Livro ‘Anseio’ por Widjane Albuquerque

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Rocco Masari
TRILOGIA ROCCO MASARI - LIVRO III. Os eventos caóticos de Redenção levaram Rocco para o Brasil, agora, ele terá que lidar com sérios problemas em suas empresas e com a família de Victoria, que o impedirá de se aproximar dela. Rocco terá dificuldades para reparar os erros do passado e reconquistar seu grande amor, enquanto teme os planos de Antonietta para o futuro de Victoria. Entre idas e vindas, ele descobrirá que o final feliz não é tão fácil de alcançar, e que, por trás de toda felicidade que ele deseja, há um oponente implacável, disposto a ir até as últimas consequências para conseguir o que quer. E quando isso acontecer, nada será como antes.
ASIN: B09JR9RYDN  Número de páginas: ‎1047 páginas  Data da publicação: 17 outubro 2021

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Widjane Albuquerque é paraibana. “Escrevo, romances cheios de drama, suspense, hot e amor. Aqui iremos embarcar em viagens eróticas e apaixonantes onde o amor, ódio, perdão e redenção viram com doses de humor”.

Leia trecho do livro

Nota da Autora

Caro leitor,
Este livro foi inicialmente publicado em 2014, porém, todos estes anos depois, houve a necessidade de dar a Rocco e Victoria uma nova chance de contar a sua historia da melhor forma.
Esta escritora está nervosa, e ansiosa, porém, sei que fazer esta reformulação foi necessário. O amadurecimento veio, e com ele a certeza de a historia do meu casal favorito também.
Desfrutem de Rocco 2.0, e notem que, apesar do ponto central da trama permanecer intacta, a forma como isso foi narrado está diferente.
Sejam muito bem-vindos a está aventura.


Com amor,
Widjane Albuquerque.

Prólogo

Victoria

Verão, 2005
Londres, Inglaterra

— Mãe, o papai chegou — avisei assim que escutei o barulho da porta abrindo.

Aquela era a melhor hora do dia, o momento que ele chegava, e eu podia sentir a felicidade me abraçar. Eu sabia que ele estava cansado, mas isso não o impedia de me segurar nos braços e girar pela sala.

Papai era o meu herói.

— Victoria, deixe seu pai primeiro entrar em casa! — minha mãe falou, recostando na porta da cozinha para nos observar.

Ela sempre tinha um sorriso especial, que atingia os olhos e os faziam brilhar como duas estrelas. O meu pai não ficava atrás, ele a olhava como se estivesse diante de algo maravilhoso. Seu rosto mudava e até as covinhas da bochecha apareciam, pois o sorriso era o maior do mundo.

— Maria, você é tão linda — murmurou, todo charmoso, com a sua voz grossa.

Era estranho, mas a minha mãe sempre suspirava e ficava um pouco mole. Aquele era o sinal, depois eles se beijavam.

— Ecaaa! — gritei fazendo careta de nojo. Meus pais riram da minha bobagem e logo eu me tornava vítima de um ataque duplo de beijos e cócegas.

— Ah garotinha do papai… — Ele sabia meus pontos fracos e eu estava sem ar de tanto rir.

— Paraaa! — Lutei com ele ao mesmo tempo em que as lágrimas já escorriam. Sentia-me um tanto engasgada e afogada, enquanto ria e respirava.

— Michael, já chega! Victoria é uma moça, não deve ser tratada desta forma.

— Isso mesmo, sou uma moça e devo ser tratada com respeito — ralhei brincando e ele me soltou.

Estava ofegante e tonta, as lágrimas escorriam por minha bochecha e eu confesso: adorava aquilo.

— Você é cruel — acusei e ele riu.

Levou a mão ao coração, fazendo uma careta de falsa tristeza. Era um ótimo ator, meu amado pai.

— Ah… e eu pensando em cantar para as minhas garotas hoje. Sei que vocês me adoram — gabou-se à medida que eu e minha mãe fazíamos a dancinha da alegria.

Geralmente, meu pai chegava tão cansado em casa que — às vezes — mal conseguia jantar. Seu trabalho era bem pesado.

— O senhor não está cansado?

Era inevitável não me preocupar, pois meu pai era do tipo que nunca reclamava de nada, mesmo que estivesse no limite.

— Minha pequenina, eu sou de ferro. Olhe para mim — ele ergueu os braços mostrando os músculos grandes.

Meu pai era uma montanha e, apesar disso, nunca vi um homem mais bonito. Seus cabelos negros combinavam com os olhos e a pele era beijada pelo sol, impecável. Ele poderia ser um supermodelo, com certeza.

Já a minha mãe era pequena, toda delicada. Sua pele também era levemente bronzeada e os olhos castanhos eram grandes, expressivos, belíssimos.

Eu herdei dela esses olhos grandes, mas a semelhança acaba aí. Não me parecia com nenhum dos dois. Nem a cor dos cabelos, nem da pele. Tampouco os traços faciais.

— Vá pegar o meu violão, baixinha — bagunçou meus cabelos. — Vou tomar banho, daí vamos jantar e depois teremos um momento em família.

Amava aquilo com todas as minhas forças. Não poderia querer nada melhor. Enquanto muitas pessoas querem bens materiais, eu queria o sentimento de pertencer, de unidade. Era por isso que sempre conseguimos passar por todas as dificuldades, por pior que elas fossem.

Nós três formávamos uma equipe perfeita, sobrava amor e companheirismo, um sempre ajudava o outro para que tudo funcionasse bem.

O violão ficava no meu quarto e depois que o peguei, voltei à sala apenas para encontrar minha mãe assistindo um desfile de moda.

Ela amava. —

Olha, filha, aquele vestido é um Dubois! — Apontou à Tv. —Olhe para as linhas, o recorte do tecido e como se ajusta bem ao corpo da modelo — minha mãe suspirava ao falar.

Aquela era a sua realidade: a alta costura. Ao passo que meu pai trabalha com construção civil, ela trabalhava no melhor atelier de Londres, o Madame Blanchet.

— Você é muito fã dele, mãe. — Ficamos assistindo por uns minutinhos até que o meu pai apareceu, trajando apenas uma calça folgada e uma regata.

— Acho que me apaixonei! — Minha mãe suspirou e eu revirei os olhos.

— Vocês destilam uma porção do amor açucarado — reclamei fazendo careta, mas, na verdade, eu queria um dia ter o que eles tinham.

O amor deles não era escondido ou envergonhado. Era gritante, forte e eles demonstravam abertamente para quem quisesse ver.

Eram perfeitos e — mesmo com todas as dificuldades do dia a dia — vê-los me fazia sonhar, acreditar em contos de fadas. Eu teria o meu príncipe, de carne e osso, e ele seria perfeito. Não que fosse perfeito no sentido absoluto, mas seria para mim, pois eu o enxergaria assim e o que sentiríamos um pelo outro nos completaria. Juntos, nós viveríamos um amor como o dos meus pais, sólido como uma rocha e tão forte quanto a fé deles.

— Mesa, agora! — Sacudi a cabeça, voltando à realidade.

— Vocês são tão românticos! — sorri observando-os. — Quero um amor assim, mamãe, igual ao seu.

Por um momento, ela me encarou com a testa franzida como se estivesse lembrando de algo, mas logo o sorriso voltou ao seu lugar.

Na mesa, o cheiro da comida fez o meu estômago roncar. Outro dote sensacional que a minha mãe tinha.

— Deixe, amor, eu amo servir as minhas garotas.

Eu me sentia tão boba e apaixonada pelos meus pais que poderia admirar a interação de ambos por um bom tempo.

— Pode encher o meu prato, papai. — minha mãe fez macarronada, eu adorava.

— Tão pequena, mas com o apetite de um pedreiro. — Piscou um olho, me dando uma porção generosa.

Era proibido ter celulares à mesa, então conversamos sobre como foi o dia de cada um. Depois, juntos, limpamos a cozinha para facilitar o dia seguinte. Nunca acumular serviço era uma regra.

— Finalmente!

Joguei o pano de prato no balcão da pia e, entre risadas e muita alegria, fomos até o nosso cantinho especial, que nada mais era do que um sofá velho e aconchegante.

— Bom, deixe-me ver. — Meu pai foi até o violão preto e começou a dedilhar as cordas. — Está perfeito… — murmurou sorrindo. — Vamos de Scorpions?

— Sim! — minha mãe e eu berramos juntas.

Still loving you… — Suspirei após pedir pela música.

A voz do meu pai era perfeita, rouca, baixa e marcante, qualquer música que ele cantava soava magnífica. Existiam certas músicas que, em sua voz, chegava a arrepiar.

Como se acariciasse as cordas do violão, a melodia surgiu. Delicada, suave e perfeita.

Meu corpo, involuntariamente, balançou. Atenta a cada detalhe, curti o meu momento com os amores da minha vida. Minha mãe fechou olhos, embalada pela voz do marido. Um pequeno e secreto sorriso curvava no cantinho de sua boca. Deus, como era linda.

Tempo, eu preciso de tempo para reconquistar seu amor… —Meu pai cantou baixinho, olhando para a minha mãe, declarando-se para ela. Depois, olhou-me.

Essa música, em especial, falava de um amor prestes a ser perdido, mas que seria reconquistando. Existia dor e intensidade nas palavras.

De algum modo, senti o meu coração apertado.

— Confia no meu amor novamente… — Ele me olhava de um jeito estranho e era como se me dissesse para ser forte.

Senti as lágrimas se formarem em meus olhos e fui tomada pelo amor, mas também pelo medo.

— Eu amo vocês — ele nos disse com a voz embargada assim que terminou de cantar. — Amo com todas as forças do meu coração, vocês são tudo pra mim. É por vocês que eu sou forte e é para vocês que busco forças quando não tenho mais. Obrigado, Maria, por me aceitar. Eu sou o homem mais feliz do mundo por ser seu, por você ter me presenteado com uma filha maravilhosa e um — Minha mãe deu um sorriso choroso.

— Como eu não te aceitaria, Michael? Você me encheu de amor e esperança quando eu estava no fundo do poço. Você me aceitou e nunca desistiu de mim, agradeço por isso todos os dias.

Eles perderam-se nos braços um do outro. O violão descartado.

Mas o que está acontecendo? Por que eu sinto o meu peito apertado? Por que eu sinto medo?

— Meus amores! — meu pai beijou o topo da cabeça da minha mãe, puxando-me para estar junto deles.

Aquele foi um momento de grande emoção. Eu sentia cada gesto como uma entrega silenciosa, era como se meu pai e minha mãe me doassem suas melhores partes. O amor incondicional, a fé, a perseverança, crença na bondade humana e a certeza de que as coisas melhorariam.

noite, eu não consegui dormir. Senti que algo me impedia. Depois de um tempo, uma batida suave na porta me fez sentar.

Era o meu pai.

— Perdeu o sono?

— Sim. — Ele se aproximou.

— O que foi? — acariciou meu cabelo. — Você está sentindo
algo?

Sim eu estava, mas era dentro do peito e eu não sabia descrever. Era medo de perdê-lo, de perder a mamãe e o que tínhamos.

— O senhor vai viver cem anos, não é, pai? — perguntei tentando disfarçar o que me afligia.

— Viverei o tempo que Deus permitir… — Aceitei suas palavras porque era a verdade. Tudo acontece no tempo do Senhor, assim já dizia minha mãe. Eu acreditava nisso.

— Meu beijo de boa noite? — pedi e ele riu.

— Amanhã. Estou barbudo e não quero encostar em sua pele. — Então ele se levantou e caminhou até a porta, parando um momento para dizer:

— Saiba que a força que existe dentro de nós é a nossa fé! Se você acreditar que é capaz, vai conseguir. Por isso nunca, jamais, permita que alguém diga que você não pode ser aquilo que você se dispôs a ser. O mundo está aí para ser desbravado e o medo é o único que nos impede de alcançar o céu. Não tema o voo, minha filha, tema apenas se você não tiver coragem de voar.

— Eu te amo, papai! — murmurei fechando os meus olhos.

Se eu soubesse que aquele seria o meu último beijo, eu o teria recebido. Se eu soubesse que aquela seria a última vez que ouviria a sua voz, eu teria apreciado mais.

Mas não houve tempo.

Foi exatamente aqui, onde tudo começou…


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