Nos dois anos que se seguiram à tomada do poder pelos bolcheviques, o que se via pelas ruas de Moscou era o caos. É o que se depreende das anotações feitas pelo escritor Ivan Búnin (1870-1953) em seus diários mantidos entre 1918 e 1919, quando viveu entre a capital russa e Odessa (na atual Ucrânia), antes de partir para o exílio em Paris. Publicadas em forma de folhetins entre 1926 e 1927 num jornal russo publicado na França, essas notas, editadas e reorganizadas, constituem a obra Dias malditos, que só foi publicada na Rússia em 1989 e nunca havia sido traduzida no Brasil. Considerado um grande estilista, Búnin foi o primeiro escritor russo a ganhar o prêmio Nobel, em 1933. Em Dias Malditos, sua escrita poética dá lugar a registros marcados pela urgência, num mosaico de notícias de jornais, fatos testemunhados e informações de boca a boca. O tom é de inconformismo. As notícias e rumores são apavorantes…
Editora: Carambaia; 1ª edição (7 novembro 2023); Páginas: 216 páginas; ISBN-13: 978-6554610445; ASIN: B0CLQ9B1PB
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Biografia do autor: Márcia Vinha tem graduação e mestrado em literatura e cultura russas pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, onde lecionou cursos de russo e de literatura. É doutora em letras pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Israel. A tradução de Dias malditos faz parte de sua pesquisa sobre a literatura russa do exílio e a representação do trauma coletivo em obras literárias do período, orientada pelo professor Roman Timenchik.