Livro ‘Zen – A arte de viver com simplicidade’ por Shunmyo Masuno

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Encontre a felicidade na correria do dia a dia em 100 dicas práticas da sabedoria Zen. Lições simples e fáceis de colocar em prática: uma por dia por 100 dias. É essa a proposta do renomado monge budista Shunmyo Masuno, que se baseia em séculos de sabedoria para ensinar como deixar sua vida Zen. Descubra como... * Alinhar seus sapatos ao guardá-los pode organizar sua mente; * Juntar suas mãos em gassho pode acalmar; * Descansar seu garfo depois de cada mordida pode trazer mais gratidão; * Aprofundar-se na prática de zazen pode trazer paz para sua mente; * Plantar uma flor e observar seu desenvolvimento pode ensinar a lidar com mudanças; * Assistir ao pôr do sol pode transformar o dia em uma celebração....
Editora: ‎Fontanar; 1ª edição (18 junho 2019); Páginas: ‎265 páginas; ISBN-10: 8584391428; ISBN-13: 978-8584391424; ASIN: B07QMB1SP8

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Biografia do autor: SHUNMYO MASUNO é o monge líder de um templo budista de 450 anos no Japão, designer de jardim Zen premiado com clientes em todo o mundo, e professor de design ambiental em uma das principais escolas de arte do Japão. Ele já lecionou na Harvard Graduate School of Design, na Universidade Cornell e na Universidade Brown.

Leia trecho do livro

PREFÁCIO

Mudanças sutis de hábitos e de perspectiva. É tudo de que você precisa para levar uma vida simples.

Você visita um templo ou um santuário numa cidade antiga e observa a calmaria dos jardins. Você transpira ao subir uma montanha e aprecia a vista deslumbrante lá do alto.

Você se posta diante de um mar cristalino e fica só olhando para o horizonte.

Já experimentou essa sensação revigorante nos momentos em que você se afasta da correria do dia a dia?

Seu coração parece mais leve, e uma energia calorosa percorre seu corpo. As preocupações e o estresse do cotidiano desaparecem por um instante, e você consegue viver o momento.

Hoje em dia, muita gente perdeu o senso de equilíbrio — as pessoas estão preocupadas e confusas tentando entender como levar a vida. É por isso que buscam experiências extraordinárias, numa tentativa de reequilibrar a mente.

No entanto…

Mesmo depois de se desligar por um tempo, o extraordinário permanece distante do cotidiano.

Ao retomar a vida de sempre, o estresse volta a pesar, e a mente se inquieta. Com o fardo se acumulando, você busca experiências extraordinárias. Esse ciclo sem fim lhe parece familiar?

Por mais que você se queixe da complexidade da vida, mudar o mundo não é tarefa fácil.

Se o mundo não vai se adaptar ao que você quer, talvez seja melhor promover uma transformação dentro de si.

Dessa forma, seja qual for o mundo em que se encontre, você conseguirá habitá-lo de forma confortável e tranquila.

Em vez de sair em busca do extraordinário, que tal se você pudesse viver de um jeito mais despreocupado, apenas com mudanças sutis em seu cotidiano?

Este livro é justamente sobre isto: uma vida simples, zen.

Mudar seu estilo de vida não é necessariamente difícil.

Bastam pequenas alterações em seus hábitos. Uma mudança sutil de perspectiva.

Não é preciso viajar às antigas capitais japonesas de Kyoto ou Nara; não é necessário escalar o monte Fuji; e você não tem que se mudar para perto do mar. Com esforços verdadeiramente mínimos, é possível vivenciar experiências extraordinárias.

Neste livro, vou lhe mostrar como fazer isso, com a ajuda do zen.

O zen se baseia em ensinamentos voltados fundamentalmente para o modo como as pessoas podem viver neste mundo.

Em outras palavras, o zen diz respeito a hábitos, ideias e dicas para uma vida feliz. Um baú de tesouros, se assim você preferir, contendo uma sabedoria de vida profunda, ainda que repleta de simplicidade.

O ensinamento zen pode ser representado por uma sequência de quatro frases, que significam basicamente o seguinte: “O despertar espiritual é transmitido fora dos sutras, e não pode ser vivenciado através de palavras ou letras; o zen se dirige de forma direta à mente humana, e permite que você entenda sua verdadeira natureza e atinja o estado de buda”. Em vez de tentar fixar nossa essência em palavras escritas ou ditas, devemos encontrá-la na forma como se manifesta aqui e agora.

Tente não se deixar influenciar por valores alheios, não se abalar com preocupações desnecessárias e procure levar uma vida infinitamente simples, desprovida de coisas inúteis. Esse é o “estilo zen”.

Quando você adotar esses hábitos — e eu garanto que eles não têm nada de complicado —, suas preocupações vão desaparecer.

Desenvolvendo essa prática simples, a vida vai se tornar bem menos tensa.

É exatamente em virtude da complexidade do mundo que o zen oferece essas dicas para viver bem.

Hoje em dia, o zen vem recebendo cada vez mais atenção, não apenas no Japão, mas também em outras partes do mundo.

Eu sou mestre de um templo budista e trabalho com paisagismo de jardins zen — e não só para templos, mas também para hotéis, embaixadas e estabelecimentos semelhantes. Esses jardins não são exclusividade dos japoneses — eles transcendem a religião e a nacionalidade, e são capazes de conquistar também o coração dos ocidentais.

Se você tiver a oportunidade de ficar diante de um desses jardins, com certeza deixará de encarar com estranhamento a ideia do zen. Eles têm a capacidade de revigorar sua mente e seu espírito. O falatório incessante e a agitação em sua mente logo se transformarão em silêncio e calmaria.

Na minha opinião, observar um desses jardins explica muito mais sobre os conceitos do zen do que ler os inúmeros textos que explicam essa filosofia.

Foi por isso que decidi que este livro se concentraria na prática. Em vez de compreender o zen com o intelecto, espero que você adote as práticas apresentadas aqui como uma forma de treinamento.

Mantenha o livro sempre por perto e, quando a ansiedade e a preocupação dominarem sua mente, recorra a estas páginas.

As respostas que procura estão dentro de você.

Gassho

SHUNMYO MASUNO

PARTE UM

TRINTA MANEIRAS DE ENERGIZAR SEU “EU PRESENTE”

Tente promover uma mudança sutil em seus hábitos.

I
RESERVE UM TEMPO PARA O VAZIO.

Em primeiro lugar, observe-se.

Seja exatamente como você é, mas sem pressa, sem impaciência.

Em nossa vida cotidiana, quem tem tempo para pensar em nada?

Imagino que a maioria das pessoas diria: “Eu não posso perder tempo com isso”.

Somos pressionados pelo tempo, pelo trabalho e por todo o resto. A vida nunca esteve tão corrida. Todos os dias, precisamos nos esforçar para dar conta de tudo o que é preciso fazer.

Se entrarmos nesse tipo de rotina, perderemos de vista — de forma inconsciente porém inevitável — nosso verdadeiro eu e a verdadeira felicidade.

Seja qual for o dia, você só precisa de dez minutos. Tente arrumar um tempo para o vazio, para não pensar em nada.

Tente apenas limpar a mente, sem se deixar envolver pelas coisas ao redor.

Diversos pensamentos surgirão em sua mente, mas tente afastá-los, um a um. Ao fazer isso, você começará a prestar mais atenção ao momento presente, às mudanças sutis que ocorrem na natureza e nos mantêm vivos. Quando não se distrair com outras coisas, seu eu mais puro e sincero pode se revelar.

Reservar um tempo para não pensar em nada. Esse é o primeiro passo para criar uma vida simples.

2
ACORDE QUINZE MINUTOS MAIS CEDO.

A receita para quando não sobrar espaço em seu coração.

A correria faz com que você perca o contato com seu coração.

Quando estamos sem tempo, essa escassez se estende para o nosso coração. Automaticamente dizemos: “Não posso, não tenho tempo para isso”. E é assim que nossa vida se torna ainda mais caótica.

Mas estamos de verdade tão ocupados assim? Não somos nós mesmos os responsáveis por toda essa correria?

Em japonês, o caractere usado para a palavra “ocupado” é escrito juntando os símbolos de “perder” e “coração”.

Se estamos ocupados, não é porque não temos tempo suficiente. Estamos ocupados porque estamos sem espaço em nosso coração.

Principalmente quando a vida estiver um caos, tente acordar quinze minutos mais cedo. Alongue as costas e respire fundo, a partir do ponto logo abaixo do umbigo — o local do corpo que chamamos de tanden. Com a respiração regularizada, sua mente pouco a pouco se acalmará.

Depois, quando estiver bebendo uma xícara de café ou de chá, olhe para o céu pela janela. Tente ouvir o canto dos passarinhos.

Acordar quinze minutos mais cedo o liberta magicamente da correria.

3
DESFRUTE DO AR DA MANHÃ.

Nisso reside o segredo da longevidade de um monge.

Cada dia é único.

Dizem que os monges budistas que praticam o zen vivem bastante.

Obviamente, a dieta e as técnicas respiratórias são fatores importantes, mas acredito que um estilo de vida ordeiro e estruturado também exerce uma influência positiva, tanto em termos físicos como espirituais.

Eu acordo todos os dias às cinco da manhã, e a primeira coisa que faço é encher os pulmões com o ar matinal. Enquanto caminho pela área principal do templo, pelo saguão e pelo alojamento dos monges, abrindo as janelas, meu corpo sente a mudança das estações. Às seis e meia, conduzo a liturgia budista entoando as escrituras, e em seguida tomo o café da manhã. O que vem depois é a tarefa daquele dia, seja qual for.

O mesmo processo se repete todos os dias, mas cada um é diferente do outro. O aroma matinal, o momento em que o sol se levanta, o toque da brisa no rosto, a cor do céu e das folhas nas árvores — tudo está em constante transformação. A manhã é o momento do dia em que é possível vivenciar por completo essas mudanças.

É por isso que os monges praticam o zazen antes do amanhecer, para experimentar fisicamente essas mudanças na natureza.

Com a primeira prática zazen do dia, kyoten zazen — zazen da manhã —, nutrimos nossa mente e nosso corpo respirando o belo ar da manhã.

4
ALINHE SEUS SAPATOS QUANDO TIRÁ LOS.

Isso acrescentará beleza à sua vida.

A desordem em sua mente se torna aparente em seus pés.

Há tempos se diz que é possível concluir muita coisa a respeito de uma residência apenas observando o hall de entrada — em especial nos lares japoneses, onde as pessoas devem tirar os calçados logo depois de passarem pela porta. É possível adivinhar o estado mental daqueles que vivem ali só de verificar se os sapatos estão perfeitamente alinhados ou espalhados pelos cantos.

No zen-budismo, temos um ditado que avisa: “Olhe com atenção para o que está sob seus pés”. Isso tem um sentido literal, mas também sugere que aqueles que não prestam atenção nos próprios passos não têm como conhecer a si mesmos nem como saber que rumo sua vida está tomando. Pode parecer um exagero, mas esse pequeno detalhe pode ter uma influência tremenda na maneira como você leva sua vida.

Quando chegar em casa, tire os sapatos e deixe-os perfeitamente alinhados junto à porta da frente. Apenas isso. Levará somente três segundos.

Mas, exercitando esse hábito, tudo vai parecer inexplicavelmente mais claro e ordenado. Isso acrescentará beleza à sua vida. A natureza humana é assim.

Tente voltar sua atenção para os pés.

Ao alinhar os sapatos, você dá o primeiro passo para o seu destino.

5
DESCARTE AQUILO DE QUE NÃO PRECISA.

Isso vai revigorar sua mente.

Desfaça-se das coisas antigas antes de adquirir novas.

Quando a situação não está boa, nossa tendência é pensar que está faltando algo. Mas, se quisermos mudar nossa condição, precisamos nos desfazer do que temos antes de adquirirmos mais coisas. Trata-se de um princípio fundamental para uma vida simples.

Livre-se de seus apegos. Abandone seus prejulgamentos. Reduza suas posses. A vida simples implica descartar os fardos físicos e mentais que você carrega.

É incrível o quanto podemos nos sentir revigorados depois de chorar. O choro alivia o eventual peso que você estava carregando em seu coração. Você volta a ter energia para tentar de novo. Sempre tive a impressão de que o conceito budista de “mente iluminada” — que os caracteres japoneses representam como uma “mente limpa” — se refere a essa forma de revigorar o espírito.

O ato de descartar, de se desvencilhar dos fardos desnecessários e dessa bagagem que pesa sobre nós, é uma medida dificílima. Às vezes vem acompanhado de um sofrimento real, como se estivéssemos nos separando de alguém querido.

Mas, se você quer que as coisas melhorem, se quer viver com o coração leve, comece fazendo uma limpeza. Assim que você se desapegar, uma nova forma de abundância preencherá sua vida.

6
ORGANIZE SUA MESA DE TRABALHO.

A limpeza aprimora a mente.

Sua mesa de trabalho é um espelho que reflete seu estado mental.

Dê uma olhada ao redor, para as mesas de seu local de trabalho. As pessoas que mantêm suas mesas sempre arrumadas provavelmente são boas no que fazem. Por outro lado, aquelas cujas mesas estão sempre bagunçadas podem estar desconfortáveis e ter dificuldades para se concentrar em suas tarefas.

Quando as coisas estiverem fora de ordem, arrume. Quando as coisas ficarem sujas, limpe. Antes de dar o trabalho do dia por encerrado, arrume e organize sua mesa. Pessoas que mantêm esse hábito sentem a cabeça muito mais arejada. São capazes de dedicar cem por cento de seu foco ao trabalho, sem distrações. Nos templos zen, os monges fazem faxina todas as manhãs e todas as noites.

Nós nos dedicamos à limpeza de todo o coração, mas não porque o templo está sujo. O objetivo não é só deixar tudo brilhando, mas também polir nossas mentes.

A cada passada de vassoura, você limpa também a poeira acumulada em sua mente.

A cada passada de pano, seu coração reluz um pouco mais.

Isso se aplica à sua mesa de trabalho e também aos cômodos de sua casa. Não se deixe atrapalhar por ansiedades e atribulações — a chave para manter o vigor de sua mente é fazer da arrumação das coisas ao seu redor uma prioridade.

fim da amostra…


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