A escola prepara as crianças para o mundo real? Essa é a primeira pergunta com a qual o leitor se depara neste livro. O recado é ousado e direto: boa formação e notas altas não bastam para assegurar o sucesso de alguém. O mundo mudou; a maioria dos jovens tem cartão de crédito, antes mesmo de concluir os estudos, e nunca teve aula sobre dinheiro, investimentos, juros etc. Ou seja, eles vão para a escola, mas continuam financeiramente improficientes, despreparados para enfrentar um mundo que valoriza mais as despesas do que a poupança. Para o autor, o conselho mais perigoso que se pode dar a um jovem nos dias de hoje é: “Vá para a escola, tire notas altas e depois procure um trabalho seguro.” O fato é que agora as regras são outras, e não existe mais emprego garantido para ninguém. Pai Rico, Pai Pobre demonstra que a questão não é ser empregado ou empregador, mas ter o controle do próprio destino ou delegá-lo a alguém…
Editora: Alta Books; Edição atualizada e ampliada (26 julho 2017); Páginas: 336 páginas; ISBN-10: 8550801488; ISBN-13: 978-8550801483; ASIN: B07H4WYN5M
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Biografia do autor: Robert Kiyosaki, autor de Rich Dad Poor Dad – o best-seller internacional descontrolado que ocupa um lugar de destaque na lista de mais vendidos do New York Times há mais de seis anos – é um investidor, empreendedor e educador cujas perspectivas sobre dinheiro e investimento são vistas em face de sabedoria popular. Ele, praticamente sozinho, desafiou e mudou a maneira como dezenas de milhões, em todo o mundo, pensam sobre o dinheiro. Ao comunicar seu ponto de vista sobre o porquê dos conselhos “antigos” – conseguir um bom emprego, economizar dinheiro e se livrar de dívidas , invista a longo prazo e diversifique – é um conselho ‘ruim’ (obsoleto e imperfeito), Robert ganhou uma reputação de conversa direta, irreverência e coragem.
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Introdução
Tendo dois pais, tive a escolha entre pontos de vista contrastantes: a visão de um homem rico e a de um pobre.
Tive dois pais, um rico e outro pobre. Um era muito instruído e inteligente. Tinha Ph.D. e fizera um curso universitário de graduação, com duração de quatro anos, em menos de dois. Foi então para a Universidade de Stanford, para a Universidade de Chicago e para a Northwestern University, sempre com bolsa de estudos. O meu outro pai nunca concluiu o ensino médio.
Ambos foram homens bem-sucedidos em suas carreiras e trabalharam arduamente durante toda a vida. Ambos auferiam rendas consideráveis. Contudo, um sempre enfrentou dificuldades financeiras. O outro se tornou o homem mais rico do Havaí. Um morreu deixando milhões de dólares para sua família, para instituições de caridade e para sua igreja. O outro deixou contas a pagar.
Ambos eram homens fortes, carismáticos e influentes. Os dois me ofereceram conselhos, mas não me recomendaram as mesmas coisas. Ambos acreditavam firmemente na instrução, mas não sugeriram o mesmo tipo de estudo.
Se eu tivesse tido um único pai, teria que ter aceitado ou rejeitado seus conselhos. Tendo dois pais, tive a escolha entre pontos de vista contrastantes: a visão de um homem rico e a de um pobre.
Em vez de simplesmente aceitar ou rejeitar um desses pontos de vista, me descobri pensando mais, comparando-os e escolhendo por mim mesmo.
O problema é que o homem rico ainda não era rico, e o pobre ainda não era pobre. Ambos estavam no início de suas carreiras e lutavam por dinheiro e pela família. Mas tinham ideias muito diferentes sobre o dinheiro.
Por exemplo, um dos meus pais dizia: “O amor ao dinheiro é a raiz de todo o mal.” O outro: “A falta de dinheiro é a causa de todos os problemas.”
Quando garoto, a influência de dois pais, ambos homens fortes, gerava uma situação complicada. Eu queria ser um bom filho e os ouvia, mas os dois pais não falavam a mesma língua. O contraste entre suas ideias, especialmente no que se referia ao dinheiro, era tão extremo que eu ficava curioso e intrigado. Comecei a pensar profundamente sobre o que cada um deles dizia.
Muito do meu tempo era gasto refletindo, fazendo-me perguntas como: “Por que ele fala isso?”, a respeito das afirmações dos meus pais. Teria sido muito mais simples falar: “Sim, ele está certo. Concordo com isso.” Ou simplesmente rejeitar um ponto de vista, dizendo: “O velho não sabe do que está falando.” Porém, tendo dois pais que eu amava, fui forçado a pensar e a escolher um dos caminhos por mim mesmo. Esse processo de escolher sozinho se mostrou muito valioso em longo prazo, não se tratou simplesmente da aceitação ou rejeição de um único ponto de vista.
Uma das razões pelas quais os ricos ficam mais ricos, os pobres, mais pobres e a classe média luta com as dívidas é que o dinheiro não é um tema ensinado em casa ou na escola. Muitos de nós aprendemos sobre dinheiro com nossos pais. O que um pai pobre pode dizer a respeito de finanças para seu filho? Ele diz simplesmente: “Fique na escola e estude muito.” O filho pode se formar com ótimas notas; mas terá uma programação financeira e uma mentalidade de pessoa pobre.
20 Anos Atrás…
O RELÓGIO DA DÍVIDA
Avance 20 anos rapidamente… e a dívida norte-americana está assustadora. Segundo a imprensa, está próxima de US$20 trilhões. Isso são trilhões… com T maiúsculo.
Infelizmente, lidar com o dinheiro não é ensinado nas escolas. Elas se concentram nas habilidades acadêmicas e profissionais, mas não nas financeiras. Isso explica por que médicos, gerentes de banco e contadores versados, que tiveram ótimas notas enquanto estudantes, terão problemas financeiros durante toda sua vida. Nossa dívida nacional alarmante se deve em boa medida a políticos e funcionários públicos muito instruídos, mas que tomam decisões financeiras com pouco ou nenhum treinamento nessa área.
Atualmente, fico pensando o que acontecerá quando houver milhões de pessoas precisando de assistência médica e financeira. Elas se tornarão dependentes do apoio financeiro de suas famílias ou do governo. O que acontecerá quando o Medicare e a Previdência Social ficarem sem dinheiro? Como uma nação sobreviverá se ensinar sobre dinheiro continuar sendo tarefa dos pais — cuja maioria será ou já é pobre?
Como tive dois pais para me influenciar, aprendi com ambos. Tive que refletir sobre os conselhos de cada um deles e, ao fazê-lo, percebi o poder e o impacto dos nossos pensamentos sobre a nossa própria vida. Por exemplo, um pai costumava falar: “Não posso comprar isso.” O outro proibia o uso dessas palavras. Insistia em que eu falasse: “O que posso fazer para comprar isso?” Em um caso, temos uma afirmação, no outro, uma pergunta. Um deixa você sem alternativa, o outro o obriga a refletir. Meu “pai que logo ficaria rico” explicava que ao falar automaticamente “Não posso comprar isso” seu cérebro para de se esforçar. Ao perguntar: “O que posso fazer para comprar isso?”, você mantém seu cérebro trabalhando. Ele não estava dizendo que comprava tudo o que desejasse. Ele incentivava enfaticamente que eu treinasse a minha mente, o computador mais poderoso do mundo. “Meu cérebro fica mais forte a cada dia porque eu o exercito. Quanto mais forte ele fica, mais dinheiro ganho.” Ele acreditava que repetir mecanicamente “Não posso comprar isso” era um sinal de preguiça mental.
Embora ambos os meus pais trabalhassem com afinco, observei que um deles tinha o hábito de pôr seu cérebro para dormir quando o assunto era dinheiro, e o outro tinha o costume de exercitá-lo. O resultado era que, ao longo do tempo, um dos meus pais ficava financeiramente mais forte, e o outro, enfraquecido. Isso não é muito diferente do que ocorre quando uma pessoa faz exercícios físicos regulares, enquanto outra senta no sofá e assiste à televisão. O exercício físico adequado aumenta suas chances de ter uma boa saúde, e o mental amplia suas chances de ficar rico. A preguiça reduz tanto a saúde quanto a riqueza.
Meus dois pais tinham atitudes mentais diferentes. Um acreditava que os ricos deviam pagar mais impostos para atender aos menos afortunados. O outro dizia: “Os impostos punem os que produzem e recompensam os que não o fazem.”
Embora ambos os meus pais trabalhassem com afinco, observei que um deles tinha o hábito de pôr seu cérebro para dormir quando o assunto era dinheiro, e o outro tinha o costume de exercitá-lo. O resultado era que, ao longo do tempo, um dos meus pais ficava financeiramente mais forte, e o outro, enfraquecido. Isso não é muito diferente do que ocorre quando uma pessoa faz exercícios físicos regulares, enquanto outra senta no sofá e assiste à televisão. O exercício físico adequado aumenta suas chances de ter uma boa saúde, e o mental amplia suas chances de ficar rico. A preguiça reduz tanto a saúde quanto a riqueza.
Meus dois pais tinham atitudes mentais diferentes. Um acreditava que os ricos deviam pagar mais impostos para atender aos menos afortunados. O outro dizia: “Os impostos punem os que produzem e recompensam os que não o fazem.”
Um dos meus pais recomendava: “Estude arduamente para poder trabalhar em uma boa empresa.” O outro falava: “Dedique-se aos estudos para conseguir comprar uma boa empresa.”
Um dos meus pais dizia: “Não sou rico porque tenho filhos.” O outro: “Tenho que ser rico por causa de vocês, meus filhos.”
Um incentivava as conversas sobre dinheiro e negócios na hora do jantar. O outro proibia que se falasse do assunto durante as refeições.
Um recomendava: “Com questões financeiras, seja cuidadoso, não se arrisque.” O outro: “Aprenda a administrar o risco.”
Um afirmava: “Nossa casa é nosso maior investimento e patrimônio.” O outro: “A minha casa é uma dívida e, se sua casa for seu maior investimento, você terá problemas.”
Ambos os meus pais pagavam suas contas no prazo, mas um deles as pagava em primeiro lugar, enquanto o outro as deixava para a última hora.
20 Anos Atrás…
SUA CASA NÃO É UM ATIVO
A crise do mercado imobiliário de 2008 foi uma mensagem clara de que sua casa não é um ativo. Ela não só não coloca dinheiro no seu bolso, como não podemos contar que se valorizará. Muitos imóveis em 2017 valem ainda menos do que valiam em 2007.
Um deles acreditava que a empresa ou o governo deveria cuidar de você e de suas necessidades. Estava sempre preocupado com aumentos salariais, planos de aposentadoria, benefícios médicos, licenças, férias e outros benefícios. Ele ficava impressionado com dois de seus tios que foram para o exército e se aposentaram com vários benefícios após vinte anos de serviço ativo. Ele adorava a ideia de assistência médica e outros benefícios concedidos a veteranos aposentados. Ele também se empolgava com as cátedras vitalícias do sistema universitário. A ideia de estabilidade no emprego e benefícios trabalhistas lhe parecia, às vezes, mais importante do que o próprio emprego. Dizia frequentemente: “Trabalhei muito para o governo, mereço essas mordomias.”
O meu outro pai acreditava na total autossuficiência financeira. Ele sempre se manifestava contra a mentalidade de direito adquirido e falava que isso criava pessoas financeiramente fracas e necessitadas. Ele dava muita ênfase à competência financeira.
Um dos meus pais lutava para poupar alguns poucos dólares. O outro simplesmente criava investimentos. Um pai me ensinou a escrever um currículo impressionante para que eu pudesse encontrar um bom emprego. O outro, a fazer planos financeiros e corporativos consistentes, de modo que eu pudesse criar empregos.
Ser o resultado da criação de dois pais fortes me proporcionou o luxo de observar o impacto de diferentes formas de pensar sobre a própria vida. Observei que as pessoas moldam suas vidas por meio de seus pensamentos.
Por exemplo, meu pai pobre sempre me dizia: “Nunca vou ficar rico.” E isso acabou acontecendo. Meu pai rico, por outro lado, sempre se referia a si próprio como sendo rico. Ele dizia coisas como: “Sou um homem rico e pessoas ricas não fazem isso.” Mesmo que estivesse totalmente quebrado após um revés financeiro, ele continuava a se considerar um homem rico. Ele se justificava, dizendo: “Há uma diferença entre ser pobre e estar quebrado. Estar quebrado é temporário. A pobreza é eterna.”
Meu pai pobre dizia: “Não ligo para dinheiro” ou “O dinheiro não é importante”. Meu pai rico sempre dizia: “Dinheiro é poder.”
A força dos nossos pensamentos nunca poderá ser medida ou avaliada, mas desde jovem se tornaram óbvias para mim a tomada de consciência dos meus pensamentos e a forma como eu me expressava. Observei que meu pai pobre não era pobre por causa do dinheiro que ganhava — que era bastante —, mas por causa de seus pensamentos e ações. Quando garoto, tendo dois pais, me tornei consciente de que deveria ser cuidadoso com os pensamentos que decidisse adotar como meus. A quem ouviria, a meu pai rico ou a meu pai pobre?
Há uma diferença entre ser pobre e estar quebrado. Estar quebrado é temporário. A pobreza é eterna.
Embora ambos tivessem um enorme respeito pela educação e pelo aprendizado, eles discordavam quanto ao que era importante aprender. Um queria que eu estudasse arduamente, me formasse e conseguisse um bom emprego para trabalhar por dinheiro. Ele queria que eu estudasse para me tornar um profissional, um advogado ou um contador, ou que fosse para uma faculdade de administração para obter um MBA. O outro me incentivava a estudar para ficar rico, para entender como funciona o dinheiro e para aprender como fazê-lo trabalhar para mim. “Não trabalho por dinheiro!”, costumava repetir. “O dinheiro trabalha para mim!”
Com nove anos, resolvi ouvir e aprender com meu pai rico tudo sobre dinheiro. Optei por não dar ouvidos a meu pai pobre, mesmo que fosse ele quem possuísse todos os títulos universitários.