Oliver Clarke leva no coração o rancor de ser abandonado na porta do altar. CEO de grande sucesso, e dono de uma vasta rede de restaurantes em Liverpool, ele divide o seu dia entre o trabalho e Emma, sua única filha. Amargurado, distante e sistemático, ele não acredita no amor, as constantes traições o tornaram um homem frio como gelo… Emily Flores sempre gostou de novos desafios, e a convite de uma amiga, embarca para a cidade dos amantes apaixonados, em Liverpool, na Inglaterra. Neste local, há uma tradição que faz com que ela se sinta desafiada: procurar cartas de pessoas desconhecidas, e descobrir a história de vida dos respectivos casais. Ela não pensa duas vezes, contudo o destino às vezes nos prega algumas peças, e uma delas é o ogro mal-educado que odeia essa tradição… Preparem-se para uma aventura recheada de surpresas, mistérios e revelações surpreendentes! Mas não se engane: o amor é uma caixinha de surpresas, e nem tudo é realmente o que parece…
ASIN: B0922WPPKG; Número de páginas: 465 páginas; Data da publicação: 7 abril 2021
Trecho do livro
“Se decepcionar com a pessoa amada pode ser um caminho sem volta…”
OLIVER
3 ANOS ATRÁS
Liverpool, Inglaterra.
Perdi as contas de quantas vezes olhei o meu relógio de pulso.
Observava os burburinhos na igreja, e sabia que eu era o motivo das conversas paralelas, principalmente porque Isabella estava atrasada duas horas.
Ainda estava à espera, torcendo para que ela passasse por aquela porta, e viesse até mim sorrindo, como de costume.
Minha Isabella…
Foi ela que juntou meus cacos, e a decisão de pedi-la em casamento foi algo natural. Nunca pensei que fosse conhecer alguém tão igual a mim, uma pessoa que mudou minha percepção sobre casamento.
Olhei para o meu lado direito, observando Fillipe. Se antes o seu rosto era sereno, agora o notava um pouco mais preocupado, mas quando me viu tratou de disfarçar. O grande problema nisso tudo era que fomos criados juntos, e éramos melhores amigos, ou seja, sabia quando ele estava preocupado com algo.
Respirei fundo, fechando meus olhos. Precisava controlar minha cabeça, ficava nervoso em um piscar de olhos, mas hoje isso não poderia acontecer, hoje era para ser um dia feliz…
As portas se abriram…
Meu coração bateu acelerado, e por uma fração de segundos fiquei extremamente aliviado e… feliz. Mas, isso não durou muito, pois a pessoa que atravessou a porta não era minha Isabella, e sim um dos homens que contratei para organizar o meu casamento.
Vi sua movimentação a passos largos até mim, e ao me alcançar, me entregou um papel, e seu rosto dizia tudo…
Foi preciso só um minuto, bem como passar o olho cinco vezes no bilhete para entender o que havia acontecido. O ódio crescente em meu peito foi aumentando cada vez mais, só que os meus sentimentos não mudavam o fato principal…
Eu fui abandonado no altar…
“O que os olhos entregam, o coração percebe… e responde”
EMILY
Hoje é o dia!
Coloquei em minha cabeça que ao amanhecer um divisor de águas aconteceria em minha vida. Durante um bom tempo tive receio de enfrentar os medos que insistiam em rondar meus pensamentos, mas agora resolvi tomar uma posição sobre meu futuro, ou melhor, na projeção dele.
Durante meus 28 anos de idade enfrentei vários desafios convicta de que meus esforços superariam os obstáculos em meu caminho. Mas sabe quando sentimos que algo em nossa vida não se encaixava ? Pois é, isso estava acontecendo neste exato momento comigo.
Atualmente estou namorando, — ou melhor, até neste momento —, pois hoje meu relacionamento terá um capítulo final.
É necessário ser clara com William.
Alguns assuntos, por mais difíceis que fossem de dizer, deviam ser mencionados em momentos de dificuldade, e não estava bem com o que estava passando em nosso relacionamento.
Ele, sem dúvidas, era uma pessoa boa, e por vários momentos insistia em dizer que estava mudando por minha causa. Sabia que tínhamos diferenças que não seriam resolvidas, e ficava chateada de ele querer mudar certas questões por minha causa. Era contra esse tipo de pensamento.
Uma qualidade que prezava bastante era a autenticidade. Tínhamos que nos aceitar como éramos. As pessoas que faziam parte de nossas vidas precisavam sentir nossa sinceridade em relação a nossa personalidade.
Além desta parte específica, tinha problemas com a falta de confiança dele quando estávamos juntos. Eu necessitava de alguém que me demonstrasse segurança de uma forma espontânea e clara. Precisava de alguém que transmitisse sentimentos diversos, até mesmo avessos em determinadas situações.
Como assim, avessos?
Nós, mulheres, queríamos um misto de emoções em nossos corações. Basicamente, desejávamos sentir conflitos, e ao mesmo tempo sensações únicas. Me desculpem a complexidade dessa frase, ou até mesmo se vocês não se sentem assim, mas eu queria e precisava de alguém que tivesse esse tipo de appeal.
Sim, eu sou uma mulher complexa.
Eu gostava da forma que William me olhava, mas não era o suficiente… sei que não. Ele me admirava de uma forma tema, simples e esbanjava vários sorrisos a todo o momento, mas não era o suficiente.
Não para mim…
Ainda não vi aquele olhar flamejado em minha direção, a chama ardente que brota em dois olhares que se completavam, o misto de desejo e ansiedade para que os corpos se conectas-sem de uma forma viva.
Desculpem-me se estou tentando explicar o inexplicável.
Entendia que nós, mulheres, éramos totalmente diferen-tes em alguns aspectos. Gostava e precisava ser surpreendida a todo o momento, o problema disso tudo era que não encontrei ninguém que me fizesse tal coisa…
Hoje, relembrei as conversas que tive com Ashley, onde eu brincava com ela dizendo que ficaria pra titia. Sempre faláva-mos abertamente sobre relacionamentos, e há anos eu até pro-curei alguém que preenchesse esse vazio em mim, mas não encontrei.
Não para mim…
Ainda não vi aquele olhar flamejado em minha direção, a chama ardente que brota em dois olhares que se completavam, o misto de desejo e ansiedade para que os corpos se conectassem de uma forma viva.
Desculpem-me se estou tentando explicar o inexplicável.
Entendia que nós, mulheres, éramos totalmente diferentes em alguns aspectos. Gostava e precisava ser surpreendida a todo o momento, o problema disso tudo era que não encontrei ninguém que me fizesse tal coisa…
Hoje, relembrei as conversas que tive com Ashley, onde eu brincava com ela dizendo que ficaria pra titia. Sempre falávamos abertamente sobre relacionamentos, e há anos eu até procurei alguém que preenchesse esse vazio em mim, mas não encontrei.
Cometi um erro grave: escolhi demais!
Era aquela máxima que sempre ouvi, quem muito escolhe, um dia é escolhido.
Não ia me eximir de culpa. Foquei tanto em concluir o mestrado que acabei esquecendo a minha vida social, até mesmo dos meus amigos mais próximos. Podia contar nos dedos as vezes que fui à casa da Ashley conversar com ela tranquilamente.
Sentia-me uma péssima amiga às vezes. Ela e July eram as pessoas mais próximas a mim, e as negligenciei por um longo tempo. Só agora que estava tentando recuperar meu tempo perdido, e pelo menos uma vez ao mês ia à fazenda onde ela morava com Romeo e a sua filhinha, a Antonella.
Era incrível como o tempo passava rápido. Antonella já completou 5 anos de idade, e às vezes me preocupava bastante em não ter aproveitado o suficiente os meus últimos anos.
Fechei meus olhos, sorvendo um pouco o ar.
Havia acabado de chegar na praça de alimentação do Cherry Creek Shopping Center, onde combinei de me encontrar com William. Analisei ao redor, o procurando, e ele já estava sentado, à minha espera. Quando me viu, abriu um largo sorriso, e isso só me deixou um pouco mais triste com a conversa que se seguiria.
Caminhei rapidamente até ele, me sentando. — Oi, princesa. — Olá, William… — disse, ainda receosa de como explicaria o inexplicável.
Não sabia como nossa paixão foi acabando, ou se algum dia existiu uma chama dentro do meu peito quando estava com ele. O erro foi meu em achar que isso melhoraria com o tempo. Realmente, não entendia nada do amor…
— Que assunto é esse que não podia esperar, Emily? Estou projetando um final de semana para nós…
— Preciso te dizer uma coisa importante — interrompi William ao perceber que ele planejava algo.
— Pode falar. — Cruzou os braços, se inclinando levemente para trás. Vi até mesmo que suas feições mudaram bruscamente.
— Vou ser direta — respirei fundo, em seguida fixei nossos olhares. — Nosso relacionamento está insustentável, e você sabe disso, principalmente pelas nossas discussões sem fim, então… eu quero terminar — complementei sem rodeios.
— Emily… — Fechou os olhos, dispondo uma de suas mãos na cabeça, bufando contrariado em seguida. — Eu estou tentando melhorar. Sei que falhei demais, não consigo demonstrar sentimentos do jeito que merece, mas por favor, me dê mais uma chance.
— A questão não é essa. Eu gosto quando estamos juntos, nos conhecemos há poucos anos, e parece que somos amigos desde a infância.
— E, desde quando isso é ruim?
— Não é ruim. Esse não é o ponto.
— E qual é, Emily? — perguntou, irado.
— O ponto é que infelizmente as pessoas mudam. E eu mudei alguns pensamentos sobre a vida, sobre tudo, incluindo você. Não quero estar em um relacionamento onde eu não me sinta bem, muito menos você. Eu não estou presente quando precisa, e sei que sou falha também nesse aspecto. — O observei, e vi que William ficava mais impaciente a cada segundo que passava. — Eu gosto de quando estamos juntos, mas infelizmente… não te amo.
Estávamos em constante transformação, e em alguns momentos temia ser tão complexa, contudo desafiava alguém a encontrar no mundo uma pessoa normal.
— Eu sabia que tinha outro homem na jogada! — Ele bateu forte com uma das suas mãos na mesa, e seus olhos flamejaram de raiva.
— Por qual motivo os homens acham que sempre tem outro na jogada, hein?
Isso era algo que me irritava em William. Odiava quando ele tentava jogar “verde”, principalmente quando o que ele disse não tinha nada a ver com a conversa. Eu estava expressando o que sentia, e em vez de tentar entender pelo menos 1% do que estava falando ele pensava que estava o traindo.
— Simples, porque sempre tem!
— São por atitudes como essa que não conseguimos ter um relacionamento saudável ao longo dos anos. Você tem ciúme até do ar que eu respiro! — grunhi irritada.
— Temos ciúmes de quem gostamos! — retrucou decidido, me incomodando um pouco mais.
— O seu ciúme não é saudável, e sim doentio. Você tem ciúmes até das minhas amigas quando estão na minha casa! Pelo amor de Deus, William! Nos últimos anos, em todos os momentos que tive um tempinho para ficar com elas, você fechava a cara! Estou mentindo?
— Emily… pode me falar. Quem é esse cara? Prometo que irei somente…
— Preste atenção no que está dizendo! — cortei a sua frase. — Você pelo menos ouviu alguma palavra do que eu disse? Que estou infeliz?
— Não me venha com esse papinho! — Aumentou o tom de voz.
— Você me conhece o suficiente para saber que odeio brigas, vim somente para dizer isso. Minha decisão foi tomada e não frei mudá-la — pontuei, decidida. Pensei muito para enfim dizer a ele o que estava sentindo.
— Eu falei que mudaria por você… — Seu timbre tornou-se baixo, não estabelecendo contato visual agora.
— E eu te disse várias vezes que a questão não é você mudar sua essência. Por longos anos desejei que modificasse sua atitude como homem em relação a mim, mas isso não vai acontecer. Estou errada? — questionei, entretanto no fundo sabia bem a resposta dessa pergunta.
— Isso tudo é conversa fiada!
— Eu estou infeliz, é isso que queria ouvir?! — falei mais alto que gostaria, e observei várias pessoas olhando pra nós, curiosas.
— Mas eu estou feliz com você! — retrucou.
Deus… Por favor, não quero saber de relacionamento tão cedo em minha vida!
— Pois entenda que eu não estou feliz! Acabou, William. Espero sinceramente que encontre alguém que lhe entenda.
Dito isto, me levantei e virei as costas, indo embora.
Ao chegar em casa, fiz o que a maioria das mulheres faziam quando terminavam uma relação: reviver memórias.
Fiquei relembrando os momentos que passamos juntos, os bons períodos da relação. O fato era que há algum tempo estava remoendo vários assuntos por dentro, e sentia que um dia iria explodir e chorar pra valer.
Mas esse dia não ia ser hoje…