Uma viagem onírica pela Cordilheira sul-americana, em que ancestralidade e identidade se confundem — e se confirmam — através dos muitos fragmentos que recompõem o passado, o presente e o futuro. “Sua primeira memória é uma memória em trânsito. Tem três anos de idade e o avião onde está sobrevoa a Cordilheira dos Andes. Fala espanhol. É o único idioma que conhece. Mas a memória não é de palavras. É uma imagem. Olha pela janela, a Cordilheira está coberta de neve. Não sabe para onde vai.” Uma viagem onírica pela Cordilheira dos Andes mistura ancestralidade e identidade em fragmentos de passado, presente e futuro. A primeira memória do protagonista, aos três anos, é de um voo sobre a Cordilheira nevada, sem saber o destino, apenas a imagem.
Editora: Companhia das Letras; 1ª edição (4 novembro 2022); Páginas: 160 páginas; ISBN-10: 6559211452; ISBN-13: 978-6559211456; ASIN: B0BF719QMT
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Biografia do autor: Carola Saavedra é uma escritora e tradutora brasileira nascida no Chile, que se mudou para o Brasil aos três anos de idade. Formada em jornalismo, ela também possui um mestrado em Comunicação Social. Sua experiência internacional, vivendo em países como Espanha, França e Alemanha, influenciou sua escrita. Autora de romances, contos, ensaios e poemas, Carola recebeu prêmios importantes como o Prêmio APCA e o Prêmio Rachel de Queiroz. Sua obra, marcada pela experimentação narrativa e pela linguagem poética, já foi traduzida para diversas línguas. Instagram @_carolasaavedra
Resenha: “O Manto da Noite” por Carola Saavedra
Carola Saavedra, uma das mais destacadas escritoras brasileiras do século XXI, nos presenteia com “O Manto da Noite”, um romance que é ao mesmo tempo íntimo e vasto, um mergulho profundo na alma da América Latina. Saavedra tece uma narrativa que é um mosaico de memórias, sentimentos e identidades, compondo um retrato intenso e provocativo da nossa história e do nosso presente.
A trama se desenrola através de uma viagem onírica pela Cordilheira dos Andes, um cenário que se transforma em um personagem vivo e pulsante. A Cordilheira, coberta de neve, serve de pano de fundo para uma exploração de ancestralidade e identidade, onde passado, presente e futuro se entrelaçam em uma tapeçaria complexa. A primeira memória do protagonista, uma criança de três anos sobrevoando a Cordilheira sem saber seu destino, estabelece o tom para uma jornada de autodescoberta e introspecção.
Saavedra utiliza gêneros narrativos variados – prosa, diário, teatro – para contornar a Cordilheira, que atravessa o romance como uma linha de vida. Em suas palavras, a Cordilheira expõe uma antiga ferida que perdura no continente: a farsa de uma identidade nacional singular, corroída por mentiras históricas. A autora mergulha nas questões individuais enquanto expande sua narrativa para um universo coletivo, refletindo sobre invasões, massacres e lutas que marcam a história latino-americana.
Julie Dorrico, na orelha desta edição, ressalta que a Cordilheira é uma personagem não humana que revela as cicatrizes deixadas pela máquina colonial. Saavedra, através de uma linguagem rica e evocativa, nos lembra que a terra carrega as memórias das guerras travadas sobre seu corpo. A narrativa de Saavedra é um convite para confiar nas vozes que guiam os personagens, uma exploração da vida e do tempo através de múltiplas perspectivas.
Natalia Borges Polesso elogia a estrutura narrativa de “O Manto da Noite”, onde narradores se entrelaçam em uma dança temporal e emocional. A história é uma trama de conexões, um exercício de compreender a vida através de grandes e pequenas narrativas que se entrelaçam, oferecendo ao leitor uma experiência rica e multifacetada.
Com “O Manto da Noite”, Carola Saavedra reafirma seu lugar entre as grandes escritoras contemporâneas, entregando uma obra que é ao mesmo tempo um espelho e um mapa da alma latino-americana. Este livro é um convite para uma reflexão profunda sobre nossa identidade e nossa história, uma leitura indispensável para quem busca entender as complexidades do nosso continente.