Livro ‘Um Desejo para Nós Dois’ por Tillie Cole

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Uma história em que o amor conquista tudo, da mesma autora do best-seller ‘Mil beijos de garoto’. Bonnie é a explosão de cor na escuridão dele. Cromwell é a batida que faz o coração dela pulsar. Aos dezenove anos, Cromwell Dean é a estrela em ascensão da música eletrônica. É adorado por milhares de pessoas, mas ninguém o conhece de verdade. Ninguém vê a cor do seu coração. Até a garota do vestido roxo. Ela é a primeira que consegue enxergar através das barreiras que Cromwell construiu. Quando deixa para trás o céu cinzento da Inglaterra para estudar música na Carolina do Sul, a última coisa que ele espera é vê-la de novo. E ele certamente não espera que a garota não saia da sua cabeça, como se fosse uma música chiclete. Bonnie Farraday vive pela música. Ela deixa cada nota tocar seu coração e não entende como alguém tão talentoso quanto Cromwell pode evitar fazer o mesmo…

Páginas: 452 páginas; Editora: Outro Planeta; 2º edição (16 fevereiro 2023); ISBN-10: 8542220749; ISBN-13: 978-8542220742; ASIN: B0BTMZL8Q7

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Biografia do auror: Tillie Cole vem de uma cidade pequena no interior da Inglaterra. Ela cresceu em uma fazenda com a mãe inglesa, o pai escocês, uma irmã mais velha e uma infinidade de animais resgatados. Assim que pôde, trocou as estradas rurais pelas luzes da cidade grande. Mora agora em Calgary, Canadá, onde ela finalmente pôde sentar, escrever (sem o medo do marido ser transferido), se jogar nos mundos fictícios e nas mentes fabulosas dos seus personagens. Tillie escreve histórias que variam nos gêneros comédia romântica, romance contemporâneo, Young Adult e New Adult, e divide alegremente com seus leitores o seu amor por protagonistas homens-alfa (em sua maioria musculosos e tatuados) e personagens femininas fortes.

Leia trecho do livro

A Roman, a batida do meu coração
“Música dá uma alma ao universo, asas à mente, voo à imaginação e vida a tudo.”
Platão

Cromwell

BRIGHTON, INGLATERRA

A casa noturna pulsava conforme a batida que eu injetava na multidão tomava conta de cada corpo. Braços para cima, quadris balançando, olhos arregalados e vidrados enquanto a música reverberava nos ouvidos, as batidas rítmicas controlando cada movimento. O ar estava denso e úmido, as roupas colavam na pele das pessoas que se aglomeravam para me ouvir.

Eu observava todos se iluminarem com cores. Observava todos se entregarem ao som. Observava todos se livrarem de quem tinham sido naquele dia — assistente administrativo, estudante, policial, funcionário de uma central de atendimento, não importava. No momento, naquela casa noturna, eles, muito provavelmente chapados, eram escravos do meu som. Bem ali, naquele instante, minha música era a vida deles. Era tudo o que importava ao jogarem a cabeça para trás em busca de elevação, o quase nirvana que eu proporcionava a eles de meu lugar no alto.

Eu, no entanto, não sentia nada. Nada além do entorpecimento que a bebida ao meu lado me oferecia.

Dois braços envolveram minha cintura. O hálito quente tocou meu ouvido enquanto lábios volumosos beijavam meu pescoço. Tocando a batida final, peguei o Jack Daniel’s e tomei uma dose direto da garrafa. Bati a garrafa na mesa e voltei ao laptop para mixar a música seguinte. Mãos com unhas afiadas percorreram meus cabelos, puxando as mechas negras. Bati nas teclas, abaixando a música, desacelerando a batida.

Minha respiração se prolongava enquanto a multidão esperava, pulmões paralisados enquanto eu os levava a um balanço lento, preparando para o crescendo. A onda épica de batidas e bateria, a insanidade da míxagem que eu tocaria. Tirei os olhos do laptop e observei a multidão, sorrindo ao vê-los no precipício, esperando… esperando… só esperando…

Já.

Bati a mão com força, segurando os fones no ouvido esquerdo. Um estouro, uma trovoada de música eletrônica tomou conta da multidão. Uma explosão de cores neon preencheu o ar. Verdes e azuis e vermelhos encheram meus olhos enquanto se prendiam a cada pessoa como escudos de neon.

As mãos em volta da minha cintura se apertaram, mas eu as ignorei. Em vez disso, ouvi o chamado da garrafa de uísque que dizia meu nome. Tomei outra dose, meus músculos começaram a relaxar. Minhas mãos dançavam sobre as teclas do laptop, sobre minhas mesas de mixagem.

Levantei os olhos, ainda tinha a multidão na palma da mão.

Sempre tinha.

Uma garota bem no centro da pista chamou minha atenção. Cabelos longos e castanhos penteados para trás. Vestido roxo, de gola alta — ela se vestia de maneira bem diferente das outras pessoas. A cor que a cercava era distinta — rosa-claro e lilás. Mais calma. Mais serena. Franzi as sobrancelhas enquanto a observava. Os olhos estavam fechados, mas ela não se mexia. Parecia completamente sozinha enquanto as pessoas se chocavam e se empurravam ao seu redor. Tinha a cabeça inclinada para cima e uma expressão de concentração no rosto.

Intensifiquei o compasso, acelerando o ritmo e a multidão o máximo possível. Mas a garota nem assim se mexeu. Aquilo não era normal para mim. Eu sempre tinha todas as pessoas da pista nas mãos. Eu as controlava, em todos os lugares em que tocava. Nessa arena, eu era o titereiro. E todos eles, as marionetes.

Outra dose de uísque desceu queimando por minha garganta. E a garota permaneceu ali durante outras cinco músicas, no mesmo lugar, apenas absorvendo as batidas como água. Sua expressão não mudava. Nenhum sorriso. Nenhum ápice de euforia. Apenas… os olhos fechados e a maldita testa franzida.

E aquele rosa-claro e lilás ainda cercando-a como um escudo.

— Cromwell — disse em meu ouvido a loira que não tirava as mãos de mim. Ela levantou minha camisa e colocou os dedos no cós do meu jeans. Fincou as unhas compridas. Mas eu me recusava a tirar os olhos da garota de vestido roxo.

Os cabelos castanhos dela começavam a ficar encaracolados, efeito do suor, por estar espremida entre tantas pessoas.

A loira, que estava a um passo de me masturbar na frente de todos, abriu o zíper do meu jeans. Programei a sequência seguinte, depois peguei a mão dela e a afastei de mim, fechando o zíper. Gemi quando ela voltou a colocar as mãos em meus cabelos. Olhei para meu colega, que tinha tocado antes de mim.

— Nick! — Apontei para minha mesa. — Dê uma olhada aqui. E não estrague tudo. Nick franziu a testa, confuso, depois viu a garota atrás de mim e sorriu. Pegou os fones da minha mão e se certificou de que a playlist que eu havia preparado tocaria em sequência. Steve, o dono da casa noturna, sempre deixava algumas garotas entrarem nos bastidores. Eu nunca pedi, mas também nunca recusei. Por que recusaria uma gostosa disposta a fazer qualquer coisa?

Peguei meu uísque enquanto a loira juntava os lábios nos meus, puxando-me pela camiseta do festival Creamfields.Afastei-me, substituindo seus lábios pela garrafa de Jack Daniel’s. Ela me arrastou para uma área escura nos bastidores. Ajoelhou-se e abriu meu zíper novamente. Fechei os olhos, e ela começou a trabalhar.

Dei um gole no uísque e bati a cabeça na parede que havia atrás de mim. Forcei-me a sentir alguma coisa. Olhei para baixo, vendo os cabelos da loira balançarem. Mas o entorpecimento com o qual convivia todos os dias não me deixava sentir quase nada por dentro. A pressão na base da minha coluna aumentou. Os músculos da minha perna ficaram tensos, e logo terminou.

A loira se levantou. Pude ver as estrelas nos olhos dela quando olhou para mim.

— Seus olhos. — Ela esticou o dedo e contornou meu olho. — Têm uma cor estranha. Um azul tão escuro.

Tinham mesmo. Eles e meus cabelos pretos sempre chamavam atenção. Isso e o fato de eu ser um dos novos DJs mais famosos da Europa, é claro. Certo, talvez tivesse menos a ver com meus olhos e mais com meu nome, Cromwell Dean, encabeçando a lista de atrações da maioria dos principais festivais de música e casas noturnas naquele verão.

Fechei o zíper e me virei, vendo Níck tocar minha sequência seguinte. Eu me encolhi quando ele não conseguiu fazer a transição das batidas como eu faria. O pano de fundo da fumaça na pista estava azul-marinho. Eu nunca tocava azul-marinho.

Eu nunca tocava azul-marinho.

Passei pela garota dizendo “Obrigada, querida” e ignorei quando ela me respondeu com um “Idiota”. Peguei os fones da mão de Nick e os coloquei. Alguns toques no teclado depois, e a multidão já estava mais uma vez na palma da minha mão.

Sem pensar conscientemente, meus olhos encontraram o lugar onde antes estava a garota de vestido roxo.

Mas ela tinha desaparecido. Assim como o rosa-claro e o lilás.

Engoli outra dose de uísque. Mixei outra música. E então me desliguei totalmente.

***


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