Livro ‘Amor ao Capô’ por J S.S. Russo

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"Meu coração bateu forte, não havia lugar para onde correr, não me julguem, não me considero uma mulher fraca, mas todos temos certos limites e se eu batesse de frente com ele naquele momento eu não estaria aqui para contar essa história... " "Sempre achei que encarar nossos problemas de frente fosse a melhor solução , até encarar aqueles olhos escuros sem nenhuma compaixão..." Sejam bem vindos, eu me chamo Anne Lanski e contarei o que é estar em frente à verdadeira face de um mafioso. As regras estão postas na mesa, obediência e não haverá consequências, siga as instruções e seja uma boa menina, não tente me enfrentar pois irá se machucar, mas você vai abrir mão de sua verdadeira essência ou tentará lutar?...

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CAPÍTULO 1

Sinto os primeiros raios de sol, meus olhos fraquejam ao tentar abrir… bom, ninguém me mandou dormir na sacada do meu quarto, e ainda por cima em uma espreguiçadeira de madeira! Mas, a saudade era tanta deste lugar, não queria perder por nada o nascer do sol, e quando dei por conta tinha caído em um sono profundo.

Fiquei por três anos fora. Três longos anos em um internato para meninas, pois quando completei meus 15 anos papá sentiu que não estava me educando corretamente, e devido a problemas na família, pensou que o melhor era eu estar longe até que conseguisse resolver tudo… não fiquei feliz com a ideia de me ver longe da minha vida, dos meus amigos e até mesmo dos seguranças que ficavam na minha cola. Meu pai é um cara super protetor, ainda mais depois que minha mãe se foi devido a um câncer, quando eu tinha apenas 6 anos. Ela sim, era a mulher mais linda e incrível que eu já conheci.

Nunca vou me esquecer as palavras dela:

– Quando sentir os primeiros raios de sol pela manhã, serei eu te abraçando minha pequena Anne. Para sempre.

Voltei ontem para casa, e aquelas palavras se intensificaram na minha mente. A saudade veio com tudo e eu precisava sentir tanto aquele abraço… por isso quis tanto sentir o calor dos primeiros raios de sol.

Meu pai chega hoje de viagem, negócios e mais negócios, isso é sempre o que mais o ocupa. Ele é o capo da máfia alemã. Fardo pesado. Mas porque chamar de papá então? Minha mãe era italiana, e foi um acordo entre famílias, apesar de ser negócios vantajosos para ambos os lados meus pais se amavam, e meu pai sempre me deixou ser livre, bom, livre não mas comparado a minha prima digamos que pude ter amigas fora da família, e isso era raro.

Meu pai não me falava sobre os negócios… isso perante os mafiosos não é assunto de mulher, mas antes de ir embora para o internato consegui umas informações com o soldado Hans, que era um dos meus guarda-costas. Ele me disse que a Cosa Nostra está atacando a máfia russa, e que meu papá estava sendo pressionado pelos italianos a fazer parte devido ao seu casamento. Porém, com minha mãe morta, alguns capôs interviram falando que não existia mais acordo…

Em meio a tantas coisas que já passei estava feliz por ter voltado, e não via a hora de encontrar meu pai.

Precisava de um banho para acordar. Entrar no meu quarto me fazia lembrar as boas épocas que passei aqui, apesar de ser enorme ele para mim era tão aconchegante. A cama era com dorsal, parecia de época (eu e meus fascínios por objetos antigos). Fui até ela e larguei o cobertor que tinha pego quando fui para a varanda. Que vontade de me deitar mais um pouquinho… mas passo direto, não posso me dar ao luxo de deitar de novo, preciso rever o pessoal da casa. Estranhei Gaia não ter vindo ainda me abraçar, era ela quem colocava a ordem por aqui, mesmo com seus 60 anos e cabelos grisalhos, a energia daquela mulher contagiava.

Vou ao closet e separo um vestido rosa bem clarinho, com caimento na cintura até as minhas coxas, e uma bota preta. Também separo o meu sobretudo do mesmo tom escuro, e vou para o banheiro. Preciso causar uma boa impressão para o papá, pois antes dele me enviar para o internato meu estilo era calça, tênis e moletom, tudo o que fosse confortável. Não que eu tenha parado de usar, mas agora até que me sinto bem usando vestido.

Mesmo olhando para a banheira tentadora… opto por um banho de chuveiro, pois estou muito ansiosa para descer. Uso meu shampoo favorito de erva doce.

Depois de me enxugar, visto minha roupa, e dou a última encarada no espelho, com meus grandes 1,65cm de altura, olhos verdes e cabelos loiros pela cintura não me sinto tão baixinha com minhas botas de salto alto. Desço as escadas e a primeira pessoa que vejo é a minha querida Gaia.

– Gaia, que saudades.
Logo sou recebida por um abraço caloroso.

– Anne você está tão linda minha menina, ou melhor dizendo, está uma moça… nem parece aquele menino que andava pela casa.

Ela sorriu. Gaia não mudou nada, ela sempre foi muito sincera nos termos dela. Italiana nata, veio para cá junto com minha mãe, ela cuidou dela desde que nasceu, e hoje cuida de mim. Para ela, as meninas tinham que brincar de boneca e fazer aula de ballet. Mas eu era o oposto, colocava um fone de ouvido e ia treinar. Amava kickboxing e Muay Thai. Ao invés de andar maquiada pela casa, os joelhos viviam ralados. E com os seguranças em casa eu arrumava sempre urna desculpa para treinar, dizia para o meu pai:

– E se eles não estiverem por perto pra me defender?

O argumento era válido, e ele não tinha como negar. Antony, que era o chefe da segurança de casa, me deu as melhores aulas, não tinha pena se fosse me machucar ele sempre me disse “o inimigo não espera o ataque” e quando eu ia pensar em me defender ele já tinha me atacado.

Acho que foi por isso que aos meus 15 anos papá me mandou conviver com as meninas no internato, pois viu o caminho que a princesinha dele estava tomando…

– Gaia, onde está meu pai? Estou com tantas saudades.

Ela me olhou mais uma vez sorrindo…

– O senhor Miller Lansky está no escritório, acabou de chegar. Antony foi falar sobre a segurança, agora que você chegou, sabe como seu pai é exigente como seu pai é exigente sobre seu bem estar querida.

Ouvir isso não me surpreendeu, mas ao mesmo tempo é irritante. Já fazia três anos que eu tinha esquecido o que era andar com uma sombra.

– Papai não muda mesmo. Gaia me encarou e logo disse: -Ele só quer o seu bem mocinha, agora vá avisar ele que o café está sendo posto na mesa.

Me encaminho até o escritório, tinha me esquecido de como essa casa era enorme.

A porta estava aberta, quando papai me viu abriu um sorriso, fazendo Antony também se virar para ver o que se passava.

– Minha filha você está linda, senti tanto a sua falta… como você cresceu.

– Obrigada pai você também não vai nada mal.

Miller Lansky era um cara bonito, não porque era meu pai. Mas hoje senti que ele estava um pouco abatido, não quis comentar para não ser grossa, mas depois vou querer saber o que está se passando com ele.

Me virei para Antony e o cumprimentei. Ele sim não mudou nada. Moreno, forte com seus 2 metros de altura, era de intimidar qualquer um.

– Antony, já você não mudou nada.

– Obrigado Anne. Lansky vou me retirar e providenciar o esquema de segurança.

Antes que Antony pudesse ir embora me adiantei.

– Pai, vocês acham que realmente precisa de tudo isso? Não sou mais uma menina, posso me virar sozinha. Queria poder sair sem ninguém… minhas amigas não ficam muito à vontade com os seguranças.

Ele me olhou por um instante e achei que fosse ceder.

– Não posso permitir que você fique sem proteção, Anne. Não iria me perdoar se algo acontecesse com você.

Não podia perder a chance e fechar a boca, tinha que ser agora, e como eu sabia usar bem as palavras, respondi…

– Um, apenas um segurança, é o que te peço.

Fiz beicinho e uma carinha de súplica para ver se adiantava

– Tudo bem, mas que este “um” seja Antony.

Senti meu olhar brilhar. Me sentia bem com Antony por perto, porque por mais que ele fosse o segurança da casa ele era meu amigo acima de tudo.

– Obrigada papá, isso significa muito para mim.

E o abracei em agradecimento.

Ele tirou as mãos de mim e disse:

-Agora vamos, Gaia já deve ter posto o café na mesa.

E assim saímos dali para os nossos lugares. O café estava uma delicia, e aquele bolo de cenoura de todas as manhãs que sentia tanta falta, estava divino. Conversei com meu pai por mais umas duas horas. Eram tantas novidades, as meninas que conheci, as amizades que foram feitas… contei a ele até mesmo de uma menina insuportável que gostava de humilhar os outros, e que no fim coloquei ela no seu devido lugar.

– Por falar em amizades, já ligou para Ester? Ele me olhou sondando.

– Não, ainda não avisei para ela que estava voltando, quero fazer uma surpresa. Vou pedir para Antony me levar direto para a casa dela em seguida.

Por fim, me despedi dele e fui para o meu quarto, pegar minha bolsa e dar a última olhada no visual. Gosto da mulher que estou me tornando.

Passei por Gaia e a abracei mais uma vez, dizendo para não me esperar para o almoço. Afinal era muita conversa para colocar em dia com Ester… quero saber tudo o que ela fez na minha ausência. Ela era a irmã que eu nunca tive, e mesmo quando estava longe nos comunicávamos toda a semana. Senti muito a falta dela.


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