Livro ‘Todo esse Tempo’ por Rachael Lippincott

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O emocionante novo romance das autoras do best-seller A cinco passos de você É possível encontrar o amor verdadeiro depois de perder tudo? Kyle e Kimberly são o casal perfeito. Pelo menos, é o que Kyle acha. Por isso, quando Kimberly termina com ele na noite da festa de formatura, o mundo inteiro do garoto vira de cabeça para baixo – literalmente. O carro deles capota após sofrerem um acidente e, quando Kyle acorda no hospital, descobre que teve uma lesão cerebral. Kimberly está morta. E ninguém consegue entender a sua dor. Até ele conhecer Marley. Marley também sofreu uma perda, uma perda que ela acredita ter sido culpa dela. Quando seus caminhos se cruzam, Kyle vê nela um espelho de tudo o que está sentindo. Conforme Kyle e Marley curam suas feridas, seus sentimentos um pelo outro ficam mais fortes. De uma tragédia, nasce um amor que parece predestinado…

Editora: Alt; 1ª edição (7 dezembro 2020); Páginas: 352 páginas; ISBN-10: 6588131089; ISBN-13: 978-6588131084; ASIN: B08NNDB6WB

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Biografia do autor: Rachael Lippincott é autora do best-seller do New York Times, “A cinco passos de você”. É bacharel em Inglês pela Universidade de Pittsburgh. Ela nasceu na Pensilvânia e atualmente mora em Pittsburgh com sua esposa e seu cachorro, Hank. Mikki Daughtry se formou na Universidade de Brenau, onde estudou artes cênicas. Ela é roteirista e romancista, e vive em Los Angeles. Quando não está escrevendo, ela está assistindo a filmes antigos em preto e branco, ouvindo Doris Day repetidamente ou lendo peças gregas antigas.

Leia trecho do livro

Para todo mundo que já teve uma Marley.

Nunca a deixe ir embora.


M.D.

Para Mikki.

R.L.

1

Sinto o peso da pulseira de berloques na palma da minha mão. Eu já a examinei umas mil vezes, mas olho de novo porque sei que ela precisa ser perfeita, capaz de consertar tudo o que precisa de conserto. Eu até pensei em comprar pulseiras mais finas e delicadas, como as que Kimberly normalmente usa, mas algo nessa me tocou, seus elos prateados sólidos e firmes, iguais ao nosso relacionamento… na maior parte do tempo.

Há uns meses, quando eu encomendei a pulseira, em para ser um presente para comemorar a nossa formatura, e não um presente de “me-desculpa-vamos-nos-acerta?, mas Kimberly tem estado quieta nos últimos tempos. Distante. Como ela sempre fica quando estamos brigados.

Apesar de que, até onde saiba, não estamos brigados, então nem sei pelo quê eu deveria pedir desculpas.

Eu solto um longo suspiro e observo meu reflexo no espelho do banheiro do hotel, conferindo se as cabines estão vazias. Franzo a testa enquanto passo os dedos pelo meu cabelo castanho bagunçado e tento arrumá-lo do jeito que Kim gosta. Depois de algumas tentativas frustradas, meu cabelo e eu desistimos e volto a focar minha atenção na pulseira pela última vez.

Os berloques de prata reluzente se esbarram quando eu os examino, e o barulho se mistura com os sons abafados da festa de formatura do ensino médio vindos do outro lado da porta. Talvez, quando ela vir a pulseira, ela finalmente me diga qual é o problema.

Ou, vai saber. Talvez ela só me beije e diga que me ama e o problema não tinha nada a ver comigo, para começo de conversa.

Eu me aproximo para observar os seis pequenos berloques, um para cada ano que passamos juntos. Eu dei muita sorte quando encontrei uma pessoa no Etsy para me ajudar a desenhá-los, já que eu não tenho nenhum talento artístico. Agora, isso é mais do que uma pulseira. É nossa vida juntos.

Meu dedão desliza suavemente pelos pedaços da nossa história, alguns dos berloques cintilando quando refletem a luz.

Um par de pompons de líder de torcida esmaltados em azul e branco, quase idênticos aos que Kimberly estava segurando como capitã da equipe na noite em que eu pedi a ela para ser oficialmente minha namorada.

Uma pequena taça de champanhe dourada, com minúsculas bolhas brilhantes, uma lembrança do convite elaborado que eu fiz alguns meses atrás, quando a chamei para a formatura. Eu roubei uma garrafa de champanhe do armário da minha mãe para surpreendê-la. Minha mãe me deixou de castigo até o fim dos tempos, mas valeu a pena só pelo brilho nos olhos de Kimberly quando eu estourei a garrafa.

Eu paro no berloque mais importante, colocado exatamente no meio da pulseira. Um diário prateado, com um fecho de verdade.

Ainda no ensino fundamental, nós estávamos estudando na cozinha da casa dela quando ela saiu para ir ao banheiro. Eu tirei o diário cor-de-rosa da mochila dela e escrevi “Eu vc” nas primeiras três páginas em branco.

Ela chorou quando viu, mas em seguida as lágrimas se transformaram em acusações.

— Você leu todos os meus segredos? — Ela gritou, apontando para mim com uma mão e segurando o caderno com força junto ao peito com a outra.

— Não — eu disse e girei meu banco na direção dela. —, eu só achei que seria… Não sei. Romântico.

E então ela se atirou em cima de mim. Eu a deixei me derrubar no chão porque era emocionante ter aquele rosto lindo tão perto do meu e ver a irritação dela morrer quando nossos olhos finalmente se encontraram.

— Foi — ela disse e então os lábios dela, hesitantes, encontraram os meus.

Nosso primeiro beijo. Meu primeiro beijo.

Com cuidado, eu abro o pequeno berloque e viro suas delicadas páginas de prata, três no total, que dizem “Eu vc”. Nós provavelmente sempre teremos alguma briguínha, mas sempre vamos amar um ao outro.

Observo os elos vazios da pulseira com um sorriso no rosto, pois desejo que eles sejam preenchidos com mais vida e mais memórias que construiremos juntos. Um para cada ano que passaremos na ucla. E depois disso eu comprarei outra pulseira para preenchermos também.

A porta do banheiro se abre com tudo, causando um estrondo ao se chocar no protetor anti-impacto preso na parede. Eu rapidamente guardo a pulseira de volta em sua caixa de veludo e os berloques batem um no outro quando um grupo de caras do time de basquete entra. Escuto uma sinfonia de “Kyle, como vai cara?” e “Turma de 2020, irmão!” Eu sorrio para todos eles e deslizo a caixa para o bolso do meu paletó. Quando faço isso, meus dedos tocam o cantil de Jack Daniel’s enfiado no cinto, o primeiro passo no meu plano para convencer meus dois melhores amigos a abandonarem a festa de formatura oficial e irem comigo para o nosso point no lago, onde podemos comemorar de verdade.

Mas, primeiro… preciso dar a ela essa pulseira. Eu saio pela porta do banheiro e um breve corredor me leva ao salão de baile lotado de um hotel superchique.

Passo por baixo de um mar de balões azuis e brancos, as cores do Colégio Ambrose, vários deles já soltos e deslizando no alto do teto abobadado. No centro do salão uma faixa enorme, da qual descem várias fitas, saúda em letras garrafais: “parabéns, formandos!”

O barulho passa por mim como uma onda, uma atmosfera eletrizada de “nós conseguimos!” emanando por todos os cantos. Eu entendo. Depois desse último ano, estou mais do que pronto para ir embora daqui.

Eu abro caminho por grupinhos completamente aleatórios de pessoas. Os poucos passos no palco para receber o diploma um pouco mais cedo parecem ter diluído tudo que importava tanto hoje de manhã. O esporte que cada um praticava. As notas. Quem te chamou ou não chamou para a formatura. O motivo misterioso pelo qual o sr. Louis te perseguiu o semestre todo.

De repente, Lucy Williams, a representante da turma, está flertando com Mike Dillon, o maconheiro que repetiu o primeiro ano duas vezes, enquanto isso os campeões da olimpíada de matemática trabalham em conjunto com dois dos meus amigos da linha ofensiva em uma tentativa de roubar cerveja do bar.

Nesta noite somos todos iguais.


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