PRECISAMOS DE UM MILAGRE DE DEUS PARA ENTENDER A BÍBLIA? Deus escreveu um livro e as páginas deste livro estão cheias de sua glória. Mas não conseguimos perceber esta beleza gloriosa através de nossos olhos humanos, por nosso próprio esforço. Neste livro, John Piper nos mostra que na simples leitura da Bíblia, algo miraculoso pode acontecer: nós ganhamos olhos que conseguem contemplar a glória do Deus vivo e verdadeiro.
Páginas: 544 páginas; Editora: Fiel; Edição: 1ª (17 de abril de 2018); ISBN-10: 8581324509; ISBN-13: 978-8581324500; ASIN: B08VF8JGW4
Leia trecho do livro
“Poucos livros devem ser recomendados tanto para leitores iniciantes quanto para leitores maduros da Bíblia. No entanto, este é um deles. Com exposições breves e acuradas de versículos frequentemente ignorados, John Piper explica por que devemos ler a Bíblia, a obra do Espírito em nossa leitura bíblica, as capacidades e os hábitos fundamentais de leitura bíblica fiel. Não posso deixar de pensar que todo cristão sério se beneficiará da leitura deste livro.”
D. A. Carson, professor de pesquisa
Novo Testamento, Trinity Evangelical Divinity School;
cofundador, The Gospel Coalition
“Excelente. Profundo. Lendo a Bíblia de Modo Sobrenatural guiará o leitor à adoração fascinada e admirada com o plano divino para a Palavra de Deus, como instrumento para magnificar sua glória incomparável. Ver e provar o Deus das Escrituras é um chamado extraordinariamente elevado que todo crente deve seguir; e nenhum outro homem pode nos levar à realização deste chamado como John Piper. Este livro, escrito em linguagem acessível e profundo em conteúdo, é muito mais do que um manual ou um guia de estudo das Escrituras. Em vez disso, é um convite à experiência que Deus planejou que tenhamos com sua Palavra — uma experiência que é dependente do Espírito, edificante da fé e instigadora de adoração.”
Louie Giglio, pastor, Passion City Church, Atlanta;
fundador, Passion Conferences; autor, The Comeback
“Tenho lido a Bíblia todos os dias por trinta e cinco anos. Este livro mudou meu ânimo, motivos e satisfação. Duvido que lerei as Escrituras da mesma maneira outra vez. Anseio por tempos mais profundos e mais maravilhosos em que ficarei sozinho com a Palavra, nos dias por vir. Esta obra é uma leitura imprescindível para todos que desejam levar a sério o estudo da Bíblia.”
Francis Chan, autor best-seller, Crazy Love e Forgotten God
“O tema aparentemente comum de ler a Bíblia nos introduz em um mundo de graça sobrenatural para pecadores. Com referência constante às Escrituras Sagradas, John Piper nos mostra como acautelar-nos do fermento dos fariseus e ler pela luz de Cristo. Todavia, Piper não nos recomenda misticismo passivo, e sim estudo diligente no melhor dos livros; ele é metódico, prático e completamente envolvente. Leia-o.”
Joel R Beeke, presidente,
Puritan Reformed Theological Seminary
“Lendo a Bíblia de Modo Sobrenatural nos lembra por que não podemos descansar enquanto cada pessoa na terra não tiver acesso à Bíblia em sua própria língua. Tribos, línguas, povos e nações estão perecendo sem acesso a (ou oportunidade de conhecer) este Deus glorioso por meio deste livro glorioso. John Piper fomenta a urgência de nosso chamado como igreja de Jesus Cristo para aprofundar nossa apreciação pela Palavra que Deus usa para um objetivo missionário — sua glória eterna e mundial.”
Michael Oh, diretor executivo global, Movimento Lausanne
“Lendo a Bíblia de Modo Sobrenatural é um alerta franco e convincente para aqueles que leem a Bíblia de maneira passiva, resistente, mecânica e indiferente (o que todos nós somos em um momento ou outro), para nos tornarmos escavadores ávidos, dispostos, inquiridores e diligentemente observantes do tesouro que há no texto —com plena expectativa de que Deus nos leve da morte para a vida, da insensatez para a sabedoria, do desespero condenatório para a gloriosa esperança por meio de sua Palavra.”
Nancy Guthrie, professora de Bíblia; autora da série de estudos bíblicos
Seeing Jesus in the Old Testament
“Se você desconecta a Bíblia da glória de Deus, perde sua compreensão de ambas. Que coisas terríveis ouvimos as pessoas dizerem sobre estes dois temas, quando entendidos isoladamente. John Piper os une e expõe uma admiravelmente elevada doutrina da Escritura, associada com uma doutrina intimamente experiencial da glória de Deus. Ler a Bíblia de modo sobrenatural não é apenas uma das atividades proveitosas que constituem a vida cristã. Mantido no contexto apropriado, visto na perspectiva plena e aceito em reconhecimento vívido da voz do Deus trino, ler a Bíblia é o ato central da existência cristã. Este livro, um tipo de explanação ampliada e hedonista do Salmo 119, é um convite ao milagre da leitura bíblica.”
Fred Sanders, professor de teologia,
Torrey Honors Institute, Biola University;
autor, The Deep Things of God: How the Trinity Changes Everything
“Nenhum outro livro me inspirou tanta expectativa por aproximar-me da Bíblia quanto Lendo a Bíblia de Modo Sobrenatural. Leia este livro por sua conta e risco, porque ele inflamará sua vida devocional. Você se verá procurando o tesouro da Bíblia, examinando com atenção cada passagem, orando e confiando que Deus mesmo abrirá seus olhos para ver e provar a glória dele. Não permita que o tamanho deste livro o engane; ele é claro, acessível e inspirador. De fato, é o livro mais prático, empolgante e motivador que já li sobre ler a Bíblia. Leia-o. Aplique-o. Prove-o. Este livro transformará sua maneira de lidar com a Palavra de Deus.”
Vaneetha Rendall Risner, autora,
The Scars That Have Shaped Me
“Depois de haverem lido esta obra, os leitores não se voltarão para a Escritura de maneira desatenta e indiferente, e sim com um apetite renovado e estimulado por encontrarem-se com o Deus de glória que a inspirou e que pode ser achado e desfrutado novamente por meio das páginas da Escritura. O próprio apetite Saciável de John Piper por comunhão com Deus fala de maneira inspiradora.”
Terry Virgo, fundador, Newfrontiers
A
todos que me ajudaram a ver
a luz da glória de Deus na Escritura,
um legado de iluminação compartilhada
SUMÁRIO
Prefácio
Introdução
O Alvo Supremo de Ler a Bíblia
Introdução à Parte 1 A Proposta
Lendo a Bíblia com Vistas ao Alvo Supremo de Deus
Lendo a Biblia com Vistas à Adoração Fervorosa
Lendo para Ver Dignidade e Beleza Supremas, Parte 1
Lendo para Ver Dignidade e Beleza Supremas, Parte 2
Lendo para Ver Dignidade e Beleza Supremas, Parte 3
Lendo para desfrutar a excelência de Deus, Parte 1
Lendo para Desfrutar a Excelência de Deus,Parte 2
Lendo para Ser Transformado, Parte 1
Lendo para Ser Transformado, Parte 2
Lendo com Vistas à Consumação
O Ato Sobrenatural de Ler a Bíblia Introdução à Parte 2
A Necessidade e a Possibilidade de Ler a Bíblia de Modo Sobrenatural
Por que os Fariseus Não Podiam Ler
Descrições do Novo Testamento de Ler a Bíblia como um Ato Sobrenatural
O Ato Natural de Ler a Bíblia de Modo Sobrenatural
Introdução à Parte 3
O Lugar Indispensável da Oração em Ler a Bíblia de Modo Sobrenatural: Ver, Desfrutar e Amar com um Coração Não Dividido
Lendo a Bíblia pela Fé nas Promessas de Deus
Lendo a Bíblia pela Fé nas Promessas de Deus para nos Instruir
O Alvo Comum da Leitura: o Significado de Significado
O Alvo Comum da Leitura: Cinco Razões para Definir Significado como Aquilo que o Autor Tencionava
O Alvo Comum daLeitura: A Intenção de Deus por Meio da Intenção do Homem
O Poder da Paciência e da Atenção Persistente
Leitura Ativa Significa Fazer Perguntas
Fazendo Perguntas sobre Palavras e Expressões
Questionando o Texto sobre Paradoxos, Deleites e Uma Vida Transformada
Conclusão
Arqueamento
Agradecimentos
Entender espiritualmente a Escritura é ter os olhos da mente abertos; é contemplar a maravilhosa excelência espiritual das coisas gloriosas contidas no verdadeiro significado da Escritura — e que sempre estiveram contidas ali, desde que foi escrita. É contemplar as agradáveis e brilhantes manifestações das perfeições divinas e da excelência e suficiência de Cristo. É contemplar a excelência e a conveniência do caminho de salvação por meio de Cristo, a glória espiritual dos preceitos e das promessas da Escritura, etc. Essas coisas estão e sempre estiveram na Bíblia; e, não fora por causa de cegueira, teriam sido vistas antes, sem terem qualquer sentido novo acrescentado a elas, pelas palavras enviadas por Deus a uma pessoa específica e faladas de novo para a tal pessoa com um novo significado.’
JONATHAN EDWARDS
1 Jonathan Edwards, Religious Affections, ed. John E. Smith e Harry S. Stout, rev. ed., vol. 2, The Works of Jonathan Edwards (New Haven, CT: Yale University Press, 2009), 281.
Prefácio
Escrever um livro na esperança de ajudar outras pessoas a verem mais de Deus nas Escrituras cristãs é reconhecer que Deus tem o propósito de que um leitor de sua Palavra a entenda e a desfrute com a ajuda de outros. Escrever livros, ensinar lições, pregar sermões, criar filhos “na admoestação do Senhor” — todas estas atitudes implicam que Deus planejou que entendamos a Bíblia com a ajuda de mestres humanos. Outra maneira de dizer isso é que Deus revela mais de si mesmo por sua Palavra quando a lemos em comunidade do que o faz quando a lemos isoladamente.
O Novo Testamento mostra que Jesus Cristo dá mestres à sua igreja “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.11-12). Esses mestres não tomam o lugar da Bíblia como a Palavra de Deus inspirada. Eles nos ajudam a entendê-la. De fato, o alvo dos mestres humanos é ajudar todos os crentes a crescerem até ao ponto de serem mestres — não necessariamente em uma função oficial, mas, pelo menos, tendo a capacidade de usar a Palavra de Deus tanto para si mesmos quanto para os outros.
Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança (Hb 5.12-13).
Portanto, vejo a mim mesmo e a este livro como uma pequena parte na insondável e complexa fonte divina de influências que formam a comunidade cristã de descoberta e iluminação. Consequentemente, nada neste livro deve ser entendido como significando que seu alvo é produzir leitores isolados da Bíblia. É uma pedra jogada num mar de pessoas. Seu efeito ondulatório, se houver algum, fluirá pelos relacionamentos. O alvo deste livro é ser parte do propósito global de Deus para criar uma noiva belíssima para seu Filho — a “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga… santa e sem defeito” (Ef 5.27). A beleza dessa noiva está na maneira humilde, santa, feliz e amorosa como os cristãos tratam uns aos outros. Se o fim é glória coletiva, não devemos ficar surpresos com o fato de que o meio é crescimento coletivo. Lemos a Palavra juntos; alcançamos o fim juntos.
Deus tem usado inúmeras pessoas para me ajudar a entender e amar a Bíblia. Gostaria de ajudar você — para que ajude outros. É assim que deve ser: um legado de iluminação compartilhada, até que os propósitos de Deus para a igreja e para o mundo sejam completos. Que Deus tome o impulso que você tem numa onda de bênçãos para os poucos que você conhece e os muitos que não conhece. Estou orando por este propósito
O evangelho do Deus bendito não está mendigando por evidência, como alguns pensam; ele tem sua mais elevada e mais apropriada evidência em si mesmo… A mente ascende à verdade do evangelho por um único passo, ou seja, a glória divina do evangelho.
JONATHAN EDWARDS
Aqueles que estão sob o poder de suas trevas e cegueira naturais… não podem ver nem discernir essa excelência divina na Escritura, sem a compreensão de que ninguém pode crer corretamente que ela é a Palavra de Deus.
JOHN OWEN
INTRODUÇÃO
Este é um livro sobre o que significa ler a Bíblia de modo sobrenatural. Sei que parece estranho. Se há alguma coisa óbvia no que diz respeito a você e a mim, é o fato de que somos naturais, comuns, finitos e mortais. Não somos anjos, nem demônios. E, certamente, não somos Deus. Mas, se a Bíblia é o que afirma ser — ou seja, inspirada por Deus — então, ela tem origem sobrenatural. E procurarei mostrar que um livro como a Bíblia exige mais do que sua capacidade natural de leitura. Não menos, e sim mais. Na verdade, ela exige o melhor da leitura natural. No entanto, ela exige também mais — algo que está além do que é meramente humano.
Como no caso de todas as afirmações que parecem estranhas, há uma história de pano de fundo. Tentei escrever este livro um ano atrás, mas, numa questão de dias, outro livro surgiu em minha mente e exigia ser escrito primeiro. Por isso, adiei este e escrevi Uma Glória Peculiar: Como a Bíblia se Revela Completamente Verdadeira.’ A pergunta “a Bíblia é verdadeira¹ implorava por ser respondida primeiro.
Em um sentido, isto é retrógrado. Certamente você precisa ler um livro antes que possa decidir se ele é verdadeiro. Um livro sobre como ler a Bíblia não deveria preceder um livro sobre a veracidade da Bíblia? Talvez. Mas, em meu caso, as descobertas que fiz enquanto escrevia Uma Glória Peculiar se tornaram essenciais para a maneira como este livro foi escrito. A maneira como a Bíblia se mostra verdadeira e totalmente digna de confiança tem implicações indispensáveis para o modo como a lemos. Isto ficou muito mais claro para mim por escrever primeiro Uma Glória Peculiar.
Você não precisa ler primeiro Uma Glória Peculiar para entender este livro. Mas esclarecerei o que estou fazendo neste livro, se você sabe como aquele argumenta em favor da verdade da Bíblia. Então, oferecerei um resumo. O argumento naquele primeiro livro, que modela este por completo, é que a Bíblia revela sua veracidade completa por manifestar uma glória divina, peculiar e autoconfirmadora. Isso também pode parecer estranho. Mas talvez não pareça tão estranho se você comparar esse tipo de argumento com vários outros do mesmo tipo na Bíblia.
A glória de Deus confirma o Criador
Por exemplo, como a Bíblia espera que todos os homens saibam que Deus existe, que ele é todo-poderoso e bondoso e que deve ser reconhecido como digno de nossa gratidão e de ser glorificado? Poucas perguntas são mais importantes do que esta. A resposta é que a Bíblia espera que todos os seres humanos vejam a glória autoconfirmadora de Deus no universo que ele criou. “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos (SI 19.1).
Nesta manhã, caminhei para casa, vindo de uma reunião de oração na igreja. Quando atravessava a passarela sobre a rodovia interestadual, vi à minha esquerda que o sol começava a despontar no horizonte. Ele estava branco e com um brilho intenso. Consegui apenas dar uma olhada breve pelo lado do sol. O globo solar estava muito brilhante e não permitia uma contemplação direta. Tudo no horizonte estava luminoso com sua própria cor e forma no céu claríssimo. É maravilhoso como a luz natural — a mais brilhante e mais bela de todas as luzes — pode animar a alma. No entanto, nada daquela beleza, nem deste ânimo natural é a glória de Deus. Está apenas proclamando “a glória de Deus”. Não somos panteístas. Para vermos a glória de Deus, precisamos experimentar algo sobrenatural. Mas a glória de Deus precisa ser vista.
Portanto, há uma glória divina que resplandece por meio do mundo natural — não somente uma glória natural. Não é a glória de lindas alvoradas, da impressionante complexidade do olho humano ou do sistema solar. É algo inefável, mas real e discernível. Devemos ver não somente a glória natural, mas também a glória de Deus. O apóstolo Paulo entendia que as pessoas não podem ver esta glória divina por si mesmas. Ele explicou por que isto é verdade e por que nenhum de nós tem desculpa para sua cegueira espiritual. É porque
…o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças… (Rm 1.19-21).
Isto significa que Deus tem mostrado a todos a glória de seu poder, deidade e generosidade. Se não vemos a glória de Deus, ainda somos responsáveis por vê-la, estimá-la como supremamente gloriosa e dar graças a Deus. Se não a vemos, somos, como disse Paulo, “indesculpáveis”.
A glória de Deus confirma Jesus
Há outro argumento semelhante a respeito de como as pessoas deveriam ter reconhecido a divindade de Jesus. Como Jesus esperava que seus primeiros seguidores soubessem que ele era o divino Filho de Deus? A resposta é que toda a vida de Jesus, o tipo de pessoa que ele era e as obras que realizou revelavam uma glória divina autoconfirmadora. Seu discípulo mais íntimo escreveu: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14).
No entanto, muitas pessoas não viram esta glória. Judas certamente não a viu, apesar dos três anos de proximidade. Os fariseus não a viram. Até os discípulos de Jesus demoraram a vê-la. Para pessoas assim, Jesus disse: “Há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido?” (Jo 14.9). Ele lhes mostrara o suficiente. Eles eram responsáveis por verem a glória — e saberem que Jesus era o divino Filho de Deus. Sem dúvida, Jesus era realmente humano. Era natural, comum, fimito, mortal. Mas ele era também o Filho de Deus sobrenatural, nascido de uma virgem (Lc 1.35). Havia uma glória que resplandecia nele. Aqueles que ouviram seus ensinos e viram seu ministério eram responsáveis por verem essa glória. É assim que eles conheceriam a verdade.
A glória de Deus confirma o evangelho
Considere mais um exemplo de como a glória confirma a verdade. Este exemplo se refere ao próprio evangelho — as boas novas da morte e ressurreição de Jesus por pecadores. Como as pessoas que ouvem as boas novas do evangelho cristão podem saber que ele é de Deus? O apóstolo Paulo respondeu: elas podem saber que o evangelho é de Deus porque veem nele “a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2 Co 4.4). Ou, em palavras um pouco diferentes, elas podem saber porque veem no evangelho a luz “do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2 Co 4.6).
No entanto, muitas pessoas ouvem o evangelho e não veem a glória divina. Por quê? Não é porque a glória de Deus é irreal. Não é porque a glória de Deus não está no evangelho. É porque os seres humanos são, por natureza, “obscurecidos de entendimento… pela dureza do seu coração” (Ef 4.18). Não é principalmente por causa de ignorância, e sim de dureza. Essa dureza é uma profunda antipatia para com a verdade. Eles estão perecendo “porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos” (2 Ts 2.10). Satanás, o “deus deste século” explora esta dureza. Paulo disse que Satanás “cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (2 Co 4.4). Mas a glória está realmente no evangelho. Ouvir o evangelho sendo apresentado fiel e completamente é ser responsável por ver a glória de Deus.
A glória de Deus confirma a Escritura
O argumento de Uma Glória Peculiar é que a glória de Deus confirma a Escritura de maneira semelhante a estes três exemplos. Vemos a glória de Deus nas Escrituras e por meio delas. Os apóstolos nos transmitiram por meio das palavras da Escritura o que viram face a face em Jesus Cristo. “O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo” (1 Jo 1.3). Podemos ver por meio das palavras deles a glória que viram em Cristo. As palavras humanas da Escritura são a maneira divina pela qual o homem Jesus foi visto como divino. Nem todos viram isto. Mas, a glória estava lá. E ela está aqui, nas Escrituras.
Todas as pessoas conhecem a Deus
Mais uma ilustração pode ajudar a esclarecer como isto opera realmente na alma humana. Como a glória de Deus é vista? Sem dúvida, os olhos naturais, os ouvidos e o cérebro fazem parte do processo. Sem eles, não podemos ver, nem ouvir, nem considerar as coisas naturais que revelam a glória de Deus — criação, encarnação, evangelho, Escritura. Mas este ver natural não é determinante em ver a glória de Deus. “Vendo, não veem”, disse Jesus (Mt 13.13). Tem de acontecer algo mais do que o uso de olhos, ouvidos e cérebro naturais.
A maneira como o apóstolo Paulo expressa isto é que devemos ter “iluminados os olhos do vosso coração”, para sabermos (Ef 1.18). Isto também é estranho — os olhos do coração! Mas talvez não incompreensível. A maioria das pessoas se sentem à vontade em falar do “coração” como algo mais do que o órgão que bombeia sangue em nosso peito. Essa linguagem não é estranha para nós. Este “coração” é o “nós” real. Intuitivamente, sabemos que em nós há mais do que carne e ossos. Sabemos que não somos meras substâncias químicas num invólucro de pele. Não falaríamos da maneira que falamos sobre assuntos como justiça e amor se não acreditássemos nisso.
Então, é muito estranho acrescentarmos a esta personalidade imaterial a ideia de olhos imateriais — “os olhos do coração”? Esta pessoa interior, o nosso verdadeiro “eu”, vê e sabe coisas que não são idênticas ao que os olhos do corpo podem ver. Pascal disse: “O coração tem suas razões, que a razão desconhece. Sentimos isso em milhares de coisas”? Há um ver espiritual por meio e além do ver natural. Há um ouvir espiritual por meio e além do ouvir natural.
Há um discernir espiritual por meio e além do raciocinar natural. Como podemos conceber o que acontece quando o coração vê a glória de Deus? Achei uma indicação disto na maneira como Paulo fala do nosso conhecimento da glória de Deus na natureza. Por um lado, Paulo diz que todos “conhecemos a Deus”. “Tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças” (Rm 1.21). Isto é admirável! Todos conhecem a Deus! Mas, em outras passagens, Paulo diz enfaticamente que, por natureza, as pessoas não conhecem a Deus. Por exemplo: “Na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria” (1 Co 1.21). Os gentios “não conhecem a Deus” (1 Ts 4.5). Anteriormente, “não conhecendo a Deus…” (G14.8; ver 2 Ts 1.8; 1 Jo 4.8).
Então, o que Paulo quer dizer em Romanos 1.21 ao afirmar que todos os seres humanos têm “conhecimento de Deus”? Para responder isto, podemos simplesmente citar Romanos 1.19-20: “O que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas”. Em outras palavras, podemos dizer que ter “conhecimento de Deus”, em Romanos 1.21, significa apenas ter disponível o testemunho da criação e vê-lo claramente pelos olhos naturais.
Mas este é todo o significado que Paulo quer comunicar ao dizer: “Tendo conhecimento de Deus”? Acho que há mais. Em Romanos 2.14-15, Paulo diz que pessoas que nunca ouviram a lei de Deus fazem às vezes coisas que a lei exige. A consciência delas dá testemunho da vontade de Deus. Paulo o expressa nestes termos: “Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração”.
O molde da glória divina
Aqui está a minha sugestão. Ter “conhecimento de Deus”, em Romanos 1.21, inclui esta experiência de coração, mais profunda, referida em Romanos 2.15. A analogia que acho proveitosa é pensar no conhecimento inato de Deus e de sua vontade como um tipo de molde no coração humano. Este molde é criado por Deus em cada coração humano com uma forma que corresponde à glória de Deus. Em outras palavras, se a glória de Deus fosse vista com os olhos do coração, se encaixaria tão perfeitamente no molde que saberíamos que a glória é real. Saberíamos que fomos feitos para isto.
Portanto, quando Paulo diz que todos os humanos têm “conhecimento de Deus” ou que todos os humanos têm a norma da lei “gravada no seu coração”, ele quer dizer que há um molde na forma de glória em cada coração esperando receber a glória de Deus. Todos temos “conhecimento de Deus” no sentido de que temos este testemunho em nosso coração, porque fomos feitos para esta glória. Há uma expectativa e aspiração latente, e a forma dela está inserida no profundo de nossa alma.
Corações abarrotados de amores estranhos
A razão por que não vemos a glória de Deus não é que o molde é defeituoso nem que a glória de Deus não está resplandecendo. A razão é “dureza do coração” (Ef 4.18). Esta dureza é uma profunda aversão a Deus e um correspondente amor à autoexaltação. Paulo disse que a mentalidade da carne é inimizade contra Deus (Rm 8.7). E Jesus disse que “a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz” (Jo 3.19). Nosso problema não é que nos falta a luz, e sim que amamos as trevas. Esta é a dureza de nosso coração.
Assim, em minha analogia do molde, isto significa que o molde, o qual foi perfeitamente formado para a plena satisfação na glória de Deus, está abarrotado de amor por outras coisas. Por isso, quando a glória de Deus brilha no coração — a partir da criação, da encarnação de Jesus ou pelo evangelho — não acha lugar ali. Não é sentida nem percebida como apropriada. Para a mente natural — a mente cujo molde formado para a glória está lotado de ídolos — a glória de Deus é “loucura” (1 Co 2.14). Não se encaixa ali. Como Jesus disse às pessoas de coração endurecido que desejavam matá-lo: “Procurais matar-me, porque a minha palavra não está em vós” (Jo 8.37). É claro, elas podiam raciocinar e lembrar as palavras de Jesus. Mas não podiam vê-las como gloriosas e convicentemente belas. Ouviram as palavras, mas não as amaram. Estas pessoas amavam as trevas que enchiam o molde projetado para o resplendor da glória de Deus.
A escavação sobrenatural do molde
Talvez você possa entender agora por que eu disse que este livro é sobre o que significa ler a Bíblia de modo sobrenatural. Se o que estamos dizendo é correto, a única esperança para vermos a glória de Deus na Escritura é que ele mesmo pode remover os amores idólatras e empedernidos substitutos da glória de Deus que abarrotam o molde de nosso coração. A Bíblia fala deste ato sobrenatural de várias maneiras. Por exemplo, ela descreve essa invasão sobrenatural como um resplandecer da glória divina em nosso coração (2 Co 4.6), como uma concessão de verdade e arrependimento (2 Tm 2.25), como a doação da fé (Fp 1.29), como o ressuscitar-nos dos mortos (Ef 2.5), como novo nascimento pela Palavra (1 Pe 1.23; Tg 1.18), como a revelação especial do Pai (Mt 16.17) e do Filho (Mt 11.27), como a iluminação dos olhos do coração (Ef 1.18) e como o receber o mistério do reino de Deus (Lc 8.10).
Quando este milagre acontece conosco, a glória de Deus corta, queima, derrete e remove do molde a ligação suicida de amores estranhos e assume o seu devido lugar. Fomos criados para isto. E o testemunho desta glória quanto à autenticidade das Escrituras é irresistível. Onde víamos apenas loucura, agora vemos a beleza plenamente satisfatória de Deus. Deus faz isto — de modo sobrenatural.
Ninguém decide experimentar as Escrituras cristãs como a verdade plenamente satisfatória e convincente de sua vida. Ver é um dom. Por isso, o aceitar espontaneamente a Palavra de Deus é um dom. O Espírito de Deus abre os olhos de nosso coração, e o que antes era monótono, ou absurdo, ou loucura, ou mítico agora é real por si mesmo.
Portanto, o meu argumento em Uma Glória Peculiar foi que a glória de Deus, em e por meio das Escrituras, é uma realidade autêntica, objetiva e autoconfirmadora. É um fundamento sólido para uma fé inabalável na verdade da Bíblia. Esta fé não é um salto no escuro. Não é uma adivinhação, nem uma aposta. Se fosse, a nossa fé não seria honra para Deus. Ele não é honrado se é escolhido pelo lançar de uma moeda. Um salto no desconhecido não é uma honra para aquele que se tomou inconfundivelmente conhecido por uma glória peculiar.
É uma glória peculiar
Até esta altura em minha recapitulação de Uma Glória Peculiar, não enfatizei a palavra peculiar. O que essa palavra sugere? Ela sugere que a maneira pela qual a Escritura revela sua veracidade completa é por meio de uma glória peculiar. Em outras palavras, o poder da Escritura para garantir confiança inabalável não é por lógica genérica. Não por mero encantamento. Não por pasmar a mente com distinção sobrenatural. Pelo contrário, o que vemos como inescapavelmente divino é uma glória peculiar. E o âmago desta glória peculiar é a glória totalmente singular de Jesus Cristo.
Há uma essência, um centro ou uma peculiaridade predominante na maneira como Deus glorifica a si mesmo na Escritura. Essa peculiaridade predominante é a revelação da majestade de Deus em humildade, a sua força em sofrimento e a riqueza da sua glória na profundeza do seu entregar-se a si mesmo. Esta glória peculiar é o âmago do evangelho de Jesus Cristo. Juntamente com as suas inúmeras manifestações na Escritura, este é o esplendor central da “luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2 Co 4.4). Isto é o que arde no coração e na mente da pessoa em quem Deus resplandece com a luz “do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2 Co 4.6).
Encontrando a glória em Jesus
Este brilho peculiar resplandece em toda a Bíblia, mas acha sua manifestação mais bela na pessoa e obra de Jesus Cristo. Minha opinião é que a maioria das pessoas que chegam a crer na inspiração divina e na veracidade plena da Bíblia chegam a esta convicção por meio de um encontro irresistível com Jesus Cristo. A glória peculiar que confirma a Bíblia resplandece primeira e mais claramente em Jesus.
Como isso acontece? Às vezes, é uma palavra ou uma obra específica de Jesus que penetra no coração e começa a despedaçar a dureza que obstrui a luz da beleza de Cristo. No entanto, mais cedo ou mais tarde, é todo o retrato bíblico — culminando na crucificação e ressurreição — que nos vence e destrói toda resistência.
Quando as igrejas da Galácia estavam começando a se afastar do evangelho de Jesus, Paulo lhes escreveu e disse: “Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?” (Gl 3.1). Este “retrato” era constituído de palavras e não de imagens. Mas era tão real e tão vívido, que Paulo disse que era um apelo aos olhos deles — “ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto”. Eles viram a glória peculiar de Cristo na pregação do evangelho.
Paulo ficou tão impressionado com o aparente afastamento deles, que o chamou de um tipo de fascinação. “Quem vos fascinou“? Eles haviam sido convertidos por verem a glória peculiar de Jesus, mais vividamente em sua crucificação. A esperança de Paulo era que sua carta dissipasse as névoas demoníacas e restaurasse a visão clara da glória de Cristo. É assim que a maioria das pessoas chegam a uma fé inabalável em Cristo e em sua Palavra.
Um esboço do retrato bíblico de Jesus
Pode ser que você não tenha um entendimento claro do que eu pretendo dizer quando falo “retrato bíblico completo” de Cristo. Talvez você não se empolgue com a ideia de que sua mente e seu coração podem ser levados a uma fé inabalável em Cristo por meio da glória peculiar do retrato bíblico de Cristo. Se isso é verdade, permita-me esboçar uma pequena versão desse retrato. O alvo aqui é ilustrar a brilhante constelação de palavras e obras de Jesus, na esperança de que você veja como a glória divina de Jesus resplandece por meio de sua singularidade cumulativa e multifacetada.
Ninguém amou mais a Deus e o homem
Jesus foi uma pessoa de amor incomparável e inabalável a Deus e aos homens. Ele ficava irado quando Deus era desonrado pela impiedade (Mc 11.15-17) e quando o homem era destruído pela religião (Mc 3.4-5). Jesus nos ensinou — e nos mostrou como — ser pobre de espírito, manso, faminto de justiça, puro de coração, misericordioso e pacificador (Mt 5.3-9). Ele nos exortou a honrar a Deus de todo o coração (Mt 15.8) e despojar-nos de toda hipocrisia (Lc 12.1). E Jesus praticava o que pregava. Ele foi manso e humilde de coração (Mt 11.29). Sua vida se resumiu em “fazer o bem e cura?’ (At 10.38).
Ele separou tempo para as crianças e as abençoou (Mc 10.13-16). Rompeu barreiras sociais para ajudar mulheres (Jo 4), estrangeiros (Mc 7.24-30), leprosos (Lc 17.11-19), prostitutas (Lc 7.36-50), cobradores de impostos (Mt 9.9-13) e mendigos (Mc 10.46-52). Jesus lavou os pés de seus discípulos, como um escravo, e os ensinou a servir em vez de serem servidos (Jo 13.1-20).
Até quando estava cansado, seu coração sentia compaixão das multidões que insistiam em procurá-lo (Mt 6.31-34). Mesmo quando seus discípulos se mostraram instáveis e prontos a negá-lo e abandoná-lo, Jesus quis estar com eles (Lc 22.15) e orou por eles (Lc 22.32). Ele disse que sua vida era um resgate por muitos (Mc 10.45), e, ao ser executado, rogou perdão para seus assassinos (Lc 23.34).
Ninguém foi mais verdadeiro e autêntico
Jesus é retratado não somente como cheio de amor a Deus e aos homens; é também apresentado como totalmente verdadeiro e autêntico. Ele não agiu em sua própria autoridade para ganhar o louvor do mundo. Ele dirigia os homens a seu Pai celestial. “Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça” (Jo 7.18). Jesus não tem o espírito de um egomaníaco ou de um charlatão. Ele parece totalmente em paz consigo mesmo e com Deus. Jesus é autêntico.
Isto é evidente na maneira como ele via além da falsidade (Mt 22.18). Era tão puro, tão sensível, que não podia ser apanhado numa cilada ou intimidado num debate (Mt 22.15-22). Jesus era admiravelmente não sentimental em suas exigências, até mesmo para aqueles pelos quais tinha afeição especial (Mc 10.21). Ele nunca abrandou sua mensagem de justiça para aumentar a quantidade de seguidores ou obter simpatia. Até seus oponentes ficaram impressionados com sua indiferença para com os louvores humanos: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e não te importas com quem quer que seja, porque não olhas a aparência dos homens; antes, segundo a verdade, ensinas o caminho de Deus” (Mc 12.14). Jesus nunca teve de retratar-se de uma afirmação e não podia ser convencido de nenhum erro (Jo 8.46).
Ninguém falou com tanta autoridade discreta
Mas o que tornava tudo isto espetacular era a autoridade discreta e inconfundível que repercutia em tudo que ele fazia e dizia. Os oficiais dos fariseus falaram para todos nós quando disseram: “Jamais alguém falou como este homem” (Jo 7.46). No que diz respeito a Jesus, havia algo inquestionavelmente diferente. “Ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mt 7.29). E não sentia qualquer necessidade de ostentá-la. Era natural para ele.
As afirmações de Jesus não eram declarações francas de poder meramente deste mundo que os judeus esperavam do Messias. Mas, apesar disso, eram inconfundíveis. Embora ninguém o tenha entendido no momento em que falou, não houve dúvida de que ele dissera: “Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei” (Jo 2.19; cf. Mt 26.61). Eles pensaram que isso era uma afirmação absurda de que ele reconstruiria sozinho um edificio que levara 46 anos para ser construído. Mas Jesus estava afirmando, em sua maneira tipicamente velada, que ressuscitaria dos mortos. E ressuscitaria por seu próprio poder. Eu “o reconstruirei”.
Em seu último debate com os fariseus, Jesus os silenciou com esta pergunta: “Que pensais vós do Cristo? De quem é filho?” Eles responderam: “De Davi”. Em resposta, Jesus citou o rei Davi com base em Salmo 110.1: “Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”. Em seguida, com sua autoridade levemente velada, Jesus perguntou: “Davi lhe chama Senhor, e como pode ser ele seu filho?” (Lc 20.44). Em outras palavras, para aqueles que têm olhos para ver, o filho de Davi — e muito mais do que o filho – está aqui.
Foi dessa maneira que ele falou mais de uma vez. “Aqui está quem é maior que o templo” (Mt 12.6). “Eis aqui está quem é maior do que Jonas… Eis aqui está quem é maior do que Salomão” (Mt 12.41-42). Esse tipo de afirmação velada permeia tudo que Jesus disse e fez. Para os que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir, alguém inconcebivelmente grande — e glorioso — está aqui. “Aqui está quem é maior que o templo” (Mt 12.6). “Eis aqui está quem é maior do que Jonas… Eis aqui está quem é maior do que Salomão” (Mt 12.41-42). Esse tipo de afirmação velada permeia tudo que Jesus disse e fez. Para os que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir, alguém inconcebivelmente grande — e glorioso — está aqui.
O véu é levantado
Houve palavras não veladas e, de fato, profanamente autoexaltadoras — se não fossem verdadeiras. Jesus deu ordens a espíritos malignos (Mc 1.27) e a todas as forças da natureza (Mc 4.40), e eles lhe obedeceram. Ele concedeu perdão de pecados (Mc 2.5), o que somente Deus pode fazer (Mc 2.7). Convocou pessoas a deixarem tudo e seguirem-no para terem a vida eterna (Mc 10.17-22; Lc 14.26-33). Jesus disse que se levantará no dia do julgamento e declarará quem entrará no céu e quem não entrará (Mt 7.23). E fez a impressionante afirmação de que “todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.32-33). Ele disse que era o árbitro final do universo.
Fim da Amostra…
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