O que você faria se ficasse estéril por um erro exclusivamente seu? Henry Grant descobriu que não pode realizar seu maior sonho: ser pai. Irritado e confuso, ele se se culpa constantemente pela sua displicência, mas tudo muda quando uma chama de esperança é reacendida por Colin, seu melhor amigo, relembrando uma aventura de anos atrás. Sem pensar nas consequências ele se apega a esse último fio de esperança, e agora fará de tudo para obter respostas, nem que para isso seja necessário tomar medidas drásticas… Marjorie Carpenter tinha um plano bem definido em sua vida: ser mãe solo. Com essa ideia em mente ela recorreu a um banco de sêmen e depois de inúmeros processos engravidou duas vezes. Ela não desejava ter homem algum em sua vida e na de suas filhas, mas qual decisão tomar quando um fantasma aparece e pode fazer com que tudo desmorone ao seu redor?…
ASIN: B08QNJ6HY3; Número de páginas: 596 páginas; Data da publicação: 14 dezembro 2020
Trecho do livro
“Determinadas notícias cortam o nosso coração, o que nos resta é aceitar e seguir em frente”
Minhas mãos tremiam e suavam.
O que o médico me diria nos próximos segundos poderia alterar o curso da minha vida, e nunca fiquei tão nervoso como estou agora.
— Henry… Matthew, o médico responsável pelo meu tratamento falou meu nome e fez uma pausa, me deixando apreensivo.
— Por favor, diga logo: eu me tornei um homem estéril?
Ele me encarou por breves momentos e abriu um sorriso melancólico. Em seguida, juntou suas duas mãos e acenou positivamente com os olhos levemente fechados.
Isso significava que…?
— Henry, infelizmente o diagnóstico foi tardio, e…
— Sou infértil! — Me levantei, irritado, me odiando um pouco mais por não ouvir o meu corpo a respeito de todos os
sintomas.
— Sim — pontuou. — A prostatite causa infertilidade em alguns casos, e o acompanhamento tardio resultou na sua condição atual. As dores ao urinar e as febres constantes eram o indício que seu corpo estava travando uma batalha, e o estágio agora está muito avançando para revertemos algo. Eu realmente sinto muito.
Olhei para um ponto fixo na parede e fechei meus olhos.
Nunca pensei que algo pudesse me desmoronar, mas essa notícia acertou em cheio meu peito, agora não posso mais realizar um dos meus maiores sonhos: ter filhos.
A culpa foi minha, e não vou me eximir desse erro.
Ignorei todos os sintomas, e pensei que me entupir de remédios aleatórios me faria bem. Por um tempo contive as dores em meu corpo, mas agora vejo que elas prejudicaram meu organismo, já que não fiz o essencial: procurar um especialista.
Nunca gostei da ideia de precisar de auxílio em relação a nada.
Me recordo que me gabava constantemente para Colin que não ia ao médico há anos, nem mesmo para um check-up. Em todas as oportunidades que me encontrava enfermo eu mesmo tentava combater minhas dores, só que… não foi o suficiente.
— Tem mais alguma coisa para me falar? — questionei, com os olhos marejados, ainda não acreditando no que me foi
dito.
— Não, Henry. Você veio à procura de respostas, eu gostaria muito de te dizer algo diferente. — Estendeu a mão e me entregou um pequeno dossiê. — Todos os exames e informações detalhadas do que te passei estão nessa pasta, qualquer dúvida você pode me procurar novamente — complementou.
— Certo. — Sem ao menos olhar em sua direção estendi a mão e peguei a pasta, saindo do seu consultório.
Agora, mais do que nunca eu preciso ser forte…
“E por um breve momento a esperança reacende em nosso coração…”
Nos seis meses que se seguiram, minha vida foi um amontoado de respostas negativas em relação à minha condição.
Procurei novos especialistas, médicos e mais médicos que pudessem me dar uma esperança quanto a essa disfunção que descobri recentemente, mas absolutamente todos foram categóricos quando analisavam os resultados dos exames que me pediam.
Infelizmente você não pode ser pai biológico!
Essa foi a frase que mais ouvi nesse meio tempo, e a cada vez que ela era proferida mais eu ficava com raiva e incapaz. Me senti solitário, e com isso afastei meus amigos próximos, entre eles Colin Adams, o homem que tanto auxiliei quando uma tragédia caiu em sua vida, a perda de um dos seus filhos.
Agora, depois de tanta insistência por parte dele resolvi visitá-lo em sua mansão.
Acho que aprendi com ele a me distanciar quando as coisas “apertam”. Colin, sempre fazia isso, e se quisesse conversar com ele eu precisava vir em sua casa. Em todas as oportunidades.
Nunca pensei que um dia eu pudesse entendê-lo tanto nesse aspecto.
Depois que anunciei a minha chegada, fui recebido imediatamente.
Colin não mudou nada. Sua barba ainda é espessa, ele continua com seu rosto sério, e seus olhos parecem enxergar a minha alma. Apesar de falar assim, também observo felicidade em sua carranca, e sei exatamente o motivo para tal.
Família unida.
— Como vai, Colin?
— Muito bem agora que meu amigo finalmente apareceu — falou, e esbocei um pequeno sorriso. — Vem cá, deixe de cerimônia — completou e logo chegou mais perto, me abraçando de lado, e isso foi… estranho.
Colin Adams, não é o tipo de pessoa que demonstra sentimentos, ou pelo menos não era.
Depois que conheceu Isabelle e Hanna, há alguns anos, ele se tornou um novo homem, e reconheço o quanto ele melhorou como pessoa. Antes, Colin, era ranzinza e não tinha empatia com quase ninguém no mundo, nem mesmo com Joshua, seu filho.
Não sei exatamente a dimensão de sua dor quando ele perdeu Maddison, naquele acidente de carro. Há dores que são profundas demais para tentarmos de alguma forma explicar em palavras, mas sei que agora ele se tornou um homem melhor, aprendendo a lidar com a perda.
— O que foi? Isso é vergonha de abraçar seu amigo? — perguntou sorrindo.
Se isso fosse há alguns anos…
Eu diria que era impossível ele esboçar um sorriso, eu era a pessoa que tentava de todas as formas fazer com que ele seguisse em frente, agora ele finalmente seguiu.
Colin é o meu melhor amigo, sempre foi e sempre será.
Posso perceber claramente em seu rosto o quanto ele está feliz agora que juntou seus cacos, ele costumava agir dessa maneira antes da tragédia que acometeu sua família.
Colin se fechou para o mundo após aquele acidente, e em várias oportunidades tentei ajudá-lo a enxergar que era necessário viver.
— O que aconteceu para me chamar às pressas em sua casa? — questionei.
— Quero te contar uma novidade pessoalmente, além de tudo, você sumiu por mais de seis meses e não me retornou ligação nenhuma. Mas pelo menos eu sabia que estava vivo, já que sua empresa não faliu, muito menos foi vendida — caçoou, como previ.
— Não precisa de toda essa preocupação. Estou aqui. — Tentei sorrir, mas logo abaixei a minha cabeça, relembrando o que passei nesse último ano. Os últimos meses foram um inferno.
Não preciso nem dizer que Colin me olhou desconfiado após meu ato, e quando se preparou para dizer algo, eis que outra pessoa foi mais rápida.
— Tio Henry! — Joshua falou do nada, vindo até mim e me abraçando. Em seguida, Hanna e Isabelle fizeram o mesmo, e me permiti esquecer dos problemas ao menos por um mísero segundo.
Eles não têm culpa alguma da minha melancolia, e preciso dar um jeito de esquecer esse assunto. Os exames foram feitos, e nada do que eu faça mudará os resultados.
Nunca gostei de ser uma má companhia para ninguém, não quero ser alguém que culpa Deus por tudo de ruim que acontece a minha volta.
— Como vocês estão? — perguntei para as crianças, sorrindo.
— A gente tá bem. A Hanna ainda tá chata, mas eu já me acostumei — Joshua disse e logo a irmã franziu o rosto, o fuzilando.
— Ele tem ciúmes de mim, porque sou bonita e os meninos da escola ficam me olhando. Não tenho culpa. — Deu de ombros, confiante.
Foi a vez de Joshua fechar a cara, e logo percebi Isabelle e Colin sorrindo ao presenciar a cena.
Hanna agora tem 11 anos de idade, e Joshua é um pouco mais velho. Eles estudam na mesma escola, e ao que parece Colín tem razão quando diz que eles se implicam bastante.
— Agora que viram o tio Henry, que tal brincarem em outro lugar? — Isabelle falou e logo o sorriso deles transpareceram, o que não entendi muito bem.