Resenha do filme ‘Guava Island’ de Donald Glover

13 de abril de 2019

Mesmo com detalhes finalmente divulgados no início desta semana sobre “Guava Island”, o projeto secreto que Donald Glover estreou no festival de música Coachella antes de sua estréia no Amazon Prime no sábado, houve alguma confusão sobre o que exatamente seria.

O filme tem pouco mais de uma hora. Mas se aprendemos alguma coisa com Glover e as colaborações anteriores do diretor Hiro Murai na série de efeitos especiais “ Atlanta ”, é que eles não se importam se o trabalho deles é difícil de se classificar, e eles parecem se divertir com isso.

Resenha e comentários do filme Guava Island’ de Donald Glover

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Apelidado de um “thriller tropical” pela Amazon, “Guava Island” tem a engenhosidade formal e tonalidade de “Atlanta”, mas Glover e Murai estão jogando em uma chave muito diferente aqui. Se alguma coisa, é uma expansão, musical e estilisticamente, de “ This Is America ”, o muito visto e muito discutido vídeo musical dirigido por Murai para o alter ego musical de Glover, Childish Gambino.

Mas a abordagem geral é mais leve e mais pop, apropriada para o ambiente tropical. A co-estrela de Glover, Rihanna, narra a sequência de abertura, uma história animada da ilha emoldurada como uma lenda popular e história para dormir, com uma pitada de conto de fadas: ela explica como a jovem Deni (Glover) vinha à sua janela todas as noites para cantar para ela, como se ela fosse uma espécie de Rapunzel do Caribe.

Agora, um músico em dificuldades, Deni sonha em escrever uma música que unirá seu povo, embora eles já pareçam uma comunidade bastante unida – é o tipo de lugar onde todos lhe dão um bom dia alegre enquanto se apressa para o primeiro de seus muitos. empregos, cantando jingles no rádio. Mas nem tudo é um conto de fadas; o impiedoso Red Cargo (Nonso Anozie, de ” Game of Thrones “) governa a ilha com um punho de ferro, e homens atirando com metralhadoras patrulham seus andares de fábrica.

O enredo de “Guava Island” é tão fino quanto os musicais de Judy Garland-Mickey Rooney de sua herança distante: Deni planejou um festival de música secreta durante toda a noite (não diferente de, digamos, um filme musical secreto), mas seus participantes não trabalhariam consequentemente. no domingo, o que é profundamente inaceitável para a Red Cargo. Ele oferece a Deni $ 10.000 para cancelar o evento, explicando: “Eu estou no comando do povo desta ilha. Eu tenho que fazer o que é melhor para todos. ”Não há prêmios para adivinhar se o show continua, embora as conseqüências dessa decisão tenham mais peso do que o habitual.

Assim, é uma daquelas histórias em que os números musicais são “realistas” (meio que, sorta) porque o protagonista é um músico, e Murai tem dores agradecidas para trabalhar as canções no tecido da narrativa. No entanto, não há tanta música como se poderia esperar, considerando os pedigrees de suas estrelas. Além das músicas de rádio de Deni, há apenas um punhado de números musicais, a maioria deles retrabalhando as faixas existentes de Gambino. (Rihanna, ainda mais surpreendentemente, não canta nada.)

Mas há um verdadeiro apelo para essas sequências, que incluem uma bela apresentação à beira-mar de “Summertime Magic” e uma apresentação de “Saturday” que consegue encenar o tipo de alegria que é capturada espontaneamente nos melhores documentários de concertos, como “ Wattstax ” e “ Dave Chappelle’s Block Party .” No palco, Deni enquadra seu evento como “uma celebração da vida – eu quero que todos aqui se sintam tão livres quanto possível hoje à noite”, e acima de tudo, “Guava Island” é um hino aos prazeres. de ter calma. “Nós vivemos no paraíso”, Deni fumou, “mas nenhum de nós tem tempo ou meios para realmente viver aqui!”

Glover apontou “Purple Rain” e “ City of God ” como as principais influências do filme, mas também está repleto de ecos do veículo “ The Harder They Come ”, de 1973, de Jimmy Cliff , outra história de um músico de ilha tocando o submundo do crime. Os casualmente lindos, imersos na luz do sol, que são a estética granulada de 16 milímetros do filme (o diretor de fotografia é Christian Sprenger, que também filma “Atlanta”), e oferece uma qualidade atemporal e reminiscência; se não for definido no passado, a imagem está enraizada em um mundo que está preso lá, onde ninguém tem um smartphone e todos ainda ouvem o rádio.

O principal atributo compartilhado do filme com “Atlanta” é sua visão de mundo excêntrica e torta, uma aceitação prática do absurdo cotidiano. (Quando Deni é sequestrado e levado para ver Red Cargo, ele é severamente instruído a fazer um crachá.) Essa abordagem prova-se adaptável aos elementos de thriller, particularmente considerando o presente de Glover para comédia reativa – ele pode rir com algo tão simples como um shifted olhar ou até mesmo um inexpressivo estupefato.

Rihanna, um pouco deprimente, tem pouco mais a fazer do que ser “a garota”: inspirar Deni com sua beleza, se preocupar com sua segurança e (o mais velho e mofado dos tropos) tentar decidir quando e como lhe dizer que está grávida. É um desperdício desanimador de um artista tão ardente e complicado. Mas ela e Glover têm química e carisma de estrela de cinema para queimar, e Murai sabe se inclinar para o momento glorioso, improvisado, quando ela sucumbe aos apelos e danças de seu amor, sempre tão brevemente, ao lado dele. Letitia Wright, tão brincalhona e envolvida em “ Pantera Negra ” , também não tem muito o que fazer, mas a friamente amável Anozie aproveita ao máximo seu tempo mínimo na tela.

“Guava Island” foi feito em Cuba, e uma filmagem local isolada com uma equipe insular poderia resultar em um estilo Adam Sandler, meramente uma desculpa para férias pagas em um local ensolarado. Mas, sob esse prisma, o esforço lúdico, a brisa improvisada é uma característica, não um erro. O roteiro é do irmão de Glover, Stephen, também de “Atlanta”, mas a história é creditada tanto aos homens quanto a mais três escritores de “Atlanta”. E isso rastreia; parece muito com um filme que um grupo de amigos inventou tarde da noite, talvez compartilhando uma frase contundente, enquanto a festa estava acabando. Isso é um elogio.