“Não creio ter sido uma criança normal, embora não despertasse suspeitas. Encaravam-me como a uma menina caprichosa, mas a verdade é que já era uma candidata aos hospícios onde vim parar.” Publicado em 1965, Hospício é Deus de Maura Lopes Cançado é um relato impactante que mistura memórias de infância e experiências em hospitais psiquiátricos. O livro oferece um depoimento sincero e sem sentimentalismo, explorando a trajetória da autora desde sua infância rica no interior de Minas Gerais até suas sucessivas internações em Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Considerado um dos nomes mais instigantes da literatura brasileira do século XX, Cançado nos convida a refletir sobre as fronteiras entre razão e loucura, ficção e realidade, oferecendo um poderoso testemunho de sua jornada pessoal e literária.
Editora: Companhia das Letras; 1ª edição (24 setembro 2024); Páginas: 288 páginas; ISBN-13: 978-8535937176; ASIN: B0D8CXFC8D
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Biografia do autor: Maura Lopes Cançado nasceu em 1929, em São Gonçalo do Abaeté, Minas Gerais. É autora de Hospício é Deus (1965) e do volume de contos O Sofredor do Ver (1968). Falecida em 1993, no Rio de Janeiro, ela deixou um legado literário significativo.
Resenha:
“Hospício é Deus” é um diário cru e comovente escrito por Maura Lopes Cançado durante suas internações em instituições psiquiátricas nos anos 1960. A obra oferece um vislumbre perturbador da realidade dos manicômios da época, denunciando os tratamentos desumanos e a violência sofrida pelos pacientes.
A escrita de Maura é visceral e poética, transmitindo a angústia, o desespero e a solidão de sua experiência. Seus relatos são marcados por uma lucidez dilacerante, questionando a própria noção de sanidade e denunciando a hipocrisia da sociedade que marginaliza e estigmatiza a loucura.
O livro é um testemunho importante da luta antimanicomial, revelando as condições degradantes e os abusos cometidos em nome da cura. A obra de Maura Lopes Cançado é um grito de denúncia e um clamor por humanidade, convidando o leitor a refletir sobre a fragilidade da mente humana e a importância do respeito à diferença.
Pontos fortes:
- Testemunho histórico: Retrata de forma crua e realista a realidade dos manicômios da época, denunciando os abusos e a violência sofrida pelos pacientes.
- Escrita visceral e poética: A linguagem de Maura é forte e impactante, transmitindo a dor e o desespero de sua experiência.
- Relevância social: A obra é um importante documento histórico e um marco na luta antimanicomial.
Pontos a considerar:
- Leitura densa e perturbadora: A temática e a linguagem podem ser emocionalmente desafiadoras para alguns leitores.
- Contexto histórico: É importante contextualizar a obra na época em que foi escrita para compreender a sua importância e impacto.
Em suma, “Hospício é Deus” é uma obra fundamental para quem se interessa pela história da psiquiatria e pela luta antimanicomial. É um livro que incomoda, provoca e convida à reflexão sobre a loucura, a sanidade e a condição humana.