Livro ‘A Nova Psicologia do Bem-estar Humano’ por Richard Barrett

Livro 'A Nova Psicologia do Bem-estar Humano' por  Richard Barrett
Ao pesquisar a evolução da psicologia nos últimos 130 anos, é possível observar uma divergência contínua entre os pensamentos e as teorias que desejam explicar a operação da mente humana. Ainda assim, nenhuma abordagem explora o desenvolvimento psicológico sob a perspectiva da dinâmica evolucionária entre ego e alma. Pois a alma é, em grande parte, ignorada pelo mundo acadêmico Este livro busca reunir noções de diversos campos de conhecimento, incorporando pensamentos e ideias de pensadores reconhecidos à sabedoria ancestral consolidada com pensamentos e ideias do próprio autor. A proposta é que a área de jurisdição da psicologia seja ampliada...
Editora: Alta Books; 
Edição: 1 (31 de outubro de 2019)
isbn: 9788550810942
formato: 17 x 24 x 1
páginas: 352
ano de edição: 2019
edição: 1ª

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Leia trecho do livro

“A obra de Richard Barrett é muito importante. Ele capta o pulso da evolução. Por meio da evolução progressiva de seus livros, ele merece destaque por mapear e contribuir para esquematizar os próximos saltos de nossa história evolucionária. Barrett não nos diz apenas quem somos e de onde viemos, ele nos convida a pensar sobre quem devemos nos tornar e para onde devemos ir.”

Dr. Marc Gafni, presidente, Center for Integral Wisdom.

“A abordagem revolucionária e holística de Richard estabelecerá um novo paradigma de bem-estar. Este livro cria uma ponte entre o espiritual e o físico, o mental e o emocional, e nos devolve nossa integridade. Leitura obrigatória para qualquer praticante do movimento do potencial humano.”

Karen Downes, fundador e diretor, The Flourish Initiative.

“Que nossa consciência é importante, dá sentido a nossa vida e tem um papel crucial no desenvolvimento de culturas saudáveis, todos nós sabemos. Mas entender a importância que ela tem em nosso bem-estar fisiológico e psicológico não é tão óbvio para todos. Este livro oferece muitas perspectivas novas, valiosas e embasadas por sólidas pesquisas de antigos e atuais líderes de pensamento sobre este assunto. Acredito que este seja o melhor livro de Richard!”

Tor Eneroth, diretor de Redes, Barrett Values Centre.

“O objetivo derradeiro da evolução humana é viver em harmonia por meio do amor e da sabedoria. A contribuição de Richard Barrett é revolucionária. Ele enxerga além da forma e da matéria, usando as leis naturais e a sabedoria ancestral para construir um modelo vibracional integrado para a saúde e o bem-estar.”

Fiona, Lady Montagu.

“O novo livro de Richard Barrett é um guia inestimável para um novo panorama para os viajantes em evolução.”

Barnet Bain, diretor de Milton’s Secret e autor de The Book of Doing and Being: Rediscovering creativity in life, love, and work.

“Tantas pessoas hoje em dia vivenciam uma sensação de inquietação, ou falta de alinhamento, embora achem difícil identificar o que falta em suas vidas. Outras sucumbem a doenças ou problemas emocionais que as impedem de vivenciar seus propósitos mais profundos. Em A Nova Psicologia do Bem-estar Humano, Richard Barrett descreve um panorama mais amplo e integrado da vida e nos mostra como os afluentes da psicologia, da ciência e da espiritualidade convergem no rio do bem-estar ideal. Este livro oferece um mapa prático e detalhado de como podemos viver nossa vida plenamente. Não importa onde esteja e qual seja sua jornada, você se encontrará neste livro e receberá uma orientação clara para seus próximos passos.”

Judi Neal, Ph.D., autora de Edgewalkers e Creating Enlightened Organizations.

“A descrição da psicologia do bem-estar humano de Richard foi uma experiência reveladora e me ajudou a entender minha própria experiência de ansiedade alimentada pela depressão e como uma existência mais centrada na alma é essencial para o meu bem-estar. O aspecto mais impressionante deste livro é que a descrição de nossa jornada para o bem-estar psicológico é absolutamente congruente com minha própria experiência nesta jornada para uma existência mais centrada na alma. Leitura obrigatória para todos aqueles interessados em aumentar o próprio bem-estar e daqueles à sua volta em um mundo repleto de ansiedade.”

Geoff McDonald, ex-vice-presidente Global de RH da Unilever; defensor e propagador pela Saúde Mental; diretor associado de Connecting with People

DEDICATÓRIA

Este livro é dedicado à memória dos pais fundadores da disciplina da psicologia — o estudo da mente e do comportamento —, em cujos ombros nos apoiamos hoje, especialmente à memória de Abraham Maslow, Carl Jung e Roberto Assagioli, cujos trabalhos me inspiraram a embarcar no engrandecimento de minha alma.

AGRADECIMENTOS

Escrever um livro pode ser solitário: meses de dedicação, foco e a parte mais difícil de todas: o isolamento. Mas quando você compartilha sua vida com alguém que entende a importância do seu impulso inexorável de criar, é muito mais fácil. Por este motivo, quero agradecer a minha esposa e minha principal conselheira, Christa Schreiber, cujo apoio e palavras de sabedoria são imensamente preciosos. Quero agradecer também à fonte de minha inspiração, a geradora de minhas percepções: minha alma.

Constantemente me impressiono com as ideias que surgem inesperadamente, normalmente por volta das 4 ou 5 horas da manhã, e com a série de experiências sincrônicas e infinitas que guiam minha vida. Esses momentos, esses relances de percepção, me iluminam internamente. Eles me fazem brilhar.

Em um âmbito mais prático, quero agradecer a Pete Beebe, a pessoa que desenhou as capas dos meus livros, a todos aqueles que se ofereceram para revisar meu livro, à minha editora Louise Morgan e à minha equipe no Barrett Values Centre.

CITAÇÕES

Inclui as seguintes citações porque entendo que são pertinentes aos tópicos discutidos neste livro.

Citações de Abraham Maslow

“Todas as evidências indicam que é razoável presumir que em praticamente todo ser humano, e certamente em quase todo recém-nascido, existe um desejo ativo em direção à saúde, e um impulso na direção do crescimento e da realização.” “Pessoas autorrealizadas têm um profundo sentimento de identificação, empatia e afeição por seres humanos em geral. Elas sentem afinidade e conexão, como se todas as pessoas fossem membros de uma única família.” “Se a essência de uma pessoa é negada ou suprimida, ela fica doente, às vezes de maneira óbvia, outras sutil, às vezes imediatamente, outras mais tarde.”

Citações de Carl Jung

“Suas visões se tornam claras apenas quando você consegue olhar dentro de seu próprio coração. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.” “Não há conscientização sem dor. As pessoas fazem qualquer coisa, não importa quão absurda seja, para evitar encarar sua Alma.” “O privilégio de uma vida é se tornar quem você realmente é. Quando a sabedoria reina, não há conflito entre o pensamento e o sentimento.”

PREFÁCIO

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.¹

Quando comecei a escrever este livro, algo de muito significativo me aconteceu. Tive uma revelação profunda: percebi que não poderia ter escrito este livro nem um minuto antes em minha vida, pois quem eu sou está sempre em transformação. Minha essência sempre foi a mesma, mas década após década de mudanças sutis gradualmente trouxeram minha personalidade em alinhamento mais próximo à minha essência. Somente agora, olhando para trás, posso rever 70 anos de vida e enxergar como os estágios de desenvolvimento psicológico me levaram à consciência da alma.

Essa percepção me fez entender que a forma como existimos no mundo, o que pensamos, o que consideramos importante, o que incluímos e excluímos da história que contamos a nós mesmos sobre quem somos e por que fazemos o que fazemos é determinada pelas lentes que usamos. Nossas lentes são pessoais e dinâmicas. Elas são condicionadas a múltiplos fatores: a visão de mundo da cultura em que crescemos; o impacto que nossas experiências de vida, especialmente as de nossa infância, têm na formação de nossas crenças; e, o mais importante, o estágio de desenvolvimento psicológico que atingimos.

Embora eu já tivesse consciência da importância que os estágios de desenvolvimento psicológico têm em nossas vidas, somente quando li Triumphs of Experience² [“Triunfos de Experiência”, em tradução livre] de George E. Vaillant, que relata o estudo longitudinal Harvard Grant Study of Social Adjustments[Estudo Grant de Ajustes Sociais de Harvard], reconheci plenamente a real importância da compreensão total dos estágios de desenvolvimento psicológicos para o nível de felicidade, significado e realização que atingimos durante diferentes épocas de nossas vidas.

O Estudo Grant

O Harvard Grant Study of Social Adjustments começou em 1938, quatro anos depois do nascimento de George Vaillant. Vaillant se tornou o diretor do estudo em 1972 e se aposentou de seu posto mais de três décadas depois, em 2005. A finalidade do Estudo Grant, como é popularmente conhecido, era aprender sobre as condições que promovem a saúde ideal, pelo acompanhamento das vidas de 268 homens, todos formados em Harvard. É um dos estudos longitudinais prospectivos mais longos sobre o desenvolvimento de homens adultos jamais feito.

Uma das críticas ao Estudo Grant é seu enfoque em um grupo de homens de elite. Vaillant responde às críticas admitindo que essa era uma de suas ponderações quando se envolveu no estudo e que suas preocupações haviam sido posteriormente mitigadas. Ele declara:

Tive a oportunidade e o privilégio de estudar o curso de vida de dois grupos contrastantes [para o Estudo Grant] — um agrupamento de homens muito desprivilegiados do centro da cidade decadente e outro de mulheres brilhantes. Os resultados de ambos os grupos, cada um estudado prospectivamente por mais de meio século, confirmaram [significativas similaridades com os resultados do Estudo Grant].³

Depois de analisar os resultados dos três estudos, Vaillant chegou à conclusão de que as vantagens que atribuímos ao gênero masculino e à classe social nos Estados Unidos não se mostraram significantes ao se acompanhar a vida de mulheres brilhantes e homens desprivilegiados. Em outras palavras, gênero e classe social não se correlacionam necessariamente com uma vida de “sucesso”. Suspeito que isso também se aplique para pessoas vivendo em democracias liberais ao redor do mundo. Para aqueles que vivem em regimes autocráticos, nos quais preconceitos étnicos e sociais impedem que determinados gêneros, religiões e classes sociais recebam as oportunidades das quais precisam para expressar plenamente quem são, ter uma vida de “sucesso” pode apresentar muitos desafios.

Estudos prospectivos

Ao contrário dos estudos retrospectivos, os estudos prospectivos acompanham um grupo em tempo real. Isto significa que os resultados de estudos prospectivos não são contaminados pelas lentes do estágio de desenvolvimento psicológico atual dos participantes que tentam responder perguntas sobre seu passado. Estudos prospectivos evidenciam nossa subjetividade inconstante. Eles nos permitem ver que aquilo que consideramos importante muda com o passar do tempo. Como aponta Vaillant, o tempo é nosso maior ludibriador. Ele considera nossos filtros de idade tão relevantes que chama o primeiro capítulo do livro Triumphs of Experience [“Triunfo da Experiência”, em tradução livre] de “A maturidade nos transforma a todos em mentirosos”.

Como mencionado, o Estudo Grant não foi o único estudo longitudinal prospectivo realizado no século XXI. Há outros, incluindo os grupos analisados pelo Estudo Glueck sobre delinquência juvenil de áreas centrais decadentes5 e o Estudo Terman sobre mulheres brilhantes.

O Estudo Glueck acompanhou um grupo de 500 garotos delinquentes e um grupo contrastante de 500 garotos sem antecedentes de criminalidade. O estudo teve início em 1939, quando os garotos eram adolescentes; as entrevistas finais foram realizadas em 1975, quando os participantes atingiram cerca de 50 anos.

O Estudo Terman acompanhou um grupo de mulheres brilhantes ao longo de 80 anos a partir de 1922. A maioria das 672 mulheres era nascida entre 1908 e 1914. Os principais achados do estudo são relatados em The Longevity Project.

Objetivando a subjetividade

O que admiro nos relatos de George Vaillant não são apenas as histórias contadas a partir das percepções resultantes do Estudo Grant, mas sua revigorante honestidade em tornar pública as influências relacionadas à idade e ao desenvolvimento no modo como ele abordava sua pesquisa. Repetidas vezes, Vaillant explica que o que ele considerava importante foi refutado.

O que Vaillant faz, muito explicitamente na minha opinião, é ilustrar o quanto nossas presunções podem ser equivocadas quando nos deixamos cair na armadilha de objetivar nossa subjetividade. Todos fazemos isso, não conseguimos evitar. O racional para tudo que fazemos é baseado naquilo que acreditamos que é importante no exato momento em que tomamos a decisão ou fazemos um julgamento. O que não conseguimos reconhecer é que o que é importante para nós depende de múltiplos fatores: a influência de nossos pais, nossa condição cultural, nossas crenças religiosas, o estágio de desenvolvimento psicológico em que estamos e as necessidades daqueles estágios que não conseguimos superar.

Dependendo dessas influências, você pode facilmente ser levado a desprezar como insignificante algumas das ideias expressas neste livro, ou em qualquer livro, pois elas não se alinham ao que você considera importante no estágio de desenvolvimento psicológico que atingiu. É por isso que afirmei no início que não poderia ter escrito este livro nem um momento antes em minha vida, pois ele seria influenciado pelo que eu considerava importante no estágio de desenvolvimento psicológico em que estava.

Isso ainda é verdadeiro hoje, mas tendo passado pelo menos uma década no que considero ser o último estágio de desenvolvimento psicológico, agora posso rever minha vida com uma compreensão profunda de como o que era importante para mim nos meus estágios de desenvolvimento iniciais influenciou minha tomada de decisão e me trouxe para a perspectiva mais ampla que tenho hoje. Não estou pedindo para aceitar os pensamentos e ideias contidos neste livro; estou pedindo para reconhecer que sua reação ao que escrevi depende de muitos fatores, o mais importante sendo o estágio de desenvolvimento psicológico que você alcançou, o nível de consciência em que normalmente opera e seu condicionamento familiar e cultural. O que gostaria que percebesse, ao longo dos capítulos, é que sentimentos este livro desperta em você. Que pensamentos ele instiga? Que ideias você aceita e quais rejeita?

Minha esperança é que se identifique com a maior parte de minhas ideias e que ache este livro prazeroso e interessante, reconhecendo plenamente que é apenas a tentativa de uma pessoa de compreender o que acredita ser necessário para viver uma vida feliz, com significado e que lhe traga realização.

Negando a alma

A diferença deste livro em comparação a quase todas as outras obras sobre assuntos relacionados aos estágios do desenvolvimento e bem-estar humano é que este explora o desenvolvimento psicológico da perspectiva da dinâmica evolucionária entre ego e alma. Esta abordagem não é encontrada em nenhum artigo científico, pois a alma (às vezes chamada de eu-superior ou inner core), bem como os temas relacionados à consciência, é, em grande parte, ignorada pelo mundo acadêmico. Permita-me contar uma história que ilustra meu ponto de vista.

Em 2015, fiz uma palestra de abertura em uma conferência organizada por uma das principais escolas de negócios da Europa. O título era The Spiritual/Psychological Dimension of Creativity and Flow [“A Dimensão Psicológica/Espiritual da Criatividade e do Fluxo”, em tradução livre]. A plateia de aproximadamente 300 pessoas era composta por acadêmicos, coaches e pessoas da área de negócios. No início da minha palestra, fiz um experimento com a plateia: pedi que se levantassem caso algumas das declarações que faria a seguir fossem verdadeiras para eles.

Comecei dizendo “Tenho um carro”, e quase a plateia toda se levantou. Depois, eu disse: “Eu sou um carro”, e ninguém se levantou. Então, falei: “Eu tenho um ego” e, em seguida, “Eu sou um ego”. A maioria das pessoas levantou quando afirmei “Eu tenho um ego” e se sentou quando eu disse “Eu sou um ego”. Continuei, dizendo: “Eu tenho uma alma”, todos se levantaram. Em seguida, falei: “Eu sou uma alma” e todos continuaram em pé.

Esperava um resultado parecido, mas o que me surpreendeu foi que todos ficaram de pé para as duas afirmações finais. Não para apenas uma, para as duas! Depois de brincar apontando o quanto eles deviam estar confusos sobre quem são, propus à plateia a ideia de que ter uma alma é o estágio de desenvolvimento que precede ser uma alma, mas que a verdade derradeira é que sua alma possui você! Desde aquela ocasião, repeti esse exercício com diversas plateias em muitas partes do mundo e todas as vezes obtive o mesmo resultado: a ampla maioria das pessoas acredita que tem uma alma e que é uma alma.

No entanto, foi o que ocorreu em seguida que me fez perceber que havia algo errado com a abordagem científica dominante. Os palestrantes seguintes, dois acadêmicos brilhantes e influentes, falaram sobre pesquisas de neurociência.

O primeiro slide da palestra deles continha a afirmação: “Nossa premissa: não existe alma”. Quando vi essa frase, não pude evitar um sorriso. A plateia inteira de acadêmicos, coaches e pessoas de negócios acabara de indicar que acreditava que não apenas tinham uma alma, mas que eram almas.

O que essa experiência claramente indicou para mim, e acho que para o resto da plateia, foi como a abordagem científica objetiva tem a tendência de negar nosso conhecimento intrínseco. Felizmente, se você quiser olhar além dos círculos acadêmicos dominantes, encontrará uma pletora de trabalhos sérios que pintam um quadro muito diferente do mundo. Encontrará um número crescente de universidades promovendo abordagens interdisciplinares. Isso deve ser comemorado.

Uma das poucas instituições acadêmicas que adotam a Psicologia Espiritual é a Universidade de Santa Monica (USM), na Califórnia. Os docentes fundadores da USM, Drs. Ron e Mary Hulnick, estabeleceram um Programa de Mestrado globalmente reconhecido e altamente experimental (agora oferecido em um formato de curso de extensão) que busca respostas práticas para as questões essenciais da vida. O livro utilizado no programa é chamado Loyalty to Your Soul: The heart of spiritual psychology [“Lealdade à Sua Alma: A essência da psicologia espiritual”, em tradução livre]. Seus princípios essenciais para uma vida dedicada à sua alma são reproduzidos no Apêndice 1.

Acredito que existam dois problemas decorrentes da abordagem científica objetiva: a noção dualista de que corpo e mente pertencem a domínios distintos e a pletora de disciplinas que mantêm nossas mentes cegas em relação às maiores realidades da vida. Sobre isso, as seguintes palavras de Peter D. Ouspensky (1878–1947) no início do século passado são quase tão significativas hoje como eram à época:

Não conseguimos compreender muitas coisas porque nos especializamos de forma muito radical e fácil; a filosofia, a religião, a psicologia, as ciências naturais, a sociologia etc. cada uma tem sua literatura própria. Não há nada que abranja tudo em sua plenitude.

Entretanto, todas as diferentes áreas de conhecimento devem ter inter-relações significativas. Precisamos identificar e explorar essas ligações se quisermos desenvolver teorias que unifiquem a psicologia, a espiritualidade e a ciência.

A proposição que estabeleço neste livro é que existe um modelo unificador. Ademais, só podemos evoluir para compreender esse modelo se removermos nossas vendas, abraçando o autoconhecimento e reconhecendo os limites de nossa percepção física tridimensional. O modelo unificador que proponho transcende o nascimento e a morte e nos leva a uma dimensão energética da realidade em que se encontra a alma.

Minha abordagem ao escrever este livro, portanto, é a de reunir noções de muitas disciplinas, não me limitando à pesquisa acadêmica, mas incorporando os pensamentos e ideias de líderes pensadores reconhecidos, muitos dos quais viveram nos últimos 200 anos. Você encontrará, ainda, referências à sabedoria ancestral; percepções que têm sido passadas adiante por gerações. Entremeado ao longo do livro, e consolidando tudo isso, estão meus pensamentos e ideias.

INTRODUÇÃO

Para progredir neste estágio da evolução humana, precisamos nos apoiar nos ombros daqueles que o percorreram e não reinventar continuamente tudo. Precisamos unir diversas disciplinas de conhecimento humano em um todo indiferenciado.

Para progredir neste estágio da evolução humana, precisamos nos apoiar nos ombros daqueles que o percorreram e não reinventar continuamente tudo. Precisamos unir diversas disciplinas de conhecimento humano em um todo indiferenciado.

Embora o estudo da mente e do comportamento humano remonte à antiga civilização grega, a disciplina da psicologia é um acréscimo relativamente recente ao conhecimento humano. Até o final do século XIX, tudo que dizia respeito à mente era considerado como ramo da filosofia.

A primeira pessoa a se intitular psicólogo foi Wilhelm Wundt (1832–1920). Em 1879, em Leipzig, Wundt criou o primeiro laboratório dedicado exclusivamente à pesquisa psicológica. Outros contribuintes precursores do campo da psicologia incluíam William James (1842–1910), o primeiro educador a oferecer um curso de psicologia nos Estados Unidos; Ivan Petrovich Pavlov (1849–1936), um psicólogo russo, conhecido principalmente por seu trabalho sobre condicionamento; e Hermann Ebbinghaus (1850–1909), um psicólogo alemão pioneiro no estudo experimental da memória.

Logo após o surgimento da psicologia experimental, diversos tipos de psicologia aplicada começaram a aparecer; dentre eles uma nova abordagem ao estudo da mente, conhecida como psicanálise. Essa abordagem, iniciada por Sigmund Freud (1856–1939), envolvia um conjunto de teorias e técnicas terapêuticas para o tratamento de distúrbios mentais que consistiam em trazer à mente consciente medos e conflitos reprimidos para promover a cura. Algumas das ideias centrais da abordagem de Freud à psicanálise foram:

  • O desenvolvimento de uma pessoa é determinado principalmente por eventos esquecidos na primeira infância.
  • O comportamento de uma pessoa é determinado em grande parte por impulsos inconscientes.
  • Neuroses e outros distúrbios mentais são provocados por conflitos entre os impulsos conscientes e inconscientes de uma pessoa.
  • Conflitos podem ser curados com o reconhecimento dos impulsos inconscientes pela mente consciente e pela identificação e ressignificação de seus significados.

A partir desses fundamentos iniciais, muitas teorias psicológicas e abordagens para o tratamento de distúrbios mentais surgiram, cada uma refletindo a orientação filosófica específica de um indivíduo ou grupo de indivíduos com pensamentos iguais. Essas abordagens são às vezes referidas pelo nome de seu criador, por exemplo, psicologia junguiana, e, às vezes, quando diferentes pessoas concordam em uma abordagem em particular, pelo nome do movimento, por exemplo, behaviorismo (ou comportamentalismo), cognitivismo, humanismo, existencialismo e psicologia transpessoal.

Toda vez que um novo movimento é criado, após alguns anos, acaba dividindo-se em novas ramificações. Os criadores dos novos ramos validam suas abordagens específicas ligando-os ao movimento. Por exemplo, a psicologia transpessoal originalmente conquistou aceitação ao ser reconhecida como ramo da psicologia humanista.

Abraham Maslow (1908–1970), um dos fundadores da psicologia humanista, considerou a psicologia transpessoal como a “quarta força” na psicologia, para distingui-la das três outras forças: psicanálise, behaviorismo e humanismo. Em outras palavras, ele tentou elevar o status da psicologia transpessoal ao de um movimento, diferenciando-a da psicologia humanista.

O fator-chave na diferenciação da psicologia transpessoal de outros movimentos foi a inclusão de experiências e visões de mundo que se estendem além do nível pessoal — experiências envolvendo um maior senso de identidade e uma expansão da consciência —, o que representou uma abordagem mais espiritual da vida.

Quando pesquisamos a evolução da psicologia ao longo dos últimos 130 anos, vemos uma divergência contínua de pensamentos e teorias para explicar a operação da mente humana; uma constante separação e ramificação de abordagens com convergências ocasionais, como a junção do behaviorismo e do cognitivismo em uma abordagem conhecida como terapia cognitivo comportamental (TCC).

Se traçarmos as divergências das diferentes abordagens à psicologia até suas raízes filosóficas, chegamos ao conceito de dualismo — a separação do estudo da experiência humana em duas categorias ontologicamente distintas —, o estudo da matéria (o corpo) e o estudo da mente (a psique).

Antes do dualismo havia o monismo. Enquanto os proponentes do dualismo defendem que nem a mente nem a matéria podem ser reduzidas uma à outra, os proponentes do monismo defendem que apenas uma coisa é ontologicamente básica ou anterior a todo o resto. Se traçarmos o monismo a suas raízes filosóficas, chegamos às origens da religião: um sistema de pensamento “mágico” que nossos ancestrais mais remotos usavam para explicar o fenômeno natural e atribuir significado aos eventos que ocorreriam em suas vidas. Na fonte de todo pensamento mágico havia espíritos, entidades não humanas nas quais nossos ancestrais remotos projetavam as motivações humanas. Da perspectiva da psicologia evolutiva, na origem de todas as religiões humanas, encontramos o conceito de espiritualidade.

Monismo

Este livro é minha tentativa de redescobrir as raízes do monismo: não o religioso, mas uma forma de monismo consistente com a ideia que encontramos na ciência, na psicologia e na espiritualidade. Em outras palavras, o que estou tentando fazer é definir uma área de jurisdição mais ampla para a psicologia, que reúne as disciplinas de conhecimento que individualizamos em um todo único. No centro dessa totalidade está a energia, que revela a propriedade da percepção. Essa energia é chamada mente. Argumentarei que a energia da mente é o fundamento de toda a vida, e tudo que percebemos em nosso universo é composto de energia mental.

Defenderei também que a consciência* surge da percepção** quando os aspectos do todo unificado são separados. Os aspectos individualizados tiveram que se tornar conscientes — ter mente própria — para lidar com sua separação. Para isso, tiveram que limitar sua percepção consciente para o ambiente específico em que eles se encontram para que possam lidar com sua estabilidade interna e o equilíbrio externo de sua identidade energética.

Visto através das lentes da psicologia, a separação — a divisão das partes e a limitação da percepção consciente dessas partes — é conhecida como repressão. A repressão leva a distorções da realidade e distúrbios mentais. Quando o monismo evoluiu para o dualismo, separamos a psique humana — a alma (espiritualidade) — em duas partes: corpo (ciência) e mente (psicologia), e criamos o distúrbio mental ou a distorção da realidade que chamamos de percepção material tridimensional. Esse esquema é mostrado na Figura I.1.

FIGURA I.1: A CRIAÇÃO DA PERCEPÇÃO TRIDIMENSIONAL.

Sob a ótica da psicologia, a cura ocorre quando o que está reprimido é reintegrado na percepção consciente e recebe um significado novo e mais holístico. Esse é exatamente minha finalidade na definição de uma área de jurisdição mais ampla para a psicologia. Proponho a reunião do corpo e da mente com a alma. Devo chamar essa nova percepção de percepção energética quadridimensional ou percepção da alma.

Começarei explorando e desenvolvendo ideias que nos permitam juntar a psicologia com a espiritualidade — curar a separação na mente que resultou na distorção da realidade que chamamos de percepção material tridimensional e depois curar a separação entre a psicologia e a ciência —, curar a separação que ancorou nossas mentes na percepção material tridimensional. Ao fazer isso, mostrarei também como é possível curar a separação da abordagem material ocidental da medicina e a abordagem energética oriental da medicina. Em resumo, este é o cerne deste livro: a definição da teoria psicológica que integra corpo, mente e alma.

Estrutura do livro

fim da amostra…


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