Na maioria do tempo, viver é um mico. Um absurdo. É para os fortes. Sendo assim, ninguém pode dizer o que você deve ou não fazer com a sua vida; pode, no máximo, fazer piada dela. E, isso, deixa com a gente. Coaching consiste em pagar pra alguém (que teve muito menos sucesso na vida que você) ficar botando regra nos seus problemas. É quase como contratar uma blogueira pra ficar dando opinião. Já que tem tanta gente fazendo isso, decidimos pegar a nossa experiência de fracasso e dar um pouco de sabedoria para quem não quer mudar de vida radicalmente, nem enriquecer, nem conquistar todos os homens. Este livro é pra quem quer parar de se importar! Porque você precisa viver sem um monte de regras sobre o que é ser feliz. Você não precisa de coach. Você precisa de FODA-SE.
Editora: Outro Planeta; 1ª edição (30 novembro 2019); Páginas: 160 páginas; ISBN-10: 8542218175; ISBN-13: 978-8542218176; ASIN: B07ZHJJQR1
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Biografia do autor: Eduardo Camargo e Filipe Oliveira já trabalharam em muitos empregos com mais desaforo do que salário. Hoje, como criadores do Diva Depressão, um dos maiores canais de entretenimento no YouTube, conseguiram um salário maior, mas o desaforo permanece. Filipe foi operador de telemarketing, daqueles que não têm plano de crescimento dentro da empresa. Já o Edu é praticamente formado em coaching, pois iniciou sua carreira de blogueira ao passar anos trabalhando em uma editora de autoajuda. Em O coach do foda-se, livro que já nasce como best-seller, eles abordam o universo da autoajuda de maneira divertida, irônica e ácida. Afinal, você não tem a menor obrigação de ser vencedora quando deveria estar apenas vivendo. –Este texto se refere à uma edição esgotada ou disponível no momento.
Leia trecho do livro
SUMÁRIO
Introdução quântica
Qual é o seu nome de coach?
Todo mundo trabalha
Diário graticu
Estabeleça metas
Escala Mendigo
Currículo high-stakes
A dinâmica de grupo
Seja o bitcoin
Simpatia quântica
Se nada mais der certo, você pode ser blogueira
“Quem mexeu na minha marmita?”
No ônibus | Que diva você é no transporte público?
Sugar daddy e sugar baby
Não existe gente feia, existe gente pobre com poucos recursos
Saúde só parece bom quando a gente perde
Amar é fácil, difícil é você
Método Rihanna de relacionamentos
Os contos do embuste
Algum critério não ia te fazer mal
Relacionamento é uma forma de investimento
Coach não tem amigo, só networking
Nem tudo que responde WhatsApp é amigo, já dizia o sábio
Coach é a sua mãe
Expanda a sua consciência… para a realidade
A virada dos 30
Como faço para virar coach?
Na internet a gente é diferente
O fracasso é a instituição democrática mais forte do Brasil
Faça uma imersão de #terraplana
Como fazer seu primeiro milhão juntando seu VR
O horóscopo do fida-se
VodkaHealing
O que você vai postar hoje para ganhar biscoito?
O tubarão investidor
Gratitop
O Megazord da família tradicional brasileira
O sucesso é feito de números
Um foda-se final
“Não seja
pau no c*.”
Provérbio chinês
Este livro contém altas doses
de ironia, de sarcasmo e de
humor ácido.
INTRODUÇÃO
QUÂNTICA
A sua avó já dizia que se conselho fosse bom, não era de graça. E daí veio algum empreendedor sem empresa, ouviu esse ditado, teve um insight high-stakes[¹] e adaptou essa ideia, achando que a inovação do século é cobrar conselho. Surge o coaching.
Vivendo nesse zoológico chamado internet, vira e mexe a gente tromba com algum coach. Porque, na internet, o que não falta é alguém pra dizer como você deveria estar fazendo as coisas. E existe coach de todo tipo: financeiro, fitness, evangélico; de sexo, organização, produtividade, relacionamento. Existe coach de criança. Existe coach para fazer dormir, como se não fosse um talento natural de quem escolhe essa carreira. Não dá pra abrir um vídeo sem ser assaltado por alguma propaganda de coaching, pois tudo indica que a gente perdeu o controle da nossa vida. Então, vamos levar a afirmação da sua avó para outro nível: se coaching fosse bom, não cagaria regra na sua vida. Ou o nome seria psicoterapia (a gente ama vocês, psicólogos). A gente fala mesmo!
A gente se sente confortável ao falar mal de tudo de coaching, porque é meio parecido com youtuber e blogueira. É carreira de quem não deu certo na vida. Pergunta para a nossa família. E, acredite, a gente já trabalhou muito em emprego que tinha mais desaforo do que salário. Hoje tem mais salário; permanece o desaforo. O Filipe já foi operador de telemarketing raiz, daqueles que não têm plano de crescimento dentro da empresa. Sabe aquela mocinha da telefonia com quem você, bem descompensada, dá uns gritos porque a sua conta veio toda errada (você pagou, mesmo assim não caiu e agora seu nome tá no Serasa)? Pois é, essa mocinha um dia pode virar youtuber e ser xingada de novo na caixa de comentários. #propósito #missão
Enquanto isso, o Edu já é praticamente formado em coaching porque iniciou sua carreira de blogueira ao passar anos trabalhando em editora de autoajuda. Ele era designer e vivia de fazer capa pra coaches. Fazer anúncio. Fazer campanha. Tudo para ensinar alguém a finalmente conseguir acordar cedo. E não é nada proativo o jeito como eles reagem quando a arte não sai da cor que eles querem. (Refação, aliás, é coisa de pau no c*. Que isso fique registrado.)
A questão que mais revolta quando você vê coach nas redes é que aparecem aqueles stories patrocinados do Instagram pra dizer que na verdade tudo é culpa sua. O país em recessão. Milhões de desempregados. Número 1 em ansiedade no mundo. Você aí com a marmita de arroz com ovo na bolsa, 27 reais pra terminar o mês, e a pessoa fazendo vídeo no Instagram para dizer que ser milionário é só uma questão de mindset, [²] e pedindo para que você compre o cursinho dela pra saber o investimento certo? O boy te enrolando há mais de dois anos, falando que não tá pronto pra namorar, e a coach dizendo que é porque você não mentalizou um jardim de flores de amor com a cara dele no meio de cada rosa? A gente fica é louca com a falta de noção desse povo.
Desde os tempos iniciais do Amiga, deixa de ser trouxa!, a gente recebe muito os problemas das pessoas e se mete na vida delas. Não tem técnica. Não é coaching. Vamos reforçar mais uma vez: a gente não tem formação, autoridade, credibilidade ou sequer moral para falar da vida dos outros. E é por isso mesmo que não custa nada assistir a gente dar conselho no YouTube. ZERO REAL. E é por esse mesmo motivo que este livro é baratinho (mais barato que uma ida ao cinema com pipoca) e você tá lendo encolhida no transporte público, fingindo que é do Dalai Lama. Mas podia ser pior. Podia ser Cinquenta tons de cinza.
Na grande parte do tempo, viver é um mico. Um absurdo. É pros fortes. Sendo assim, ninguém pode cagar regra na sua vida; pode, no máximo, fazer piada dela. E isso, deixa com a gente. Coaching consiste em pagar pra alguém (que teve muito menos sucesso na vida que você) ficar cagando regra nos seus problemas. É quase como contratar uma blogueira pra ficar dando opinião. Já que tem tanta gente fazendo isso, decidimos pegar a nossa experiência de sucesso fracasso e dar um pouco de sabedoria para quem não quer mudar de vida radicalmente, nem enriquecer, nem conquistar todos os homens. Este livro é pra quem quer ficar de boa. Porque você precisa viver sem cagação de regra.
Você não precisa de coach. Você precisa de FODA-SE.
1 Tradução: fumou um e tava bem louco e desesperado.
2 Mindset quer dizer “pensamento”, só que com menos letras, economizando espaço e parecendo mais chique por estar em inglês.