Se você pudesse mandar uma carta para si mesmo quando adolescente, o que diria? Convidamos os participantes da quarta edição da Flipop a fazer exatamente isso, e o resultado você encontra nesta coletânea gratuita. A adolescência é um período cheio de descobertas, mudanças e escolhas — algumas sem grandes consequências, outras absolutamente determinantes na nossa vida. Imagine poder reencontrar quem você foi na adolescência e poder dar conselhos (ou spoilers!) que só alguém que sabe como a história termina pode dar. A Editora Seguinte convidou os participantes da quarta edição do Festival de Literatura Pop (Flipop) a escreverem uma carta com tudo o que diriam para eles mesmos quando adolescentes. O resultado é uma reunião de testemunhos honestos, ora repletos de humor, ora de angústia, ora de alívio — mas sempre carregados de sentimentos. Algumas mensagens trazem conselhos aparentemente banais…
Número de páginas: 102 páginas Editora: Editora Seguinte (8 de julho de 2020) ISBN: 9788554517861; ASIN: B08CK5BTXD
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Sobre o autor: Rebeca Kim é neta de japoneses, cadeirante e mora em Niterói desde 1994, ano em que nasceu. Sua escrita já esteve presente em alguns blogs de cultura pop, expressando seu amor pelos livros, séries e filmes que mais gosta, e teve também uma coluna de crônicas no “Deu a Louca”. Twitter é sua rede social favorita, onde comenta todos os assuntos mais pertinentes: novelas, celebridades teens e animais fofos. Como toda fangirl profissional, iniciou sua carreira nos romances de ficção através das fanfics, e o conto “Um amor de Carnaval” da coletânea “Confetes e Serpentinas” é seu primeiro trabalho publicado.
Leia trecho do livro
Se não fosse por vocês, nós não estaríamos aqui
Querida leitora, querido leitor, queride leítore,
A Flipop nasceu da vontade que tínhamos de criar um espaço que aproximasse autores e leitores em torno da literatura jovem. Um lugar acolhedor e seguro, empolgante e inspírador, perfeito para trocar ideias, abraçar seus autores favoritos, reencontrar e fazer amigos. Desde a primeira edição do festival, em 2017, vimos isso acontecer — e crescer — cada vez mais.
Este ano, organizar um evento presencial, nos mesmos moldes dos anos anteriores, se tornou impossível. Porém, enquanto discutíamos outros formatos e soluções, nunca duvidamos de que, de alguma maneira, a Flipop aconteceria. Porque vocês, leitores, estão sempre presentes, mesmo que à distância. Vocês são o motivo pelo qual buscamos publicar os melhores livros e, neste momento em que tudo parece fora do lugar, são a verdadeira razão pela qual vale a pena acreditar que histórias podem, sim, mudar o mundo.
Neste e-book, você vai encontrar várias cartas que os participantes da Flipop 2020 escreveram para eles mesmos quando eram adolescentes (e uma endereçada para um eu do futuro). Os temas das cartas são variados, mas todas elas passam uma mensagem de força e resistência, lembrando que, embora tempos dificeis sejam inevitáveis, nós podemos atravessá-los — e, muitas vezes, chegamos do outro lado ainda melhores. Principalmente quando seguimos juntos.
Esperamos que vocês encontrem força nesses depoimentos e lembrem que, mesmo quando parece que não há saída, ainda podemos encontrar coragem e aconchego nas páginas de um livro.
Com muito carinho,
Equipe Seguinte
Julho de 2020
Olá, meu futuro eu!
Por Adriel Bispo
Olá, meu futuro eu! No caso, eu agora, ou na verdade você… Sei lá, não sou bom escrevendo cartas para mim mesmo, mas isso você (ou eu) já sabe. Bem… Eu acho que você (ou eu) já está muito bem de vida, pelo menos é o que eu espero. Minha (ou sua) mãe de casa novíssima, e seu (ou meu) padrasto andando. São as suposições que o seu “eu” de doze anos tem agora, mas não sei se acertei. Se sim, parabéns, você provavelmente não tomou tantas decisões erradas na caminhada que percorreu esse tempo todo. Se não, tudo bem, nem tudo na vida dá certo. De qualquer forma, queria te falar que, não importa o que digam sobre você, é você quem faz o seu destino, é você que decide o que tem que fazer. VOCÊ É SEU PRÓPRIO CHEFE! Não abaixe a cabeça para pessoas “pobres de espírito”, como sua (ou minha) mãe fala.
Agora vamos para alguns conselhos práticos para você (ou eu)… i) Preste mais atenção nas coisas, cara. Eu sei que você tem déficit de atenção, mas você pode fazer esse problema virar uma solução. 2) Obedeça mais a sua assessora (se ela ainda é a sua/ minha assessora), porque, meu querido… Foram muitas as besteiras que você fez sem ouvir os conselhos dela. 3) Seja como você sempre foi.
Eu espero que o mundo esteja melhor, né? Não só você, mas todo mundo. Espero que não tenha tido uma segunda onda da pandemia, que as pessoas tenham se conscientizado mais. Perdemos muitas pessoas que amamos, mas também aprendemos algumas coisas. Com a quarentena, o mundo desacelerou, a natureza se recompôs um pouco, a poluição diminuiu. Será que conseguimos manter assim? Isso seria INCRÍVEL!
Bem, eu também espero que você tenha se conscientizado com tudo isso e tenha ajudado muitas pessoas ao longo da vida. Na verdade, eu tenho quase certeza que você fez isso, porque meu sonho sempre foi ajudar a todos. Então, Adriel, eu acho bom que você tenha sido um ótima pessoa, porque se não foi… estou decepcionado com você (comigo).
Lembre-se: as coisas sempre voltam pra nós mesmos. Se fizermos o bem, o bem voltará em dobro, mas isso também vale se fizermos o mal. Então, Adriel, seja sempre esse menino que quer conquistar os seus objetivos, que quer ajudar, que quer que tudo fique bem! Os seus sonhos e os seus desejos dependem única e exclusivamente de vocÊ! E se for pra deixar uma mensagem pro mundo do futuro: “É o espírito que conduz o mundo, e não a inteligência”.
Espero que você tenha se cuidado, Adriel!
Adriel Bispo tem doze anos é de Salvador, Bahia. De origem humilde, aprendeu a ler aos cinco anos com a ajuda da família e logo se apaixonou pelo mundo da leitura. Atualmente estuda em uma escola pública de Salvador e, graças à influência de sua prima, sua paixão pelos livros só aumentou. Criou a página @livrosdodrii no Instagram e, depois de denunciar aos seus seguidores os ataques racistas que estava sofrendo, milhares de pessoas começaram a acompanhar seu trabalho como influenciador literário nas redes sociais.
Deu roxo.
Por Alba Milena
Deu roxo. Pra te poupar tempo.
Você não pode me ouvir, mas eu queria falar isso pra acabar logo com essa agonia enquanto te vejo — é multo estranho falar de mim para mim em segunda pessoa — enquanto me vejo sentada na privada, calcinha arriada, chuveiro ligado pra todo mundo de casa pensar que eu — você, caramba que confusão — já entrei no banho.
O vidro do teste com a solução pra misturar o xixi está em cima da pia de louça marrom. E 1995, então claro que você — eu — não teve dinheiro pra comprar o teste de lístrinha. Vai o da solução que muda a cor do xixi mesmo.
Você faz o xixi e enquanto decide se joga ou não a solução no vidrinho, começa a divagar sobre as possibilidades do sim ou do não.
A primeira coisa que te vem na cabeça é que provavelmente mais uma neta da vó Ângela não vai ganhar o conjunto de louça chinesa, porque não está casando virgem.