O que você não vê – Livro de Cora Menestrelli

O que Você Não Vê - Livro de Cora Menestrelli

Bruno Campos, brasileiro, teve uma longa jornada até conseguir chegar onde queria: um assento especial em uma equipe de Fórmula 1. Passou pelo obstáculo que era seu próprio pai, e todas as etapas que ser um piloto requer de alguém. Agora, ele precisa lidar com outra coisa: seu ódio declarado por Ivan Nikolaev, rival russo. Todos sabem que eles se odeiam. Todos esperam pelo momento em que as provocações em entrevistas, ultrapassagens violentas e olhares de ódio se transformarão em algo físico, porque é isso que todos querem. Intriga. Mas há sempre algo que você não vê.

Data da publicação: ‎19 agosto 2022; Páginas: ‎36 páginas; ASIN: B08VW85FDC

Trecho do livro

Para Triz.
Que me fez voltar a ver o bom em mim.
Sem você, novas histórias nunca teriam acontecido.


Algumas histórias de amor não são romances épicos.
São contos. Mas isso não os deixa menos repletas de amor.
(Sex and the City)

“Bruno Campos e Ivan Nikolaev se enfrentam antes de treino; Suas equipes afirmam que o clima de competição aumentou desde a última temporada”

“Campos afirma ‘Não tenho absolutamente nada a dizer sobre Nikolaev, não me dou ao trabalho’, e diz que está confiante para a próxima corrida”

“Ivan Nikolaev perde a paciência durante coletiva e exclama: ‘Outras equipes e outros pilotos nunca me assustaram, não vejo por que me assustaria com o maldito brasileiro”

Bruno sabia que não seria um bom dia. Ele disse a si mesmo na segunda-feira que não seria uma boa semana.

Era sábado, e seus pensamentos apenas se provaram certeiramente corretos. E estava nervoso pelo domingo — há anos o domingo havia deixado de ser o primeiro dia da semana para ele.

O caminho até a entrada dos autódromos sempre era sufocante, mas naquele sábado em especial, as coisas pioraram. Um grupo de quinze ou vinte jornalistas esportivos se aproximou, jogando todo o seu espaço pessoal para o lixo.

Maldito seja, Ivanoskolixo. O Brasileiro abriu um sorriso quase receptivo demais para a sua verdadeira vontade interna de pedir não tão educadamente que todos se afastassem, porque tinha uma classificatória para ganhar.

— Campos, Ivan o procurou para tirar satisfações depois da batida entre seus carros?

Não havia sido uma batida. A culpa de Bruno diminuía significativamente sempre que alguém chamava de contato potencialmente perigoso. Porque se era apenas potencialmente, não era completamente. Fazia sentido na sua cabeça.

Embora soubesse que provavelmente funcionava de forma diferente na visão de Ivan. Apesar de estarem sempre competindo pelos mesmos lugares, havia um cuidado para não alimentar os boatos de que eles queriam matar um ao outro. Porque não queriam. No máximo, Bruno aceitaria dar alguns chutes naquela bunda dura para ver se o russo tomava algum juízo sempre que fazia uma curva quase o jogando para fora da pista. Na maioria das vezes em que um acidente quase acontecia, a culpa era dele — mesmo que Campos já estivesse acostumado o bastante para saber quando tinha que mandar o orgulho para o inferno e desacelerar para evitar algo pior.

Na semana anterior, porém, o contato potencialmente perigoso havia sido sua culpa.

— Não tive qualquer contato com ele após aquela corrida. —Isso era mentira, ter que passar a noite inteira no hospital apenas por precaução, e o russo e sua equipe já estavam longe quando o liberaram.

Mas Ivan havia lhe mandado mensagens. — E você pretende se vingar?

Biografia do autor: Cora Menestrelli é estudante de geografia — sim, geografia —, escritora e criativa (até demais). É um pouco obcecada por filosofia e palavras difíceis. Quando não está escrevendo, provavelmente está falando sobre Fórmula 1 ou maratonando Star Wars. Tem muita dificuldade de desapegar de seus próprios personagens, e boatos que foi assim que o Coraverso nasceu.


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