O que fazer quando a vida te dá dois amores verdadeiros? Quem é o seu verdadeiro amor? O que significa amar de verdade? Emma Blair casou com seu namorado do colegial, Jesse, quando tinha vinte anos. Juntos, eles construíram uma vida diferente das expectativas de seus pais e das pessoas de sua cidade natal, Massachusetts. Sem perder nenhuma oportunidade de viver novas aventuras, eles viajam o mundo todo, curtindo a vida ao máximo. Mas, em vez do tradicional “e viveram felizes para sempre”, uma tragédia separa os dois, no dia do seu aniversário de um ano de casamento. O helicóptero com o qual Jesse sobrevoava o Pacífico desaparece e, simples assim, o amor da vida de Emma se vai para sempre. Emma volta para sua cidade natal em uma tentativa de reconstruir a vida e, depois de anos de luto, reencontra um velho amigo, Sam, que lhe mostra ser, sim, possível se apaixonar novamente…
Editora: Paralela; Edição: 1 (17 de junho de 2020); Páginas: 296 páginas; ISBN-10: 8584391673; ISBN-13: 978-8584391677; ASIN: B087JVWH3Z
Biografia do autor: TAYLOR JENKINS REID é autora de Os sete maridos de Evelyn Hugo, Daisy Jones & The Six, Amor(es) Verdadeiro(s), Depois do sim, Em outra vida, talvez?, Para sempre interrompido, Depois do sim e Malibu renasce. Os dois primeiros livros da lista tiveram seus direitos de adaptação para TV e cinema adquiridos. Ela mora em Los Angeles com o marido, a filha e um cachorro, mas pode ser facilmente encontrada em seu Instagram @tjenkinsreid
Leia trecho do livro
Este é um livro sobre Acto; Massachusetts. Portanto, naturalmente, gostaria de dedicá-lo a Andy Bauch, de Boxborough.
E a .Rose, Warren, Sally, Bernie, Niko e Zach de Encino, Califórnia.
Eu estava terminando de jantar com a minha família e com o meu noivo quando meu marido de repente me liga.
E o aniversário de sessenta e quatro anos do meu pai. Ele está usando sua blusa favorita, um suéter verde-oliva de caxemira que eu e Marie, minha irmã mais velha, compramos dois anos atrás. Acho que é por isso que ele gosta tanto. Além do fato de ser caxemira, claro. Negar isso seria enganar a mim mesma.
Minha mãe está sentada ao lado dele com uma camisa branca de tecido fino e uma calça cáqui, tentando segurar o sorriso. Ela sabe que logo menos um bolinho com uma vela acesa chegará para cantarmos parabéns. Seu entusiasmo infantil com surpresas continua o mesmo.
Meus pais estão casados há trinta e cinco anos. Criaram duas filhas e administram juntos uma livraria bem-sucedida. Têm duas netas lindas. Uma das filhas está assumindo o negócio da família. Eles têm muito do que se orgulhar. É um aniversário feliz para o meu pai.
Marie está sentada ao lado da minha mãe e, nesses momentos, com as duas juntinhas, viradas para a mesma direção, é que percebo o quanto são parecidas. Cabelos castanho-claros, olhos azuis, silhuetas esguias. Fui a filha que acabou ficando com a bunda grande.
Por sorte, aprendi a gostar disso. Obviamente, existe uma grande variedade de músicas dedicadas às glórias de um bumbum volumoso, e depois dos trinta me convenci de que deveria tentar ser quem sou sem nenhuma vergonha.
Meu nome é Emma Blair e tenho um bundão.
Tenho trinta e um anos, um metro e sessenta e oito, cabelos loiros com um corte pixie um pouco mais compridinho. Meus olhos amendoados ficam em meio a uma constelação de sardas que ocupa a parte superior da minha face. Meu pai já fez todas as piadas possíveis comparando com a Ursa Menor.
Na semana passada, Sam, meu noivo, me deu a aliança que demorou dois meses para escolher. É um diamante solitário em um anel de ouro rosé. Apesar de não ser a minha primeira aliança, é a primeira vez que uso uma pedra preciosa no dedo. Quando olho para mim mesma, não consigo ver nada além disso.
“Ai, não”, meu pai comenta quando vê um trio de garçons vindo na nossa direção com uma fatia de bolo com uma vela acesa. “Vocês não fizeram isso…
” E não se trata de falsa modéstia. Meu pai fica todo vermelho quando cantam para ele.
Minha mãe olha para trás para se certificar do que ele está vendo. “Ah, Colin”, ela diz. “Se anima. É seu aniversário…”
Os garçons fazem uma curva abrupta para a esquerda a caminho de outra mesa. Pelo jeito, meu pai não é o único aniversariante do dia. Minha mãe percebe o que está acontecendo e tenta disfarçar. “
… Foi justamente por isso que eu não pedi bolo nenhum”, ela complementa.
“Esquece”, meu pai responde. “Seu plano já foi descoberto.
” Os garçons terminam de servir a outra mesa, e uma pessoa da gerência sai da cozinha com outra fatia de bolo. Agora é a nossa vez.
“Se quiser se esconder debaixo da mesa, eu digo que você já foi embora”, Sam oferece.
Sam é bonito de um jeito não opressivo — o que considero a melhor forma de beleza —, com olhos castanhos calorosos que parecem se esforçar para ver tudo com ternura. E ele é divertido. Engraçado de verdade. Depois de começar a namorar Sam, percebi que as linhas de expressão ao redor do meu rosto ficaram mais profundas. Deve ser porque estou envelhecendo, mas não consigo deixar de pensar que é porque estou rindo mais do que nunca. O que mais se pode fazer ao lado de uma pessoa que é pura gentileza e senso de humor? Não sei dizer se existe algo mais importante que isso para mim.
O bolo chega, nós cantamos escandalosamente, e meu pai vira um pimentão. Logo em seguida os garçons se afastam e o que resta sobre a mesa é uma fatia superfaturada de bolo de chocolate com sorvete de baunilha.
Cinco colheres foram deixadas para nós, mas meu pai logo se apossa de todas. “Não sei por que deixaram tantas. Só preciso de uma”, ele diz.
Minha mãe tenta arrancar uma de sua mão.
“Nem pensar, Ashley”, ele avisa. “Suportei a humilhação, então mereço comer o bolo sozinho.”
“Se é assim que as coisas são…”, intervém Marie, “… no meu próximo aniversário podem fazer essa mesma palhaçada. Acho que vale a pena.”
Marie dá um gole em sua coca zero e vê as horas no celular. Mike, seu marido, está em casa com minhas sobrinhas, Sophie e Ava. É raro Marie ficar muito tempo fora de casa sem eles.
“Preciso ir”, ela avisa. “Desculpa sair mais cedo, mas…”
Ela nem precisa explicar. Minha mãe e meu pai se levantam para se despedir com um abraço.
Depois que Marie vai embora e meu pai enfim concorda em dividir o bolo, minha mãe comenta: “Pode parecer bobagem, mas sinto falta disso. Sinto falta de ir embora mais cedo dos lugares porque mal podia esperar para voltar para minhas meninas”.
Já até sei o que vem a seguir. Tenho trinta e um anos e estou prestes a me casar. Sei exatamente o que vem a seguir.
“Vocês já pensaram em quando vão começar a formar uma família?”
Preciso me segurar para não revirar os olhos. “Mãe…”
Sam cai na risada. Ele pode se dar a esse luxo. Minha mãe só é parente dele por extensão.
“Só estou mencionando isso porque existem cada vez mais estudos sobre os perigos de esperar demais para ter o primeiro bebê”, minha mãe justifica.
Sempre vão existir estudos para provar que devo ter pressa, e outros para mostrar que posso pensar em ter um bebê só quando eu me sentir pronta, independentemente do que minha mãe leia no Htffington Post.
Por sorte, a expressão no meu rosto a fez recuar. “Esquece, deixa pra lá”, ela diz, fazendo um aceno com a mão. “Estou parecendo a minha mãe. Esquece. Vou parar de fazer isso.”
Meu pai ri e a abraça. “Certo”, ele diz. “Estou em coma glicêmico, e com certeza Emma e Sam têm coisas melhores para fazer do que ficar aqui com a gente. Vamos pedir a conta.”
Quinze minutos depois, nós quatro saímos do restaurante e caminhamos para os nossos carros.
Estou usando um vestido de lã azul-marinho com meia-calça grossa por baixo. Isso basta para me proteger do ar frio do início da noite. Uma das últimas em que vou poder sair para qualquer lugar sem um gorro.
É fininho de outubro. O outono já começou e tomou conta da Nova Inglaterra. As folhas das árvores estão amarelas e vermelhas, prestes a se tornar marrons e quebradiças. Sam já foi à casa dos meus pais uma vez para recolher as folhas secas do gramado. Em dezembro, quando a temperatura despencar, ele e Mike vão precisar escavar a neve da entrada da casa dos sogros.
Mas, por enquanto, o ar não está tão gelado, então saboreio o clima o máximo possível. Quando eu morava em Los Angeles, nunca valorizava as noites quentes. Não dá para valorizar algo que nunca acaba. Esse é um dos motivos para eu ter voltado a Massachusetts.
Enquanto caminho para o carro, escuto o som distante do toque do meu celular. Percebo que vem da minha bolsa, e nesse momento ouço meu pai tentando convencer Sam a ensiná-lo a tocar guitarra. Meu pai tem esse hábito irritante de querer aprender todos os instrumentos que Sam toca, se aproveitando do fato de meu noivo ser professor de música para querer transformá-lo em seu instrutor particular.
Remexo na bolsa à procura do celular e pego a única coisa que está acesa e vibrando lá dentro. Não reconheço o número que aparece na tela. O código de área 808 também não me diz muita coisa.
Ultimamente, apenas pessoas dos códigos 978, 857, 508 ou 617 — os vários códigos de área de Boston e seus arredores — têm algum motivo para me ligar.
E 978, especificamente, sempre representou a minha casa, independente do código de área do lugar onde eu estava vivendo na ocasião. Já passei um ano em Sydney (61 2) e vários meses viajando de mochilão entre Lisboa (351 21) e Nápoles (39 081). Passei a lua de mel em Mumbai (91 22) e vivi anos felizes em Santa Mônica, na Califórnia (310). Mas, quando precisei voltar para “casa”, isso significava o código de área 978. E é aqui que estou até agora.
A resposta me vem à mente.
808 é o código do Havaí.
“Alô?”, digo ao atender.
Sam se vira para mim, e logo meus pais vão fazer o mesmo.
“Emma?”
Eu reconheceria a voz que ouço do outro lado da linha em qualquer hora e lugar — uma voz com quem conversei todos os dias durante muitos anos.
Uma voz que pensei que jamais fosse escutar de novo, e que não consigo acreditar que estou ouvindo agora.
O homem que amei desde os dezessete anos de idade. O homem que me deixou viúva quando seu helicóptero caiu no meio do oceano Pacífico e desapareceu sem deixar vestígios.
Jesse.
“Emma”, Jesse repete. “Sou eu. Estou vivo. Está me ouvindo? Estou voltando pra casa.”