Livro ‘Mirrors: O CEO e a Sugar Baby’ por Zoe X

Baixar PDF Mirrors: O CEO e a Sugar Baby - Livro de Zoe X

ATENÇÃO: ESSE LIVRO É O SEGUNDO DE UMA SÉRIE DE ROMANCES INDEPENDENTES QUE SE PASSAM NO MESMO UNIVERSO. Owen Smith é o CEO que cuida da empresa da família Reed há mais de uma década. Estudioso, inteligente e sagaz nos negócios, só quem conhece sua história sabe que sua obsessão extrema com trabalho é apenas uma compensação por ter perdido o amor de sua vida de uma forma tão trágica. Hope Stewart colocou sua vida em segundo lugar para assumir as responsabilidades com o irmão mais novo já que seu pai e sua mãe mal conseguem se manter. Buscando justiça pela fatalidade que acometeu sua família e os fizeram perder tudo, incluindo a saúde, ela trabalha dia e noite na esperança de que alguma hora as coisas se resolvam e ela não precise ser forte o tempo todo. Owen precisa fechar um acordo. Hope é o meio para justificar um fim. Ela tem 23, ele 39…

Data da publicação: 31 março 2021; ASIN: ‎ B091JC48D6; Número de páginas: 550 páginas

Clique na imagem para ler o livro

Biografia do autor: Zoe X (équix) é o pseudônimo de uma garota que prefere se manter anônima, mas que tinha histórias demais dentro da cabeça para contar, e, de repente, percebeu que não podia mais ficar calada. Zoe não gosta de se rotular e acredita que boas histórias, independente do gênero, precisam ser contadas. Apesar disso, reconhece sua mão um pouco mais pesada para lidar com a parte feia de seus personagens imperfeitos. Escrevendo desde os oito anos, só aos 21, no finalzinho de 2016, ela resolveu experimentar o wattpad. De lá para cá, criou um público e estreou pra valer na Amazon com o primeiro livro da série Dark Hand em fevereiro de 2018. Desde então, ela ainda se choca em como seus livros são recebidos com paixão por suas leitoras e jura a si mesma que sempre vai se manter fiel ao coração na hora de colocar outra história no papel. Zoe vive em São Paulo com o noivo, dois bulldogs (Arthas e Pandora) e uma chinchila (Faustinho) sabendo que é na escrita que encontra seu lugar no mundo.

Trecho do livro

“A escuridão não destrói a luz; ela a define. É o nosso medo do escuro que lança nossa alegria nas sombras.”

BRENÉ BROWN EM CORAGEM DE SER EMPERFEITO.

Apenas feche os olhos.

O sol está se pondo
Você ficará bem
Ninguém pode machucá-lo agora
Ao chegar à luz da manhã
Nós ficaremos sãos e salvos

Safe and sound, Julio sheer.

Contas, contas e mais contas.

Elas nunca paravam de chegar.

A mais preocupante da vez era uma hospitalar e, parecendo ser de propósito, o envelope branco com o meu nome em letras garrafais parecia brilhar conforme eu o encarava esperando que algo acontecesse. Talvez, ainda houvesse uma pontinha de esperança de que, a um passe de mágica, todos os problemas sumissem de uma vez, assim Harry poderia ser saudável de novo e eu abriria os olhos numa daquelas manhãs agitadas na casa que não era mais nossa.

Mas nada nunca mais seria igual.

A taxa do aluguel dos balões de oxigênio havia aumentado e era uma benção que meus pais conseguissem pagar os deles, porém, o de Harry era minha responsabilidade. De fato, eu não tinha ideia de como meus pais vinham se mantendo. Vivendo no minúsculo apartamento do porão de tia Suzy, meu coração não conseguia descansar ao imaginar meus pais no meio dos acúmulos que minha tia juntou depois da morte do primeiro marido. Pelo menos, eu consegui tirar meu irmão mais novo daquela situação. Não que o momento atual fosse muito melhor. Mesmo assim, tínhamos um quarto limpo e ele frequentava uma boa escola pública a poucos quarteirões da pensão.

Era um começo, já que eu não podia, de jeito nenhum, me permitir fraquejar. Porém, sentada na cozinha compartilhada, com as luzes apagadas, me senti um fracasso e tive medo. Aquele do tipo que vem junto da ansiedade, que te sopra nos ouvidos que você não será capaz. Que te prende no lugar e não te deixa seguir porque, de algum jeito louco, você sabe que vai cair. E naquele momento, no auge dos meus vinte e três anos, sem nenhuma perspectiva de futuro decente, tentando me desdobrar na missão de ter dois empregos, ser uma boa irmã mais velha e pagar as contas, o medo estava quase ganhando.

— Hope? — A voz cansada de Harry me chamou, pela décima vez. — Estou com sono, você não vem?

A cabeça castanha de cabelos bagunçados surgiu na porta e eu forcei um sorriso.

— Eu já estou indo. Escovou os dentes?

— Direitinho. — Sonolento, ele arrastou o cilindro verde para o meio da porta e se apoiou nele. — Agora estou esperando para que você me conte o resto daquela história.

— Harry, acho que não vou conseguir hoje. Estou cansada. —Larguei o envelope na mesa, pisquei algumas vezes e me espreguicei conforme bocejava. — Está tarde. — A decepção nos olhinhos castanhos e fundos me cortou o coração. — Mas prometo que amanhã eu leio dois capítulos de Percy Jackson e o Ladrão de Raios para você.

— Promete mesmo? — O tom descontente e desconfiado me fez sorrir ao cruzar os braços.

— Prometo. — E contando que ninguém mexeria nas minhas coisas, empurrei a mesa com os pés e me ergui. — Agora, vamos. Vou colocar você na cama e ajeitar as coisas para amanhã.

Harry tinha nove anos, há três havia perdido 60% da capacidade pulmonar. Tudo por culpa de uma grande empresa que testou seu mais novo pesticida próximo demais da nossa casa, tornando tudo uma verdadeira desgraça. Naquele tempo, eu agradeci por estar o tempo todo fora. Estudava alucinadamente e trabalhava para conseguir juntar dinheiro para a faculdade, por isso, fui a menos afetada. Enquanto tudo o que tive foram pequenas crises de falta de ar e alguns resfriados recorrentes, meus pais e meu irmão quase morreram.

Seus pulmões foram tão comprometidos que não houve alternativa. Sem o auxílio do balão, nenhum deles conseguiria sobreviver por muito tempo. Foi por isso que limpei minhas economias, assim como meus pais, e fiz todas as dívidas possíveis em cartões de crédito.

Meu irmão precisava ter uma chance.

Era por isso que eu passava meus dias trabalhando firme, era por isso que meu cansaço não importava. O responsável por arruinar a vida da minha família — que nunca havia sido fácil — precisava pagar, e eu tinha a foto dele na cabeceira da cama, dentro de um caderno, arrancada de uma revista velha. Um CEO, rico como eu nunca poderia sonhar em ser, que, se Deus fosse justo, seria responsabilizado pelo que fez não só à minha família, mas com tantas outras.

Seu nome era George Hardwick, ele tinha idade para ser meu pai e, depois que comecei a coletar informações para anexar ao processo que movia contra aquele senhor, descobri que era sujo, sem escrúpulos, e só pensava no dinheiro. E dinheiro era o que movia o mundo. Por isso, nossa audiência era sempre adiada, ou coisas suspeitas aconteciam, como por exemplo, os advogados desistirem em cima da hora.

Aquele jogo de gato e rato já tinha me desanimado mais do que eu demonstrava, mesmo assim, toda noite, quando colocava Harry na cama e o beijava a testa, depois de colocar o aparelho que auxiliava a respiração durante o sono em seu rosto, a fúria dentro do meu peito crescia junto da certeza de que um dia a justiça seria feita se eu não desistisse.

Durma bem, pirralho — sussurrei carinhosamente, sabendo que ele ouvia, mesmo que já fingisse estar dormindo.

Deixei o abajur aceso para poder me trocar antes de dormir e voltei até a cozinha para recolher minhas coisas, mas parei no portal, encarando Lucy, a garota das roupas, sapatos e bolsas de grife que morava no quarto em cima do meu.

Ela estava sentada na cadeira na qual eu estava minutos atrás e olhava com curiosidade para as cartas sobre a mesa.

— Isso é meu. — Meu impulso foi ir até ela e recolher as contas, juntando-as em um montinho, completamente desconfortável.

— Está difícil, não? Eu vejo seu irmão, ouço a tosse dele quase todas as noites. Ele está melhor? — Seu tom de voz não era de provocação, na verdade, mais parecia preocupação.

— Um dia de cada vez — falei, um pouco incomodada, ajeitando a postura e escondendo a correspondência nas costas, com as mãos para trás.

Que pena… Ela não parecia afetada por ter sido pega bisbilhotando. — Você precisava de um patrono

— Como? — Sonolenta, precisei esfregar os olhos.

É, um patrono… Ou vários — Lucy falou baixinho, como se fosse algo sujo. — Eu tenho quatro.

Ah… — Ela estava falando sobre ser garota de programa? — Eu… Não acho que seja um trabalho legalizado, não? Vender o corpo… — Para minha surpresa, ela gargalhou.

— Vender o corpo? Não! Bobinha, eu sou uma sugar baby.

Pela minha cara de paisagem, a garota morena de penteado extravagante pareceu me achar burra por não saber do que se tratava.

— Você realmente não sabe o que é isso? Eu vou te explicar. Há um site, você se cadastra, coloca algumas fotos… É como o Facebook. Homens mais velhos vão te mandar mensagem, perguntando se você não quer conhecê-los. Raramente envolve sexo, na maior parte do tempo é só conversa e eles amam exibir meninas bonitas. Eu sou boa em paparicá-los, eles são bons em me ajudar financeiramente. É uma troca. E não, eu não vendo sexo, tenho um namorado da minha idade e sou muito fiel a ele, se quer saber. Mas vendo o meu tempo e minha atenção a esses homens muito ricos e carentes. E toda essa ajuda paga meu aluguel, minha faculdade, roupas, viagens, sapatos, bolsas, joias e ainda guardo dinheiro para o meu futuro, porque não sou idiota. — Quando ela terminou de explicar, eu realmente achei que ela não era. — Sei que choca um pouco, mas pense… Um sugar daddy poderia te ajudar com as contas do seu irmão.

Que besteira vocês estão conversando aí? – April interrompeu a conversa, surgindo com seu roupão na cozinha como um zumbi.

— Achei que você já estava dormindo — comentei, me recuperando do susto.

— Estou com uma azia desgraçada. Nunca mais como aquele lanche barato da esquina. — Acariciando o estômago, ela foi até a geladeira e pegou a garrafa de leite. — O que é que vocês estão tramando?

— Nada! fui rápida em responder, mas Lucy não se freou.

— Estou ensinando a Hope como fazer dinheiro fácil. — A normalidade em sua voz era um pouco chocante e eu vi as sobrancelhas castanho avermelhadas de April se juntarem, enquanto ela levava o copo de leite até a boca.

— Sério? — Ela engoliu e me encarou de soslaio. — E como seria isso?

Ah, não sei se você entenderia…, mas ela sabe e se quiser, te conta. — E levantando como se não tivesse tempo a perder, ela passou do meu lado, deu um tapinha na minha cabeça já que era mais alta que eu, e disse: — Pense bem no que eu te falei. — E seguiu para fora da cozinha.

Eu não podia negar, ser bancada e ter zero trabalho devia ser muito bom, mas não era para mim. Não mesmo. Apesar da dificuldade, eu me orgulhava muito de trabalhar tanto para conquistar minhas coisas. O que aconteceu por aqui? — April me perguntou, assim que ouvimos os saltos de Lucy nas escadas e eu suspirei profundamente, relaxando um pouco as costas.

Ah, Lucy acabou mexendo nas minhas coisas… — Mostrei o bolinho de envelopes na mão.

— Hum…

— E me disse sua forma mágica de ganhar dinheiro.

— Ela assumiu que trafica? — O tom cheio de sarcasmo na voz de April me fez sorrir.

— Não… — Neguei com a cabeça. — Ela é paga para paparicar caras mais velhos.

— Prostituta? Eu sabia — April disse e eu neguei de novo.

— Não, ela é sugar baby.

Ah, eu sei o que é. Bom, se eu tivesse a idade dela, e a coragem necessária, não posso dizer que não faria. Melhor do que ser uma fodida que aguenta o chefe idoso e quase cego gritando o dia todo. — Ela guardou a garrafa de leite e se achegou ao meu lado, me imitando, apoiando os cotovelos sobre a pequena ilha da cozinha.

— Mas e você? — O tom compreensivo que April usava quando adotava a postura de mãe comigo era reconfortante. — O que pensa? Já ouvi você reclamar vezes o bastante dos seus empregos.

O problema não são os empregos e, sim, os clientes — admiti.

— É, mas nunca vi alguém conseguir tudo o que essa garota ostenta limpando mesas. Eu não te julgaria. — E, piscando para mim, April, no auge da sabedoria de seus trinta e cinco anos, foi se deitar, me deixando na cozinha escura, pensando que seria absurda a ideia de ficar babando ovo de um idoso rico.

Talvez a ideia fosse menos absurda se ele me pagasse com várias notas de cem…


Tags: ,