AUTORA VENCEDORA DOS PRÊMIOS HUGO, NÉBULA E LOCUS. A impactante conclusão da trilogia Xenogênese, com a busca de Jodahs pela única coisa que a incrível ciência dos Oankali não pode prover... um milagre. Humanos e Oankali têm acasalado desde que os alienígenas vieram pela primeira vez à Terra para resgatar os poucos sobreviventes de uma devastadora guerra nuclear. Os Oankali começaram um grande projeto de procriação, guiados pelos ooloi, uma subespécie assexuada capaz de manipular o DNA, na esperança de eventualmente criar uma raça estelar perfeita. Supõe-se que Jodahs seja apenas outro híbrido de Humano e Oankali, mas quando ele começa sua transformação para a idade adulta, ele se torna ooloi...
Editora: Morro Branco; 1ª edição (7 maio 2021) Páginas: 320 páginas ISBN-10: 6586015189 ISBN-13: 978-6586015188 ASIN: B092PF73KR
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Sobre o autor: OCTAVIA E. BUTLER, nascida em 1947, é uma das mais aclamadas autoras de ficção científica e desde 1976 surpreende o mundo com seus romances de ambientações impactantes, personagens densos e dinâmicas que refletem os nossos problemas sociais mais intrincados. Apesar de enfrentar muito preconceito em uma área dominada por homens brancos, foi a autora que abriu caminho para que outras prosperassem na ficção especulativa e um dos nomes mais fortes quando se fala em afrofuturismo. Ao longo de sua carreira, recebeu prêmios como o Hugo, o Nebula e o Locus, além da honrosa MacArthur Fellowship, concedida a americanos que tenham realizações excepcionais em suas áreas. Em 2010, quatro anos após sua morte, entrou para o Hall da Fama da Ficção Científica, em Seattle.
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Metamorfose
1
Entrei em minha primeira metamorfose tão discretamente que ninguém percebeu. Metamorfoses não deveriam começar daquele jeito. Para a maioria das pessoas, começam com alterações físicas pequenas e óbvias: a perda dos dedos das mãos e dos pés, por exemplo, ou a eclosão de novos dedos com uma estrutura diferente.
Eu gostaria que a minha experiência tivesse sido assim tão normal, tão segura.
Por vários dias, mudei sem chamar atenção. Em geral, as mudanças iniciais da metamorfose não se estendem por muitos dias sem causar um sono profundo, mas no meu caso foi assim. Minhas primeiras mudanças foram sensoriais. De uma hora para outra, os sabores, os aromas e todas as sensações se tornaram complexos e confusos, ainda que tentadores de maneira inesperada.
Tive de reaprender tudo. A água do rio, por exemplo: quando nadava ali, eu percebia dois sabores principais (hidrogênio e oxigênio?) e muitos sabores secundários. Conseguia separá-los e sentir cada um deles isoladamente. Na verdade, não conseguia deixar de separá-los. Mas os descobri depressa e os aceitei em sua nova complexidade de modo que apenas alterações ocasionais nos sabores secundários requeriam minha atenção.
Em Lo, a água do rio sempre chegava carregada de sedimentos. “Rica”, como os Oankali a chamavam “Lamacenta”, diziam os Humanos, que a filtravam ou deixavam os sedimentos decantarem antes de bebê-la. “Só água”, nós, constructos, dizíamos e dávamos de ombros. Nunca conhecemos nenhuma outra.
Aprendi o mais depressa que pude a compreender e aceitar minhas impressões sensoriais sobre as pessoas e as coisas ao meu redor. A experiência absorvia tanto de minha atenção que eu não entendia como minha família não conseguia ver a estranheza do que estava acontecendo comigo. Mas, fora alguns comentários de que eu estava sonhando acordado em excesso, nem meus pais perceberam os indícios. Afinal, aqueles eram os indícios errados. Ninguém estava esperando por eles, por isso ninguém os percebeu quando apareceram.
Todos os meus cinco progenitores eram idosos quando nasci. Não pareciam nem um pouco mais velhos do que minhas irmãs e meus irmãos adultos mas tinham ajudado na fundação de Lo. Tinham netos que eram idosos. Acho que eu nunca os tinha surpreendido antes. Não tinha certeza se gostava de surpreendê-los agora. Não queria contar a eles. Em especial, não queria contar a Tino, meu pai Humano. Ele deveria ficar comigo durante minha metamorfose, já que era meu progenitor do mesmo sexo. Mas eu não me sentia ligado a ele como deveria — nem a Lilith, minha mãe hospedeira. Ela também é Humana e o que estava acontecendo comigo definitivamente não era algo humano. Por mais estranho que pareça, eu também não queria ficar com Dichaan, meu pai Oankali: ele seria minha escolha lógica depois de Tino. Minha mãe OanKali, Ahajas, teria conversado com um dos meus pais em meu lugar. Ela tinha feito isso para dois de meus irmãos que tinham ficado com medo da metamorfose — medo de que mudariam demais e perderiam os sinais de sua Humanidade. Poderia acontecer comigo, embora eu nunca tivesse me preocupado com isso. Ahajas teria conversado comigo e falado por mim, qualquer que fosse meu problema. De todos os meus progenitores, ela era a mais fácil de conversar. Eu teria falado com ela se a ideia tivesse sido mais convidativa, ou se eu tivesse compreendido por que era tão pouco convidativa. O que havia de errado comigo? Eu não era tímido ou medroso, mas quando pensei em abordá-la, primeiro me senti inclinado, depois… quase repugnado.
Por fim, havia Nikanj, minha matriz ooloi.
Era alguém que iria me dizer para ficar com um de meus progenitores do mesmo sexo, um dos meus pais. O que mais poderia dizer? Eu sabia muito bem que estava em metamorfose e essa era uma das poucas coisas com as quais matrizes ooloi não podiam ajudar. Ainda havia alguns Humanos que insistiam em enxergar ooloi como um tipo de combinação macho-fêmea, mas as criaturas ooloi não são assim. São elas mesmas, um sexo completamente diferente.
Por isso fui até Nikanj na esperança de desfrutar de sua companhia por um tempo: acabaria percebendo o que estava acontecendo comigo e me mandaria até um de meus pais. Até isso acontecer, eu ficaria por perto. Eu estava cansado, com sono. A metamorfose consistia, principalmente, em dormir.
Encontrei Nikanj na casa da família, falando com um casal de Humanos desconhecidos. Os Humanos estavam se afastando de Nikanj. A fêmea estava quase se escondendo atrás do macho e este estava fazendo um esforço atroz para demonstrar coragem. Ambos pareceram assustados quando abri uma parede e a atravessei para entrar no quarto. Então, quando me viram, deram a impressão de relaxar um pouco. Eu parecia Humano demais, especialmente em comparação com Nikanj, que não era nada Humano.
O cheiro mais notório dos Humanos era de suor e adrenalina, comida e sexo. Eu me sentei no chão e me permiti discernir aquela complexa combinação de odores. Minha nova consciência não me deixaria fazer qualquer outra coisa. Quando terminei, pensei que seria capaz de farejar aqueles dois Humanos em qualquer lugar.
Nikanj não prestou atenção em mim, exceto quando notou minha entrada. Tinha o costume de ver sua prole entrar e sair à vontade, então aproveitar de sua companhia e aprender o que tivesse disposição para nos ensinar.
Por ser ooloi, seu odor era de uma complexidade incrível. Tinha acumulado em si não apenas o material reprodutivo de outros membros da família, mas células de outras espécies de plantas e animais com as quais tinha lidado recentemente. Iria estudá-las, memorizá-las e, então, consumi-las ou armazená-las. Consumia aquelas que sabia ser capaz de recriar a partir da memória, usando o próprio dna, e mantinha as demais vivas em uma espécie de estase até serem necessárias.
Seu odor subjacente mais perceptível era de Kaal, o grupo familiar em que nasceu. Nunca conheci seus progenitores, mas conhecia o odor de Kaal por meio de outros membros do grupo. Porém, de alguma maneira, nunca o tinha percebido em Nikanj, isolado-o daquele jeito.
O odor principal era de Lo, obviamente. Nikanj tinha se acasalado com Oankali desse grupo de parentesco e, ao fazer isso, alterado o próprio odor, como ooloi devem fazer.
A palavra “ooloi” não podia ser diretamente traduzida para o inglês porque o significado dela era tão complexo quanto o odor de Nikanj “Estimado estranho.” “Ponte.” “Negociante de vida.” “Pessoa que tece.” “Ímã.”
Ímã, diz minha mãe hospedeira. As pessoas são atraídas pelas criaturas ooloi e não conseguem fugir. Ela, com certeza, não conseguiu. Por outro lado, Nikanj também não conseguiu escapar dela ou de qualquer um de seus parceiros. Os Oankali diziam que os laços químicos do acasalamento eram tão difíceis de romper quanto o hábito de respirar. Odores…
Os dois Humanos de visita eram parceiros havia muito tempo e um tinha o cheiro do outro.
— Ainda não sabemos se queremos emigrar — a fêmea estava dizendo. — Viemos para ver por nós mesmos e pelas outras pessoas.
— Tudo será mostrado a vocês — Nikanj lhes disse. — Não há segredos a respeito da colônia em Marte ou da viagem até lá. Mas, neste exato momento, todos os ônibus destinados à emigração estão em uso. Temos uma área de hóspedes onde Humanos podem aguardar.
Os dois Humanos se entreolharam. Ainda tinham cheiro de medo, mas agora ambos estavam se esforçando para parecer corajosos. Os rostos deles eram quase inexpressivos.
— Não queremos ficar aqui — disse o macho. — Voltaremos quando houver uma nave. Nikanj se levantou — se desdobrou, como os Humanos diziam.
— Não sei quando haverá uma nave — falou. — Elas chegam quando chegam. Deixem que eu mostre a vocês a área de hóspedes. Não é como esta casa. Os Humanos a construíram com madeira.
O casal se afastou cambaleando..
Os tentáculos sensoriais se achataram contra o corpo de Nikanj, expressando divertimento. Nikanj sentou-se outra vez.
— Há outros Humanos aguardando na área de hóspedes — disse a eles, em tom gentil. — São como vocês. Querem o próprio mundo completamente Humano. Viajarão juntos quando partirem. — Fez uma pausa e olhou para mim. — Eka, por que não mostra a eles?
Agora, mais do que nunca, eu queria ficar em sua companhia, mas pude perceber que os dois Humanos ficaram aliviados de terem sido entregues a alguém que ao menos parecia da espécie deles.
— Este é Jodahs — Nikanj lhes disse —, uma das minhas crianças mais novas.
Eles não quiseram me seguir através da parede que abri enquanto ela não estivesse toda aberta, como se achassem que pudesse se fechar sobre eles e fosse machucá-los se fizesse isso.
— Seria como ser gentilmente agarrado por uma grande mão — eu disse a eles quando estavam do lado de fora.
— O quê? — perguntou o macho.
— Se a parede se fechasse sobre vocês, não os machucaria, porque estão vivos. Mas poderia comer suas roupas.
— Não, obrigado! Eu ri.
— Nunca vi acontecer, mas ouvi dizer que é possível.
— Qual é seu nome? — perguntou a fêmea.
— Completo? — Ela parecia interessada em mim, cheirando a atração sexual, o que a tornou interessante. Eu costumava atrair fêmeas Humanas desde que mantivesse os poucos tentáculos de meu corpo cobertos por roupas e os de minha cabeça escondidos entre os cabelos. As zonas sensoriais em meu rosto e meus braços pareciam pele normal, embora transmitissem outras sensações quando tocadas.
— Seu nome Humano — a fêmea disse. — Já sei… Eka e Jodahs,
A fêmea me lançou um olhar que eu já tinha visto vezes demais para deixar de reconhecer.
— Mas pensei…
— Não — eu disse a ela, sorrindo. — Não sou Humano. Sou um constructo nascido Humano. Venham por aqui. A área dos hóspedes não fica longe.
Eles não quiseram me seguir através da parede que abri enquanto ela não estivesse toda aberta, como se achassem que pudesse se fechar sobre eles e fosse machucá-los se fizesse isso.
— Seria como ser gentilmente agarrado por uma grande mão — eu disse a eles quando estavam do lado de fora.
— O quê? — perguntou o macho.
— Se a parede se fechasse sobre vocês, não os machucaria, porque estão vivos. Mas poderia comer suas roupas.
— Não, obrigado!
Eu ri.
— Nunca vi acontecer, mas ouvi dizer que é possível.
— Qual é seu nome? — perguntou a fêmea.
— Completo? — Ela parecia interessada em mim, cheirando a atração sexual, o que a tornou interessante. Eu costumava atrair fêmeas Humanas desde que mantivesse os poucos tentáculos de meu corpo cobertos por roupas e os de minha cabeça escondidos entre os cabelos. As zonas sensoriais em meu rosto e meus braços pareciam pele normal, embora transmitissem outras sensações quando tocadas.
— Seu nome Humano — a fêmea disse. — Já sei… Eka e Jodahs, mas não estou certa de qual usar para chamar você.
— “Eka” é só um termo carinhoso para descendentes jovens —expliquei —, como “lelka” para descendentes que se casaram e “chka” entre parceiros. Jodahs é meu nome. A versão humana de meu nome completo é Jodahs Iyapo Leal Kaalnikanjlo. É meu nome, os sobrenomes da minha mãe hospedeira e do meu pai Humano e o nome de Nikanj, começando com o nome do grupo familiar de seu nascimento e terminando com o nome do grupo familiar de seus parceiros. Se eu tivesse nascido Oankali ou lhes desse a versão Oankali do meu nome, ele seria bem mais longo e complicado.
— Já ouvi alguns deles — a fêmea disse. — É provável que acabem por abandoná-los.
— Não. Vamos alterá-los para atender a nossas necessidades, mas não vamos abandoná-los. Eles dão informações muito úteis, especialmente quando as pessoas estão em busca de parceiros.
— Jodahs não se parece com nenhum nome que eu já ouvi — disse o macho.
— É um nome oankali. Um Oankali chamado Jodahs morreu ajudando na emigração. Minha mãe hospedeira disse que ele deveria ser lembrado. Os Oankali não têm uma tradição de se lembrar das pessoas dando o nome delas às crianças, mas minha mãe hospedeira insistiu. Ela faz isso às vezes, insiste em manter costumes humanos.
— Você parece bem Humano — a fêmea disse baixinho. Sorri.
— Sou uma criança. Só pareço inacabado.
— Qual a sua idade?
— Vinte e nove.
— Meu Deus! Quando você será considerado adulto?
— Depois da metamorfose. — Sorri para mim mesmo. Logo. —Tenho um irmão que passou por ela aos 21 e uma irmã que não a começou antes dos 33. As pessoas se transformam quando os corpos estão prontos, não em uma idade determinada.
Ela ficou calada por algum tempo. Chegamos à última das verdadeiras casas de Lo, as que tinham crescido a partir da substância viva do ente Lo. Humanos que não tinham parceiros Oankali não conseguiam abrir paredes ou criar plataformas de mesa, cama ou cadeira naquelas casas. Se fossem deixados sozinhos em nossas casas, seriam prisioneiros até que algum constructo, Oankali ou Humano acasalado os libertasse. Por isso, primeiro ganharam uma hospedaria, depois uma área inteira. Tinham construído suas casas mortas, de toras de madeira e palha entrelaçada, por ali. Usavam fogo para a iluminação e o preparo de alimentos e, uma vez ou outra, incendiavam uma delas. As que não eram queimadas ficavam infestadas de roedores e insetos que comiam a comida humana e mordiam ou ferroavam os próprios Humanos. De tempos em tempos, Oankali entravam e expulsavam as formas de vida não Humanas. Elas sempre voltavam. Alimentavam-se dos Humanos, comendo a comida deles e morando em suas construções, desde muito antes da chegada de Oankali. Ainda assim, aquela área oferecia um conforto razoável. Os hóspedes se alimentavam de suas árvores e plantas, que não eram o que aparentavam ser, e sim extensões do ente Lo. Tinham sido induzidas a sintetizar frutas e vegetais com formatos, florescências e texturas que os Humanos reconheciam. Os alimentos se desenvolviam do que pareciam ser suas árvores e plantas. Lo se encarregava dos resíduos humanos, mantendo a área limpa, embora eles tivessem a tendência de ser pouco cuidadosos com o local em que atiravam ou depositavam as coisas naquele espaço temporário.
— Existe uma casa desocupada ali — indiquei.
A fêmea fixou o olhar na minha mão e não no lugar para onde apontei. Da perspectiva humana, eu tinha dedos demais nas mãos e nos pés. Sete em cada. Como eram partes de aparência nitidamente semelhante às deles, em geral Humanos não os percebiam imediatamente.
Mantive minha mão aberta, com a palma para cima, de forma que a mulher pudesse vê-la, e sua expressão oscilou da curiosidade e da surpresa para o constrangimento, voltando para a curiosidade.
— Você vai mudar demais na metamorfose? — ela perguntou.
— É provável. Quem nasce Humano se torna mais Oankali e quem nasce Oankali fica mais Humano. Sou da primeira geração. Se quiser vislumbrar o futuro, dê uma olhada em alguns constructos da terceira e da quarta gerações. São bem mais uniformes, do início ao fim.
— Esse não é nosso futuro — disse o macho.
— Por escolha de vocês — respondi.
Ele se afastou, caminhando em direção à casa vazia. A fêmea hesitou. — O que você acha da emigração? — perguntou.
Olhei-a, gostando dela, sem querer responder. Mas tais perguntas deveriam ser respondidas. Entretanto, por que as fêmeas Humanas que insistiam em fazê-las eram quase sempre pessoas tão pequenas e fracas? O meio ambiente marciano para onde se dirigiam era mais hostil do que qualquer outro que tivessem conhecido. Garantiríamos que tivessem a máxima possibilidade de sobrevivência. Muitas sobreviveriam para gerar crianças no novo mundo, mas sofreriam por isso. E, ao final, seria tudo em vão. O próprio conflito genético delas as tinha traído e destruído uma vez. E faria isso novamente.
— Vocês deveriam ficar — eu disse à fêmea. — Deveriam se juntar a nós.
— Por quê?
Eu queria muito não olhar para ela, desviar os olhos. Em vez disso, continuei a encará-la.
— Compreendo que os Humanos devem ser livres para partir — falei em voz baixa. — Sou Humano o suficiente para que meu corpo compreenda isso. Mas sou Oankali o bastante para saber que vocês acabarão se autodestruindo outra vez.
Ela franziu as sobrancelhas, desfigurando a testa lisa.
— Você se refere a outra guerra?
— Talvez. Ou talvez encontrem alguma outra forma de fazer isso.
Vocês estavam desenvolvendo várias delas antes da guerra.
— Você não sabe nada a respeito disso. É muito novo.
— Deveriam ficar e acasalar com constructos ou com Oankali —falei. — As crianças que concebemos são livres de defeitos inatos. O que concebermos vai perdurar.
— Você é só uma criança repetindo o que lhe disseram!
Balancei a cabeça.
— É minha percepção. Ninguém precisou me dizer como usar meus sentidos, assim como não precisaram dizer a você como ver ou ouvir. Existe um conflito genético letal na Humanidade e vocês sabem disso.
— Só sabemos o que os Oankali nos disseram. — O macho tinha voltado. Colocou o braço em volta da fêmea, afastando-a de mim como se eu oferecesse algum perigo. — Eles podem estar mentindo em causa própria.