Tony Buzan, o inventor da técnica de Mapeamento Mental, traz aos leitores de forma clara e acessível, o resultado de cinco décadas de pesquisas e desenvolvimento dessa ferramenta capaz de auxiliar no planejamento, criatividade e execução de atividades que envolvem todos os campos da vida pessoal e profissional. Um manual repleto de exercícios de memória e de elaboração de Mapas Mentais, com ilustrações passo a passo que mostram como criar mais de 20 Mapas Mentais. Indicado tanto para o leitor que está iniciando o aprendizado da técnica quanto para os usuários avançados que gostariam de aperfeiçoá-la em seu dia a dia.
Capa comum: 224 páginas Editora: Cultrix; Edição: 1ª (5 de setembro de 2019) ISBN-10: 8531615259 ISBN-13: 978-8531615252 Dimensões do produto: 22,8 x 16 x 1 cm
Leia trecho do livro
Prólogo
Venho usando Mapas Mentais há muitos anos. Hoje, viajo o mundo ensinando profissionais dos negócios, figuras públicas e plateias inteiras a melhorar a memória e a capacidade cognitiva na vida pessoal e profissional. No entanto, fui diagnosticado com dislexia quando criança e creio que tive problemas — e ainda os tenho até certo ponto — de atenção. Descobri que os Mapas Mentais são um grande auxilio para nos livrar da distração do Transtorno de Déficit de Atenção. Resumindo, eles me ajudam a ficar na linha.
Os Mapas Mentais são ferramentas poderosas para nos concentrarmos e para processar informações, formular planos de ação e iniciar novos projetos. Na verdade, o Mapeamento Mental nos dá uma ajuda e uma orientação incríveis em todos os aspectos da vida — não poderia recomendá-lo o suficiente!
Além de dar ao leitor um meio para transformar sua vida, o novo livro de Tony, Dominando a Técnica dos Mapas Mentais, o acolherá numa vigorosa comunidade global. Os relatos e exemplos mostram como o Mapeamento Mental é um fenômeno mundial, praticado por todo tipo de gente. O que essas pessoas têm em comum é a paixão pelos benefícios dessa ferramenta de pensamento e a vontade de compartilhá-la com os outros.
Continuo imensamente grato a Tony por inventar os Mapas Mentais e recomendo este novo livro a qualquer um que queira aprimorar seu pensamento e alcançar o domínio do Mapeamento Mental.
Dominic O’Brien,
oito vezes campeão mundial de memória e autor de best-sellers
Prefácio
“Estou em busca de livros sobre como usar o cérebro.”
“Procure ali,” disse a bibliotecária, apontando uma estante de livros, “na seção médica.”
“Não”, respondi. “Já olhei estes livros e não tenho interesse em operar o meu cérebro; só quero aprender a usá-lo.”
A bibliotecária me lançou um olhar inexpressivo. “Acho que não temos nenhum livro sobre esse assunto”, disse ela. “Só esses livros.”
Fui embora frustrado e surpreso. No segundo ano na universidade, eu estava buscando novas maneiras de lidar com uma carga maior de trabalho acadêmico, pois os meus métodos de estudo simplesmente já não davam os resultados que eu buscava. Na verdade, quanto mais anotações eu fazia, pior me saía. Por mais que ainda não houvesse constatado a limitação do pensamento linear, naquele dia percebi que o meu suposto problema na verdade era uma oportunidade incrível. Se não havia livros sobre como usar o cérebro, então aquela era uma área com um potencial extraordinário para pesquisa.
Nos anos seguintes, estudei psicologia e as ciências gerais, neurofisiologia, neurolinguística e semântica, teoria da informação, técnicas mnemônicas, a percepção e o pensamento criativo. Vim a compreender o jeito como o cérebro humano funciona e as condições que lhe permitem operar da melhor forma possível.
Ironicamente, a minha pesquisa também destacou as falhas dos meus próprios métodos de estudo, à medida que ia percebendo aos poucos que minhas anotações feitas em aula eram baseadas em palavras, monótonas e enfadonhas; tudo o que seu formato linear me proporcionava era uma maneira incrivelmente eficiente de treinar a minha estupidez! A prática leva à perfeição: se você pratica com perfeição, a sua prática o torna perfeito. No entanto, se você pratica mal, a prática o torna perfeitamente medíocre. Fazendo anotações cada vez mais lineares e monótonas, eu me tornava cada vez mais perfeitamente estúpido! Precisava mudar com urgência tanto o meu pensamento quanto as minhas ações.
Estudando a estrutura do cérebro, encontrei o avanço que estava procurando. O fato de possuirmos mo bilhões de células cerebrais, cada uma das quais contribui para o nosso pensamento, me inspirou. Achei fascinante o fato de cada um destes neurônios ter tentáculos que se irradiam do centro da célula como os galhos de uma árvore, e percebi que podia usar esse modelo de maneira esquemática para criar a ferramenta de pensamento definitivo.
Essa descoberta acabou dando uma grande contribuição ao desenvolvimento do Pensamento Radiante (ver p. 33) que, por sua vez, contribuiu para a criação do Mapa Mental.
Simplificando ao máximo, um Mapa Mental é um diagrama intricado que imita a estrutura de um neurônio, com ramificações que saem do centro e evoluem por meio de padrões de associação. Contudo, desde a sua origem em meados da década de 1960, o Mapa Mental demonstrou ser muito mais do que um método excelente de tomar notas: é uma maneira eficiente e profundamente inspiradora de alimentar a nossa mente, intelecto e espírito. Desenvolveu-se exponencialmente e, como veremos neste livro, pode ser aplicado às mais diversas finalidades — desde alimentar a criatividade e fortalecer a memória até ajudar na luta contra a demência.
No decorrer dos anos, o Mapa Mental foi mal compreendido por alguns e mal representado por outros. Ainda assim persiste a minha visão de um mundo em que toda criança e todo adulto entenda o que é um Mapa Mental, como ele funciona e como pode ser aplicado a todos os aspectos da vida.
O objetivo deste livro é mostrar como um bom Mapa Mental pode nutrir você como indivíduo e como a técnica do Mapa Mental continua crescendo, se expandindo e evoluindo para enfrentar os novos desafios que se apresentam a todos nós neste planeta.
E agora, enquanto avançamos no século XXI, o Mapa Mental pode ser acessado e utilizado de novas maneiras que refletem nossas florescentes possibilidades técnicas. Os Mapas Mentais ainda podem ser feitos à mão, é claro, mas também podem ser gerados em programas de computador, estão disponíveis on-line, foram desenhados na neve do ártico, enfeitaram encostas de montanhas e podem até mesmo ser desenhados por drones no céu.
Venha comigo nesta grande aventura e prepare-se para irradiar o seu poder mental para além de tudo o que você já viveu!
TONY BUZAN
Introdução
Por Que este Livro é Necessário
O Mapa Mental é uma ferramenta mental revolucionária cujo domínio transformará sua vida. Ajudará você a processar informações, ter novas ideias, fortalecer a memória, aproveitar da melhor maneira possível seu tempo livre e aperfeiçoar seu método de trabalho.
De início, eu concebia o Mapa Mental como uma forma inovadora de tomar notas que podia ser utilizada em qualquer situação em que fosse preciso tomar notas lineares, ou seja, ao assistir à aula, falar ao telefone, numa reunião de negócios e nas atividades de pesquisa e estudo. No entanto, logo ficou claro que o Mapa Mental também pode ser usado para atividades pioneiras de design e planejamento; para proporcionar uma visão geral incisiva de um certo assunto; para inspirar novos projetos; para descobrir soluções e deixar para trás as formas improdutivas de pensamento, entre muitas outras coisas. Neste livro, você encontrará inúmeras aplicações incríveis do Mapa Mental, que pode até ser usado como um exercício independente com o objetivo de pôr o cérebro para trabalhar e intensificar sua capacidade de pensar criativamente.
Em Dominando a Técnica dos Mapas Mentais, você vai descobrir como o ato de elaborar um Mapa Mental pode ajudar você a acessar suas múltiplas inteligências e realizar seu verdadeiro potencial. Os exercícios práticos contidos neste livro foram concebidos para que você adquira prática nessa modalidade expansiva de pensamento. Você também conhecerá as histórias verdadeiras de outras pessoas — entre elas, mestres do mapeamento mental e especialistas e pioneiros em diversos campos de atividade, famosos no mundo inteiro — cujas vidas foram radicalmente transformadas pelo Mapa Mental.
Seu cérebro é um gigante adormecido. Dominando a Técnica dos Mapas Mentais chegou para ajudá-lo a acordar!
Um novo modo de pensar
Quando apresentei o Mapa Mental ao mundo, na década de 1960, eu não fazia ideia do que viria pela frente. Nos estágios preliminares de minhas pesquisas sobre o pensamento humano, usei um protótipo do Mapa Mental para melhorar meus estudos. Tratava-se de uma forma de tomar notas em que eu associava palavras e cores. O sistema evoluiu quando comecei a sublinhar as palavras-chave em minhas anotações e percebi que elas constituíam menos de 10% de tudo o que eu escrevia. Não obstante, essas palavras-chave continham um grande número de conceitos fundamentais. Meu estudo dos gregos da Antiguidade havia me dado a convicção de que eu precisava encontrar um jeito simples de formar conexões entre essas palavras-chave, a fim de que elas pudessem ser memorizadas com facilidade.
Os antigos gregos desenvolveram alguns sistemas mnemônicos bastante elaborados que lhes permitiam lembrar com perfeição de centenas ou mesmo milhares de fatos. Esses sistemas baseavam-se no poder da imaginação e da associação para estabelecer conexões entre informações diversas. Uma das técnicas inventadas pelos gregos para melhorar a memória era o método de loci ou locais, também chamado Viagem da Memória, Palácio da Memória ou Técnica do Palácio da Memória (ver o quadro abaixo).
Como construir um Palácio de Memória
Segundo o orador romano Cícero (106-43 a.C.), a técnica espacial de memorização conhecida como método de loci (palavra latina que significa “locais”) foi descoberta por um grego chamado Simônides de Ceos (c. 556-c. 468 a.C.), que era poeta lírico e sophos (sábio).
No diálogo De Oratore, Cícero conta que Simônides foi a um banquete para recitar um poema em homenagem ao anfitrião. Logo depois de recitá-lo, foi chamado por alguém que estava fora da casa; assim que saiu, o teto desabou repentinamente, esmagando os demais convidados. Alguns corpos encontravam-se tão deformados que não podiam ser reconhecidos. Isso era motivo de grande preocupação, pois os mortos precisavam ser identificados a fim de receber os ritos funerários adequados. Simônides, no entanto, foi capaz de identificar os mortos valendo-se de sua memória visual de onde cada um dos convidados estava sentado ao redor da mesa.
A partir dessa experiência, Simônides percebeu que qualquer pessoa poderia melhorar a memória, imaginando locais e formando imagens mentais das coisas que quisesse lembrar. Se as imagens fossem armazenadas nos locais visualizados numa determinada ordem, seria possível lembrar qualquer coisa pelo poder da associação. O método resultante, chamado método de loci, foi descrito em diversos tratados de retórica da Grécia e da Roma antigas, e é mais conhecido hoje pelo nome de Palácio da Memória.
Encontrei por acaso o método de loci durante minhas pesquisas sobre os processos de pensamento do ser humano, mas sem querer eu já havia tomado contato com outro método mnemônico nos primeiríssimos minutos do meu primeiro dia na universidade. Tratava-se do Método Maior —um método fonético desenvolvido pelo escritor e historiador alemão Johann Just Winckelmann (1620-1699). Na primeira aula daquele semestre, um professor sardônico — um baixinho forte, com tufos de cabelo vermelho brotando da cabeça — entrou na sala de aula e, de mãos nas costas, começou a recitar com perfeição a lista de chamada da classe. Se alguém estivesse ausente, ele dizia o nome do aluno, o nome de seus pais e sua data de nascimento, telefone e endereço. Quando terminou, olhou para nós de sobrancelhas levantadas e um leve sorriso de superioridade. Ele desprezava os alunos, mas era um professor maravilhoso — e me conquistou naquele momento.
Depois daquela primeira aula, quando lhe perguntei como ele fora capaz de tamanha façanha de memória, ele se recusou a me dizer e respondeu simplesmente: “Meu filho, sou um gênio”. Persisti durante três meses até que um dia ele decidiu nos contar seu segredo e nos ensinou o Sistema Maior. Essa técnica mnemônica usa um código simples que converte números em sons fonéticos. Os sons podem então ser convertidos em palavras — e as palavras, transformadas em imagens com que decorar um Palácio da Memória.
Meu novo método de anotações baseou-se em meu entendimento cada vez maior dos sistemas mnemônicos e simplificou radicalmente a prática dos gregos antigos, usando as cores para criar ligações entre conceitos inter-relacionados. Embora esse método ainda não fosse, na época, um Mapa Mental propriamente dito, já era muitíssimo mais eficaz que o sistema linear de tomar notas, o qual, em comparação, era monocromático e monótono — e dava resultados correspondentes a essa monotonia. Se você toma notas usando apenas tinta preta ou azul, o efeito da tinta sobre o papel é naturalmente tedioso, o que significa que seu cérebro vai deixar de prestar atenção e, depois, vai se desligar e acabar indo dormir. Isso explica por que a “doença do sono” é uma epidemia em salas de estudo, bibliotecas e reuniões.
O famoso “Diagrama de Buzan” Jezz
More estava encontrando muitas dificuldades na faculdade quando foi a uma aula sobre um novo método de aprendizado chamado “Diagrama de Buzan”. O professor lhe ensinou a escrever um tópico no centro da página e preencher toda a área ao redor com “palavras-chave” e “auxílios de memória” ligados por linhas, o que eliminava a necessidade de memorizar listas elaboradas. Jezz se surpreendeu com a simplicidade e a eficácia desse método. Antes aluno-problema na universidade, acabou se formando em economia e política, fez pós-graduação e conquistou um MBA em finanças empresariais.
Alguns anos depois, foi a um jantar num clube de remo. A conversa se voltou para os assuntos de aprendizado e educação, e Jezz — movido por sua paixão pela técnica que transformara seus estudos, e também por uma ou duas taças de vinho — começou a falar com toda autoridade para o convidado a seu lado que “é fácil ser inteligente”. Pedindo que o convidado o interrompesse caso ele estivesse indo rápido demais, ele explicou como a técnica funcionava e, solícito, rabiscou um diagrama num guardanapo de papel: “Aí está… o Diagrama de Buzan”. Houve uma pequena pausa, quando então o convidado falou: “Você ainda não percebeu que eu sou Tony Buzan?”.
Fiquei muito contente de saber em primeira mão que meus métodos de anotação haviam ajudado a mudar a vida de Jezz, e de lá para cá ele e eu nos tornamos melhores amigos. Nos anos subsequentes, usei técnicas de Mapeamento Mental para ajudar Jezz a preparar atletas que ganharam medalhas olímpicas remando pelo Reino Unido.
Satisfeito com o sucesso do meu novo método, comecei, ainda como mero passatempo, a dar aulas a outros alunos e a ensinar-lhes minha técnica. Muitos desses alunos haviam sido rotulados como fracassados no meio acadêmico, e foi muito gratificante vê-los começar a obter notas mais altas e se dar melhor que seus colegas (ver o quadro na página anterior).
Os próximos passos
No estágio subsequente do processo de desenvolvimento do Mapa Mental, comecei a pensar de modo mais detalhado na hierarquia que governa nossos padrões de pensamento e percebi que existem
Foi assim que descobri o poder do Pensamento Radiante, que explicarei de modo mais detalhado no Capítulo 1 (ver p. 33). À medida que meu entendimento aumentava, fui aos poucos construindo a arquitetura do Mapa Mental, usando setas, códigos e linhas curvas como conexões. Um encontro decisivo com a paisagista australiana Lorraine Gill me ajudou a formular as etapas seguintes, pois ela me desafiou a reavaliar o papel das figuras e das cores dentro da estrutura do Mapa Mental. As ideias dela inspiraram o modo pelo qual usamos imagens nos Mapas Mentais hoje em dia.
Quando comparei minhas técnicas, ainda em evolução, com as anotações feitas por personagens históricas como os artistas renascentistas Leonardo da Vinci (1452-1519) e Michelangelo (1475-1564) e cientistas como Madame Curie (1867-1934) e Albert Einstein (1879-1955), encontrei interessantes paralelos entre o modo pelo qual eles usavam imagens, códigos e linhas interconectadas: suas palavras e diagramas se expandem em todas as direções da página, livres para vagar por qualquer direção que seus pensamentos possam tomar, em vez de permanecer presos a uma linha reta horizontal. (Ver também “Uma Breve História do Pensamento por Trás dos Mapas Mentais”, p. 42). No entanto, as experiências concretas de meus alunos, clientes e colegas, em número cada vez maior, davam a entender que as técnicas que eu então desenvolvia eram tão acessíveis que poderiam ajudar pessoas de todo tipo: para se beneficiar delas, não era preciso ser um gênio de primeira classe que fizesse descobertas pioneiras.
O Mapa Mental é analítico na medida em que pode ser usado para resolver qualquer problema. Por meio da lógica de associação, o Mapa Mental vai logo ao coração de qualquer assunto. Além disso, permite que você contemple o panorama maior. É microcósmico por um lado e macrocósmico por outro.
fim da amostra…