Livro ‘O amor e outras coisas’ por Christina Lauren

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Mais um sucesso de Christina Lauren, o renomado romance O amor e outras coisas veio para aquecer o coração de todos os leitores e fãs da dupla de autoras. Macy Sorensen se acomodou em uma rotina ambiciosa e pouco emocionante: trabalha duro como residente em pediatria, planeja se casar um dia com um homem mais velho e financeiramente estável, mantém uma postura discreta e o coração resguardado. No entanto, quando se encontra por acaso com Elliot Petropoulos – primeiro e único amor da sua vida –, a bolha cautelosa que criou para si começa a se dissolver. No passado, Elliot representou o mundo inteiro de Macy – transformando-se do amigo magrelo e amante de livros...
Editora: Universo dos Livros; 1ª edição (22 dezembro 2020)  Páginas: 384 páginas  ISBN-10: 6556090298  ISBN-13: 978-6556090290  ASIN: B08G9XHJC2

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Biografia do autor: CHRISTINA LAUREN é o pseudônimo de Christina Hobbs e Lauren Billings, que logo em seu romance de estreia já figurou nas listas de mais vendidos do The New York Times e do USA Today. No Brasil, tornou-se best-seller apenas uma semana depois do lançamento, com a série Cretino irresistível, cujos direitos foram vendidos para adaptação cinematográfica. A dupla já ultrapassou a marca de vinte obras publicadas, as quais foram vertidas para mais de trinta idiomas. Além disso, Christina Lauren recebeu o selo de excelência e o prêmio de livro do ano da RT Magazine.

Leia trecho do livro

Para Erin e Marcia, e a casa perto do riacho no bosque.

PRÓLOGO

Meu pai era multo mais alto do que a minha mãe — e quero dizer muito mesmo. Ele tinha quase dois metros de altura e minha mãe mal chegava a 1,60 metro. Um grandalhão dinamarquês e uma brasileira mígnon. Quando se conheceram, ela não falava uma palavra sequer em inglês. Contudo, na época que ela morreu, quando eu tinha 10 anos, era quase como se tivessem criado uma linguagem própria.

Lembro-me do jeito como ele a abraçava quando chegava em casa do trabalho. Passava os braços ao redor de seus ombros e afundava o rosto em seus cabelos curvando o corpanzil sobre ela. Os braços se tornavam parênteses ao redor da mais doce e secreta das frases.

Eu tentava passar despercebida quando eles se tocavam assim e tinha a sensação de que testemunhava uma cena sagrada.

Nunca me ocorreu que o amor pudesse ser qualquer coisa que não transbordante, arrebatador. Ainda na infância, já sabia que não me contentaria com ter nada menos do que isso.

Então, o que começou como um aglomerado de células malignas matou minha mãe, e eu não queria mais saber disso, nunca mais. Quando a perdi, senti como se me afogasse em todo o amor que ainda havia dentro de mim e que nunca poderia ser dissipado. Era um sentimento que me consumia, me sufocava como um pano encharcado de querosene, derramava-se em lágrimas e gritos num silêncio pesado e pulsante. E, por maior que fosse o meu sofrimento, eu sabia que para papal era ainda pior.

Sabia que, depois de mamãe, ele nunca mais se apaixonaria de novo. Nesse aspecto, sempre foi fácil entender meu pai. Ele era direto e calmo, caminhava com leveza, falava baixinho; até mesmo a sua raiva era pacata. Era seu amor que ribombava. Seu amor era um urro vigoroso e sonoro. E depois de ter amado mamãe com a força de um sol, depois que o câncer a matou com um suspiro suave, imaginei que ele ficaria rouco pelo resto da vida e nunca mais desejaria uma mulher do modo como a desejara.

Antes de morrer, mamãe deixou uma lista dos itens que ela queria que papal lembrasse ao cuidar de mim até a fase adulta:

1. Não a mime com brinquedos, mime com livros.
2. Diga a ela que a ama. As meninas precisam ouvir essas palavras.
3. Quando ela estiver calada, tome a iniciativa de conversar.
4. Dê à Macy dez dólares por semana. Faça-a poupar dois. Ensine a ela o valor do dinheiro.
5. Até ela completar 16 anos, a hora de voltar para casa deverá ser às 22h. Sem exceções.

A lista seguia ao longo de vários tópicos e ultrapassava cinquenta recomendações. Toda essa extensão não era porque não confiava nele, ela só queria que eu sentisse sua influência mesmo quando ela não estivesse mais ali. Papai relia a lista com frequência, fazia anotações a lápis, ressaltava certos pontos e assegurava, assim, que não faria nada errado nem se esqueceria de algum marco importante. Conforme fui crescendo, a lista acabou virando uma espécie de Bíblia. Não necessariamente um livro de regras, mas sim uma espécie de garantia de que tudo aquilo com que tínhamos dificuldades para lidar estava dentro da normalidade.

Uma regra em especial era muito importante para papai.

25. Quando Macy chegar da escola tão cansada a ponto de mal conseguir formar uma frase, afaste-a de todo esse estresse. Encontre um refúgio que seja perto e fácil o bastante para ir aos fins de semana, para que ela possa respirar.

Embora seja provável que nunca tivesse sido a intenção de mamãe que chegássemos a comprar uma casa de lazer para os fins de semana, meu pai — um cara que leva tudo ao pé da letra — economizou, planejou e pesquisou todas as cidadezinhas ao norte de São Francisco, preparando-se para o dia em que seria preciso investir no nosso refúgio.

Nos dois primeiros anos depois da morte de mamãe, ele me observava com aqueles olhos azuis, claros como gelo, que conseguiam ser suaves e perscrutadores ao mesmo tempo. Ele me fazia perguntas que exigiam respostas longas ou, pelo menos, que fossem além de “sim”, “não” ou “tanto faz”. Na primeira vez que respondi uma dessas perguntas detalhadas com um gemido sem sentido, cansada demais depois do treino de natação, da lição de casa e do tédio esgotante de lidar com amigos ostensivamente dramáticos, papal ligou para uma corretora de imóveis e exigiu que ela encontrasse uma casa perfeita para nossos fins de semana em Healdsburg, Califórnia.

Vimos a casa pela primeira vez num dia em que estava aberta a visitações. A corretora imobiliária da cidade nos recebeu com um sorriso amplo e um olhar enviesado, que revelava sua opinião negativa sobre nossa agente de São Francisco. Tratava-se de um chalé com quatro dormitórios e telhado de madeira pontudo, úmido até não poder mais e potencialmente embolorado, enfiado nas sombras de um bosque e próximo a um riacho que borbulharia de modo contínuo do lado de fora da minha janela. A propriedade era maior do que precisávamos, com terras além do que conseguiríamos cuidar, e nem meu pai nem eu percebemos naquele dia que o cômodo mais importante da casa seria a minha biblioteca, que ele fria construir dentro do imenso closet do meu quarto.

Tampouco papal poderia saber que todo o meu mundo caberia na casa vizinha, na palma da mão de um nerd magrelo chamado Elliot Lewis Petropoulos.


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