Em uma costura de referências literárias clássicas e experimentação narrativa contemporânea já características da prosa poética de Evandro Affonso Ferreira, Rei Revés desvela a tragédia de um governante aprisionado que sofre a perda de um filho. Do texto de Leo Lama para a orelha do livro: “Diante de seus olhos, leitor, um volume que invade despudoradamente o mítico. […] Nestas páginas, evocados como juízes, mestres, testemunhas do ápice da dor humana, estão os tragediógrafos misturados aos deuses, às gentes, aos anjos, aos pássaros. Não há trégua. Não há permissão para o banal. A tragédia é implacável e está para purgar, não para tecer as rocas efêmeras do psicológico, do mundano. O coro é a própria narrativa que se investiga e se contradiz, afirmando a perplexidade. Sofre o narrador, que não encontra jeito de contar a história. Tudo ostenta o fim em travessia que não é possível terminar.
Editora: Record; 1ª edição (25 janeiro 2021); Páginas: 128 páginas; ISBN-10: 8501118613; ISBN-13: 978-8501118615; ASIN: B08T6PNKS6
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Biografia do autor: Mineiro de Araxá e radicado em São Paulo há 40 anos, Evandro Affonso Ferreira estreou na literatura em 2000, apresentado por José Paulo Paes. Participou de uma coletânea em Portugal e escreveu livros premiados como “Minha mãe se matou sem dizer adeus” (Prêmio APCA 2010), “O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam” (Prêmio Jabuti 2013) e “Nunca houve tanto fim como agora” (Prêmio APCA 2017 e Prêmio Machado de Assis 2018), todos pela Editora Record.
Resenha:
Rei Revés: Uma Tragédia Real em Tons Poéticos
Rei Revés, do premiado autor Evandro Affonso Ferreira, é um romance que nos convida a mergulhar em um universo de profunda dor e reflexões filosóficas. Através de uma narrativa poética e densa, a obra narra a tragédia de um rei aprisionado que enfrenta a perda de um neto em meio a um contexto de fragilidade existencial.
A história se desenrola em um cenário indefinido, onde o tempo e o espaço se dissolvem em meio à angústia do protagonista. O rei, outrora símbolo de poder e autoridade, se vê destituído de sua posição e dominado pela dor da perda. Sua narrativa, em tom de lamento e questionamento, nos leva a refletir sobre a efemeridade da vida, a crueldade do destino e a fragilidade da condição humana.
Evandro Affonso Ferreira constrói sua narrativa com maestria, utilizando recursos literários como metáforas, simbolismos e imagens vívidas para criar uma atmosfera densa e sensorial. A linguagem poética, por vezes hermética, exige do leitor um esforço de interpretação, recompensando-o com reflexões profundas sobre a vida, a morte e o sentido da existência.
Rei Revés não é um livro fácil de ler. Sua temática complexa e sua linguagem densa podem desafiar alguns leitores. No entanto, para aqueles que se dispuserem a mergulhar em suas páginas, a obra oferece uma experiência literária única e enriquecedora.
Pontos fortes:
- Narrativa poética e densa que explora temas como dor, perda e fragilidade humana.
- Criação de uma atmosfera sensorial e envolvente através de recursos literários.
- Reflexões filosóficas profundas sobre a vida, a morte e o sentido da existência.
Pontos a serem considerados:
- Temática complexa e linguagem densa que podem dificultar a leitura para alguns.
- Narrativa fragmentada e sem um desenvolvimento linear da história.
- Ausência de personagens concretos e de um enredo tradicional.
Recomendação:
Rei Revés é um livro recomendado para leitores que apreciam a literatura poética e reflexiva. A obra exige um certo esforço de interpretação, mas recompensa aqueles que se dispõem a desvendar seus mistérios com uma experiência literária única e enriquecedora. Se você busca um livro que te faça questionar a vida e a morte, Rei Revés pode ser a escolha ideal.
Para quem:
- Amantes da literatura poética e reflexiva.
- Leitores que apreciam obras que desafiam e provocam.
- Aqueles que buscam reflexões filosóficas sobre a vida, a morte e a existência humana.
Talvez não seja para:
- Leitores que preferem livros com tramas lineares e personagens concretos.
- Quem busca uma leitura leve e descontraída.
- Aqueles que se sentem incomodados com a linguagem densa e poética.