Inesperada Tentação – Livro de Lucy Foster

Baixar PDF Inesperada Tentação: Trilogia Paixões Inesperadas - Livro de Lucy Foster

Caroline Ribeiro é uma publicitária competente, responsável há um bom tempo pelo setor de planejamento de uma importante agência carioca. Boa amiga, boa filha, animada, leitora voraz e safada assumida, é adepta do lema “pegar sem se apegar”. Para ela, o par perfeito só existe nos livros e, depois de sofrer uma decepção amorosa na adolescência, tem certeza de que o seu homem ideal é fictício. Relacionamentos estão fora de questão, se apaixonar é algo que não a atinge. Até conhecer André Durand. O sous-chef do Trotta Bistrô é um cara tranquilo, e que foge de badalação. Seu plano de vida é se especializar, abrir seu próprio restaurante e cuidar de sua filha, um bebê fruto de um relacionamento conturbado. Pai solo, responsável, competente e confiável, já tem muito o que administrar em sua vida e não precisa de problemas. Só que não. Um encontro arranjado coloca esses dois frente a frente e eles não poderiam ser mais diferentes…

ASIN: ‎B08V12XDVM; Número de páginas: 294 páginas; Data da publicação: 25 janeiro 2021

Trecho do livro

Inesperada Tentação surgiu assim, de forma inesperada mesmo. Quando eu decidi escrever o primeiro livro da série, Inesperada Sedução, esse seria um livro único. Duas personagens, no entanto, gritaram para ter sua história escrita.

Ainda não aprendi a dizer não.

O que era livro único virou uma trilogia. Este é o segundo volume de “Paixões Inesperadas”, que conta a história por trás do romance de Caroline e André.

Assim como o primeiro livro, esta é uma história descontraída e leve, porém por ter uma carga erótica é feita para maiores de 18 anos.

Também é um livro contemporâneo, escrito em primeira pessoa então os diálogos contém linguagem informal, palavras consideradas chutas, memes, gírias e expressões do cotidiano.

E, também, você irá encontrar referências a livros de romances, todos devidamente creditados nas notas de rodapé.

Divirta-se!

À minha Caroline da vida real.

Eu já estava no meio e ainda não sabia que tinha começado.
(Orgulho e Preconceito – Jane Austen)

— Em vão tenho lutado comigo mesmo; nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos e preciso que me permita dizer-lhe que eu a admiro e amo ardentemente!

Suspiro, pela milésima vez, enquanto o aplicativo de leitura relê o meu diálogo favorito de Orgulho e Preconceito. Já perdi as contas de quantas vezes eu repassei esse trecho, que eu já até sei de cor.

Não é injusto que esses tipos, como Mr. Darcy, só existem nos livros? Costumava pensar que conseguiria um homem assim, ainda na adolescência, mas tudo o que acho são os caras de sempre: ou são bonitos, ou são gostosos, mas no geral são apenas babacas sem redenção no final.

Claro que procurar pelo certo nunca me impediu de testar os errados, e isso acaba sendo muito mais divertido, só que dá uma certa tristeza, sabe? Essas autoras nos fazem sonhar com o tipo ideal, e nunca conseguimos um espécime equivalente.

Eles não existem e é por isso que eu permaneço solteira.

Se eu fosse advogada, processaria por propaganda enganosa.

Se eu tosse advogada, processaria por propaganda enganosa.

— Caroline! — Salto na cadeira quando a mão do meu chefe, Armando Marcondes, bate com força sobre a mesa, fazendo um barulho daqueles. Tiro os fones de ouvido, me atrapalhando no processo, já o encarando. — Não ouviu o que eu disse?

Estico os lábios, em um sorriso falso, enquanto me decido pelo sarcasmo ou pela educação.

— Não ouvi, desculpe. — Opto pelo segundo, me lembrando das contas a pagar no final do mês. — Estava entretida em um projeto.

Projeto “me iludir em busca de meu próprio Mr. Darcy”.

Não sei se fui convincente, pois ele passa os olhos por minha mesa, procurando algo fora do lugar. Ele sempre faz isso, busca qualquer coisa que sirva para ser o absoluto pedaço de merda de sempre e jogar na nossa cara que estamos errados.

Sempre em voz alta. Sempre nos expondo ao ridículo.

— Projeto, hein? Soube que você está trabalhando para o restaurante Trotta — ele solta e meu estômago revira um pouquinho.

Não queria que ele soubesse disso. — Mas, curiosamente, ao buscar no financeiro sobre isso, não encontrei o restaurante entre os nossos clientes.

— Prestei apenas uma consultoria — minto. — Eu conheço a irmã do proprietário, e eles tiveram uma pequena dificuldade com imagem. Foi apenas isso.

Não é uma mentira completa. Eu realmente conheço a Thais e, foi por causa disso, que Rafaela foi trabalhar com eles. Minha amiga ficou desempregada por um bom tempo, depois que Marcondes a demitiu, inexplicavelmente, e agora é hostess desse bistrô.

Foi ela quem me procurou, pedindo ajuda para um projeto de contenção de danos, porque o dono do restaurante, aquela delícia ambulante, foi pego chacoalhando seu avental por terras ocupadas e isso não caiu bem na mídia. Digamos que ele não vestia nada por baixo do avental e, por mais que eu tenha apreciado o conteúdo, sua imagem ficou um pouco arranhada.

Eu poderia ter feito tudo através da agência, mas me recusei. Uma, porque adorei conhecer Daniel Guerra, a reunião que eu tive com eles no Trotta foi muito proveitosa. Outra, porque não quero que Marcondes saiba onde Rafa está trabalhando. Algo me diz que ela foi demitida por ter se recusado a sair com ele, ainda que ela não acredite nisso.

O que minha amiga menos precisa no momento é esse cosplay de Quasímodo enchendo sua paciência. Não tenho dúvida alguma de que essa é a primeira coisa que ele fará.

— Ainda que tenha sido apenas isso, sabe que não gosto de ver minhas funcionárias oferecendo trabalho por fora. – O seu tom malicioso não deixa margem de dúvida sobre sua insinuação. — Por que não fui informado sobre isso?

— Você foi — retruco —, ou não estaria aqui me perguntando a respeito.

Apoio as costas na cadeira e passo rapidamente os olhos pela sala. Todos estão de ouvidos bem atentos à nossa conversa, e eu gostaria muito de ter a certeza sobre quem foi o dedo duro da vez.

Fico triste em saber que pode ser qualquer um, afinal de contas, trabalhar neste lugar é horrível. A concorrência é complicada, o quadro de funcionários é quase integralmente masculino e, não sei se por convivência ou babaquice crônica, todos eles se acham superiores a nós, mulheres, e não pensam duas vezes em dinamitar qualquer chance que possamos ter em nos dar bem.

— Caroline, eu acho bom você não abusar da sorte. Você não faz nada que qualquer outro funcionário, com até menos tempo de casa, não possa fazer, então… fique esperta.

Ele sequer aguarda uma resposta para a sua ameaça, virando as costas me deixa falando sozinha. Nessas horas eu gostaria muito de ser como uma personagem de comédia romântica, que munida de uma boa dose de coragem e um outro tanto de atitude, junta seus pertences em uma caixa de papelão, manda o chefe se lascar e sai, de nariz empinado, batendo os saltos do sapato no chão.

Poderia tranquilamente completar a cena o mandando enfiar o emprego num lugar que doa, igualzinho Evie fez em “O Café da Praia”.

Infelizmente a vida real não chega nem perto dos livros que eu leio, e eu não posso fazer isso. Não, eu não posso me dar a esse luxo, ao menos não antes de conseguir uma vaga em outra agência.

Suspiro, desanimada, e paro o aplicativo de leitura. Minha experiência com Mr. Darcy já foi arruinada, mesmo…

Ouço uma risadinha na mesa ao lado e me viro a tempo de ver Jonas, um dos rapazes da equipe de pesquisa, se divertindo com a cena. Assim como eu, ele está de olho no setor de criação e não perde uma oportunidade de ser um babaca.

O nosso currículo é extremamente divergente, eu tenho seis anos nesta empresa, enquanto ele tem menos de um, porém, ele parece saber que em uma disputa de vaga, sairia vencedor.

Chega a ser triste. Entrei nesta agência assim que me formei na universidade, há seis anos, e venho batalhando por uma promoção no setor de criação, desde então. O salário não é ruim, mas seria melhor se eu fosse homem. Todas as horas extras e as promoções não são oferecidas às mulheres da equipe por conta de uma série de explicações ilógicas:

Mulheres são donas de casa e, como fazem jornada dupla, seria desumano colocar sobre elas tanta responsabilidade extra.

Elas também são mães e precisam estar sempre alertas, caso precisem sair mais cedo.

Ou, a pior delas, são esposas e não seria justo sacrificar seu casamento dando-lhes mais horas no trabalho, o que as faria parecer relapsas e descuidadas em casa.

Claro que não foi explicado por que eu, que não sou mãe e nem pretendo, não sou casada e nem quero, perco todas as disputas de vaga. Talvez me falte uma berinjela.

Balanço a cabeça, irritada. Marcondes me tira tanto do sério que acabo ficando vulgar. Vem em minha cabeça uma sucessão de xingamentos que minha mãe não hesitaria em lavar minha boca com sabão.

A tela do meu celular se acende, e o nome de Rafaela pisca em uma notificação. Alcanço o aparelho e o desbloqueio com um sorriso, principalmente depois de ler sua mensagem.

Rafaela: Estou te esperando para o almoço. Confirme sua reserva digitando 1. Cancele sua reserva digitando 2. A segunda opção está automaticamente descartada.

Espero, por Deus, que ela não confirme as reservas dos demais clientes dessa forma. Digito a resposta, achando graça na ansiedade que ela demonstrou ao me convidar para almoçar no Trotta hoje.

Caroline: Estarei aí
Rafaela:
1 ou 2?
Caroline:
2
Rafaela:
Sua reserva está confirmada, para às 13 horas.

Já estava preparando uma resposta engraçada, mas apenas mando um emoji confirmando ao ver que Marcondes retornou ao salão. Volto minha atenção para os e-mails que preciso responder até que esteja, finalmente, livre para o almoço.

Estou particularmente empolgada. Rafaela comentou, despretensiosamente, que o sous-chef do Trotta é o meu número. Não o conheci no dia da reunião, e exatamente por isso topei almoçar lá hoje.

Como o chef principal tem o costume de sair mostrando sua colher de pau por aí, acredito que o resto da equipe trabalhe com o mesmo vigor. Quero muito conhecer o cardápio do número dois, aposto que ele deve ser um sujeito forte, tatuado, muito safado e que não tenha preguiça de me apresentar a boqueta.

Credo, que delícia!


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