Quem governava o Japão em 1945?

História secreta da rendição japonesa de 1945 é o novo volume da Coleção Globo Livros História É impressionante a história do que ocorreu no Japão naquele quente agosto de 1945.  Mitsumasa Yonai,  Soemu Toyoda, Marquês Koichi Kido, Almirante Barão Kantaro Suzuki, Shigenori Togo, Hisatsune Sakomisu, Korechika Anami, Yoshijiro Umezu...

Olhado de fora, o poder no Japão parecia na mão – e era exercido – da maneira seguinte:

Hirohito, o Imperador, tomava a decisão.

A Dieta (o parlamento do Japão) passava legislação.

O Conselho Privado, com membros indicados pelo Imperador em regime vitalício, revia e aprovava leis, tratados e compromissos.

O Supremo Conselho de Direção da Guerra era um órgão de coordenação que, ao lado do Quartel-General Imperial, definia a política de guerra.

Os chefes de Estado-Maior do Exército e da Marinha, e os ministros da Guerra e da Marinha exerciam maior influência na política do que seus correspondentes em países do Ocidente. Estavam entre os doze homens com acesso ilimitado ao Trono.

O primeiro-ministro e seu Gabinete apresentavam projetos de lei e governavam o país.

O jushin, comitê de estadistas sêniors indicados pelo Imperador, o assessorava em assuntos correntes. O jushin eram ex-primeiros ministros e o presidente do Conselho Privado.

O Zaibatsu, os gigantescos cartéis industriais e comerciais, tinham forte influência no governo por intermédio de seus prepostos no parlamento e em órgãos do governo.

Os Guardiões do Palácio: o Lord do Selo Privado, o Grand Chamberlain, o chefe do Gabinete Civil e o chefe dos ajudantes-de ordens eram conselheiros do Imperador.

Mas visto de dentro, por volta de 1945, o poder funcionava da maneira abaixo:

Hirohito, o Imperador, não tinha poder para tomar as reais decisões. Era personagem notável e da maior importância, líder espiritual e moral do Japão. Sua assinatura era exigida – e não podia faltar – em ordens, leis, documentos e compromissos.

O ministro da Guerra, Korechika Anami, e o Chefe do Estado-Maior do Exército, Yoshijiro Umezu, eram os dois homens mais poderosos do Japão. Com seus poderes constitucionais podiam ditar o que o governo devia fazer. Contavam com milhões de veteranos de outras batalhas e com o peso da polícia Kempeitai para apoiar suas exigências.

O Secretário do Gabinete, Hisatsune Sakomisu, não era apenas o administrador da máquina governamental. Era também o principal conselheiro e estrategista político do primeiro-ministro.

O ministro do Exterior Shigenori Togo e seus colegas do Ministério do Exterior viram-se fortemente pressionados. Em 1945, os militares começaram a olhar a diplomacia, que tinham desprezado por quinze anos, para obter o que as armas não vinham conseguindo.

O Gabinete era composto por quinze homens cujo acordo sobre matéria política precisava ser unânime. Essa exigência impraticável paralisou a ação do órgão e quase destruiu o gabinete Suzuki. Decidia sobre matérias que eram levadas ao Conselho Privado para o Imperador apor sua assinatura e as promulgar formalmente.

A Dieta estava moribunda. A oposição silenciara havia muito tempo, e o o Parlamento era convocado para se reunir apenas como forma de atrair a opinião pública para programas que os militares consideravam necessários.

O Lord do Selo Privado, Marquês Koichi Kido, mais íntimo conselheiro do Imperador, aconselhava Hirohito em seus atos e pronunciamentos, decidia quem podia e não podia estar com o Imperador, preservava e usava o prestígio da Casa Imperial e do próprio Imperador. Em 1945 foi a favor da rendição.

O primeiro-ministro Almirante Barão Kantaro Suzuki poderia ter levado o governo a obter mais cedo a paz se tivesse uma liderança mais agressiva e exercido ação política mais determinada.

O Conselho Supremo da Guerra – os “Seis grandes” – era composto pelo primeiro-ministro, os ministros da Guerra, da Marinha e do Exterior, e dos chefes de Estado-Maior do Exército e da Marinha. Esse órgão supraconstitucional tomava as decisões de alto nível sobre a guerra e sobre as negociações para terminá-la. Como reunia os homens mais poderosos do país, suas decisões eram cumpridas.

O ministro da Marinha Mitsumasa Yonai e o Chefe do Estado-Maior da Marinha Soemu Toyoda tinham perdido quase todo o poder ofensivo naval, e sua importância declinara. Ainda assim, tinham acesso direto ao Imperador e milhões de homens armados sob suas ordens.

O Conselho Privado detinha em seu campo a aprovação de todas as leis, tratados, compromissos e pronunciamentos do Imperador. A despeito desses amplos poderes ficou reduzido à tarefa de apenas carimbar documentos.

O zaibatsu fora desmoralizado, suas gigantescas fábricas em grande parte destruídas pelos ininterruptos ataques aéreos inimigos. No fim da guerra, os grandes grupos de empresários tentavam usar o que ainda lhes restava de influência.

*Trecho do livro ‘História secreta da rendição japonesa de 1945: Fim de um império milenar’ de Lester Brooks

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História secreta da rendição japonesa de 1945 é o novo volume da Coleção Globo Livros História É impressionante a história do que ocorreu no Japão naquele quente agosto de 1945. A Segunda Guerra já acabara em maio na Europa com a derrota completa da Alemanha, e tudo levava à certeza mundial de estar selada a derrota japonesa, era só uma questão de tempo. Mas, no Japão, não. Levantou-se o caráter nacional em toda a sua força: “Rendição é pior que a morte. Mais digno de nós é morrermos todos!”. Os fatos narrados nesta obra ficaram ocultos e hoje ainda são praticamente desconhecidos no exterior. As semanas agitadíssimas antes da rendição final japonesa, que marcou o fim do vasto império asiático, estão entre os eventos mais dramáticos da moderna história da humanidade. Contar os detalhes fartamente documentados dessa rendição, assim como analisar o papel desempenhado pelos seus principais atores – dentro e fora do Japão –, é o objetivo deste notável livro de Lester Brooks, a mais completa obra sobre o assunto já editada no Brasil.
Lester Brooks foi jornalista, soldado e diplomata, tendo servido com o general MacArthur nas Filipinas e no Japão durante e depois da Segunda Guerra Mundial. 

Quem governava o Japão em 1945?
História secreta da rendição japonesa de 1945 é o novo volume da Coleção Globo Livros História É impressionante a história do que ocorreu no Japão naquele quente agosto de 1945.  Mitsumasa Yonai,  Soemu Toyoda, Marquês Koichi Kido, Almirante Barão Kantaro Suzuki, Shigenori Togo, Hisatsune Sakomisu, Korechika Anami, Yoshijiro Umezu...
‘História secreta da rendição japonesa de 1945: Fim de um império milenar’ de Lester Brooks

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