Theo, consigliere da máfia italiana, é o braço direito do chefe e conhecido como o mais implacável dos três irmãos Bellucci. Apaixonado por adrenalina, ele geralmente vai ao limite para fazer seu sangue fluir mais rápido. Após o assassinato do seu pai, tinha um compromisso acima de todos, encontrar o responsável pela emboscada e fazê-lo pagar. Sangue deveria ser pago com sangue, mas mortos sempre acabavam deixando corações despedaçados. O mundo de Tatiane desabou quando recebeu a notícia do homicídio do seu irmão, aquele que cuidou dela e a protegeu desde que era menina. Não se conformava em saber que ninguém faria nada contra os todos poderosos da Itália, os Bellucci. Para piorar seu sofrimento, uma disputa de poder se iniciou em Palermo na ausência do seu irmão. Para selar um acordo e garantir que a sua cunhada pudesse gerir a máfia na cidade até que o seu sobrinho complete a maior idade…
ASIN: B08WH6NQNV; Número de páginas: 464 páginas; Data da publicação: Portal: Selo Segredo; 1ª edição (11 fevereiro 2021)
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Biografia do autor: Jéssica Macedo é mineira, de 26 anos, e Under 30 da Forbes Brasil, a lista dos jovens mais promissores do país. Mora em Belo Horizonte, Minas Gerais. De dentro de seu apartamento, na companhia do marido e de três gatos, ela produz uma série de livros fantasia, romances de época e contemporâneos, e, principalmente, obras da literatura hot, um verdadeiro fenômeno editorial entre o público feminino, vendidas em um ritmo intenso nas plataformas digitais. Autora best seller da Amazon, iniciou sua experiência no mundo da escrita aos nove anos e tornou-se autora aos 14, com o lançamento do seu primeiro livro “O Vale das Sombras”. Com mais de 100 obras publicadas, é escritora, editora, designer e roteirista. Ajudou a adaptar um dos seus romances “Eternamente Minha” para um longa-metragem lançado na plataforma Cinebrac. Hoje, Jéssica é o principal nome de um time de autores, a maioria mulheres, que compõem o catálogo do Grupo Editorial Portal, que ela fundou a partir das experiências vividas em outras editoras. Acompanhe mais informações sobre outros livros da autora nas redes sociais. @autorajessicamacedo
Trecho do livro
Prólogo
Meu coração estava acelerado! Conseguia sentir o sangue fluir pelas minhas veias com a mesma velocidade em que as rodas do carro giravam contra o asfalto. Toquei meu bolso verificando se as balas estavam ali para que eu recarregasse a minha arma, caso fosse necessário.
Estava naquela busca há dez anos e finalmente havia encontrado o verdadeiro culpado pela morte do meu pai. Uma sequência de pistas falsas e muitas pessoas com medo só podiam significar alguém poderoso.
Depoimentos, extorsões e torturas me levaram até a Sicília, ilha italiana que era o berço da máfia no país e possuía famílias muito influentes.
O som dos pneus cantando despertou-me dos meus pensamentos, me fazendo perceber que havíamos chegado ao meu destino, um bairro pobre em um dos distritos no norte da cidade de Palermo.
— Senhor? — O homem sentado no banco do carona, Romulo, um dos meus soldados mais fiéis, virou-se para mim a espera das minhas ordens.
Tirei a minha arma do coldre e a destravei, apontando-a para cima.
— Cerquem o prédio. — Abri a porta de trás do carro e no mesmo momento outros homens saíram da vã que me escoltava.
Fiz um gesto com a mão e eles se moveram, formando um meio círculo até envolver possíveis entradas e saídas do prédio.
Seja cauteloso, Theo. Quase podia ouvir a voz da minha mãe na minha mente. Tinha esperado muito tempo por aquele momento e não podia perder a oportunidade.
Dois dos meus soldados seguiram na minha frente e meteram o pé na porta de entrada. Quando a madeira cedeu diante do impacto, meu coração acelerou ainda mais. A adrenalina corria no máximo e podia sentir o sangue nos meus olhos pela expectativa de cumprir a missão que havia me dado no enterro do meu pai: vingança.
O prédio parecia um hotel abandonado. Há muito tempo deveria ser usado como centro de operações da máfia local. Havia umas mulheres na entrada, que saíram correndo quando nos viram, e os homens com elas foram imobilizados pelos meus antes que tivessem tempo de pensar numa resposta.
Aproximei-me daquele que estava no balcão e apontei a arma para sua cabeça, cerrando os dentes.
— Onde ele está?
O sujeito engoliu em seco e ficou pálido.
— Não me faça perguntar de novo. — Aproximei a pistola da sua têmpora e o ar ficou mais pesado.
Eu não costumava ser como os americanos, atirar primeiro e perguntar depois, porém tudo poderia sair do controle rapidamente se tratando de um assunto tão delicado quanto aquele era para mim.
— Lá em cima, no laboratório.
Dei uma coronhada no meio da testa dele deixando-o desacordado sobre uma cadeira, que estava atrás dele.
Meus homens aguardaram minhas orientações e subiram as escadas laterais que levavam até o andar de cima. Eu segui no meio deles, protegido na frente e nas costas para não ser atingido de surpresa.
Andamos pelo corredor, arrombando as portas, encontrando algumas vazias, outras ocupadas por soldados e prostitutas. De fato, eles não estavam preparados para a minha invasão e os pegamos de calças arriadas.
Na última porta do corredor, quando a madeira caiu, eu vi o homem de pé, com uma arma apontada na minha direção. O maldito fantasma que eu perseguia há uma década.
O homem de terno, com cabelos e olhos castanhos, na casa dos quarenta anos, era Tiago Mancini, o capo da máfia em Palermo,
que deveria ser um dos nossos subordinados fiéis, mas não passava de um traidor desgraçado, como Donatella Rossi.
— Não deveria entrar aqui assim, Bellucci. A minha família tem acordos com a sua há muitos anos. O que acha que os demais vão pensar quando souberem dessa atitude da família-chefe?
— Eles sabem que existem ervas daninhas que precisam ser arrancadas antes que causem dor de cabeça, e você já foi longe demais.
— Tudo em nome da família, não é mesmo? — Ele riu, ao me encarar, como se já houvesse previsto que aquele momento aconteceria mais cedo ou mais tarde.
— Você se escondeu bem, desgraçado.
— Tenho bons aliados.
Olhei para os homens que estavam com ele, além dos químicos que manipulavam a droga pura.
— Vamos ver quanto eles são bons. — Olhei para os meus soldados e dei um passo para trás, voltando para o corredor.
Eram quatro dos meus do lado de fora e cinco dos dele lá dentro, mais os três químicos.
Ouvi um disparo e o tiro atingiu a parede do outro lado. Tiago teria que melhorar muito para conseguir me acertar. Contudo, eles também deram um jeito de se proteger dentro da sala atrás de móveis.
Um dos meus homens se moveu para atirar antes de, rapidamente, se esconder atrás da parede outra vez. O disparo dele provocou um estrondo, provavelmente um dos frascos utilizados para manipulação das drogas havia sido atingido.
Vi que uma das portas abertas dava para um quarto que continha um espelho de pé. Fiz um gesto com os dedos e sinalizei para que um dos meus homens fosse até lá buscá-lo. Com o objeto colocado em um ângulo específico, consegui ver um dos sujeitos dentro do cômodo e o baleei no pescoço, fazendo-o tombar para trás.
Eles dispararam contra o espelho. O vidro estilhaçou em milhares de pedaços, voando em todas as direções, porém ainda sobraram algumas partes, que eram o suficiente para que eu visse a movimentação dentro do cômodo. Modéstia à parte, entre mim e meus dois irmãos, eu era o melhor atirador. Meu tempo treinando com snipers americanos quando ainda era jovem viera bem a calhar.
Abati outros dois antes que os meus homens forçassem a entrada. Um dos meus soldados foi baleado no peito e tombou para trás, mas, felizmente, todos usavam coletes.
Disparei contra a mão do Tiago e ele foi obrigado a soltar a arma devido a bala que havia atravessado os seus dedos. Ele chiou, mas se manteve firme. Assim como eu, aquele homem estava muito bem habituado ao mundo em que vivíamos.
Bati com o cabo da arma na testa dele e o capo tombou tonto, caindo de joelhos, mas não apagou.
— Já sabe que fui eu, veio para cá para me matar. Então vamos logo com isso. — Cerrou os dentes, provocando-me, como se eu não tivesse o controle daquela situação. Era muito corajoso ou completamente estúpido da parte dele.
— Acha que vai ser tão fácil assim, desgraçado?
— Matar aquele velho ridículo foi bem fácil. Que chefe idiota vai a uma livraria toda sexta-feira com um número pequeno de soldados?
Rosnei e ele riu. Sabia que a morte estava próxima e não teve medo de encará-la de frente.
— Os seus também não serviram de muita coisa. — Olhei para os corpos abatidos ao nosso redor.
— Levou dez anos para que conseguissem descobrir que fui eu. Não parece que falhei tanto assim. — Gargalhou, me provocando.
A adrenalina ainda era muito intensa no meu corpo. Foi difícil manter um equilíbrio entre a raiva e a frieza que o momento exigia. Eu estava frente a frente com o maldito que havia matado o meu pai e só queria saber uma coisa:
— Por quê? — Atirei contra a perna dele e fiz com que tombasse, contudo nem mesmo a dor foi o suficiente para arrancar o sorriso do seu rosto. Gabava-se do feito e se a intenção fosse atingir o limiar do meu equilíbrio, ele estava quase lá.
— Ele era fraco. — Cuspiu nos meus sapatos de couro e eu atirei na outra perna.
Tiago apoiou as duas mãos no chão e uma poça de sangue começou a se formar embaixo dele. Se eu não fizesse mais nada, ele iria definhar vagarosamente até que não tivesse mais sangue no corpo e seus órgãos entrassem em colapso.
— Meu pai nunca foi um fraco. — Chutei o rosto dele e fiz com que o homem tombasse para trás, pendulando. Ele estava visivelmente tonto, mas o seu sorriso não se apagava.
— Se isso fosse verdade, eu não o teria emboscado tão fácil.
Apertei o punho da arma sentindo o meu sangue ferver ainda mais nas minhas veias. Eu poderia ser frio para muitos assuntos, mas quando envolvia a minha família, a situação poderia mudar de figura muito rápido.
— Pelo visto, o Marco também não parece ser um chefe muito melhor, já que não é ele quem está aqui.
— Meu irmão tem assuntos muito mais importantes para lidar do que com vermes como você. — Atirei na mão sadia, fazendo-a sangrar como a outra. — Acho que deveria começar a suplicar pela sua vida.
— Imagina que eu teria poupado o seu pai se ele houvesse implorado? — Riu alto, mas antes que a gargalhada ecoasse pelo cômodo, foi silenciada por um disparo que o atingiu no meio dos olhos.
— Desgraçado de merda. — Urrei quando o corpo caiu para frente, completamente sem vida.
Aquela não era a primeira e nem seria a última alma que eu enviaria para o inferno, porém seria a que mais me orgulharia.
Depois de dez anos de busca do responsável pela emboscada do meu pai na livraria, finalmente o havia vingado.
Assim que a minha respiração se normalizou, peguei o meu celular e disquei o número do meu irmão mais velho.
— Espero que seja muito importante para ter me interrompido. — A voz dele ressoou do outro lado, carregada de mal humor.
— Encontrei quem matou o nosso pai. — Onde ele está? — Seu tom mudou e percebi que havia conseguido sua atenção.
— Morto. — Chutei o monte de merda no chão.
Com o corpo do capo traidor aos meus pés, vibrei por finalmente cumprir a promessa que fizera sobre o túmulo do meu pai. Estava resolvido, ao menos era o que acreditava.
A verdade era que sangue sempre atraía mais sangue.