O livro “Mulheres que correm com os lobos”, da analista junguiana Clarissa Pinkola Estés, explora como a visão dos lobos nas histórias, inicialmente negativa, reflete o tratamento da natureza instintiva feminina ao longo da história. Na Grécia antiga e em Roma, os lobos eram vistos como companheiros de Artemis e cuidadores de heróis, contrastando com sua representação posterior como criaturas assustadoras nos contos de fada. Estés argumenta que, de forma similar, as mulheres foram domesticadas e reprimidas ao longo do tempo, perdendo sua conexão com seus instintos naturais em favor de padrões culturais impostos. Seu livro, um clássico feminista, revisita 19 mitos e contos, como o do patinho feio e do Barba-Azul, para mostrar como esses arquétipos refletem a supressão das mulheres rebeldes. Estés propõe que a energia vital feminina pode ser recuperada através de uma jornada psicológica de autoconhecimento, resgatando a “loba corajosa” que reside em cada mulher.
Páginas: 576 páginas; Editora: Rocco; Edição: 1 (17 de setembro de 2018); ISBN-10: 853252978X; ISBN-13: 978-8532529787
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Biografia do autor: Clarissa Pinkola Estés, Ph.D., é uma poetisa premiada, analista junguiana sênior diplomada e uma cantadora (guardiã das histórias antigas) na tradição hispânica. Com vinte e cinco anos de prática privada, ela já foi diretora executiva do Centro C. G. Jung de Pesquisa e Educação nos Estados Unidos. Autora de “The Gift of Story” e de uma série de onze volumes de obras de áudio de sucesso publicadas pela Sounds True em Boulder, Colorado, a Dra. Estés lidera a Fundação C. P. Estés Guadalupe, uma organização de direitos humanos que tem como uma de suas missões iniciais a transmissão de histórias fortalecedoras via rádio de ondas curtas para áreas problemáticas ao redor do mundo.
Resenha de “Mulheres Que Correm Com Os Lobos” por Clarissa Pinkola Estés
“Mulheres Que Correm Com Os Lobos”, da autora Clarissa Pinkola Estés, é uma obra profunda e transformadora que mergulha na psique feminina, explorando arquétipos, mitos e histórias ancestrais para revelar a natureza instintiva e selvagem da mulher.
A Jornada da Mulher Selvagem
Através de contos de fadas, lendas e folclore, Estés tece uma narrativa rica em simbolismo, convidando as leitoras a reconectarem-se com sua intuição, criatividade e poder interior. A “mulher selvagem”, como a autora a chama, representa a essência feminina livre e indomável, muitas vezes reprimida pela sociedade.
Explorando Mitos e Arquétipos
O livro explora diversos arquétipos femininos, como La Loba, a Mulher Esqueleto e Vasalisa, a Sábia, cada um representando diferentes facetas da psique feminina. Estés analisa esses arquétipos à luz da psicologia junguiana, oferecendo insights sobre os desafios e as potencialidades da jornada feminina.
Um Chamado ao Despertar
“Mulheres Que Correm Com Os Lobos” é um chamado ao despertar da mulher selvagem interior, um convite para que cada mulher abrace sua força, sua intuição e sua sabedoria ancestral. A obra encoraja a cura de feridas emocionais, a libertação de padrões limitantes e a busca por uma vida mais autêntica e plena.
Um Livro Para Todas as Mulheres
Embora o livro seja voltado para o público feminino, sua mensagem transcende o gênero. Homens também podem se beneficiar da leitura, ao compreenderem melhor a complexidade da psique feminina e a importância de cultivar a intuição e a conexão com a natureza.
Considerações Finais
“Mulheres Que Correm Com Os Lobos” é um livro denso e desafiador, que exige tempo e reflexão. A linguagem poética e a profundidade dos temas abordados podem não agradar a todos os leitores. No entanto, para aqueles que se dispuserem a embarcar nessa jornada, a obra oferece uma experiência transformadora e inspiradora.
Recomendação:
Recomendo “Mulheres Que Correm Com Os Lobos” para todas as mulheres que buscam se reconectar com sua essência selvagem, curar feridas emocionais e viver uma vida mais autêntica e plena. Também é uma leitura valiosa para homens que desejam compreender melhor a psique feminina e cultivar a intuição e a conexão com a natureza.
Leia trecho do livro
A Mulher Selvagem
“A Mulher Selvagem nos abraçará enquanto estivermos chorando. Ela é o Self instintivo. Ela consegue suportar nossos gritos, nossos uivos, nosso desejo de morrer sem morrer. Ela sabe aplicar os melhores remédios nos piores lugares. Ela ficará sussurrando e murmurando nos nossos ouvidos. Ela sentirá dor pela nossa dor. Ela o suportará. Não fugirá. Embora haja cicatrizes inúmeras, é bom lembrar que, em termos de resistência à tração e capacidade de absorver pressão, UMA CICATRIZ É MAIS FORTE DO QUE A PELE”.
“Vamos cantar sua carne de volta aos nossos ossos. Despir quaisquer mantos falsos que tenhamos recebido. Assumir o manto verdadeiro do poder do conhecimento e do instinto. Invadir os terrenos psíquicos que nos pertenceram um dia. Desfraldar as faixas, preparar a cura. Voltemos agora, mulheres selvagens, a uivar, rir e cantar para Aquela que nos ama tanto.”
La Loba
“La Loba canta sobre os ossos e, enquanto ela canta, a carne começa a recobri-los. Nós também “nos tornamos” à medida que derramamos a alma sobre os ossos que encontramos. Enquanto vertemos nossos anseios e nossas mágoas sobre os ossos do que costumávamos ser quando jovens, do que tínhamos conhecimento há séculos, e sobre a aceleração que pressentimos no futuro, ficamos de quatro, inabaláveis. À medida que derramamos a alma, somos revitalizadas.”
Criatividade Feminina
“A criatividade não é um movimento solitário. O que quer que seja tocado por ela e quem quer que a ouça, que a veja, que a sinta, que a conheça serão alimentados.
Ficamos tão vivas que retribuímos distribuindo vida. Produzimos rebentos, florescemos, nos dividimos e nos multiplicamos, impregnamos, incubamos, comunicamos, transmitimos”.
Nós criamos algo pela nossa própria capacidade interna de criar. Como uma fonte que jorra constantemente, ela alimenta um grande rio que flui e escorre pelo terreno da nossa psique. Se o rio está represado, ele não pode fluir. Se o rio está poluído, envenenado, nenhuma vida pode nascer e se sustentar nele.
Portanto, cuide do seu rio, limpe-o se necessário, libere-o de todo lixo tóxico, mantenha-o sempre fluindo livremente e nade em suas águas claras, como uma bênção que a natureza feminina nos deu.
A Mulher-Borboleta: o corpo da mulher selvagem
“No corpo não existe nada que ‘devesse ser’ de algum jeito. A questão não está no tamanho, no formato ou na idade, nem mesmo no fato de ter tudo aos pares, pois algumas pessoas não têm. A questão selvagem está em saber se esse corpo sente, se ele tem um vínculo adequado com o prazer, com o coração, com a alma, com o mundo selvagem. Ele tem alegria, felicidade? Ele consegue ao seu modo se movimentar, dançar, gingar, balançar, investir? É só isso o que importa.
A Mulher Selvagem aparece em muitos tamanhos, formas, cores e condições. Mantenha-se alerta para poder reconhecer a alma selvagem em todos os seus inúmeros disfarces”.