Livro ‘Miz Tli Tlan’ por Trigueirinho

Baixar PDF 'Miz Tli Tlan' por Trigueirinho

Uma obra inspirada que nos revela, nessa conturbada época atual, o papel de uma civilização intraterrena que se encontra escondida na contraparte suprafísica dos Andes peruanos, e que conduzirá uma evolução espiritual do planeta num futuro próximo a partir de níveis de vida divinos.

Páginas: 200 páginas; Editora: Pensamento; Edição: 13 (13 de fevereiro de 2012); ISBN-10: 8531504481; ISBN-13: 978-8531504488

Leia trecho do livro

Os recursos gerados pelos direitos
autorais de todos os livros de Trigueirinho
são revertidos na manutenção de centros espirituais
que não se vinculam a instituições, organizações,
seitas ou entidades de qualquer tipo.

Primeira Parte

Relato inicial
Episódios dos arquivos da História
A mensagem de uma civilização anterior
A energia adequada para a vida (segundo o Membro do Conselho Alfa e Omega

Segunda Parte

Viagem ao que ainda é desconhecido
Fala o ser intraterreno
A simbiose oculta
O maior espelho de luz
As Hierarquias
A Torre de Babel de hoje
Miz Tli Tlan
Amuna Kur
Os Conselhos

Terceira Parte

Exercício com o sinal e Exercício com o símbolo
Exercício com cores

Quarta Parte

Entrevista com o Membro do Conselho Alfa e Omega

PALAVRAS DE ABERTURA

Há verdades que, ainda que tenham sido reveladas desde os primórdios da Terra, tornaram-se conhecidas tão-somente para uma minoria restrita de seres espiritualizados; e há outras que só agora podem e devem ser desveladas, dada a situação de emergência na qual o planeta se encontra. À medida que essa situação se agrava, mais premente se faz a atualização de informações, pois os planos para a estimulação do progresso e salvação da Terra devem sempre adaptar-se às cambiantes necessidades mundiais. Os dados fornecidos no decorrer deste livro são, portanto, válidos para este momento que hoje vivemos, mas provavelmente com o tempo, também irão sofrer transformações.

Não tivemos a intenção de explicar fatos, nem de esclarecer enigmas. Tendo assim procedido, esperamos deixar ao leitor um espaço para que, através da sua reflexão silenciosa sobre os pontos que aqui estão apenas levemente sugeridos, possa ser estimulada a capacidade intuitiva de seu próprio ser. Estas páginas estão centradas em um estado de consciência denominado, em língua Irdin(*), MIZ TLI TLAN.

(*) Idioma Intergaláctico.

Os dados aqui apresentados sobre essa civilização intraterrena, a civilização de MIZ TLI TLAN, foram-nos fornecidos por um Membro do Conselho Alfa e Omega que viaja em uma nave extraterrestre. O trabalho que estamos fazendo em colaboração com esse ser constitui-se uma grande oportunidade evolutiva para nós. Coube-nos coordenar e desenvolver o material que nos foi passado, material que, inclusive, originalmente estava escrito com uma sintaxe diferente das que conhecíamos. Alguns trechos eram propositadamente herméticos, e procuramos, dentro do possível, torná-los mais compreensíveis. Nesses casos, pedimos a supervisão desse Membro, que esteve conosco sempre que foi necessário, revisando e ampliando o que escrevíamos.

O Conselho Alfa e Omega é integrado por seres que, apesar de não serem tridimensionais, podem encarnar em nosso planeta. Vieram de diferentes locais desta e de outras galáxias para, no trabalho de desenvolvimento planetário, contribuir com as Hierarquias Intraterrenas e Extraterrestres, e com os autoconvocados da civilização da superfície da Terra que se estão preparando para desempenhar determinada tarefa, útil à evolução planetária. No plano físico terrestre, esse Conselho é formado de sete membros encarnados, mas no plano cósmico ele é formado de doze, porque cinco desses membros não encarnam. Esse grupo reúne-se pelo período de onze anos, depois do qual seus participantes fazem rodízios com outros seres provenientes de vários pontos do universo.

Além da colaboração e da energia de MIZ TLI TLAN, e além das revelações do Membro do Conselho Alfa e Omega, estamos também valendo-nos do Informe Brodie, um relatório elaborado pela Junta Aeronáutica Civil dos Estados Unidos. Segundo o livro “Otra Civilización Nos Domina”, de autoria de Angel Polo, publicado na Argentina pela Editorial Ramos Americana, tal relatório consta da Circular 54-AN/49, de 1958, da Organização de Aviação Civil Internacional, com sede em Montreal, Canadá, e figura na pasta 1-0093 da Junta. E conhecido atualmente também por algumas sociedades herméticas norte-americanas das quais fazem parte professores universitários, diplomatas, membros do governo e investigadores. Um cronista argentino radicado em Filadélfia obteve uma cópia desse documento, que passou a fazer parte do livro mencionado.

Reportamo-nos também aqui a conhecimentos fundamentais a respeito do termo “energia ONO-Z0NE”, conhecimentos que são básicos para a compreensão dos capítulos que se seguem. Essa energia é o princípio inteligente, onipotente e onipresente que rege os universos. Apresenta-se sob vários aspectos, que vão sendo conhecidos à medida Sue o homem busca contatar-se conscientemente com ela. Guiadas pelos Profetas, as civilizações da superfície da Terra deram no passado vários nomes às subdivisões de ONO-ZONE. Em alguns locais, por exemplo, um aspecto mais material da sua infinita potência foi denominado “prana”. Agora, no novo ciclo planetário, essa energia será mais abertamente apresentada para que o homem possa viver plenamente consciente de sua presença, e para que não mais fique limitado a aspirar conhecê-la. Diz-se que ONO-ZONE responde com força de proporções muito maiores do que a do esforço empregado pelo ser que a busca. Pudemos testemunhar isso, pois quando contatamos alguns dos seus aspectos tivemos condições de perceber parte da sua incomensurável Luz e do seu infinito Amor.

Finalmente, gostaríamos de afirmar que este livro foi escrito com a intenção de preparar para uma nova vida os homens que habitam a superfície deste planeta, e não de formar movimentos sectários, místicos ou religiosos. A mensagem nele contida não foi manifestada para cristalizar ideias, doutrinas, e tampouco para criar ídolos.

Os tempos chegaram. Estes escritos estão sendo oferecidos a todos aqueles que esperavam por informações úteis para os momentos finais de uma civilização. O tema MIZ TLI TLAN, por seu conteúdo filosófico, destina-se à formação daqueles que sobre ele refletem, e faz parte do trabalho universal para o advento da nova raça de superfície do planeta Terra, raça que surgirá após ter sido aplicada aqui, em maiores proporções, a Lei da Purificação.

TRIGUEIRINHO

PRIMEIRA PARTE

Baseado no informe Brodie
e nas palavras do Membro do Conselho
Alfa e ômega.

RELATO INICIAL

Segundo o Informe Brodie, aos 13 de junho de 1956 aconteceu um fato demonstrativo do poder da energia ono-zone. William Brodie era um dos vinte e quatro passageiros de um avião que seguia uma linha doméstica regular, proveniente de Fayetteville, Carolina do Norte. O vôo prosseguia sem novidades por uma rota sem turbulência, quando subitamente a aeronave foi sacudida e, de forma brusca, deslocada para a esquerda. Depois disso ela parecia estar parada e suspensa no espaço. De imediato, Brodie levantou-se e, parecendo hipnotizado, dirigiu-se à parte dianteira do avião e parou diante da porta de saída. Permaneceu ali com os braços caídos, quando de repente a porta abriu-se completamente e ele deu um passo para a frente. Apareceram então duas luzes gigantescas tomando-o pelos ombros. O fulgor das luzes não permitia a ninguém ver o que acontecia, e quando finalmente desapareceram, esse passageiro não estava mais ali.

EPISÓDIOS DOS ARQUIVOS DA HISTÓRIA

Diz ainda o Informe Brodie que no ano de 1939 os físicos europeus descobriram que o urânio emitia nêutrons ao partir-se o seu núcleo. Em 1941, cientistas norte-americanos já haviam sido advertidos, ao trabalharem na elaboração de uma arma perigosa, que sua fabricação não seria permitida pelas leis extraterrestres.

O presidente Franklin Delano Roosevelt, sustentador principal do Projeto Manhattan de construção da bomba atômica, recebia por vias incomuns advertências de que as provas de Shagg Field não deveriam continuar porque ameaçavam toda a vida planetária. Naquela época, apesar de dois cientistas ligados ao projeto desaparecerem sem deixar vestígios, este continuou o seu curso.

O próprio Roosevelt ordenou, e assim a primeira bomba atômica da história moderna foi anunciada. Na ocasião, um jornal de Washington, em nota à parte, informava como um fato curioso que uma bola de luz de origem desconhecida havia rondado o edifício da residência presidencial, alarmando os guardas e desvanecendo-se em seguida. Trinta dias depois, aos 12 de abril de 1945, Roosevelt morria.

Como é de conhecimento público, depois disso a devastadora bomba destruiu Hiroshima, causando mais de cem mil desencarnações. Esse número aumentou para duzentos e cinquenta mil nos dias que se seguiram, sem contar os que foram depois atingidos em Nagasaki.

Harry Truman continuará a gestão de Roosevelt, e em um dia de agosto de 1946 recebia uma visita formal do embaixador sueco nos Estados Unidos. O embaixador trazia mensagens enviadas pelo rei Gustavo V, e às 8 horas da manhã do dia 23 de agosto de 1946 entrava na sala de Truman. Essas mensagens incluíam informações sobre o fato de que em 1942, na Suécia, houvera uma reunião surpreendente no palácio do governo, na qual três seres estranhos, que pareciam ter surgido do nada e que falavam com voz monocórdia, sem gestos, traziam argumentos fortes para que a harmonia reinasse de uma vez por todas entre os homens desta Terra. Com pouco mais de um metro e vinte de altura, apareceram projetados nas paredes da sala de audiências do palácio do governo, como se essa fosse a tela de um vídeo.

Esses misteriosos emissários se expressaram por uns dez minutos em perfeito inglês, e deram um testemunho assombroso da capacidade de as espaçonaves enviarem representantes através de projeções, tornando assim desnecessário eles próprios chegarem até o plano físico.

A Suécia havia sido escolhida para divulgar ao mundo a verdadeira situação planetária de então. O embaixador colocava à disposição de Truman as admoestações de seres que há muito vinham contatando governos terrestres, num documento cujo conteúdo encontra-se em parte nas páginas seguintes. Truman leu os papéis, e quando deles levantou os olhos o embaixador já não estava à sua frente. Como ocorrera com Brodie, no avião, ele havia desaparecido. Na cadeira vazia ficou o envelope branco que contivera as mensagens, e nele havia o timbre da casa real da Suécia, como se fora um desafio.

A advertência estava ali. O que foi feito depois, ou o que deixou de ser feito, não sabemos. Certamente o conteúdo da mensagem não sensibilizou a atual civilização conflituosa, com exceção da Suécia.

O ser humano foi abandonado à sua sorte porque posicionou-se orgulhosamente contra as leis divinas que se aplicam à procriação. A raça de superfície da Terra vem sempre se contrapondo ao divino, como sucedeu na Torre de Babel da Bíblia, ou em Sodoma e Gomorra, ou nos dias da Atlântida. Usando o próprio livre-arbítrio, o homem nunca teve verdadeiro conhecimento; fazendo sempre o que queria, distanciou-se das leis da natureza e das leis do universo, tomando o caminho que o levou à civilização que hoje está se decompondo. Terminado este período e purificado o ambiente terrestre, porém, será possível o surgimento de uma mova raça humana na superfície do planeta.

A MENSAGEM DE UMA CIVILIZAÇÃO ANTERIOR

“Ao vosso mundo:
“Convém esclarecer que existem três tipos de mundos, e que apesar de a integração das civilizações que os habitam sempre ter sido desejada, elas nunca chegaram a relacionar-se realmente. Há o mundo extraterrestre do cosmos, o mundo intraterreno da Terra oca e o mundo da sua superfície. Este último marcha rapidamente para a destruição que nossos antepassados tampouco puderam evitar, e que certa vez converteu o planeta Terra em gigantesca tumba repleta de cadáveres hediondos, de ruínas e desolação.

“Isso aconteceu em uma época remotíssima, fora da possibilidade de vossos cálculos. Naquele tempo, o homem foi testemunha dos fatos, mas nada pôde fazer. Toda civilização alcança o ponto máximo de desenvolvimento e desaparece em seguida, abrupta ou gradualmente. Consome-se como os astros. A vida universal é um eterno jogo matemático, composto de ciclos que têm certos aspectos aniquiladores.

“Nosso desenvolvimento tecnológico alcançara graus assombrosos de aperfeiçoamento. Lográramos fazer, de modo controlado, mesmo a distâncias fabulosas, a decomposição da matéria em unidades de energia e também a sua recomposição. Os efeitos dos resíduos radioativos eram controlados.

“Essa prática deu margem ao surgimento de usinas (ou estações) desintegradoras, onde máquinas podiam transformar energia em pessoas, ou projetar energia até qualquer cidade da Terra, onde outra máquina a incorporava. Depois tornou-se comum que cada indivíduo dispusesse de sua própria máquina.

“Praticamente não havia segredos para nós.

“Graças aos nossos conhecimentos científicos, podíamos fazer quase tudo o que queríamos, inclusive prolongar a vida indefinidamente. Isso era possível com o uso do processo de hibernação que o nosso sistema social permitia, e que consistia em permanecermos durante anos com as funções vitais suspensas, bastando depois a ingestão de uma pastilha para retornarmos à vida ativa.

“A classe governante conseguira reparar os inconvenientes da aglomeração de seres vivos: conseguira controlar o crescimento excessivo que houvera das populações e a contaminação que disso resultava. É claro que longos períodos de tempo foram necessários para que tudo se normalizasse, pois o nosso caráter pacífico nos impossibilitava de adotar qualquer medida agressiva com os que agissem contra as normas.

“Nos núcleos de assistência, os recém-nascidos recebiam pastilhas programadoras, cujo efeito impedia qualquer atividade violenta contra um semelhante.

“Entretanto, graves problemas começaram a surgir por causa da falta de avanço da consciência em relação ao ininterrupto progresso tecnológico. Em uma data memorável, finalmente, o conselho governante chegou a cogitar uma solução para eles. Daquele momento em diante, para evitar a morte, tínhamos de contar com governantes cujo poder de decisão fosse total. Programaram então uma nova raça, que colaborava com o plano evolutivo. Preparados para ignorar o mal e o bem, legislaram com extraordinária sabedoria. Limitou-se o crescimento populacional e, nesse regime, a concepção era controlada e inibida. Além disso, os decrépitos, os caducos e os considerados socialmente irrecuperáveis eram eliminados.

“Mas vínhamos cometendo um erro. Uma aberração na estrutura sobre a qual havíamos alicerçado a sociedade terrestre de superfície passara-nos despercebida: os motores da nossa poderosa tecnologia eram alimentados exclusivamente com energia atômica. Conhecíamos outras formas de produção de energia limpa, mas estávamos satisfeitos com o grau de segurança obtido com o domínio da decomposição do átomo. Obviamente, nos primeiros tempos, tivéramos que nos ocupar dos resíduos radioativos, os quais colocávamos em cápsulas especiais e enterrávamos. Depois conseguíramos transformar esses resíduos, e por fim chegáramos ao que chamamos de “cadeia de consumo sem perda”. Era como se um dos motores de hoje, movido a gasolina, permanentemente recolhesse e reutilizasse para seu funcionamento a totalidade dos gases gerados pela própria combustão. Acreditávamos tudo ter conseguido, quando um dos nossos matemáticos advertiu-nos de que, de forma imprevista, depois de um certo tempo (que vós mediríeis em uma centena de anos), as linhas espectromagnéticas da energia reciclada já não respondiam às rígidas leis que até então haviam obedecido.

“Para dizer de outra forma: rebelaram-se. Pois, que mais poderia significar tal anarquia das linhas espectromagnéticas da reciclagem atômica? Quando soubemos, era demasiado tarde. Nossa ciência havia cumprido o seu ciclo e todos recordávamos das palavras sábias do último filósofo: “Todavia a morte está aí.”

“O teor radioativo da atmosfera começou a subir a passos de gigante, provocando buracos negros nas capas de ozónio que envolviam a Terra. Rapidamente, o maquinário supercomplexo que sustentava a estrutura da nossa civilização tornou-se inútil. Considerai que havíamos construído verdadeiros monstros da cibernética, capazes por si sós de restaurar partes do maquinário que se avariassem por qualquer causa. Algumas, assim, subsistiram por mais tempo, e conseguiu-se um regulador do crescimento do índice de radiação. Isso porém de nada servia, porque não nos havíamos preocupado em conseguir imunidade contra a radiação, à qual inclusive devíamos tudo o que éramos, assim como hoje não buscaríeis imunidade contra a água de vossos rios, pensando que amanhã ela poderia converter-se em um elemento de morte.

“Soubemos de repente que estávamos sós e indefesos.

“Não tínhamos progredido como raça: pelo contrário, permanecêramos em um estágio primário: simplesmente contribuíramos, sem o saber, para o surgimento, o brilho e o ocaso de uma supertecnologia. A tecnotrônica havia-nos dominado.

“Tivemos de fugir das cidades. Afortunadamente, sabíamos para onde nos dirigir, e procuramos fazer com que o êxodo se cumprisse estritamente de acordo com pautas ordenadas pelos governantes. Esses mesmos governantes outrora, haviam tido de adotar medidas extremas para evitar uma explosão demográfica, e haviam ordenado que as novas cidades se levantassem em quatro anéis perfeitos em torno da superfície do planeta. passando pela área que hoje chamais de Equador. Uma das coisas que vos devo advertir é que a topografia deste planeta era diferente. A plataforma continental da época era uma faixa ampla que ocupava o espaço entre os trópicos, ao sul e ao norte. Onde localizais hoje os pólos existiam vertentes marinhas, isto é, vias de comunicação natural dispostas à maneira de uma rede geométrica sob os mares, através das quais águas provinham do interior do planeta para a superfície e depois para lá retornavam.

“Atualmente essa rede está completamente fragmentada. e as águas saem do mundo intraterreno e para ele voltam através de quatro bocas situadas. conforme vossa cartografia, nos triângulos Tóquio-Shanghai-Vladivostok, no mar do Japão; Sidney-Melbourne-Nova Zelândia, no mar de Tasmânia; Malvinas-Rio Gallegos-Viedma, no Mar Argentino; Bermudas-San Juan de Porto Rico-Bahamas, no oceano Atlântico Norte.

“A evacuação das populações fez-se por etapas. Primeiro os que residiam nos anéis interiores transladaram-se para os periféricos, a fim de não aguardarem até o último momento e se verem obrigados a atravessar um cinturão mortal composto das áreas onde as leis mais haviam sido alteradas. Enquanto isso os esforços desesperados para encontrar uma solução prosseguiam. Porém, baseados exclusivamente em nosso próprio conhecimento, e sem o apoio dos cérebros artificiais que, inclusive, chegaram a consolar-nos, enquanto o nosso sistema psíquico sofria a carga dos altos e baixos da situação, que podíamos fazer?

“Acostumados a empregar como fonte energética materiais de reciclagem, nós nos deparávamos finalmente com uma realidade com a qual não havíamos contado, e não tínhamos meios de usar as fontes mais primitivas de energia, controladas pelas leis naturais da matéria. Tendo ficado inadvertidamente com o desenvolvimento da consciência a nível de progresso tecnológico, permitimos que a matéria a sobrepujasse.

“De que valeria tentar retornar àquelas fontes, se já não contávamos com aparatos que pudessem ser alimentados com esses tipos de combustível?

“Vós nos entenderíeis se imaginásseis que vos dissessem que hoje deveríeis retornar aos barcos a vapor. Poderíeis fabricar o vapor — mas onde estão os barcos?

“Foi quando veio a crise. Aquela sociedade perfeita, superdesenvolvida, nada mais era do que um parasita de um gigantesco animal tecnológico. O único parasita do único animal. Morto este, o que restava?

“A decadência foi rápida. A capacidade de dar ordens estivera por muito tempo relacionada com a existência de arquivos completos de informações, que previam a necessidade e as consequências da ordem emitida. Tornara-se tão difícil pensar por nós mesmos!

“Muitos optaram por ficar nas cidades, desafiando o índice crescente de radiação. Converteram-se logo em arremedos do que tinham sido. Sofreram deformações ósseas, ficaram cegos em consequência de cataratas no cristalino, e finalmente morreram por falta de coordenação motora.

“Os que fugiram vagaram pelas selvas com as quais nunca nos havíamos preocupado, e enfrentaram animais desconhecidos, cuja existência ignorávamos porque os cinturões populacionais estavam protegidos por faixas de vazio absoluto. Beberam água de riachos e muitos pereceram porque, geneticamente, haviam perdido a codificação que lhes facultava assimilar água em estado puro.

“Outros tombaram ao alimentar-se. Havíamos perdido quase toda a capacidade de adaptação ao meio ambiente terrestre. Alguns se agruparam em células coordenadas, tratando de sobreviver ao que os aguardava.

“Algumas pastilhas davam-lhes o equilíbrio neutrónico requerido pelo organismo, e apenas com o uso delas tinham segurança de que os alimentos e a água não se converteriam em seus inimigos.

“A marcha foi muito dura. A superespecialização nos havia tornado inválidos. Entretanto, continuávamos vivos, em que pese a advertência do último filósofo: “A morte está aí.”

“Uma das alternativas que tínhamos para conseguir sobreviver, era chegar até as vertentes marinhas, cuja força era ono-zone, e alcançar o interior da Terra oca, onde depositávamos a esperança de não sermos devorados pela contaminação radioativa. Porém, como lográ-lo?

“Se alguém que está em Filadélfia, e que sempre usa o telefone para comunicar-se com quem está em Nova Iorque, um dia descobre que nenhum telefone nunca mais funcionará, como irá sentir-se?

“Vagamos pelas selvas… Assaltou-nos a velhice e descobrimos que nossa existência como parasitas caducos era miserável. Nesse ínterim, a radiação havia alcançado limites intoleráveis e os sobreviventes se apressavam rumo aos litorais, visando o horizonte marinho. Tremendos cataclismos fragmentaram a camada externa da Terra em milhares de pedaços, como se uma explosão descomunal tivesse tomado conta do nosso mundo devastado. Entretanto, no meio desse holocausto, nossa raça prosseguia mantendo seus arquétipos.

“Evitando que os pares debilitados procriassem, conseguimos selecionar quatro que pudessem servir como reprodutores em laboratórios, e conseguimos nas condições mais inóspitas que, a partir de três deles, crianças perfeitas fossem engendradas. Criados nas selvas, desconhecendo os benefícios dos quais seus ancestrais haviam usufruído, os pequenos iniciaram uma nova sociedade.

“Falavam pouco, como nós. Há tempos havíamos renegado a linguagem falada, para optar pelas transmissões de cérebro a cérebro, graças aos bons ofícios de captadores extracerebrais providos pelo grande monstro tecnológico que nos amparava. Depois disso, foi muito difícil voltar a falar, e alguns jamais o conseguiram.

“Um dos grupos coordenadores assumiu a tarefa de relatar o que sucedeu aos terrestres, conforme a simbologia então existente para as comunicações. Assim o fez para legá-la aos novos homens que, por sua vez, já começavam a ter filhos, iniciando, com uma mudança de código genético, uma nova cadeia biológica.

“Esta é a história da raça dos que vivem nas profundezas da Terra: a raça dos que tiveram de suportar muito mais que vós para ressurgir das cinzas de uma civilização. Está aqui relatada e poderia servir de base para os homens de hoje, se estes quisessem valer-se dessa experiência vivida.

“Enquanto o mundo na superfície desmoronava entre cataclismos inúmeros, nossa civilização começou a ressurgir de modo pausado, porém firme. A nova Terra, no centro do planeta, brindava-nos com os seus recursos, da mesma forma que a outra; porém, com uma diferença fundamental: permitia-nos começar de novo, a partir da não-contaminação. Era “a segunda oportunidade”, da qual outrora falaram os filósofos. Só então soubemos quão importantes eram eles para qualquer comunidade. Os filósofos sabiam mais que qualquer supermáquina e, no entanto, chegáramos a mofar deles!

“Foi necessário que cerca de quatrocentos séculos se passassem para que voltássemos a nos sentir fortes e soubéssemos que havíamos novamente chegado ao ponto exato onde os caminhos se bifurcam, onde os forjadores da raça outrora se equivocaram e começaram a declarar a sua morte. Soubemos aproveitar a segunda oportunidade, seguindo fielmente os postulados do decálogo que havíamos herdado dos “primeiros”, decálogo que a tradição encarregou-se de manter vigente. Havia nele coisas que diziam respeito à experiência de outrora vivida na superfície da Terra, e que por milénios não pudemos entender. Apenas aos poucos, com o progresso da nova ciência, as indicações passavam a fazer sentido para nós, como por exemplo: “A energia atômica é causa de morte e não deve ser empregada.” A redescoberta que fizemos do átomo desvelou o sentido desse primeiro artigo, o qual nos alertou para não prosseguir aprofundando o seu estudo. Optamos desta vez por buscar a energia do magnetismo, mas descobrimos que campos magnéticos de determinadas intensidades produzem alterações físicas nos objetos e nos seres. Então abandonamos também esse sistema e ensaiamos outros, até que decidimos pela energia obtida a partir da captação de “fotones” ono-zone provenientes das estrelas, os quais nos chegavam do exterior através de canais ou poços intermagnéticos. Graças ao conhecimento e domínio dessa energia, conseguimos penetrar as zonas ainda mais interiores do planeta, que para nós figuravam ser sempre escuras. Pudemos assim construir novas cidades e finalmente suspender as restrições impostas para o controle da natalidade. Nossa raça prosseguia crescendo e não faltaram os que, estimulados pelos filósofos, partiram em busca da terra original, quer dizer, do berço da nossa espécie. Dirigiram-se às vertentes marinhas, e passaram pelos terrenos gelados que nossos antepassados desconheciam e que foram uma conseqüência do desastre ecológico por eles causado. Chegaram ao solo continental, depois de atravessarem amplos setores marinhos. Conforme vossa cartografia, tinham atravessado a Terra Victoria, prosseguido por mar até a Nova Zelândia, indo dali à Austrália e, pela Melanésia, chegando ao Japão e às costas da China entre Cantão e Tientsin.

“Dos que partiram, poucos voltaram. Vieram maravilhados pela luminosidade dos dias, do céu azul, pela brisa marinha, pela prodigalidade da vegetação que oferecia seus frutos sem necessidade de cultivo, e pela quantidade de animais selvagens disponíveis para a caça, desporte que fora descoberto acidentalmente e que os fascinara.

“Nossos governantes decidiram estudar o ano geofísico do exterior, com o propósito de verificar as condições ali existentes para o progresso da vida. Os resultados foram magníficos. Verificou-se que, por milhares de anos, não se haviam registrado sinais da eclosão radioativa que afetam os nossos antepassados. A natureza, lenta mas implacavelmente, eliminara todos os vestígios da contaminação.

“Foram milhares os que desejaram a partir daí abandonar a terra interior e, mais uma vez, como já havia sucedido em nossa história, foi necessário que os governantes tomassem uma decisão capital: proibiram-nos de deixar o mundo interior, para evitar que chegássemos ao ponto de degeneração que outrora atingíramos quando homens de superfície. Os governantes outorgaram um prazo para o regresso dos que já haviam partido. Vencido esse prazo, não seriam mais admitidos, pois inclusive já teriam outra conformação física. A unidade da raça intraterrena fora salva; aqueles que não regressaram constituíram a base que deu origem, na superfície da Terra, à raça amarela fundada na China, no Japão, na costa oriental do México e no extremo sul da Argentina. Na verdade, na China, antes disso, havia homens brancos e negros — os amarelos que conhecemos hoje são intraterrenos em sua origem.

“As fugas do mundo intraterreno aconteciam através dos condutos naturais que, sob os mares, comunicam os mundos da superfície com os do interior — mas estavam sendo controladas.

“O ano geofísico do exterior revelara alguns fatos interessantes, além da ausência de radiação no meio ambiente. Soubemos que a raça humana não havia desaparecido totalmente da superfície da Terra, mas que, devido às tremendas mutações que sofrera com o tempo, apresentava dimensões ligeiramente diferentes das nossas, e transformações radicais em seu aspecto fisionômico. Efetivamente, não encontramos mais representantes da raça original; em compensação, deparamos com negros e brancos idiotizados e quase em estado animal.

“Pudemos também verificar que nossa fonte permanente de água para os anéis interiores mantinha-se intacta. Referimo-nos ao que chamais de Lago Baikal, na Sibéria. Em seus arredores, encontramos algumas colónias de animais que tinham quase com exatidão as características que a tradição outorga aos que conviveram com os nossos antepassados no exterior.

“Agora, quando a lenta evolução dotou de uma boa inteligência os homens que habitam a superfície da Terra, eles se apressam a cair na mesma armadilha que redundou na destruição da raça primigênia. O primeiro passo nessa direção foi a fabricação da bomba atômica, artefato cuja periculosidade não tem limites e que servirá para edificar governos de terror, lançando o mundo num desastre total. Um desastre que talvez nos envolva também, porque não é possível conhecer a magnitude que pode alcançar um confronto do qual o armamento nuclear participe.

“Não estamos dispostos a permitir que ele aconteça. Por isso, advertimos desse perigo o mundo da superfície, através de seus países mais representativos. Queremos que formem um comité internacional contra o uso da energia nuclear para fins bélicos. Em troca, estamos dispostos a revelar o segredo para o domínio da energia magnética.

“Que a cautela esteja entre vós.”


Tags: ,