Livro ‘Pão de Açúcar’ por Afonso Reis Cabral

"Pão de Açúcar" de Afonso Reis Cabral narra o assassinato de Gisberta, uma mulher trans brasileira em Portugal. O romance explora a transfobia, marginalização e violência com uma escrita envolvente e sensível.

Porto, Portugal, 2006. Bombeiros resgatam do poço de um prédio abandonado do supermercado Pão de Açúcar o corpo de uma mulher trans brasileira espancada ao longo de vários dias por um grupo de adolescentes. Romance vertiginoso sobre um caso verídico que abalou Portugal, fascinante incursão nas vidas da vítima e dos seus agressores, Pão de Açúcar é uma combinação magistral de fatos e ficção, com personagens reais e imaginárias meticulosamente desenhadas, que vem confirmar o talento e a maturidade literária de Afonso Reis Cabral. “Afonso Reis Cabral atravessou um território minado e sobreviveu com um livro exemplar.” Francisco José Viegas, Correio da Manhã. “É magnífico pensar que a literatura portuguesa está em tão boas mãos.” Pilar del Río, jornalista e escritora, presidente da Fundação José Saramago.

Editora: HarperCollins; 1ª edição (15 janeiro 2021); Páginas: 256 páginas; ISBN-10: 6555110767; ISBN-13: 978-6555110760; ASIN: B08PPV8DBP

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Biografia do autor: Afonso Reis Cabral é um premiado escritor português, nascido em Lisboa em 1990. Publicou seu primeiro livro aos 15 anos e já conquistou importantes prêmios literários, como o Prémio LeYa e o Prémio José Saramago. Sua formação acadêmica e paixão pela literatura o consolidam como um dos autores mais promissores da literatura portuguesa contemporânea.

Resenha:

“Pão de Açúcar” é um romance do escritor português Afonso Reis Cabral, publicado em 2018, que narra a história real e trágica do assassinato de Gisberta Salce Júnior, uma mulher trans brasileira, ocorrida em Portugal em 2006. O livro é um mergulho profundo nas complexidades da identidade, da exclusão social e da violência.

Enredo

A narrativa de “Pão de Açúcar” centra-se em Gisberta, que é brutalmente assassinada por um grupo de jovens enquanto vivia em condições de extrema vulnerabilidade. A trama se desenrola a partir dos diferentes pontos de vista dos envolvidos, incluindo os agressores e aqueles que observam de fora. Cabral não só reconstrói o crime, mas também expõe a vida de Gisberta, revelando as dificuldades enfrentadas por uma mulher trans imigrante, vivendo nas margens da sociedade.

Personagens

Os personagens são complexos e multifacetados. Gisberta é retratada com profundidade, uma mulher lutando pela sua identidade e sobrevivência em um mundo hostil. Os jovens que a assassinaram são apresentados com nuances, não apenas como monstros, mas como produtos de um ambiente social que falha em oferecer empatia e compreensão. Este retrato humaniza a tragédia e provoca uma reflexão sobre a sociedade que permite tais atos de violência.

Temas

“Pão de Açúcar” aborda temas cruciais como a transfobia, a marginalização social, a violência de gênero e a imigração. Afonso Reis Cabral utiliza a narrativa para explorar como a sociedade contribui para a exclusão e o sofrimento de indivíduos que não se encaixam nas normas tradicionais. A violência contra Gisberta é um ponto de partida para uma análise mais ampla sobre a falta de proteção e apoio para as minorias.

Estilo

O estilo de escrita de Cabral é envolvente e poético, mesmo ao lidar com temas tão brutais. Ele combina uma narrativa rica em detalhes com uma sensibilidade que permite ao leitor sentir a profundidade do sofrimento e da humanidade dos personagens. A estrutura do romance, que alterna entre diferentes pontos de vista, oferece uma perspectiva completa e multifacetada dos eventos.

Reflexão

“Pão de Açúcar” é uma obra poderosa que desafia os leitores a confrontarem suas próprias percepções e preconceitos. Afonso Reis Cabral não oferece respostas fáceis, mas sim um convite para a reflexão sobre como a sociedade trata aqueles que são diferentes. O romance destaca a necessidade urgente de empatia e de reformas sociais para proteger os mais vulneráveis.

Conclusão

“Pão de Açúcar” é uma leitura essencial para quem deseja entender as complexidades da violência social e da exclusão. Afonso Reis Cabral criou uma obra que é ao mesmo tempo dolorosa e bonita, uma homenagem à memória de Gisberta e um apelo por uma sociedade mais justa e inclusiva. É um livro que ressoa profundamente, deixando uma marca duradoura no leitor.


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