Da mesma autora de “As águas vivas não sabem de si”. Alto do Oeste é uma cidade no meio do Cerrado, que, no início desse século, afundou inexplicavelmente dentro de um lago. Apesar de insólita, essa submersão foi acontecendo de forma lenta e gradual, de modo que também foi aos poucos que seus habitantes foram “expulsos” pelo avançar das águas e obrigados a abandonar à cidade. Anos depois, uma seca extrema no cerrado voltou a revelar Alto do Oeste, e todos os resquícios da vida das pessoas daquele lugar antes da inundação vieram à tona novamente, como se fossilizados pelo barro que agora encobre todas as coisas. Ao saber da notícia, Kênia Lopes, uma antiga moradora da cidade, decidiu que precisava fotografar as ruínas, como se em busca da resposta para uma questão jamais respondida: o que faziam os moradores enquanto aquele pequeno apocalipse se aproximava?
Editora : Rocco; 1ª edição (15 setembro 2020); Páginas: 256 páginas; ISBN-10: 6555320079; ASIN: B08H5L8SQB
Clique na imagem para ler amostra
Biografia do autor: Aline Valek, escritora e ilustradora nascida em Minas Gerais e criada em Brasília, atualmente reside em São Paulo, mas seu verdadeiro lar parece ser a internet, onde compartilha seus textos. Além de seu blog, é conhecida por sua newsletter “Bobagens Imperdíveis” e suas colunas na Carta Capital. Embora seu primeiro romance, “As águas-vivas não sabem de si”, tenha sido sua estreia literária, ela já lançou independentemente dois livros de contos: “Hipersonia crônica” (2013) e “Pequenas tiranias” (2015). Instagram @alinevalek
Resenha:
Cidades Afundam em Dias Normais: Um Mergulho na Dor e na Memória
Em “Cidades Afundam em Dias Normais”, Aline Valek nos transporta para a cidade fictícia de Alto do Oeste, no Cerrado brasileiro, que, em um evento inexplicável, afunda sob as águas de um lago no início do milênio. Através dos olhos de Kênia Lopes, uma ex-moradora que retorna ao local após anos de ausência, somos convidados a desvendar os mistérios que envolvem o desaparecimento da cidade e a lidar com as cicatrizes do passado.
Um retrato da perda e da saudade:
A narrativa se constrói em torno da dor da perda e da saudade que assombram Kênia. Ao revisitar as ruínas submersas de Alto do Oeste, ela se depara com memórias fragmentadas e com a sensação de impotência diante do que foi perdido. A autora explora com delicadeza as diferentes formas de luto, desde a negação e a raiva até a aceitação e a busca por um novo significado para a vida.
Uma investigação jornalística como pano de fundo:
Kênia, em sua jornada de autodescoberta, decide embarcar em uma investigação jornalística para entender o que aconteceu com Alto do Oeste. Através de entrevistas com antigos moradores, pesquisas em arquivos e visitas a locais marcantes da cidade, ela busca desvendar os segredos que rondam o afundamento e, ao mesmo tempo, confrontar seus próprios traumas.
Uma narrativa poética e fragmentada:
Aline Valek utiliza uma linguagem poética e fragmentada, que reflete a natureza caótica das memórias de Kênia. A narrativa se alterna entre o presente e o passado, criando um efeito de suspense e revelando aos poucos os detalhes do desaparecimento da cidade e seus impactos na vida da protagonista.
Um questionamento sobre a memória e o tempo:
“Cidades Afundam em Dias Normais” nos convida a refletir sobre a natureza da memória e o papel que ela desempenha em nossas vidas. A autora questiona como lidamos com o passado, como as lembranças moldam nossa identidade e como a memória coletiva pode ser utilizada para reconstruir a história e buscar justiça.
Um livro que toca o coração:
Com sua narrativa sensível e personagens cativantes, “Cidades Afundam em Dias Normais” é um livro que toca o coração e nos convida a mergulhar em um mar de emoções. É uma obra que nos faz pensar sobre a fragilidade da vida, a importância da memória e a força da resiliência humana.
Recomendação:
“Cidades Afundam em Dias Normais” é um livro recomendado para todos os leitores que apreciam dramas literários, histórias que abordam temas como perda, luto e memória, e obras que exploram a complexa relação entre o passado e o presente. A leitura é envolvente e reflexiva, e a história permanece na mente e no coração por muito tempo após a última página. É um livro que nos convida a olhar para dentro de nós mesmos e a questionar como lidamos com as nossas próprias memórias e traumas.