, e quando viu que a porta se tornava a fechar, começou a seguir a mulher. Atravessaram assim duas ruas em silêncio. Afinal, a dama velada estendeu a mão para a outra, e tocou-lhe levemente no ombro. A mulher parou muito assustada, e voltou-se logo.

— Já ontem me tocou também no ombro, disse ela, e quando voltei a cabeça não me quis falar. Por que razão me segue assim como um fantasma?
— Não me neguei a falar-lhe, murmurou a dama. Tinha bastante vontade até de o fazer; porém naquela ocasião não pude…
— Que quer de mim? …. Nunca lhe fiz mal.
— Nunca.
— Parece-me que não a conheço.
— Com efeito não me conhece.
— Então, em que lhe posso ser útil?
— Aceite estes dois guinéus, e lhe direi depois.
A mulher, cujo rosto revelava a maior honestidade, fez-se muito corada.
— Chamo-me Sally, disse ela. No grande estabelecimento a que pertenço não há uma única pessoa, que não tenha sempre boas palavras para mim. Não teriam tão boa opinião a meu respeito se me julgassem capaz de me vender.
— Oh! Tornou-lhe a dama, nem eu penso em lhe fazer semelhante proposta. Queria, apenas, oferecer-lhe uma pequena recompensa.
Com firmeza, porém sem azede ume, Sally repeliu a oferta.
— Se lhe posso ser útil em alguma coisa, disse ela, engana-se, pensando que o farei por dinheiro. Que deseja?
— A senhora é empregada no Asilo. Vi-a sair de lá ontem, à noite.
— Sou a Sally, minha senhora.
— O seu rosto indica paciência e doçura; estou certa que todas as crianças lhe têm muita amizade.
— Pobres anjinhos! ….E verdade, minha senhora.
A dama tirou o véu. Era tão nova como Sally. A sua figura tinha um cunho muito mais aristocrático; mas como estava pálida e fatigada!
— Sou a infeliz mãe de uma criancinha, que está confiada ao seu cuidado, balbuciou ela, e quero fazer-lhe uma súplica! …

Sally, comovida pela confiança, que lhe mostrara a pobre mulher, levantando o véu, Sally, cujos atos eram simples e cheios de bondade, tornou a pôr o véu no rosto pálido da sua interlocutora e prorrompeu a chorar.

— Ouvirá a minha súplica, disse-lhe a dama, não se mostrará insensível às angústias de uma desventurada?
— Oh! Minha querida senhora… exclamou a boa Sally, que posso eu fazer-lhe? Que quer que lhe diga? Não fale em súplica…. As súplicas devem sempre elevar-se ao Onipotente; não se dirigem a uma pobre rapariga como eu. Além disso, eu vou deixar o Asilo; lá só estarei seis meses, até que uma outra moça me possa substituir no serviço. Vou casar-me, minha senhora; não sairia decerto esta noite se Dick… assim se chama o meu futuro marido… não estivesse doente. Vou acompanhar a mãe e a irmã dele, que têm de velar esta noite; mas não se aflija tanto.
— Ah! Minha querida, minha boa Sally… está cheia de esperança, e, eu há muito tempo que ela me abandonou completamente. A vida para si apresenta-se-lhe pacífica e risonha; há de ser uma mulher respeitada, e sem dúvida uma excelente mãe, terna e orgulhosa dos seus filhos. É amada, e sorri-lhe o futuro… E eu… eu… devo morrer! …. Ouça-me, peço-lhe.
— Meu Deus! Exclamou Sally, que devo fazer? Está servindo-se contra mim das minhas próprias palavras. Disse-lhe que ia brevemente casar-me, para lhe fazer compreender melhor que vou deixar o Asilo, e que não podia, portanto, prestar-lhe auxilio pobre senhora! E agora quer persuadir-me de que faço mal em me casar e de que sou cruel recusando-lhe os meus serviços. Isso não é bem feito!
— Minha boa Sally, não é para o futuro que lhe imploro o seu auxílio, oh! Não, não é para o futuro. Desejo somente que me diga duas palavras.
— Isto vai de mal a pior, exclamou Sally. E se eu não compreender quais são essas palavras, que a senhora deseja saber? …
— Há de compreender, Sally. Que nome deram ao meu filho? …. Que nome foi? Nada mais lhe peço; li o regulamento da casa; sei que foi batizado na capela e o nome registrado no livro. Foi na quinta-feira à noite… que nome lhe deram?
E a dama ajoelhou-se diante de Sally, na lama espessa daquela pequena rua deserta, que conduzia ao Asilo; ter-se-ia arrastado pela calçada, na loucura e na veemência do seu desespero, se a boa Sally não a tivesse levantado.
— Oh! Não… não! … exclamou ela, a senhora me dá vontade de fazer uma ação boa. Mostre-me outra vez o seu bonito rosto; coloque as suas mãos nas minhas, e jure-me que não me pedirá mais nada além dessas duas palavras.
— Nunca… nunca lhe pedirei outra coisa.
— E se eu lhe disser esse nome, não fará mau uso dele? Não me sucederá mal algum por ter feito essa revelação?
— Nunca! …. Nunca! …
— Pois bem! O nome é Walter Wilding.
A desconhecida ocultou a cabeça no seio da boa Sally, teve-a abraçada por um momento, e murmurou uma bênção fervorosa.
— Abrace-o por mim! Disse ela. E desapareceu.


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