Livro ‘Os Carregadores de água’ por Atiq Rahimi

"Os carregadores de água", de Atiq Rahimi, aborda exílio, liberdade e memória. Ambientado na destruição dos Budas de Bâmiyân em 2001, narra as vidas de Tamim em Paris e Yûsef em Cabul, revelando dois modos de ser afegão.

“Os Carregadores de Água” de Atiq Rahimi é um romance publicado na França em 2019 e lançado no Brasil pela Estação Liberdade. O livro, escrito em prosa poética, explora temas como exílio, liberdade, identidade afegã, memória e sua destruição. A narrativa se desenrola em torno da destruição das estátuas dos Budas de Bâmiyân pelo Talibã em 2001, e segue as vidas de dois afegãos cujos destinos nunca se cruzam. Tamim, que adota o nome ocidental Tom, vive exilado em Paris e abandona sua família para encontrar outra mulher em Amsterdã. Yûsef, por outro lado, permanece em Cabul, trabalhando como carregador de água e enfrentando as misérias de seu país sob o regime talibã. Através dessas histórias, Rahimi ilustra dois modos de ser afegão em um mundo em rápida transformação, destacando as tragédias, buscas pessoais, revelações e o amor.

Editora: ‎Estação Liberdade; 1ª edição (1 outubro 2021); Páginas: ‎256 páginas; ISBN-13: 978-6586068511

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Biografia do autor: Atiq Rahimi, nascido em 1962 em Cabul, é um autor, cineasta e artista gráfico. Estudou na escola franco-afegã Esteqlal e letras na universidade de Cabul. Em 1984, durante a guerra, fugiu para o Paquistão e depois obteve asilo político na França, onde fez doutorado em comunicação audiovisual na Sorbonne. Suas primeiras obras publicadas no Brasil, “Terra e cinzas” e “As mil casas do sonho e do terror”, foram escritas em persa e traduzidas por ele para o francês. “Syngué sabour ― Pedra-de-paciência”, escrita em francês e publicada em trinta países, venceu o Prêmio Goncourt em 2008. Rahimi adaptou “Terra e cinzas” e “Syngué sabour” para o cinema, dirigindo os filmes. Em 2018, filmou em Ruanda a adaptação de “Nossa Senhora do Nilo”, de Scholastique Mukasonga. Esteve várias vezes no Brasil, a última em 2018, para lançar sua autobiografia lírica “A balada do cálamo”. Atualmente, vive e trabalha em Paris.

Resenha: Os Carregadores de Água: Uma Jornada Entre o Amor e a Perda no Afeganistão

Duas Histórias, um Destino Compartilhado

Em “Os Carregadores de Água”, Atiq Rahimi entrelaça as vidas de Tom e Yussef, dois afegãos marcados pelo amor, pela perda e pela saudade de sua terra natal.

  • Tom: Exilado em Paris, busca reacender a paixão e reconectar-se com suas raízes em uma jornada para Amsterdã.
  • Yussef: Carregador de água em Cabul, enfrenta a seca devastadora e um amor proibido que o consome.

A Sombra da Destruição

A destruição dos Budas de Bamiyan pelo Talibã em 2001 serve como pano de fundo para a narrativa, simbolizando a perda da identidade cultural e a violência que assola o Afeganistão.

Temas Universais em um Contexto Único

Rahimi explora temas como:

  • Exílio e Saudade: A dor da separação da pátria e a busca por identidade em terras estrangeiras.
  • Fé e Religião: O papel da fé em tempos de crise e a relação entre o sagrado e o profano.
  • Amor e Perda: A força do amor para superar a adversidade e o luto pela perda de entes queridos.

Uma Prosa Poética e Evocativa

A escrita de Rahimi transporta o leitor para as paisagens áridas do Afeganistão e para as ruas vibrantes de Paris, criando uma experiência sensorial completa.

Um Retrato da Condição Humana

“Os Carregadores de Água” é uma obra-prima que convida à reflexão sobre a resiliência do espírito humano, o poder transformador do amor e a esperança que persiste mesmo em meio ao caos.


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