Livro ‘O cérebro que diz sim’ por Daniel J. Siegel

Livro 'O cérebro que diz sim' por Daniel J. Siegel
Como criar filhos corajosos, curiosos e resilientes
Do autor best-seller de O cérebro da criança, chega às livrarias o guia indispensável para estimular seus filhos a se tornarem resilientes, corajosos e criativos Você já passou vergonha em público com as pirraças de seus filhos? Ou buscou ensiná-los a comer melhor e a dormir na hora certa, mas eles se recusaram a conversar? Ou talvez eles apresentem uma autoestima baixa e você não sabe como ajudá-los? Esses comportamentos são típicos de crianças com um cérebro que diz não. Porém, é possível ensiná-las a desenvolver uma atitude mais aberta e curiosa em relação à vida...
Capa comum: 208 páginas  Editora: Planeta; Edição: 1 (30 de agosto de 2019)  ISBN-10: 8542217136  ISBN-13: 978-8542217131  Dimensões do produto: 22,6 x 15,2 x 1,6 cm

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Leia trecho do livro

Para Alex e Maddi, meus maiores mestres da vida
na abordagem Cérebro Que Diz Sim
.
DJS

Para Ben, Luke e JP: eu me alegro com vocês e me encanto
com a luz que vocês trazem ao mundo
.
TPB

“Não tenho medo de tempestades, pois estou aprendendo a manejar meu barco.”

Louisa May Alcott, Mulherzinhas

BOAS-VINDAS

“Desejo muitas coisas para meus filhos: felicidade, força emocional, sucesso acadêmico, habilidades sociais, uma autoestima forte e muito mais. É difícil saber quando um acontecimento começa. Em quais características é fundamental nos concentrarmos para ajudá-los a ter uma vida feliz e significativa?”

Ouvimos alguma versão desta pergunta em todo lugar. Os pais querem ajudar seus filhos a se tornarem pessoas que saibam cuidar de si mesmas e tomar boas decisões mesmo quando a vida é desafiadora. Querem que eles se preocupem com os outros, mas também que saibam se defender. Querem que sejam independentes e também que desfrutem de relacionamentos mutuamente gratificantes. Querem que evitem desmoronar quando as coisas não vão bem.

Ufa! Que lista! E que pode colocar muita pressão sobre nós, pais (ou profissionais que trabalham com crianças). Portanto, em que devemos focar nossa atenção?

O livro que você tem em mãos é nossa tentativa de oferecer uma resposta a essa pergunta. A ideia essencial é que os pais podem ajudar os filhos a desenvolver um “Cérebro Que Diz Sim”, que produz quatro características principais:

Equilíbrio: capacidade de controlar as emoções e o comportamento, para que as crianças estejam menos sujeitas a perder a cabeça e o controle;

Resiliência:
capacidade de se recuperar quando surgem os problemas inevitáveis da vida.

Percepção: capacidade de olhar para dentro e se entender, com o objetivo de usar o que se aprendeu para tomar decisões corretas e manter o controle sobre a própria vida.

Empatia: capacidade de entender a perspectiva dos outros e cuidar para agir de maneira a melhorar as coisas quando for apropriado.

Nas páginas seguintes vamos lhe apresentar o Cérebro Que Diz Sim e discutir maneiras práticas de como você pode alimentar essas qualidades em seus filhos e ensiná-los essas capacidades importantes. Realmente, você pode ajudar seus filhos a se tornarem mais equilibrados emocionalmente, mais resilientes diante das adversidades, porém perceptivos quando se trata de entender a si mesmos e mais empáticos e atenciosos com os outros.

Estamos muito animados para compartilhar essa abordagem inspirada na ciência com você. Venha conosco e desfrute da viagem de aprendizado sobre o Cérebro Que Diz Sim.

Dan e Tina

CAPÍTULO 1

O CÉREBRO QUE DIZ SIM: UMA INTRODUÇÃO

Este livro trata de ajudar crianças a dizer “sim” ao mundo, encorajá-las a abrir a mente a novos desafios, a novas oportunidades, a saber, quem são e o que podem se tornar. Trata de lhes dar um Cérebro Que Diz Sim.

Quem já assistiu a uma palestra de Dan talvez tenha participado de um exercício no qual ele pede que a plateia feche os olhos e preste atenção a suas reações corporais e emocionais quando ele diz determinada palavra. De uma maneira um tanto dura, ele começa dizendo a palavra “não” várias vezes. Repete-a sete vezes e então muda para “sim”, que pronuncia de modo muito mais suave, repetidamente. Então pede às pessoas que abram os olhos e contem o que sentiram. Elas relatam que na parte “não” do exercício se sentiram fechadas, perturbadas, tensas, defensivas, mas quando Dan repetiu o “sim” se sentiram disponíveis, calmas, relaxadas e mais leves. Os músculos do rosto e as cordas vocais relaxaram, a respiração e o ritmo cardíaco se normalizaram e elas ficaram mais acessíveis e perderam a sensação anterior de insegurança e oposição. (Sinta-se livre para fechar os olhos agora e tentar o exercício. Se quiser, peça a ajuda de um parente ou amigo. Observe o que acontece em seu corpo enquanto ouve a palavra “não” e depois “sim”.)

Essas duas reações diferentes — a reação “sim” e a reação “não” — dão a você uma ideia do que queremos dizer quando falamos em Cérebro Que Diz Sim e Cérebro Que Diz Não. Se você pensar nisso como uma visão geral de vida, a reação “não” o faz sentir-se reativo ao interagir com as pessoas, o que torna quase impossível ouvir, tomar boas decisões ou se ligar e se importar com outra pessoa. A preocupação com a sobrevivência e a autodefesa entra em ação, fazendo você se sentir cauteloso e fechado para interagir com o mundo e aprender novas lições. O sistema nervoso inicia sua reação de luta-fuga-congelamento-desfalecimento, ou seja, você enfrenta, ou escapa, ou imobiliza-se temporariamente ou desmorona e se sente impotente. Qualquer dessas reações a ameaças podem ocorrer, impedindo-o de se abrir, conectar-se com os outros e oferecer respostas flexíveis. Esse é o estado reativo do Cérebro Que Diz Não.

O Cérebro Que Diz Sim, ao contrário, emerge de diferentes circuitos no cérebro que se ativam e provocam receptividade em vez de reatividade. Os cientistas usam a expressão “sistema de engajamento social para se referir ao conjunto de circuitos neurais que ajudam nossa conexão com os outros — e até com nossa experiência interior. Em razão da receptividade e da ativação do sistema de engajamento social, nós nos sentimos muito mais capazes de enfrentar desafios com força, clareza e flexibilidade. Nesse estado Cérebro Que Diz Sim, nos abrimos a um sentimento de equanimidade e harmonia, que nos permite absorver, assimilar e aprender com novas informações.

Essa mentalidade Cérebro Que Diz Sim é o que queremos para nossos filhos, de modo que eles possam ver obstáculos e novas experiências não como impedimentos paralisantes, mas simplesmente como desafios a serem enfrentados e vencidos, e com os quais podem aprender. Quando as crianças agem com uma mentalidade Cérebro Que Diz Sim, são mais flexíveis, mais abertas a acordos, mais dispostas a arriscar e explorar. São mais curiosas e imaginativas, menos preocupadas em cometer erros. São também menos rígidas e teimosas, o que facilita seus relacionamentos e as torna mais adaptáveis e resilientes diante das adversidades. Elas se entendem e agem guiadas por uma bússola interna que orienta suas decisões, bem como a maneira como tratam os outros. Guiadas pelo Cérebro Que Diz Sim, fazem mais, aprendem mais e se tornam mais. Dizem “sim” ao mundo de um lugar de equilíbrio emocional, acolhendo tudo o que a vida oferece — mesmo quando as circunstâncias não são favoráveis.

Livro 'O cérebro que diz sim' por Daniel J. Siegel

Nossa primeira mensagem para os pais é animadora: vocês têm o poder de promover essa flexibilidade, receptividade e resiliência em seus filhos. E isso que significa força mental — dar a seus filhos uma mente forte. Não os obrigando a comparecer a uma série de palestras sobre coragem e curiosidade, ou mantendo com eles muitas conversas longas, intensas, olhos nos olhos. Na verdade, sua interação cotidiana com seus filhos é tudo do que vocês precisam. Tendo em mente os princípios e as lições do Cérebro Que Diz Sim, nas páginas seguintes vamos mostrar que vocês podem usar o tempo que passam com seus filhos —enquanto os levam à escola, durante o jantar, quando jogam juntos ou mesmo quando discutem com eles — para influenciar a maneira como eles reagem às circunstâncias e interagem com as pessoas que os cercam.

Isso porque um Cérebro Que Diz Sim é mais do que apenas uma mentalidade ou uma atitude em relação ao mundo. É isso, definitivamente. E, como tal, dá a seus filhos uma orientação interior para enfrentar os desafios da vida com segurança e entusiasmo. É a base para ser forte de dentro para fora. Mas um Cérebro Que Diz Sim é também um estado neurológico que emerge quando o cérebro está engajado de certas maneiras. Compreendendo alguns detalhes básicos sobre o desenvolvimento do cérebro, você pode criar um ambiente que ofereça oportunidades capazes de estimular um Cérebro Que Diz Sim em seus filhos.

Como explicaremos, o Cérebro Que Diz Sim é criado pela atividade neural que envolve determinada região do cérebro que se chama córtex pré-frontal, uma área que se liga a muitas outras regiões, lida com o pensamento superior e promove a curiosidade, a resiliência, a compaixão, a percepção, a aceitação de ideias novas, a solução de problemas e até a moralidade.

As crianças podem aprender a acessar e prestar atenção às funções dessa parte do cérebro enquanto crescem e se desenvolvem. Em outras palavras, você pode ensinar seus filhos a desenvolver essa importante área do cérebro que proporciona força mental. Assim, eles poderão controlar melhor seu corpo e suas emoções, ao mesmo tempo em que ouvem mais atentamente as orientações interiores e se tornam plenamente eles mesmos. E sobre isso que falamos quando discutimos o Cérebro Que Diz Sim: um estado neurológico que ajuda crianças (e adultos) a encarar o mundo com receptividade, resiliência, empatia e autenticidade.

Um Cérebro Que Diz Não, ao contrário, emerge menos do córtex pré-frontal e mais de um estado do cérebro menos integrado, que envolve a atividade de regiões inferiores e mais primitivas. É com esse estado Cérebro Que Diz Não que reagimos a ameaças ou nos preparamos para um ataque iminente. Por isso, ele é intensamente reativo, defensivamente preocupado em cometer um erro ou que a curiosidade possa lhe causar algum problema. E esse estado pode levar a ofensas, a rejeitar novos conhecimentos e a repelir a colaboração de outras pessoas. Atacar e rejeitar são as duas maneiras como o Cérebro Que Diz Não lida com o mundo. A visão de mundo do Cérebro Que Diz Não envolve teimosia, ansiedade, competição e ameaça, o que torna o indivíduo menos capaz de enfrentar situações difíceis ou alcançar uma clara compreensão de si mesmo ou dos outros.

Crianças que encaram o mundo num estado Cérebro Que Diz Não estão à mercê de suas circunstâncias e de seus sentimentos. Ficam presas às suas emoções, são incapazes de mudá-las e se queixam de sua realidade em vez de descobrir maneiras sensatas de reagir a ela. Preocupam-se, às vezes obsessivamente, em enfrentar algo novo e cometer um erro, em vez de tomar decisões no espírito Cérebro Que Diz Sim de receptividade e curiosidade. A teimosia quase sempre rege o cotidiano no estado Cérebro Que Diz Não.

Algumas dessas situações lhe parecem semelhantes às que você vive em casa? Se você tem filhos, provavelmente sim. A verdade é que todos nós — crianças e adultos — podemos entrar num estado Cérebro Que Diz Não. Ser rígido e/ou reativo de vez em quando é algo que ninguém é capaz de evitar totalmente. Mas podemos entender esse processo. E então podemos aprender como ajudar nossos filhos a voltar rapidamente ao estado Cérebro Que Diz Sim quando o abandonam. E, mais importante, é possível lhes dar as ferramentas para fazerem isso sozinhos. Crianças menores irão agir num estado Cérebro Que Diz Não com mais frequência do que crianças mais velhas e adultos. Um estado Cérebro Que Diz Não aparentemente onipresente é típico de uma criança de 3 anos e apropriado à sua fase de desenvolvimento — quando ela grita, furiosa, porque seu brinquedo ficou molhado, embora ela mesma o tenha atirado na pia cheia de água! Mas, com o tempo, à medida que a criança cresce, podemos ajudá-la a desenvolver a capacidade de se controlar sozinha, recuperar-se das dificuldades, entender suas experiências e ser atenciosa com os outros. Então, cada vez mais, o “não” se torna um “sim”.

Livro 'O cérebro que diz sim' por Daniel J. Siegel

Pense nisso agora, por um instante. Como a vida em sua casa mudaria se seus filhos reagissem melhor a situações do dia a dia — conflitos com irmãos, desligar os aparelhos eletrônicos, obedecer a orientações, lutas por causa dos deveres de casa, batalhas na hora de dormir — com um Cérebro Que Diz Sim em vez de reagir com um Cérebro Que Diz Não? O que seria diferente se eles fossem menos rígidos e teimosos e pudessem cuidar sozinhos da situação quando algo desse errado? Se eles fossem receptivos a novas experiências em vez de temê-las? Se pudessem ter maior clareza sobre seus sentimentos e fossem mais preocupados e empáticos em relação aos outros? Eles seriam mais felizes? E a família toda também viveria num ambiente de maior felicidade e paz?

É disso que trata este livro: ajudar a desenvolver um Cérebro Que Diz Sim em seus filhos, dando-lhes espaço, oportunidade e instrumentos para se relacionarem abertamente com o mundo e se tornarem pessoas plenas e autênticas. É assim que ajudamos as crianças a desenvolver força mental e resiliência.

Cultivar um Cérebro Que Diz Sim não significa ser permissivo

Vamos deixar claro desde o início o que abordagem Cérebro Que Diz Sim não é. Não se trata de dizer “sim” aos filhos o tempo todo. Não se trata de ser permissivo, de ceder, de protegê-los das decepções ou salvá-los de situações difíceis. Nem de criar filhos submissos, que copiam roboticamente os pais sem pensar por conta própria. Ao contrário, trata-se de ajudar as crianças a perceber quem são e em que pessoas estão se transformando, trata-se de ensiná-las que podem superar as decepções e derrotas e que podem escolher uma vida cheia de conexões e significado. Os Capítulos 2 e 3 especialmente vão discutir a importância de permitir que as crianças entendam que as frustrações e contratempos são uma parte inerente da vida — e dar-lhes apoio enquanto aprendem essa lição.

Afinal, o resultado de um Cérebro Que Diz Sim não é uma pessoa feliz o tempo todo ou que nunca tem problemas nem sentimentos negativos. Não é essa a questão. Não é esse o objetivo da vida, nem é possível. O Cérebro Que Diz Sim não leva a uma espécie de perfeição ou paraíso, mas à capacidade de encontrar alegria e significado mesmo em meio aos desafios da vida. Permite à pessoa se sentir com os pés no chão, se entender, ter flexibilidade para aprender e se adaptar, e viver com um propósito. Dá aos nossos filhos não apenas a oportunidade de vencer situações difíceis, mas emergir delas mais fortes e mais sábios. É assim que eles podem criar um significado na vida. Com um Cérebro Que Diz Sim, eles também são capazes de entrar em contato com sua vida interior, com os outros e com o mundo. É isso que queremos dizer com ter uma vida cheia de conexões e saber quem somos.

Quando crianças e adolescentes também desenvolvem a equanimidade — capacidade de voltar a um estado Cérebro Que Diz Sim depois de ter estado na modalidade Cérebro Que Diz Não —, adquirem um importante componente de resiliência. Os antigos gregos tinham uma palavra para essa felicidade composta de significado, conexão e contentamento tranquilo. Eles a chamavam de eudaimonia, um dos dons mais capacitantes e duradouros que podemos dar a nossos filhos. Esse dom ajuda a criar uma vida bem-sucedida, para a qual podemos preparar nossos filhos se lhes permitirmos amadurecer em sua identidade, apoiando-os e construindo habilidades ao longo do caminho. E, naturalmente, fortalecendo nosso próprio Cérebro Que Diz Sim.

Sejamos francos: em muitos aspectos, as crianças estão crescendo num mundo Cérebro Que Diz Não. Pense na escola tradicional, cheia de regras, testes padronizados, memorização e métodos disciplinares estandardizados. Ufa! E elas precisam enfrentar isso seis horas por dia, cinco dias por semana, durante nove meses por ano? Uau! Ainda por cima, pense na agenda lotada que tantos de nós lhes impomos, cheia de aulas de “aperfeiçoamento” e outras atividades que as obrigam a dormir tarde e perder horas de sono porque têm que fazer os deveres de casa à noite, já que não podem fazê-los durante o dia, quando estão ocupadas sendo “aperfeiçoadas”. Se somarmos a tudo isso a mídia digital, que atrai nossos filhos com estímulos auditivos e visuais, prende sua atenção dia e noite, oferecendo-lhes um prazer temporário que os gregos chamavam de hedonia, perceberemos que cultivar um Cérebro Que Diz Sim é especialmente importante nesses nossos tempos para empoderar nossas crianças com uma felicidade verdadeira e duradoura, com a eudaimonia cheia de significados, conexões e tranquilidade de espírito.

fim da amostra…


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