Livro ‘Com Amor, Creekwood’ por Becky Albertalli

Livro 'Com Amor, Creekwood' por Becky Albertalli
Becky Albertalli estreou na literatura jovem com um livro sensível e apaixonante, que narra com naturalidade e bom humor os dilemas e as paixões de um adolescente gay. Com amor, Simon foi destaque nas principais listas de mais vendidos e deu origem a sequências igualmente bem-recebidas, além de um filme de muito sucesso e uma série inspirada na história. Foi na Creekwood High School que Simon e Blue se conheceram e se apaixonaram, e também onde Leah e Abby descobriram que o que sentiam uma pela outra era mais do que amizade. Ao que tudo indicava, a jornada de Simon e seus amigos tinha chegado ao fim, mas, para a surpresa e alegria dos fãs, o grupo está de volta em uma novela inédita...
Capa comum: 144 páginas
Editora: Intrínseca; Edição: 1 (14 de julho de 2020)
Idioma: Português
ISBN-10: 6555600276
ISBN-13: 978-6555600278
Dimensões do produto: 14 x 0,8 x 21 cm
Peso de envio: 150 g

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Leia trecho do livro

Para Amy Austin, aluna da Creekwood High School e minha eterna PT.

DE: [email protected]
PARA: [email protected]
DATA: 28 DE AGOSTO ÀS 22:09
ASSUNTO: NÃO TÔ ACHANDO LEGAL

Caramba. Oi. Que coisa esquisita, né? Juro, parece que meu e-mail vai cair na sua caixa de entrada do terceiro ano. Lembra quando éramos dois trouxas completamente tapados que ficavam se falando por e-mail sentados na mesma mesa do refeitório? Sem 189,1 quilômetros entre a gente?

Cento e oitenta e nove. Vírgula um. QUEM DEIXOU ISSO ACONTECER?

Então é isso, mandar e-mail é um saco, porque eu quero ver a sua cara (e passar a mão na sua cara e cheirar a sua cara e grudar a minha cara na sua) (porque tô com saudade de você) (MUITA SAUDADE DE VOCÊ).

(Estou odiando isso.)

Não estou fazendo isso do jeito certo. Esqueci como é escrever um e-mail. Ainda mais para você. Como era mesmo?

Querido Blue. Querido Bram. Eu te amo. Sinto muita saudade de você. Queria que você estivesse aqui do meu lado nessa cama de dormitório xexelenta com um colchãozinho de dar pena, e inclusive já comi muito BISCOITO OREO mais grosso que esse colchão, mas ENFIM… Vamos tentar de novo, com um pouco mais de otimismo (eba! uhuuul!).

Oiê! Estou na faculdade! E aqui é muito legal! É tudo muito legal! Meu grupo de boas-vindas é muito legal! Que saudade da droga do meu namorado!

Que inferno.

Simon, também conhecido como Jacques, também conhecido como seu namorado arrasado que NÃO ESTÁ SABENDO LIDAR COM A SITUAÇÃO.

DE: [email protected]
PARA: [email protected]
DATA: 28 DE AGOSTO ÀS 23:17
ASSUNTO: RE: NÃO TÔ ACHANDO LEGAL

Querido Jacques,

Desculpa pela demora em responder seu e-mail. Pode botar a culpa no universitário bonitinho que me chamou no FaceTime cinco minutos depois de apertar “enviar”.

Ai, estou com saudade de você. Saudade demais. Eu não pensei que a ficha fosse cair tão rápido. Parece mentira que quinze horas atrás eu estava acordando ao seu lado num hotel do Aeroporto de Newark (até que é chique??), e agora estou aqui. E você está aí. Nova York parece tão vazia sem você. É estranho pensar isso? Você só passou duas horas aqui. Mas deixou sua marca, Simon Spier. E, não, não vou contar para a sua mãe que você me trouxe aqui de carro. (Adorei que você me trouxe de carro.) (Aliás, você está proibido de dirigir em Manhattan pelo resto da vida. Eu quero ficar velhinho com você, por favor.)

Enfim, nada do que eu penso em escrever parece adequado agora. Que saudade de você. Eu te amo. Espero que esteja tudo bem por aí.

Que legal que o seu colega de quarto é fã número um do Stephen King. Vai ser uma delícia acordar com aquele pôster gigante do Pennywise na parede. Você acha que vai conseguir dormir hoje? Acho que eu não vou. Mas não ligo de aparecer na semana de orientação da faculdade que nem um zumbi, porque a minha teoria é que ficar com cérebro de zumbi vai fazer os dias passarem mais rápido. Só preciso que 21 de setembro chegue logo. Sabe quando as pessoas riscam os dias num calendário? Eu quero um relógio para riscar cada segundo que passa.

Resumindo: que saudade da droga do meu namorado.

Com amor,
Blue

DE: [email protected]
PARA: [email protected]
DATA: 2 DE SETEMBRO ÀS 10:21
ASSUNTO: RE: SOBRE O QUE ESTÁVAMOS FALANDO

Tá, tenho que admitir, achei que você estivesse falando merda, mas as informações batem. Caramba, Simon… Tem uma fraternidade só para nerds na sua universidade. Isso existe de verdade. Parece até que esse lugar foi feito sob medida para você. E que descoberta incrível na semana de orientação!

Então pelo jeito estamos trocando e-mails. Que fofura, Spier. Me conta quais são as regras. A gente ainda pode se falar por mensagem? Ou esse é só mais um passo na sua metamorfose em tiozão, e daqui a pouco você vai começar a mandar cartas escritas à mão pelo correio? Não que eu ache ruim. Inclusive, acho que eu e a Abby podíamos começar a usar esse negócio de e-mail também, porque já aceitei que o Android novo dela odeia o meu iPhone. Sério, nunca se apaixone por uma menina que não pode usar iMessage. É péssimo. A Abby é péssima (ela tá mandando oi!).

Tá, eu sou uma babaca e estou aqui reclamando do iMessage, sendo que a notícia péssima de verdade é que você está na Filadélfia. Tô com saudade. Não consigo nem imaginar como foram esses últimos dias para você e o Bram. Você parece… bem? Mas, sério mesmo, pode desabafar comigo a hora que quiser. E fica à vontade para me dar um soco se eu estiver insuportável de tanto falar da Abby. Já comecei a achar que mando muito mal nessa coisa de ter namorada. Que faculdade que nada, a gente devia receber orientação sobre o que fazer num relacionamento. Tem horas em que eu nem me reconheço, de tão animada que eu ando. PQP!

Enfim, tudo bem por aqui, só muita correria. Não sei por que universidades bizarras como a sua começam as aulas tão depois, mas nós já estamos fazendo as primeiras provas. Sabe o que não tem graça nenhuma? Escrever sobre poesia elisabetana com limite de tempo. Então aproveita sua liberdade, que ela dura pouco, Simon. Curte bastante essa semana de orientação maluca, vai beber cerveja amanteigada ou sei lá que merda a galera bebe aí na sua fraternidade de nerd.

Por acaso já falei que tô com saudade?

DE: [email protected]
PARA: [email protected]
DATA: 10 DE SETEMBRO ÀS 22:10
ASSUNTO: RE: NÃO TÔ ACHANDO LEGAL

Jacques,

Sabe o que tem sido muito mais duro do que eu imaginava? Não conhecermos mais as mesmas pessoas. Eu sei, é uma reclamação bem esquisita. Mas é que ter todas aquelas pessoas em comum era meio que um mundinho à parte: o Garrett e a Abby e a Leah e o Nick e todo mundo, até o Martin. E agora eu estou cercado de pessoas que você nunca viu, e você está cercado de pessoas que eu nunca vi, e sei lá, Simon. Sinto muita falta de estar no seu universo.

Tá, acabei de parar para contar quantos dias faz desde que a gente se viu pela última vez, e faz menos de duas semanas. Treze dias. Aposto que você ainda nem lavou roupa, lavou? Nossa, que saudade. Não tem um segundo em que eu não sinta a sua falta.

Quero saber todos os detalhes da sua vida, tá? Quero saber do Kellan e dessa tara que ele tem pelo Stephen King, e se você está usando chinelo durante o banho, e quem é a pessoa mais irritante de cada aula sua. Quero saber das coisas que você acha que são bobas demais para contar.

Aqui vão as minhas novidades: comi torrada com manteiga de amendoim no café da manhã. A melhor aula do dia foi de ciência política, porque tivemos uma palestra maravilhosa sobre como reconhecer notícias falsas (mas vou guardar esse papo nerd para o FaceTime, porque assim você pode tirar sarro de mim à vontade). E acho que você tinha razão sobre a Ella, aquela menina com o piercing na língua. Hoje ela reparou na minha tela de bloqueio e ficou meio sem graça, sabe? Mas acabamos tendo uma conversa divertida. Ela ficou muito curiosa sobre você (“Como ele se chama? Quando ele vai pedir transferência para cá? Por que ele está de smoking dentro de uma loja de bonecas?” UMA PERGUNTA MELHOR QUE A OUTRA).

O que mais? Ahnnn. Hoje na aula de economia aquele reaça que adora criar polêmica nos agraciou com ótimos argumentos a favor do diabo! Eu com certeza amei ficar quinze minutos a mais na aula só para absorver aquela sabedoria transformadora. Depois eu tomei banho e resolvi uma lista de exercícios e me apaixonei perdidamente pela última selfie que você postou no Instagram (desculpa, mas o seu rosto devia ser proibido por lei!). E aí comi torrada com manteiga de amendoim de novo, porque delícia mesmo é não precisar comer num refeitório enorme cheio de gente estranha.

Bom, esse foi o meu dia. Não parei de sentir sua falta nem um minuto. Como foi o seu?

Com amor,
Blue


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