Posfácio de Ryane Leão. Irene Redfield e Clare Kendry são duas mulheres negras de pele clara que podem passar por brancas. Elas se reencontram após perderem contato durante a adolescência, em Chicago. Irene leva uma vida confortável no Harlem ao lado de seu marido médico e seus dois filhos, enquanto Clare vive uma vida de farsa, passando-se por branca para escapar do racismo. O reencontro faz com que Clare se envolva cada vez mais na vida de Irene, despertando nela o desejo de retornar à comunidade negra que deixou para trás. A obra, ambientada nos anos 1920, explora questões de raça, classe e gênero, destacando a importância de ser fiel às próprias origens.
Páginas: 160 páginas; ISBN-10: 6555110201; ISBN-13: 978-6555110203; Editora: HarperCollins; 1ª Edição (15 setembro 2020); ASIN: B08FBNMK6G
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Biografia do autor: Nella Larsen foi uma influente escritora da Renascença do Harlem, nascida em Chicago. Mudou-se para Nova York na década de 1910, onde trabalhou como enfermeira e bibliotecária. Em 1919, casou-se com o físico Elmer Imes, mas separaram-se em 1933. Seu primeiro romance, “Quicksand”, foi publicado em 1928, seguido por “Identidade” em 1929. No entanto, sua terceira obra não foi aceita para publicação, e ela parou de escrever em 1930 devido a problemas profissionais e pessoais. Larsen voltou a trabalhar como enfermeira em tempo integral até sua morte em 1964, sem deixar herdeiros.
Resenha: Publicado em 1929, “Identidade” (“Passing” em inglês) da autora Nella Larsen, é um romance curto e poderoso que explora temas de raça, classe, identidade e desejo em uma sociedade marcada pelo racismo. Através da narrativa envolvente de duas amigas de infância, Irene Redfield e Clare Kendry, Larsen tece um retrato vívido das complexas realidades de mulheres negras que, devido à sua pele clara, podem se “passar” por brancas.
Enredo: Irene e Clare se reencontram após anos de separação. Irene, orgulhosa de sua herança afro-americana, vive uma vida aberta como mulher negra. Já Clare, escolheu negar sua identidade racial e se passar por branca, casando-se com um homem branco e assumindo uma vida de privilégios. O reencontro das amigas reacende antigas tensões e explora as consequências de suas diferentes escolhas.
Temas principais:
- Raça e identidade: O livro questiona a noção de raça como algo fixo e binário, explorando as nuances da identidade racial e as complexas experiências de pessoas que se “passam” por brancas.
- Classe social: As diferentes realidades socioeconômicas de Irene e Clare demonstram como o racismo e a classe se entrelaçam, impactando as oportunidades e vivências de indivíduos negros.
- Desejo e sexualidade: Através da relação complexa entre Irene e Clare, o livro explora as nuances do desejo feminino, as relações entre mulheres e a repressão social da sexualidade.
Aspectos literários:
- A escrita de Nella Larsen é elegante e perspicaz, capturando os pensamentos e emoções das personagens com maestria.
- O uso de metáforas e simbolismos enriquece a narrativa, criando camadas de significado e profundidade.
- A narrativa em primeira pessoa, alternada entre Irene e Clare, permite ao leitor acessar suas perspectivas e motivações.
Conclusão: “Identidade” é um livro instigante e provocativo que convida o leitor a refletir sobre as diversas formas de opressão e as complexas relações de raça, classe e identidade na sociedade. Através da história de Irene e Clare, Nella Larsen nos confronta com as contradições do racismo e a busca por identidade em um mundo que insiste em categorizar e marginalizar.
Recomendação: “Identidade” é uma leitura essencial para quem se interessa por temas como raça, classe, gênero e identidade. A obra de Nella Larsen é um clássico da literatura afro-americana e um importante marco na história da literatura mundial.
Observações adicionais:
- O livro foi adaptado para o cinema em 2021, com Tessa Thompson e Ruth Negga nos papéis principais.
- “Identidade” é considerado um dos primeiros romances a explorar a temática do “passing” na literatura americana.
Palavras-chave: raça, identidade, classe social, desejo, sexualidade, racismo, “passing”, literatura afro-americana.
Citações do livro:
- “A verdade é que ela era curiosa.”
- “Eu sou negra. E estou orgulhosa disso.”
- “A vida é muito curta para se viver uma mentira.”