Livro ‘Luz no Caminho’ por Mabel Collins

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Quando o coração conhece a paz, a verdade é percebida com poucas palavras fundamentais. É por isso que Luz no Caminho, um dos clássicos mais importantes da literatura teosófica, parece resumir toda a sabedoria esotérica em cada uma de suas frases. “Dentro de ti está a luz do mundo” – diz o texto – “a única luz que pode ser projetada sobre o Caminho”. Um livro para quem deseja compreender a vida.

Páginas: 112 páginas; Editora: Teosófica; Edição: De Bolso (17 de janeiro de 2000); ISBN-10: 8585961252; ISBN-13: 978-8585961251

Biografia do autor: Mabel Collins nasceu a 9 de setembro de 1851 em Guernsey, Channel Islands. Foi casada com Francis Power Cobbe, de quem enviuvou em 1885, ano em que publica ‘Light on the Path’ [“Luz Sobre o Caminho”]. No ano anterior publicara ‘Idyll of the White Lotus’, tendo entrado para a Sociedade Teosófica pouco tempo depois. Segundo terá confidenciado a H.S. Olcott, este seu livro fora escrito em transe ou, nas suas palavras, ‘fora do corpo’. Em 1889, a questão da ‘identidade’ deste mestre ou guia (designado Mestre Hillarion) viria a gerar algum desconforto entre H.P. Blavatsky e Elliot Cones, envolvendo a própria Mabel Collins. Desconhecemos se a sua saída, nesse ano, da Sociedade Teosófica teve alguma relação com este problema. Antes, porém, entre setembro de 1887 e outubro de 1888, coeditou em parceria com H.P. Blavatsky a revista ‘Lúcifer’. Após a sua saída da Sociedade Teosófica publicou ainda um bom número de livros de dimensão variada, mas menos conhecidos. Faleceu em 31 de março de 1927 em Gloucestershire.

Leia trecho do livro

Sumário

Ficha Catalográfica
INTRODUÇAO
PARTE 1
PARTE 2
KARMA
Livros para Viver Melhor
A seguir, conheça a Sociedade Teosófica
Organização e atividades
Não há religião superior à Verdade
A Fraternidade Humana: primeiro objetivo
A busca da Verdade: segundo e terceiro objetivos
Liberdade de pensamento Independência da Sociedade Teosófica
Faça a diferenca, participe da União Planetária
Venha para o Paraíso na Terra

INTRODUÇÃO

por Annie Besant

Luz no Caminho faz parte de uma série de tratados ocultos que estão aos cuidados dos grandes Instrutores e são usados na instrução dos discípulos. A obra integra o Livro dos Preceitos de Ouro, que contém muitos tratados escritos em diferentes períodos da história do mundo, mas possuem unia característica comum, a de que eles contêm verdade oculta, e têm, consequentemente, que ser estudados de um modo diferente dos livros comuns. A compreensão destes tratados depende da capacidade do leitor, e quando qualquer um deles é publicado no mundo, somente visões distorcidas do ensinamento serão obtidas, se ele for tomado literalmente.

Com a intenção definida de acelerar a evolução daqueles que estão no Caminho, este livro apresenta ideais que as pessoas do mundo raramente estão preparadas para aceitar. Somente à medida que um homem for capaz e estiver disposto a viver o ensinamento é que ele será capaz de entendê-lo. Se ele não praticá-lo, este permanecerá um livro fechado. Qualquer esforço para viver este ensinamento trará luz sobre o mesmo; mas se o leitor não fizer nenhum esforço, não apenas obterá muito pouco, mas também ficará contra o livro e dirá que ele é inútil.

Este tratado segue naturalmente certas divisões. Foi dado ao mundo ocidental pelo Mestre Hilarion, um dos grandes instrutores pertencentes à Loja Branca¹ — um Mestre que atuou com destaque nos movimentos gnóstico e neoplatônico, um dos grandes seres que fez tentativas para manter o Cristianismo vivo. Suas encarnações passaram-se muito mais na Grécia e em Roma e ele tem um interesse especial em guiar a evolução do mundo ocidental. Ele obteve o livro tal como está — mas sem as notas — através do Mestre Veneziano, um dos grandes Instrutores a quem Helena Blavatsky qualificava como Chohan.

Quinze das curtas regras que você encontrará na primeira parte do livro, e quinze da segunda parte, são extremamente antigas, e foram escritas no mais primitivo sânscrito. A essas frases curtas que são usadas como base para instrução do discípulo, o Chohan acrescentou outras frases, as quais agora formam parte do livro, e devem sempre ser lidas juntas, para produzir ideias complementares sem as quais o leitor poderia ser levado ao equívoco. Todas as regras, nas duas partes do livro, com exceção dos trinta aforismos curtos, foram escritas pelo Chohan que as deu ao Mestre Hilarion. A tabela seguinte mostra as quinze pequenas regras, na Parte I, tal como estavam no manuscrito extremamente antigo; o número no começo de cada uma é o tradicional, mas o número no final é aquele que aparece no livro moderno.

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Nota-se, a partir da tabela ao lado (p. 15-16), que contém apenas a Parte I do livro, e as regras 4, 8, 12, 16, 20 e 21 não estão na lista. É porque elas não pertencem a parte mais antiga do livro. Aquelas regras e os comentários preliminares e conclusivos são a parte acrescentada pelo Chohan que a deu ao Mestre. Além disso, há notas que foram escritas pelo próprio Mestre Hilarion. Tal como foi originalmente publicado em 1885, o livro continha estas três partes: os aforismos do manuscrito antigo, os acréscimos do Chohan e as notas do Mestre Hilarion². Todas essas foram colocadas no papel por Mabel Collins, que atuou como instrumento físico que escreveu os ensinamentos. O próprio Mestre foi o tradutor do livro, e ele imprimiu o texto no cérebro de Mabel Collins. Foi ele que escreveu. Posteriormente foram publicados em Lucifer, com o título “Comentários”, uns poucos artigos escritos por Mabel Collins sob a influência do Mestre, que são extremamente valiosos e merecem ser lidos e estudados.

Agora, pegue o próprio livro. Primeiramente encontramos o seguinte aforismo:

“Estas regras foram feitas para todos os discípulos: Segue-as.”

Uma distinção é feita aqui entre o mundo e os discípulos; este não é um livro dirigido ao mundo em geral. A palavra discípulo deve ser considerada em dois sentidos — o não iniciado e o iniciado. Ao ler o livro cuidadosamente, podemos identificar as duas linhas nítidas de ensinamento sob a vestimenta das mesmas palavras; cada frase contém um sentido duplo, um direcionado para os mais avançados e outro para os menos avançados. A segunda parte do tratado parece ser direcionada inteiramente ao discípulo iniciado, mas esta dualidade ocorre já ao longo da primeira parte.

Muitas pessoas que ainda não se aproximaram do discipulado têm uma compreensão totalmente equivocada dessas regras, e frequentemente as criticam como propondo um ideal que é dificil e pouco atrativo. Este é constantemente o caso quando o ideal apresentado é demasiado elevado para o leitor. Nenhuma pessoa é auxiliada por um ideal, por mais nobre que este seja, a menos que ele também seja atraente; uma norma prática para lidar com os seres humanos diz que devemos oferecer a eles somente ideais que sejam capazes de atraí-los. Com todos os livros deste tipo, o que cada homem aproveita é o que ele mesmo projeta sobre eles; o entendimento dele depende de seu próprio poder de responder aos pensamentos que os livros contêm. Mesmo as coisas materiais só existem para nós se tivermos desenvolvidos os órgãos que possam responder a elas; portanto, no momento atual, há centenas de vibrações nos circundando às quais somos incapazes de prestar atenção. O sr. William Crookes certa vez ilustrou isso muito bem quando estava tentando mostrar como era limitado o nosso conhecimento de eletricidade, e consequentemente como era grande a possibilidade de progresso na ciência elétrica. Ele disse que poderia fazer uma enorme diferença para nós, poderia de fato revolucionar nossas ideias, se tivéssemos órgãos respondendo a vibrações elétricas ao invés de olhos sensíveis a vibrações de luz. No ar seco, nós necessariamente não seríamos conscientes de nada, pois ele não conduz eletricidade. Uma casa feita de vidro poderia ser opaca, mas uma casa comum seria transparente. Um fio de prata poderia parecer como um buraco ou túnel no ar. O que nós conhecemos do mundo é função de nossa resposta às suas vibrações. Do mesmo modo, se não podemos responder a uma verdade, ela não é verdadeira para nós. Portanto, quando estamos tratando com livros escritos por ocultistas, nós só podemos captar os seus pensamentos na proporção do nosso próprio avanço espiritual. Qualquer parte do ensinamento deles que seja demasiado sutil ou elevado passa por nós como se não estivesse lá.

Muito mais pode ser captado deste livro através da meditação do que pela mera leitura; o seu maior valor é que ele dá orientações à nossa meditação. Escolha uma única frase e medite nela; pare com o trabalho da mente inferior e desperte a consciência interna que entra em contato direto com a ideia. Você poderá então deixar de lado as imagens da mente concreta e ter uma percepção direta da realidade. Meditando dessa forma você entrará em contato com o conhecimento direto da verdade que o Eu Superior adquiriu em dimensões mais elevadas. Entretanto, um homem que medita mas não lê nem ouve a um instrutor, ainda que progrida no plano espiritual, só o fará lentamente. Se ele tivesse tido a vantagem adicional de ler e escutar, avançaria muito mais rapidamente. A palestra ou o estudo podem sintonizar o cérebro do estudante de maneira que ele obtenha mais conhecimento através da meditação. Mas para um homem que apenas ouve ou lê e não medita, dificilmente será possível algum avanço, e o progresso é extremamente vagaroso. As duas práticas devem ser combinadas: um pouco de escuta ou leitura e muita meditação.


Notas
1 Este termo não se refere à cor, mas à Fraternidade de Homens Perfeitos.
2 Nesta edição os aforismos do manuscrito antigo estão em negrito, e todos os acréscimos e comentários sem negrito. (N. ed. bras.)

PARTE 1

Estas regras foram escritas para todos os discípulos:
Segue-as.
Antes que os olhos possam ver, devem ser incapazes de soltarem lágrimas. Antes que o ouvido possa ouvir, deve ter perdido a sua sensibilidade. Antes que a voz possa falar na presença dos Mestres, deve ter perdido o poder de ferir. Antes que a alma possa estar na presença dos Mestres, seus pés devem ser lavados com o sangue do coração.

1- Mata a ambição.

NOTA — A ambição é a primeira das maldições: a grande tentadora do homem que está se elevando acima de seus semelhantes. É a forma mais simples de buscar recompensa. Homens de inteligência e poder são continuamente desviados por ela de suas possibilidades mais elevadas. No entanto, ela é uma instrutora necessária. Seus resultados tomam-se pó e cinza na boca. Como a morte e a alienação, ela mostra ao homem, por fim, que trabalhar para si mesmo é trabalhar para a desilusão. Porém, embora esta regra pareça tão simples e fácil, não passes rapidamente por ela. Pois os vícios do homem vulgar passam por uma transformação sutil e reaparecem com aspecto modificado no coração do discípulo. É fácil dizer: “Não serei ambicioso”; mas não é tão fácil dizer: “Quando o Mestre ler meu coração, ele o encontrará perfeitamente limpo”. O artista puro, que trabalha por amor à sua obra, está às vezes mais firmemente plantado no caminho correto do que o ocultista que imagina ter eliminado os interesses pessoais, mas que na realidade só ampliou os limites de experiência e de desejo e transferiu seu interesse para coisas relativas a uma dimensão maior da vida. O mesmo princípio é aplicável às duas outras regras, que aparentemente são simples. Pondera sobre elas e não te deixes enganar facilmente pelo teu próprio coração. Pois agora, no umbral, um erro pode ser corrigido. Porém, se carregares o erro contigo, ele crescerá e frutificará, e então, para destruí-lo, terás de sofrer amargamente.
2 – Mata o desejo de viver.
3 — Mata o desejo de conforto.
4 — Trabalha como aqueles que são ambiciosos. Respeita a vida como aqueles que a desejam. Sê feliz como os que vivem em função da felicidade. Procura no coração a raiz do mal e arranca-a. Ela vive e dá frutos no coração do discípulo devotado assim como no do homem voltado para o desejo. Só o forte pode matá-la. O fraco tem de esperar que ela cresça, frutifique e morra. E ela é uma planta que vive e cresce através dos tempos. Floresce quando o homem acumulou em sí inúmeras existências. Aquele que pretende entrar no caminho do poder deve arrancar essa coisa do seu coração. E então o coração sangrará, e toda a vida do homem parecerá dissolver-se por completo. Esta provação tem que ser suportada: ela pode vir no primeiro degrau da perigosa escada que leva à senda da vida; ou pode aparecer somente no último. Ó discípulo, lembra no entanto que ela tem que ser suportada, e concentra as energias da tua alma nessa tarefa. Não vivas no presente nem no futuro, e sim no Eterno. Esta gigantesca erva daninha não é capaz de florescer ali; esta mancha na existência é removida pela própria atmosfera do pensamento eterno.


5 — Mata todo sentido de separação.

NOTA — Não te iludas imaginando que podes apartar-te do mau ou do insensato. Eles são tu mesmo, embora em grau menor do que o teu amigo ou teu Mestre. Porém, se permitires que cresça no teu interior a ideia da separação de qualquer coisa ou pessoa má, ao fazê-lo estarás criando um karma que te ligará a essa pessoa ou coisa até que a tua alma reconheça que não pode permanecer isolada. Lembra-te de que o pecado e a vergonha do mundo são o teu pecado e a tua vergonha, pois tu és parte do mundo. Teu karma está inextricavelmente entrelaçado com o grande Karma. E, antes que possas atingir o conhecimento, deves ter passado por todos os lugares, tanto os repugnantes como os puros. Portanto, lembra-te de que a veste maculada que hoje evitas tocar pode ter sido tua ontem, ou pode ser tua amanhã. E se dela te desviares com horror, quando lançada sobre os teus ombros, tanto mais firmemente grudará em ti. O homem que se tem por justo cria para si um leito de lama. Abstém-te porque é correto o abster-se — não para te conservares limpo.


6 — Mata o desejo de sensação.

7 — Mata a fome de crescimento.

8 — No entanto, conserva-te só e isolado; porque nada do que é corporificado, nada do que é consciente da separação, nada que esteja fora do Eterno pode ajudar-te. Aprende com a sensação e observa-a, pois só assim poderás começar a desenvolver a ciência do autoconhecimento e colocar o teu pé no primeiro degrau da escada. Cresce como a flor, inconscientemente, porém intensamente ansiosa para abrir sua alma ao ar. Assim deves avançar para abrires tua alma ao Eterno. Mas, é o Eterno que deve estimular a tua força e tua beleza, e não o desejo de crescimento. Pois no primeiro caso tu te desenvolverás na exuberância da pureza; no segundo te tornarás insensível pelo poderoso desejo de projeção pessoal.


9 — Deseja somente o que está dentro de ti.

10 — Deseja somente o que está além de ti.

11 — Deseja somente o que é inatingível.


12 – Pois dentro de ti está a luz do mundo — a única luz que pode ser projetada sobre o Caminho. Se fores incapaz de percebê-la dentro de ti, é inútil procurá-la em outra parte. Está além de ti, porque quando a alcançares já te perdeste. É inatingível porque sempre recua. Entrarás na luz, mas nunca tocarás a Chama.

13 — Deseja ardentemente o poder.

14 — Deseja fervorosamente a paz.

15 — Deseja posses acima de tudo.


16 — Porém estas posses devem pertencer somente à alma pura, e, portanto, devem ser possuídas igualmente por todas as almas puras, sendo assim propriedade especial do todo apenas enquanto unido. Deseja aquelas posses que podem ser mantidas pela alma pura, para que acumules riquezas para aquele espírito uno da vida que é o teu único e verdadeiro Eu. A paz que deves desejar é aquela paz sagrada que nada pode perturbar, e na qual a alma desabrocha da mesma forma que a flor santa sobre as lagoas tranquilas. E o poder que o discípulo deve cobiçar é aquele que fará com que ele apareça como nada aos olhos dos homens.


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