Livro ‘Procrastinação’ por Lilian Soares

Livro 'Procrastinação' por Lilian Soares
Guia científico sobre como parar de procrastinar
Sentir-se confuso, atarefado e desencorajado se tornou o novo "normal" nos dias atuais. Talvez você até se pergunte: Por que tenho tantos recursos a meu favor e, ainda assim, procrastino tarefas importantes? Por que os meus dias parecem cada vez menos produtivos? Note-se que as questões suscitadas fazem sentido para quem vive "apagando incêndios" de última hora. Mas essa situação precisa ter um fim. Com uma abordagem objetiva, o presente livro tem a finalidade de desbloquear a mente, através do uso de táticas certeiras comprovadas pela ciência para vencer as barreiras que impedem um indivíduo de concretizar projetos, tarefas e antigos sonhos...
Formato: eBook  Tamanho do arquivo: 6980 KB  Número de páginas: 156 páginas  Idioma: Português  ASIN: B075JMXJLH

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Leia trecho do livro

Dedico esta obra a Deus por ter me concedido o prazer de poder ajudar as pessoas, de forma franca, altruísta e direta, através da escrita. A premissa completa deste livro é a de que você precisa entrar no “jogo”, pois a outra opção — continuar no mesmo caminho, esperando por algo melhor, mas recusando-se a agir com coragem — é multo menos do que você merece. Vou desafiá-lo (a) nestas páginas.

PRÓLOGO

Livro 'Procrastinação' por Lilian Soares

É horrível, eu bem sei o quanto é horrível. As oportunidades e a própria tida parecem “escorrer pelos dedos”. Tudo o que se deseja é parar de apagar incêndios a todo instante.

Certa vez, Henry Ford, o primeiro empresário a aplicar a montagem em série apta a produzir automóveis em massa em um curto espaço de tempo, disse o seguinte: “O tempo perdido não se torna tão evidente quanto um material desperdiçado, caído no chão”.

No contexto do setor automobilístico do início do século XX, qualquer adiamento na fabricação de um novo automóvel representava um impedimento à venda de carros por preços baixos, tal como almejava Ford.

A singela análise norteia a visionária política de metas adotada nas empresas Ford, nesse período: como um novo carro deveria ser fabricado a cada 98 minutos, os funcionários deveriam ser altamente produtivos e, por conseguinte, bem recompensados com altos salários.

Haja vista, em 1914, Henry Ford pagava aos seus funcionários mais que o dobro do salário médio oferecido pelas outras montadoras. Em média, um empregado da Ford produzia cinco vezes mais que qualquer outro trabalhador pertencente a outras indústrias do ramo automobilístico.

Com um estilo que transparecia ser imune a todas as críticas que recebia na época sobre a elevação salarial, Ford não titubeava em dizer: “Bem, você sabe, quando se paga bem aos homens, você pode conversar com eles”.

E ao que tudo indica, o sentimento de valorização nos setores de produção rendeu bons frutos. Isso ajudou a colocar cerca de 15 milhões de norte-americanos ao volante de um automóvel.

Livro 'Procrastinação' por Lilian Soares

Mas o que podemos aprender com Henry Ford sobre produtividade ultrapassa a lógica da oferta de salários competitivos como força motriz para reter e provocar o empenho de sua força de trabalho. Não se trata apenas disso.

O seu intenso compromisso com a maximização do desempenho e eficiência — com foco nas pessoas — resultou em muitas inovações técnicas e negociais de impacto significativo no mundo.

E para alcançar o nível de eficiência de uma organização de alto desempenho, a empresa se esmerava em contratar e manter os trabalhadores mais produtivos e combater o distúrbio comportamental da procrastinação, típica dos menos produtivos, dentro do ambiente de trabalho.

Os funcionários que adiavam tarefas preestabelecidas eram vistos como pessoas que comprometiam a qualidade do trabalho desenvolvido pela empresa.

A lógica escondida aqui é a de que, além do tempo perdido, cada atitude ou decisão adiada eventualmente tinha que ser realizada — pelo próprio funcionário, num momento futuro, ou por alguém que o substituísse.

Tal situação, em regra, ocasionava menor produtividade, retrabalho e redução na margem de lucros da empresa.

Bem, essa visão funciona intuitivamente.

Pode-se dizer que alguns dias perdidos não vão nos afetar de forma negativa, mas essa é uma perspectiva errada e perigosa. Todos os dias contam muito. Toda decisão faz a diferença. Pequenas escolhas são relevantes porque estabelecem um precedente para o resto de nossas vidas.

Além disso, enquanto a maioria das pessoas prioriza o resultado buscado, mas se esquece de cuidar do método para chegar até ele, pessoas como Henry Ford costumam pensar diferente. O sistema ou método utilizado na produção de um produto ou serviço importa, e muito.

Henry Ford simplificou a montagem das 3.000 peças do modelo Ford T, dividindo-a em 84 etapas distintas e organizadas a serem realizadas por grupos de trabalhadores.

Em síntese, Ford criou um sistema capaz de impedir o adiamento de tarefas e reduzir a margem de problemas decorrentes de erro humano, de modo que cada trabalhador completava o passo no processo, de forma rápida e eficiente.

Talvez você tenha começado a pensar: Já entendi que produtividade para Ford significava produzir carros da forma mais eficiente, no menor espaço de tempo possível e com o auxilio de um corpo de trabalhadores competentes e bem engajados.

Mas o que exatamente um procrastinador pode extrair do método de Ford para melhorar a própria condição, na atualidade?

Primeiro, é interessante observar que a filosofia de trabalho de Henry Ford lança luz sobre um fenômeno muito comum que ocorre em nosso dia a dia: Quando adiamos tarefas importantes, é possível notar um condicionamento mental padrão que nos leva a pensar que haverá mais tempo e melhores condições de execução no dia seguinte.

Entretanto, assim como a metodologia de trabalho de Ford, as pesquisas mais recentes mostram, conforme será abordado a seguir, que isso não é verdade.

Não, você não fará um trabalho melhor esperando, ou seja, procrastinando tarefas tidas como importantes. De fato, os estudos mostram que deixar as coisas inacabadas favorece a inépcia e indolência, além de intensificar o estado de desconforto psicológico, traduzido em emoções e sentimentos negativos, como a culpa e a vergonha.

Esses sentimentos, tão comuns aos procrastinadores crônicos, curiosamente ativam o centro de recompensa do cérebro com a estimulação de circuitos neurais similares, incluindo o córtex pré-frontal dorsomedial, a amígdala, a ínsula e o núcleo accumbens.

De acordo com pesquisas neurocientíficas recentes, essa ativação explica em parte o motivo pelo qual um indivíduo é capaz de sentir certo conforto cognitivo, mesmo quando se vê absorvido pelos referidos sentimentos negativos. Não parece curioso que os nossos cérebros de alguma forma nos recompensem por sentirmos assim?

A associação do adiamento de determinada tarefa com algum tipo de bem-estar, ainda que acompanhado de futuras sensações desagradáveis, faz com que você fique mais propenso a repetir o comportamento novamente.

Quando o seu cérebro fortalece as conexões que permitem que esse comportamento “recompensador ocorra, será cada vez mais fácil repetir toda essa dinâmica de adiamento da próxima vez.

E como você já deve ter percebido o uso desse mecanismo adaptativo do cérebro para reforçar um comportamento tão indesejável não apresenta ganhos reais.

Afinal, seja numa visão macro, quando se verifica um conjunto de pessoas dentro de um ambiente corporativo, por exemplo; seja numa visão micro, quando se analisa o comportamento de um único indivíduo, a procrastinação implica PERDA em algum sentido.

Ressalte-se, a procrastinação é, em última análise, a ausência de progresso.

A propósito, novas evidências sugerem que o “eterno” adiamento de tarefas não prejudica apenas o trabalho, mas também afeta seriamente a saúde.

Um estudo recente liderado pela cientista PhD, Dra. Fuschia Siroís da Bishop’s University, em Quebec, indica que a procrastinação crônica — ou seja, a tendência para atrasar tarefas importantes, apesar das consequências negativas — pode tornar a pessoa mais vulnerável a graves condições de saúde, como doenças cardiovasculares e hipertensão arterial.

A supramencionada cientista analisou as rotinas de 980 indivíduos, dividindo-os em dois grupos: 1, composto por aqueles com histórico conhecido de hipertensão e/ou doença cardiovascular e 2, composto pelos indivíduos tidos como “saudáveis”.

Após isolar variáveis relevantes, como os efeitos da idade, nível educacional e outros fatores ligados à personalidade, a pesquisa apontou que os procrastinadores crônicos do grupo 1 habituaram a destinar menos tempo para executar atividades tidas como difíceis ou indesejadas.

Assim sendo, como esperado, eles costumam se submeter ao efeito contínuo do estresse que, por sua vez, intensifica as respostas inflamatórias do corpo e favorece as doenças cardíacas.

A cientista constatou ainda que os procrastinadores costumam adotar estratégias prejudiciais de enfrentamento do problema e, em regra, também adiam comportamentos importantes para a manutenção da saúde, como ir ao médico e fazer exercícios físicos com regularidade.

Trata-se de um ciclo que retroalimenta a perda de motivação, dificuldade na tomada de decisões e improdutividade pessoal.

É uma espécie de erro sistemático que pode levar o indivíduo a estados emocionais desadaptadores, como a depressão, disforia e auto-recriminação, principalmente quando já experimenta os resultados da desaprovação alheia pelo não cumprimento de prazos e compromissos.

Bem, se procrastinar é algo tão ruim, por que as pessoas têm tanta dificuldade de mudar? É sobre isso que vamos falar ao longo do livro.


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