Best-seller do New York Times. Lançado simultaneamente em vinte países. Um relato sobre a corrupção e a hipocrisia no coração do Vaticano. “Por trás da rigidez há sempre qualquer coisa escondida: em numerosos casos, uma vida dupla.” Ao pronunciar estas palavras, o papa Francisco tornou público um segredo que esta investigação vertiginosa explora, pela primeira vez, com grande detalhe. No armário do Vaticano expõe a decadência no coração do Vaticano e na Igreja Católica atual. Um trabalho brilhante baseado em quatro anos de pesquisas rigorosas, que inclui entrevistas com dezenas de cardeais e encontros com centenas de bispos e padres. O celibato dos padres, a condenação do uso de contraceptivos, os inúmeros casos de abuso sexual...
Capa comum: 504 páginas Editora: Objetiva; Edição: 1 (5 de julho de 2019) Idioma: Português ISBN-10: 8547000860 ISBN-13: 978-8547000868 Dimensões do produto: 23 x 15,6 x 2,8 cm Peso de envio: 299 g
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Nota do autor e dos editores
No armário do Vaticano foi publicado simultaneamente em oito línguas e vinte países pelas seguintes editoras e grupos editoriais: Robert Laffont, na França; Feltrinelli, na Itália; Bloomsbury, no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Austrália. Foi publicado também pela Agora, na Polônia; pela Roca Editorial, na Espanha e na América Latina; pela Balans, na Holanda e na Romênia; e pela Sextante Editora, em Portugal. Na França, onde o livro foi publicado com o título Sodoma, o editor foi Jean-Luc Barré.
Este livro baseia-se em um grande número de fontes. Durante a pesquisa, que durou mais de quatro anos, foram ouvidas mais de 1500 pessoas, no Vaticano e em trinta países: entre elas, 41 cardeais, 52 bispos e monsignori, 45 núncios apostólicos e embaixadores estrangeiros e mais de duzentos padres e seminaristas. Todas as entrevistas foram realizadas pessoalmente, nenhuma por telefone ou e-mail. A essas fontes de primeira mão se junta uma vasta bibliografia com mais de mil referências, livros e artigos. Além disso, as pesquisas realizadas para este livro nesses trinta países mobilizaram uma equipe de oitenta investigadores, correspondentes, conselheiros, intermediários e tradutores.
Todas as fontes, as notas, a bibliografia, a equipe de pesquisadores e três capítulos inéditos, longos demais para figurarem aqui, encontram-se reunidos em um documento de trezentas páginas disponível para consulta on-line em: (conteúdo em francês e inglês); serão publicadas também atualizações com o hashtag #sodoma na página de Facebook do autor: @fredericmartel; na conta do Instagram: @martelfrederic e no Twitter: @martelf.
Prólogo
— É membro da paróquia — sussurrou o prelado, ao ouvido, num tom conspirador.
O primeiro a usar uma mensagem cifrada comigo foi um arcebispo da Cúria Romana.
— Sabe, é muito praticante. É membro da paróquia — insiste em voz baixa, falando dos hábitos de um célebre cardeal do Vaticano, antigo ministro de João Paulo II, que conhecemos bem, tanto ele como eu. Antes de acrescentar: — E, se lhe contasse o que sei, você não ia acreditar.
E, é claro, falou.
Vamos nos deparar várias vezes, neste livro, com esse arcebispo, o primeiro de uma longa lista de padres que me descreveram a realidade que eu pressentia, mas que muitos tomarão como ficção. Um conto de fadas.
— O problema é que, se eu disser a verdade sobre o “armário” e as amizades particulares no Vaticano, ninguém vai acreditar. Dirão que é inventado, porque, aqui, a realidade ultrapassa a ficção — revelou um padre franciscano que trabalha e também mora no interior do Vaticano há mais de trinta anos.
No entanto, foram muitos os que descreveram a mim esse “armário”. Alguns ficaram inquietos em relação ao que eu ia divulgar. Outros revelaram os segredos aos sussurros e, depois, em voz alta, os escândalos. Outros ainda se mostravam loquazes, bastante loquazes, como se tivessem esperado por muitos anos para sair do silêncio. Mais de quarenta cardeais e centenas de bispos, de monsignori, padres e núncios (os embaixadores do papa) aceitaram se encontrar comigo. Entre eles, alguns homossexuais assumidos, presentes todos os dias no Vaticano, fizeram com que eu me aprofundasse no seu mundo de iniciados.
Segredos de polichinelo? Boatos? Difamações? Sou como são Tomé: preciso ver para crer. Assim, precisei fazer uma longa investigação e viver em imersão na Igreja; me hospedei em Roma, uma semana por mês, morando regularmente no interior do Vaticano graças à hospitalidade de altos prelados que, por vezes, também se revelavam membros “da paróquia”. E, em seguida, viajei por mais de trinta países, entre os cleros da América Latina, da Ásia, dos Estados Unidos e do Médio Oriente, e recolhi mais de mil testemunhos. Durante essa longa investigação, passei aproximadamente 150 noites por ano fazendo reportagens fora de casa, fora de Paris.
Durante esses quatro anos de pesquisa e abordagem a cardeais e padres, por vezes inacessíveis, nunca escondi a minha identidade de escritor, jornalista e investigador. Todas as entrevistas foram realizadas com o meu nome verdadeiro, e bastava aos meus interlocutores que fizessem uma breve pesquisa no Google, na Wikipédia, no Facebook ou no Twitter para que conhecessem os pormenores da minha biografia de escritor e repórter. Com frequência, esses prelados, pequenos e grandes, tentaram me seduzir recatadamente, e alguns deles, muito pouco constrangidos, ativa ou mais intensamente. Faz parte dos riscos da profissão!
Por que é que esses homens, habituados a manter o silêncio, aceitaram quebrar a omertà? É um dos mistérios deste livro e a sua razão de ser.
O que me disseram foi durante muitos anos indizível. Uma obra como esta dificilmente seria publicável há vinte anos ou mesmo apenas há dez. Durante muito tempo, os caminhos do Senhor permaneceram, se assim for permitido dizer, impenetráveis. Atualmente são menos, porque a renúncia de Bento XVI e a vontade de reforma do papa Francisco contribuíram para libertar a palavra. As redes sociais, a maior ousadia da imprensa e os inúmeros escândalos de “costumes” eclesiásticos tornaram possível, e necessário, revelar esse segredo nos dias de hoje. Como tal, este livro não aponta para a Igreja em geral, mas um “gênero” particular da comunidade gay; conta a história do componente majoritário do Colégio Cardinalício e do Vaticano.
Muitos cardeais e prelados que oficiam a Cúria Romana, a maioria dos que se reúnem em conclave sob os afrescos da Capela Sistina, pintada por Michelangelo — uma das cenas mais imponentes da cultura gay, povoada de corpos viris, rodeados pelos Ignudi, esses robustos efebos desnudados —, dividem as mesmas “inclinações”. Parecem uma “família”. Usando uma referência mais disco queen, um padre confessou: “We are family!”.
A maioria dos monsignori que usou da palavra na varanda da loggia de São Pedro, entre o pontificado de Paulo vi e o de Francisco, para anunciar tristemente a morte do papa ou para proferir, com uma franca alegria, Habemus papam!, tem um mesmo segredo em comum. È bianca!
Sejam eles praticantes, homossexuais, iniciados, não héteros, mundanos, versáteis, em dúvida, enrustidos ou estejam simplesmente no armário, o mundo que descubro, com as suas cinquenta sombras de gay, está além do entendimento. A história íntima desses homens, que projetam uma imagem de piedade, em público, e levam outra vida privada, tão diferentes entre si, é uma meada difícil de desemaranhar. As aparências de uma instituição talvez nunca tenham sido tão enganadoras, e também enganadoras são as profissões de fé sobre o celibato e os votos de castidade, que escondem uma realidade totalmente diferente.
O segredo mais bem guardado do Vaticano não é segredo para o papa Francisco, que conhece a sua “paróquia”. Quando da sua chegada em Roma, compreendeu que precisava lidar com uma corporação bastante extraordinária no seu gênero e que não está limitada — como se julgou durante muito tempo — a algumas ovelhas negras. Trata-se de um sistema; e de um rebanho bem vasto. Quantos são? Não importa. Afirmemos apenas: representam a maioria.
De início, é claro, o papa foi surpreendido com a dimensão dessa “colônia maledicente”, com as suas “qualidades encantadoras” e os seus “defeitos insuportáveis”, de que fala o escritor francês Marcel Proust no seu célebre Sodoma e Gomorra. Mas o que é insuportável para Francisco não é tanto a homossexualidade tão disseminada, mas a hipocrisia vertiginosa dos que pregam uma moral estreita e ao mesmo tempo têm um companheiro, aventuras e, por vezes, acompanhantes pagos. Eis a razão pela qual ele fustiga sem descanso os falsos devotos, os santarrões, os falsos beatos. Francisco denunciou repetidas vezes, nas suas homilias matinais na Casa Santa Marta, essa duplicidade, essa esquizofrenia. A sua frase merece ser posta em destaque neste livro: “Por trás da rigidez, há sempre alguma coisa escondida; em inúmeros casos, uma vida dupla”.
Vida dupla? As palavras foram proferidas e, dessa vez, a testemunha é irrefutável. Francisco repetiu com frequência essas críticas a propósito da Cúria Romana: apontou com o dedo os “hipócritas” que levam “vidas escondidas e amiúde dissolutas”; aqueles que “maquiam a alma e vivem de maquiagem”; a “mentira” erigida sistematicamente que provoca “muita dor, a hipocrisia provoca muita dor: é uma maneira de viver”. Façam o que eu digo, mas não o que eu faço!
Será necessário dizer que Francisco conhece aqueles a quem se dirige desse modo sem nomeá-los: cardeais, mestres de cerimônias papais, antigos secretários de Estado, substitutos, minutadores ou camerlengos. Na maioria dos casos, não se trata apenas de uma orientação difusa, de certa fluidez, de homossexualidade ou de “tendências”, como se dizia na época, nem sequer de sexualidade reprimida ou sublimada, todas elas também frequentes na Igreja de Roma. Muitos desses cardeais que “não amaram mulheres, apesar de cheios de sangue!”, como disse Rimbaud, são praticantes. Quantas voltas dou para dizer coisas tão simples! Que, ontem tão chocantes, são hoje tão banais!
Praticantes, certamente, mas ainda “no armário”. É inútil apresentar aqui aquele cardeal que aparece em público na varanda da loggia e que foi apanhado num escândalo, rapidamente abafado, de prostituição; ou um cardeal francês que teve, durante muito tempo, um amante anglicano na Europa; ou ainda aquele que, durante a juventude, foi desfiando aventuras como uma freira desfia as contas do seu rosário; sem me esquecer daqueles que encontrei nos palácios do Vaticano e que me apresentaram o seu companheiro como o seu assistente, o seu minutador, o seu substituto, o seu motorista, o seu criado de quarto, o seu factótum ou até o seu guarda-costas!
O Vaticano tem uma comunidade homossexual que está entre as maiores do mundo, e duvido que mesmo no Castro, o bairro gay tão emblemático de San Francisco, hoje em dia mais misturado, haja tantos homossexuais!
No caso dos cardeais mais velhos, esse segredo deve ser procurado no passado: a juventude tempestuosa e os anos de libertinagem antes da libertação gay explicam a vida dupla e a homofobia à antiga. Ao longo da minha investigação, tive frequentemente a impressão de voltar no tempo e me ver nas décadas de 1930 ou 1950, que desconheço, com aquela mentalidade dicotômica de povo eleito e povo maldito, o que fez dizer a um dos padres com quem me encontrei frequentemente: “Benvenuto a Sodoma!”
Não sou o primeiro a evocar esse fenômeno. Vários jornalistas já revelaram escândalos e casos no cerne da Cúria Romana, mas o tema da minha obra não é esse. Ao contrário desses vaticanistas, que denunciam “desvios” individuais, mas ocultam o “sistema”, é preferível nos preocuparmos menos com os casos desagradáveis do que com a vida dupla muito banal da maioria dos dignitários da Igreja. Deixando de lado as exceções e centrando-nos no sistema e no modelo (the pattern, como dizem os sociólogos americanos). Nos pormenores, certamente, mas também nas grandes leis — e haverá, como veremos, catorze regras gerais neste livro. O tema é a sociedade íntima dos padres, a sua fragilidade e o seu sofrimento ligado ao celibato forçado transformados em sistema. Não se trata, portanto, de julgar esses homossexuais, mesmo quando ainda se encontram no armário — gosto bastante deles! —, mas sim de compreender o seu segredo e o seu modo de vida coletivo. O que está em questão não é denunciar esses homens nem expor sua orientação sexual em vida. O meu projeto não é o de naming and shaming — denúncia e divulgação —, prática americana que consiste em tornar públicos os nomes para expor as pessoas. Que fique bem claro que, para mim, um padre ou um cardeal não deve ter a menor vergonha de ser homossexual; penso mesmo que deveria ser um estatuto social possível entre outros.
Todavia, impõe-se a necessidade de trazer a público um sistema construído simultaneamente, desde os menores seminários até o santo dos santos — o Colégio Cardinalício —, sobre a vida dupla homossexual e a mais vertiginosa homofobia. Cinquenta anos depois de Stonewall, a revolução gay nos Estados Unidos, o Vaticano é o último bastião a se libertar. A partir de agora, muitos católicos deduzem essa mentira, mesmo antes de ler as descrições deste livro.
Sem esta base de leitura, a história recente do Vaticano e da Igreja romana fica opaca. Ao ignorarmos a dimensão largamente homossexual, nos privamos de uma das principais chaves de compreensão da maior parte dos fatos que há várias décadas tem manchado a história da santa sé: as motivações secretas que incentivaram Paulo vi a ratificar a proibição dos métodos contraceptivos artificiais, o repúdio ao preservativo e a obrigação estrita do celibato dos padres; a guerra contra a “teologia da libertação”; os escândalos do banco do Vaticano na época do célebre arcebispo Marcinkus, também ele homossexual; a decisão de proibir o preservativo como meio de luta contra a aids, no preciso momento em que a doença faria mais de 35 milhões de mortos; os casos VatiLeaks i e ii; a misoginia recorrente, e com frequência insondável, de inúmeros cardeais e bispos; a renúncia de Bento xvi; a guerra atual contra o papa Francisco… Em cada uma dessas vezes, a homossexualidade desempenha um papel central que muitos supõem, mas que nunca foi contado abertamente.
A dimensão gay não explica tudo, é claro, mas é uma questão decisiva para quem deseja compreender o Vaticano e as suas posturas morais. Podemos partir também da hipótese, embora não seja esse o tema deste livro, de que a homossexualidade feminina é um ponto importante para compreender a vida dos conventos, das religiosas em clausura ou não, das irmãs e das freiras. Por fim — infelizmente —, a homossexualidade é também uma das explicações do encobrimento institucionalizado de crimes e delitos sexuais que hoje em dia chegam a dezenas de milhares. Por quê? Como? Porque a “cultura do segredo” que era necessária para manter o silêncio sobre a forte ascendência da homossexualidade na Igreja permitiu que os abusos sexuais fossem escondidos e os predadores se beneficiassem, sem o conhecimento da instituição, desse sistema de proteção — embora a pedofilia também não seja o tema deste livro.
“Quantas máculas na Igreja”, disse o cardeal Ratzinger, que também descobriu a dimensão do “armário” num relatório secreto de três cardeais, cujo conteúdo foi descrito a mim e que constituiu uma das principais razões da sua renúncia. Esse relatório mencionaria menos a existência de um “lobby gay”, como foi dito, do que a onipresença dos homossexuais no Vaticano, as chantagens, os assédios erigidos em sistema. Existe realmente, como diria Hamlet, algo de podre no reino do Vaticano.
A sociologia homossexual do catolicismo também permite explicar outra realidade: o fim das vocações. Durante muito tempo, como veremos, jovens italianos que descobriam que eram homossexuais, ou que tinham dúvidas quanto à própria orientação sexual, escolhiam o sacerdócio. Assim, esses párias tornavam-se iniciados e transformavam uma fraqueza em força. Com a libertação homossexual da década de 1970 e a socialização gay nos anos 1980, as vocações católicas secaram naturalmente. Hoje em dia, um adolescente gay tem outras opções, além da ordenação, mesmo na Itália. O fim das vocações tem múltiplas causas, mas a revolução homossexual é, paradoxalmente, uma de suas principais forças motrizes.
Essa matriz explica, por fim, a guerra contra Francisco. Nesse caso, para compreendermos, precisamos ser contraintuitivos. O papa latino-americano foi o primeiro a utilizar a palavra “gay” — e não apenas homossexual —, e podemos considerá-lo, se o compararmos com os seus antecessores, o mais gay-friendly dos sumos pontífices modernos. Houve palavras cuidadosamente escolhidas sobre a homossexualidade: “Quem sou eu para julgar?”. E podemos presumir que esse papa não tem nem as tendências nem a inclinação que foram atribuídas a quatro dos seus predecessores recentes. No entanto, em virtude precisamente do seu pretenso liberalismo quanto às questões de moral sexual, Francisco é alvo, hoje, de uma violenta campanha iniciada pelos cardeais conservadores que são muito homofóbicos — e, em sua maioria, secretamente homossexuais.
De algum modo, o mundo está do avesso! Podemos dizer até que haja uma regra tácita que se verifica quase sempre neste livro: quanto mais homofóbico é um prelado, mais provável que seja homossexual. Esses conservadores, tradicionalistas, esses dubia são, em muitos casos, os famosos “intransigentes que levam uma vida dupla” de que Francisco fala com tanta frequência.
“O carnaval acabou”, teria dito o papa ao seu mestre de cerimônias no exato momento da sua eleição. Em seguida, o argentino veio abalar os joguinhos de conivência e de fraternidade homossexuais que se desenvolveram às escondidas desde Paulo vi, ampliaram-se sob João Paulo ii, antes de se tornarem ingovernáveis sob Bento XVI, precipitando possivelmente a sua queda. Com o ego tranquilo e a relação serena com a sexualidade, Francisco destoa. Não é da paróquia!
O papa e os seus teólogos liberais se deram conta de que o celibato dos padres havia falhado? Que se tratava de uma ficção que quase nunca corresponde à realidade? Adivinharam que a batalha lançada pelo Vaticano de João Paulo II e Bento XVI contra os gays já seria uma guerra perdida? E que agora se virava contra a Igreja à medida que cada um tomava conhecimento das reais motivações: uma guerra maquinada por homossexuais dentro do armário contra gays assumidos! Uma guerra entre gays, em suma.
Isolado nessa sociedade maledicente, Francisco está, no entanto, bem informado. Seus assistentes, colaboradores mais próximos, mestres de cerimônias e peritos em liturgia, teólogos e cardeais, de grupos em que os gays também são a maioria, sabem que no Vaticano a homossexualidade inclui tanto muitos dos chamados quanto muitos dos escolhidos. Eles de fato sugerem, quando questionados, que a Igreja se tornou sociologicamente homossexual ao proibir que os padres se casassem; e que, ao impor uma privação que vai contra as leis da natureza e uma cultura do segredo, é responsável, em parte, pelas dezenas de milhares de casos de abusos sexuais que a corroem por dentro.
Sabem também que o desejo sexual, e principalmente o desejo homossexual, é um dos principais motores e motivos que fazem a roda girar na vida do Vaticano.
Francisco tem consciência de que deve fazer as posições da Igreja evoluírem e que só conseguirá fazer isso pagando o preço de uma luta sem tréguas contra todos os que utilizam a moral sexual e a homofobia para esconder as próprias hipocrisias e a vida dupla. Mas aí está: esses homossexuais escondidos são na maioria poderosos e influentes e, no caso dos mais “intransigentes”, muito ruidosos em suas posições homofóbicas.
Eis o papa: ameaçado, atacado por todos os lados e geralmente criticado. Francisco, dizem, está “entre os lobos”.
Isso não é exatamente verdade: ele encontra-se entre as malucas.
fim da amostra…
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