Criador do Poligonautas, canal de ciência no YouTube, com mais de 700 mil seguidores. Depois de inventar a roda, aprender a manipular o fogo, desbravar os sete mares e espalhar sua presença pelo globo terrestre, o ser humano passou a mirar o céu: era o novo oceano a ser explorado. De lá pra cá muita coisa aconteceu e a curiosidade sobre o Universo só aumentou. Para nos ajudar nesta expedição, o autor e divulgador científico Schwarza embarca numa jornada que tem início no caótico universo quântico, passando por objetos que vão de planetas a buracos negros de tamanhos que desafiam a nossa imaginação. Em Do átomo ao buraco negro – para descomplicar a astronomia...
Capa comum: 272 páginas Editora: Outro Planeta; Edição: 1 (20 de julho de 2018) ISBN-10: 854221367X ISBN-13: 978-8542213676 ASIN: B07F8GQ68T
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INTRODUÇÃO
Depois de inventar a roda, aprender a manipular o fogo, desbravar os 7 mares e dominar e espalhar nossa presença em torno de todo o globo terrestre, passamos a mirar o céu — ele era o novo “oceano” a ser explorado.
O espaço já nos fascinava em uma época em que não fazíamos ideia do que ele era e como funcionava; as luzes no céu inspiravam histórias que tentavam explicar sua beleza e seus mistérios.
Os gregos contavam a história de Héracles, filho de Zeus, pai de todos os deuses. Héracles seria conduzido para se alimentar no seio da esposa de Zeus, Hera, para assim conquistar a imortalidade; porém, quando Hera descobriu que Héracles era, na verdade, filho de Zeus com uma mortal, rapidamente afastou a criança de seu corpo e o leite proveniente de seu seio se espalhou pelo céu, criando uma faixa esbranquiçada. Estava batizada a Via Láctea.
É um consenso entre o meio científico que a próxima fronteira a ser superada pela raça humana é o espaço. Já conquistamos a Lua, mas a nossa curiosidade nos levará além, pois é de nossa natureza tentar compreender a realidade que nos cerca. E é essa natureza questionadora que possibilitou a criação de instrumentos que ampliaram nossos sentidos para entender o que o Universo tem a nos dizer. Objetos que antes existiam apenas nas equações da relatividade geral, hoje são confirmados, como buracos negros e ondas gravitacionais. Telescópios como o Hubble pintam em nossas retinas as cores vibrantes que compõem nebulosas e galáxias — instrumentos que nos levam a uma verdadeira viagem pelo tempo, rumo à origem de tudo, há 13,8 bilhões de anos.
Quando me arrisquei a falar de astronomia no YouTube eu o fiz por 2 motivos: o primeiro era que eu havia acabado de bater 100 mil inscritos. Isso fez brotar em mim um senso de responsabilidade sobre o conteúdo que eu estava compartilhando com as pessoas, queria trazer algo que fosse relevante de alguma maneira. E o outro motivo foi o amor que tenho pela astronomia, amor esse que nasceu em 1986 (sim, sou melo velho) — ano bem agitado para a astronomia, pois tivemos a visita do cometa Halley, que eu só verei novamente em 2061, quando estiver no auge dos meus 82 anos. E outro fato marcante nesse ano foi a explosão do ônibus espacial Challenger, que resultou na morte de todos os seus 7 tripulantes.
Esses 2 eventos mexeram com a minha cabeça na época. O que era aquele cometa, aquele visitante iluminado oriundo de tão longe? E por que aquelas pessoas arriscaram sua vida? Qual o propósito? De lá para cá, minha curiosidade pelo tema cresceu, e no início de minha vida adulta fui apresentado à série Cosmos, de Carl Sagan, talvez o maior divulgador científico da história. Ele usava uma linguagem simples, multas vezes até poética, para explicar às massas coisas até então debatidas apenas no meio acadêmico, como velocidade da luz, dilatação do tempo e outras dimensões. Quando o vi naquela série desejei ser como ele, um divulgador de ciência, usar a astronomia como analogia à insignificância de nossas preocupações perante a grandeza de todo o Universo.
Mas a minha trajetória profissional acabou me levando a outros caminhos. Por muito tempo trabalhei com arte, fiz colorização digital para histórias em quadrinhos, mas sempre que podia eu lia a respeito das descobertas que andavam sendo feitas na área da astrofisica. Acompanhei lançamentos de ônibus espacíaís (e revivi o trauma de ver uma explosão desse tipo de nave, desta vez o Columbia, em 2003); em 2006, torci pelo nosso astronauta Marcos Pontes (que tive o prazer de conhecer em 2017), o primeiro brasileiro a ir ao espaço; nunca me distanciei da astronomia completamente, apesar de não tê-la abraçado profissionalmente, deixando-a como um hobby.
Mas foi quando me vi falando para milhares de pessoas na internet que o desejo de abordar a astronomia voltou com tudo. Com a necessidade de realizar algum trabalho que fizesse sentido para mim, passei a me especializar no assunto com todo o tempo livre que tinha. Fiz cursos de astronomia geral, dinâmica e evolução estelar, reconhecimento do céu na Escola Municipal de Astrofísica (EmA), também fiz um curso para professores no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (LAG/USP) — não sou professor, mas consegui uma vaga por ser divulgador científico — e me aproximei de pessoas que me ajudaram muito nessa complicada tarefa que é entender o que se passa acima de nossa cabeça.
“ENXERGANDO NOSSO LUGAR NA ESCALA DO UNIVERSO, TEMOS A PERCEPÇÃO DO QUANTO É EFÊMERA E GRANDIOSA A NOSSA EXISTÊNCIA.”
Neste livro, quero levar você por um passeio pelo cosmos usando 65 objetos celestes. A ideia é ter como ponto de partida os objetos microscópicos do universo quântico, ir para planetas, luas, sistemas estelares e galáxias. Uma viagem em escala que parte de objetos pequenos demais para serem visualizados a olho nu a buracos negros monstruosos que chegam a ter 4o bilhões de vezes a massa do Sol. Espero que esta obra faça por você o mesmo que a astronomia fez por mim: ela redefiniu a minha concepção de tempo, existência e humildade. Será um passeio pelas estruturas que possibilitam que eu, você e todos os seus amigos e parentes possam contemplar a existência neste momento no espaço-tempo.