Livro ‘O Investidor Inteligente’ por Benjamin Graham

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Maior consultor de investimentos do século XX, Benjamin Graham ensinou e inspirou milhares de pessoas ao redor do mundo. Seu conceito de “valor de investimento” protege os investidores de cometer erros substanciais e os ensina a desenvolver estratégias de longo prazo. Isso fez com que O investidor inteligente se tornasse a bíblia do mercado de ações desde sua primeira publicação, em 1949. A partir daí, as evoluções do mercado provaram a sabedoria das estratégias de Graham. Esta edição conta ainda com atualizações e apontamentos do jornalista Jason Zweig, além de prefácios de Warren Buffett e Armínio Fraga. “De longe, o melhor livro sobre investimentos já escrito.” — Warren Buffett; “Se você tiver que ler um só livro sobre investimentos em toda a sua vida, que seja esse.” ― Fortune; “Um dos dez livros que todo investidor deveria ler.” ― Revista Exame.

Páginas: 672 páginas; Editora: HarperCollins; Edição: 1 (25 de janeiro de 2016); ISBN-10: 8595080801; ISBN-13: 978-8595080805; ASIN: B01B3I5Y44

Leia trecho do livro

O GUIA CLÁSSICO PARA GANHAR DINHEIRO NA BOLSA

APRESENTAÇÃO

É com muita satisfação que a Jardim Botânico Partners copatrocina a tradução da sexta edição do livro O investidor inteligente. Apesar de ser um clássico da literatura de investimentos, esta é a primeira tradução para a lingua portuguesa. Por se tratar de uma filosofia de investimentos pautada no bom senso, temos certeza da sua utilidade e aplicabilidade tanto para o momento atual brasileiro como para o futuro. Aliás, sua primeira edição data de 1949 e até hoje permanece como referência entre os livros que tratam desse tema. Talvez por não seguir modismos ou fórmulas heterodoxas, mantém-se atual.

Afirmar que Graham foi o mentor de verdadeiros ícones do mundo dos investimentos como Warren Buffett, Irving Kahn e Walter Schloss poderia ser suficiente recomendação para qualquer livro. Buffett, talvez o mais renomado e respeitado discípulo de Graham, exalta O investidor inteligente como “de longe o melhor livro já escrito sobre investimento”. Muito do sucesso deste livro pode ser atribuído à clareza e sensatez com que Graham aborda os princípios necessários para que um investidor seja inteligente na seleção de seus investimentos, sem recorrer a modelos complexos ou a artifícios que mistifiquem sua aplicação.

Os principais pilares da filosofia de investimento de Graham são: o rigor e a disciplina aplicados à análise fundamentada dos fatos a respeito da empresa, que permitam ao investidor estabelecer o seu valor intrínseco, assegurando que a sua aquisição a um preço abaixo deste valor lhe proporcionará uma margem de segurança e aumentará a probabilidade de obtenção de um retorno adequado a médio e longo prazo.

Logo no primeiro capítulo, Graham distingue “investimento” de “especulação”: “Uma operação de investimento é aquela que, após análise profunda, promete segurança do capital investido e um retorno adequado. As operações que não atendem a essas condições são especulativas.” Nos capítulos 8 e 20, o leitor é apresentado a um arcabouço analítico que sintetiza essa filosofia. O primeiro ensinamento é que um investidor não deve pautar seu comportamento pelas flutuações do mercado. Graham observa que o mercado sempre oscilará entre o otimismo desenfreado e o pessimismo profundo, e ensina que o investidor inteligente deve aproveitar esses movimentos acentuados para comprar ações abaixo do seu valor intrínseco ou vendê-las quando estiverem acima. A lição a ser assimilada é que preços de mercado têm pouca relação com valor. O segundo ensinamento, e o mais importante na opinião de Warren Buffett, é comprar ações com uma “margem de segurança”. A simplicidade e o brilhantismo desses ensinamentos dizem muito sobre a personalidade de Benjamin Graham e explicam o sucesso atemporal deste livro.

Esperamos que, num momento em que a conjuntura brasileira aponta para a possibilidade de ganhos com a economia real, investidores possam utilizar os ensinamentos deste clássico para nortear suas aplicações.

Jardim Botânico Partners Investimentos
Julho de 2097


Nota do editor:

Na tradução procurou-se evitar anglicismos, mas evidentemente algumas palavras que se referem a instituições americanas ou ainda com significado universal foram mantidas. Da mesma forma, o capítulo referente à inflação, por ter sido escrito no início dos anos 19749, quando os Estados Unidos viveram um período de alta generalizada nos preços, talvez seja menos relevante para o investidor brasileiro, que até 1994 presenciou este tipo de anomalia de uma forma muito mais acentuada.

PREFÁCIO À QUARTA EDIÇÃO POR WARREN E. BUFFETT

Li a primeira edição deste livro no início de 1950, quando tinha 19 anos. Naquela época, julguei que ele era, de longe, o melhor livro que existia sobre investimentos. Ainda penso dessa forma.

Investir com sucesso ao longo de uma vida inteira não requer um quociente de inteligência estratosférico, uma visão empresarial incomum ou informações privilegiadas. Precisa-se de uma estrutura intelectual coerente para tomar decisões e ser capaz de não deixar que as emoções corroam esse arcabouço. Este livro prescreve com precisão e clareza o arcabouço apropriado. Você é responsável por fornecer a disciplina emocional.

Se você seguir os princípios comportamentais e empresariais que Graham advoga — e se prestar atenção especial aos conselhos valiosos dos capítulos 8 e 20 -, não obterá resultados ruins em seus investimentos. (Essa conquista representa um feito muito mais significativo do que pode parecer à primeira vista.) A capacidade de atingir resultados fora do comum dependerá do esforço e da inteligência dedicados aos seus investimentos, assim como do grau de insensatez do mercado acionário predominante durante sua carreira de investidor. Quanto mais insensato o comportamento do mercado, maior a oportunidade para o investidor de perfil empresarial. Siga Graham e você lucrará com a insensatez, em vez de participar dela.

Para mim, Ben Graham foi muito mais do que um autor ou um professor. Depois de meu pai, ele foi o homem que mais influenciou minha vida. Logo após a morte de Ben, em 1976, escrevi um breve memento sobre ele no Financial Analysts Journal, que se encontra a seguir. À medida que se lê o livro, acredito que ficarão evidentes algumas de suas qualidades mencionadas nesse tributo.

BENJAMIN GRAHAM
1894-1976

Há alguns anos, Ben Graham, naquela altura com quase oitenta anos, revelou a um amigo que esperava fazer algo “tolo, criativo e generoso” todos os dias.

A inclusão do primeiro objetivo caprichoso refletia sua habilidade para expressar ideias de uma forma que evitava qualquer aparência de sermão ou arrogância. Apesar de suas ideias serem poderosas, a exposição delas era sempre realizada de forma gentil.

Os leitores desta revista não precisam de uma lista de seus feitos medidos por padrões de criatividade. Raramente o fundador de uma disciplina deixa de ver seu trabalho ofuscado, em um curto espaço de tempo, por seus sucessores. Porém, mais de quarenta anos após a publicação do livro que trouxe estrutura e lógica a uma atividade desordenada e confusa, é dificil pensar em possíveis candidatos até mesmo para a posição de segundo lugar no campo da análise dos valores mobiliários. Em uma área em que muitas coisas parecem tolas semanas ou meses após sua publicação, os princípios de Ben permanecem válidos, e seu valor é muitas vezes ampliado e mais bem entendido no rastro das tempestades financeiras que arrasam arcabouços intelectuais mais frágeis. Seus conselhos sensatos sempre trazem recompensas a seus seguidores, mesmo para aqueles com capacidade natural inferior aos praticantes mais talentosos, os quais tropeçam ao seguirem os conselheiros brilhantes ou da moda.

Um aspecto notável do domínio por Ben de seu campo profissional foi que ele o conseguiu sem aquele estreitamento das atividades mentais que concentra todos os esforços em um só objetivo. Foi, pelo contrário, o subproduto incidental de um intelecto cuja amplitude quase excedeu as definições. Certamente, nunca encontrei alguém com uma mente tão abrangente. Uma memória quase fotográfica, a fascinação sem fim por conhecimentos novos e uma capacidade de remodelá-los em uma forma aplicável a problemas aparentemente não relacionados tornavam a exposição ao seu pensamento, em qualquer campo, um prazer.

Porém, foi em seu terceiro objetivo — a generosidade — que ele superou todos. Ben foi meu professor, empregador e amigo. Em cada relacionamento, como também com todos os seus alunos, empregados e amigos, no que se refere às suas ideias, tempo e espírito, houve generosidade sem fim e sem precedentes. Se clareza de pensamento fosse exigida, não havia melhor lugar para ir. E se era necessário encorajar ou aconselhar, lá estava Ben. Walter Lippmann falou de homens que plantam árvores sob as quais outros homens se sentarão. Ben Graham era um desses homens.

Publicado em Financial Analysts Journal, novembro/dezembro de 1976.

UMA OBSERVAÇÃO SOBRE BENJAMIN GRAHAM, POR JASON ZWEIG


Quem era Benjamin Graham e por que você deve prestar atenção nele?

Graham não foi apenas um dos melhores investidores que já existiram; ele foi também o maior analista prático de investimentos de todos os tempos. Antes de Graham, os gestores de fundos de investimentos se comportavam como uma corporação medieval, guiados principalmente por superstição, adivinhação e rituais arcaicos. O livro de Graham, Security Analysis [Análise de valores mobiliários], transformou esse círculo embolorado em uma profissão moderna.

O investidor inteligente é o primeiro livro a descrever, para investidores individuais, o arcabouço emocional e as ferramentas analíticas essenciais ao sucesso financeiro. Ele continua sendo o melhor livro sobre investimentos escrito para o público em geral. O investidor inteligente foi o primeiro livro que li quando fui trabalhar como repórter novato na revista Forbes, em 1987, e fiquei fascinado pela certeza de Graham de que, mais cedo ou mais tarde, todos os mercados altistas terminariam mal. Em outubro daquele ano, as ações americanas sofreram a pior queda em um dia de sua história, e aí fui fisgado. (Hoje, após a loucura da alta do mercado no final da década de 1990 e a queda brutal que começou no início de 2000, O investidor inteligente parece mais profético do que nunca.)

Graham chegou às suas conclusões pelo caminho mais dificil: sentindo em primeira mão a angústia da perda financeira e estudando, por décadas, a história e a psicologia dos mercados. Ele nasceu Benjamin Grossbaum em 9 de maio de 1894, em Londres; seu pai era um comerciante de louça e estatuetas chinesas.2 Sua família se mudou para Nova York quando Ben tinha um ano. A princípio eles levaram uma vida abastada — com empregada, cozinheira e governanta francesa — na parte nobre da Quinta Avenida. Porém, o pai de Ben morreu em 1903, o comércio de porcelana ruiu e a família deslizou aos poucos rumo à pobreza. A mãe de Ben transformou a casa em uma pensão; em seguida, ao tomar dinheiro emprestado para negociar ações “na margem”, ela foi aniquilada no crash de 1907. Pelo resto de sua vida, Ben lembraria a humilhação de descontar um cheque para a mãe e ouvir o caixa do banco dizer: “Tem cinco dólares na conta da Dorothy Grossbaum?”

Felizmente, Graham ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Columbia, onde seu talento floresceu plenamente. Formou-se em 1914 e foi o segundo colocado de sua turma. Antes do fim do último semestre, três departamentos da universidade — letras, filosofia e matemática — convidaram-no para trabalhar lá como professor. Ele só tinha vinte anos.

Em vez de ficar na vida acadêmica, Graham decidiu tentar a sorte em Wall Street. Começou como escriturário em uma firma especializada em negociar obrigações do Tesouro, logo se tornou analista, depois sócio e, em seguida, começou a dirigir sua própria empresa de investimentos.

A ascensão e queda fulminantes de empresas de internet não teriam surpreendido Graham. Em abril de 1919, ele obteve um retorno de 250% no primeiro dia de negociação da Savold Tire, um lançamento do setor automotivo, que vivia um boom. Em outubro, essa empresa revelou-se uma fraude e as ações perderam totalmente o valor.

Graham se tornou um mestre em pesquisar ações em detalhes microscópicos, quase moleculares. Em 1925, ao folhear relatórios obscuros, registrados pelas companhias de oleodutos na Interstate Commerce Commission, ele descobriu que a Northern Pipe bine Co. — então negociada a US$ 65 por ação — mantinha, pelo menos, US$80 por ação em obrigações com grau de investimento. (Ele comprou a ação, pressionou os administradores a aumentarem os dividendos e saiu com US$ no por ação três anos mais tarde.)

Apesar de uma perda dolorosa de aproximadamente 70% durante o Grande Crash de 1929-1932, Graham sobreviveu e prosperou nos anos seguintes, colhendo bons negócios dos destroços daquele mercado especulativo. Não existe um registro exato dos ganhos obtidos por Graham nos primeiros anos, mas de 1936 até a aposentadoria em 1956, sua empresa Graham-Newman Corp. lucrou, pelo menos, 14,7% por ano, contra 12,2% do mercado de ações como um todo, um dos melhores desempenhos de longo prazo da história de Wall Street.

Como Graham conseguiu isso? Combinando capacidade intelectual extraordinária com profundo bom senso e uma vasta experiência, Graham desenvolveu seus princípios centrais, os quais são pelo menos tão válidos hoje quanto o foram durante sua vida:

• Uma ação não é somente um símbolo em uma fitas ou um sinal eletrônico; ela representa o interesse do proprietário em um negócio real, com um valor intrínseco que independe do preço da ação.

• O mercado é um pêndulo que sempre oscila entre o otimismo insustentável (que torna as ações muito caras) e um pessimismo injustificável (que as torna muito baratas). O investidor inteligente é um realista que vende para os otimistas e compra dos pessimistas.

• O valor futuro de todo investimento é uma função de seu preço presente. Quanto mais alto o preço pago, menor o ganho. • Não importa quanto você é cuidadoso, o risco que nenhum investidor pode eliminar é o de errar. É apenas ao insistir no que Graham chamou de “margem de segurança” —nunca pagar um preço elevado demais, independentemente de quanto um investimento possa ser atraente — que você poderá minimizar os riscos de errar.

• O segredo do seu sucesso financeiro está em você mesmo. Se você se torna um pensador crítico que não acredita fielmente em todos os “fatos” de Wall Street e investe com confiança e paciência, pode tirar vantagens constantes até mesmo dos piores mercados de baixa. Ao desenvolver disciplina e coragem, você pode evitar que as variações de humor de outras pessoas governem seu destino financeiro. No fim das contas, o comportamento de seus investimentos é bem menos importante do que o seu próprio comportamento.

O objetivo desta edição revista de O investidor inteligente é aplicar as ideias de Graham aos mercados financeiros atuais, deixando seu texto inteiramente intacto (com exceção das notas de rodapé explicativas).; Após cada capítulo de Graham, você encontrará um comentário novo. Nesses guias para o leitor, acrescento exemplos recentes que podem mostrar quanto os princípios de Graham permanecem relevantes e libertadores até hoje.

Invejo você pela empolgação e pelos novos conhecimentos adquiridos ao ler esta obra-prima de Graham pela primeira vez, ou mesmo pela terceira ou quarta. Como todos os clássicos, ele altera nossa visão de mundo e se renova ao nos instruir. E quanto mais você o lê, melhor ele fica. Com Graham como guia, você seguramente se tornará um investidor bem mais inteligente.

1 Escrito em coautoria com David Dodd e publicado pela primeira vez em 1934.
2 Os Grossbaum mudaram o sobrenome para Graham, durante a Primeira Guerra Mundial, porque os sobrenomes alemães eram vistos com suspeitas.
3 A Graham-Newman Corp. foi um fundo mútuo de capital aberto (ver capítulo 9) que Graham dirigiu em sociedade com Jerome Newman, ele próprio um investidor habilidoso. Durante grande parte de sua história, o fundo ficou fechado a novos investidores. Agradeço a Walter Sehloss por me fornecer dados essenciais para estimar os ganhos da Graham-Newman. A média anual de 20% de retorno que Graham cita em seu posfácio (link) não parece levar em consideração as taxas de administração.
4 No passado, usava-se uma máquina que imprimia uma fita com os símbolos das empresas cujas ações eram negociadas na bolsa para comunicar as mudanças de preços. Um símbolo de fita é uma abreviação, em geral com uma a quatro letras maiúsculas, do nome de uma empresa e é usado como uma forma breve de identificar uma ação para propósitos de negociação. (N.T.)
5 O texto aqui reproduzido é o da quarta edição revista, atualizada por Graham entre 1971 e 1972, e inicialmente publicada em 1973.

PREFÁCIO POR ARMÍNIO FRAGA NETO

O Brasil vive hoje uma verdadeira revolução no mercado de capitais: pela primeira vez na história, empresários brasileiros têm acesso a capital de risco para investir a um custo razoável. Isso graças a uma virtuosa combinação de melhores práticas de gestão por parte das empresas, reduzindo o risco de se investir em ações, e menores taxas de juros, que estimulam a busca por investimentos mais rentáveis.

Nesse contexto, não poderia vir em melhor hora a publicação em português do clássico de Benjamin Graham, O investidor inteligente. Graham foi o principal formulador, junto com David Dodd, de uma disciplina lógica e rigorosa de investimento em ações e títulos. Seu método propõe a avaliação de empresas segundo uma análise criteriosa das possibilidades de geração de lucros e caixa. A proposta de Graham é que essa avaliação seja comparada com o preço da ação no mercado a cada momento. Quando o preço estiver abaixo da avaliação, com uma boa margem de segurança, o investidor deve comprar a ação; quando estiver acima, deve vendê-la.

Com base em sua abordagem, vários discípulos de Graham — com destaque para Warren Buffett, talvez o mais famoso de todos os tempos — ainda hoje praticam esse método com extraordinário sucesso. Apesar de sua ampla difusão no mundo, as lições de Graham mantêm sua validade graças às extremas (e nem sempre racionais) flutuações que acontecem nas bolsas de valores do mundo. Como não há possibilidade real de que tais flutuações deixem de ocorrer, deixo aqui minha mais entusiástica recomendação deste brilhante e claríssimo livro. Bom proveito!

INTRODUÇÃO O QUE ESTE LIVRO PRETENDE REALIZAR


O propósito deste livro é fornecer, de uma forma apropriada aos leigos, orientações para adoção e execução de uma política de investimentos. Entre outros assuntos abordados, pouco será dito sobre as técnicas de análise de valores mobiliários; nossa atenção se focará, principalmente, nos princípios de investimento e nas atitudes dos investidores. Apresentaremos, no entanto, algumas comparações resumidas de títulos específicos, em geral, em pares que aparecem lado a lado na lista da Bolsa de Nova York, para mostrar, de forma concreta, os elementos importantes envolvidos em escolhas específicas de ações ordinárias.*

Boa parte de nosso espaço será dedicada aos padrões históricos dos mercados financeiros, em alguns casos retrocedendo várias décadas. Para investir de forma inteligente em valores mobiliários, deve-se estar previamente munido de um conhecimento adequado de como os vários tipos de obrigações e ações têm de fato se comportado em condições diversas, algumas das quais você poderá vivenciar novamente. Nada é mais verdadeiro e mais bem aplicado a Wall Street do que o famoso aviso de Santayana: “Aqueles que não se lembram do passado estão condenados a repeti-lo.”

Nosso texto é dirigido aos investidores, os quais entendemos serem distintos dos especuladores, e nossa primeira tarefa será esclarecer e enfatizar essa distinção tão esquecida hoje em dia. Podemos dizer logo de início que este livro não ensina como “ganhar um milhão”. Não existe nenhum caminho seguro e fácil para a riqueza, seja em Wall Street ou em qualquer outro lugar. Talvez seja bom exemplificar o que acabamos de dizer com um pouco de história financeira, tendo em vista, sobretudo, que existe mais do que uma lição a ser aprendida neste caso. No ano dramático de 1929, John J. Raskob, uma figura destacada no plano nacional e também em Wall Street, exaltou as bênçãos do capitalismo em um artigo no Ladies’ Home Journal intitulado “Todo mundo deve ser rico”.6 Sua tese era a de que economias de apenas US$15 ao mês, investidas em ações ordinárias de boa qualidade, com o reinvestimento dos dividendos, gerariam um patrimônio de US$80.000 em vinte anos, comparado com contribuições totais de apenas US$3.600. Se o magnata da General Motors estava certo, esse era de fato um caminho simples para a riqueza. Até que ponto ele estava certo? Nosso cálculo grosseiro, baseado em um investimento presumido nas trinta ações que compõem o Índice Industrial Dow Jones (DJIA), indica que, se a receita de Raskob tivesse sido seguida de 1929 a 1948, o patrimônio do investidor no início de 1949 teria sido de aproximadamente US$ 8.500. Esse valor está bem longe da promessa que o grande homem fez, ou seja, US$80.000, e mostra que é arriscado confiar em tais previsões e afirmações otimistas. Porém, como um aparte, vale mencionar que o retorno de fato realizado pela operação de vinte anos teria sido superior a uma taxa anual composta de 8%, e isso apesar do fato de que o investidor teria começado suas compras com o DJIA a trezentos pontos e terminado com um valor baseado no nível de fechamento de 177, em 1948. Esse registro pode ser considerado um argumento convincente para o princípio de compras mensais regulares de ações ordinárias fortes em tempos bons e ruins, um programa conhecido como “fazer custo médio em dólares”.

Uma vez que nosso livro não é dirigido a especuladores, ele não serve para aqueles que trabalham no mercado. A maioria deles é guiada por gráficos ou outros meios quase puramente mecânicos de determinação dos momentos certos para comprar e vender. O único princípio que se aplica a quase todas essas assim chamadas “abordagens técnicas” é o de que se deve comprar porque uma ação ou o mercado subiu e deve-se vender porque começou a baixar. Isso é exatamente o oposto daquilo que funciona em outros ramos empresariais e dificilmente levará ao sucesso duradouro em Wall Street. Em nossa experiência e observação do mercado de ações, ao longo de mais de cinquenta anos, não conhecemos uma única pessoa que tenha consistente e duradouramente ganho dinheiro “seguindo o mercado”. Não hesitamos em declarar que essa abordagem é tão falaciosa quanto popular. Ilustraremos o que acabamos de dizer mais adiante em uma breve discussão sobre a famosa Teoria Dow de negociação no mercado de ações, embora, claro, isso não deva ser considerado uma prova.

Desde sua primeira publicação nos Estados Unidos, em 1949, as revisões de O investidor inteligente têm sido publicadas a intervalos de aproximadamente cinco anos. Ao atualizar a presente versão, teremos de lidar com um grande número de novidades desde que a edição de 1965 foi escrita. Essas novidades incluem:

1. Uma subida sem precedentes na taxa de juros dos títulos com grau de investimento.
2. Uma queda, que terminou em maio de 1970, de aproximadamente 35% no nível de preços das principais ações ordinárias. Essa foi a maior redução percentual nas últimas três décadas. (Muitas ações de qualidade inferior tiveram uma redução ainda maior.)
3. Uma inflação persistente nos preços ao consumidor e no atacado, que ganhou ímpeto mesmo em face de um declínio dos negócios em geral, em 1970.
4. O desenvolvimento veloz de empresas “conglomeradas”, operações de franquias e outras novidades afins nos negócios e nas finanças. (Aí incluído um número de dispositivos maliciosos tais como letter stocla, a proliferação de bônus de subscrição conversíveis em ações, nomes enganosos, uso de bancos estrangeiros, entre outros.)
5. A falência da maior ferrovia dos Estados Unidos, as dívidas excessivas de curto e longo prazo de muitas empresas anteriormente poderosas e até mesmo problemas perturbadores de insolvência entre alguns corretores de Wall Street.
6. O advento da moda do “desempenho” na gestão dos fundos de investimento, incluindo alguns fundos fiduciários, operados por bancos, com resultados inquietantes.

Esses fenômenos serão cuidadosamente abordados, sendo que alguns exigirão mudanças nas conclusões e na ênfase dada em nossa edição anterior. Os princípios subjacentes do investimento sensato não devem mudar de década para década, mas a aplicação desses princípios deve ser adaptada a mudanças significativas nos mecanismos e no clima financeiros.

A última afirmativa foi testada enquanto esta edição estava sendo escrita, sendo o primeiro rascunho concluído em janeiro de 1971. Naquela época, o DJIA estava se recuperando fortemente de seu piso mínimo de 632, em 1970, e avançava em direção a um pico de 951, em 1971, em um clima de otimismo geral. Quando o último rascunho ficou pronto, em novembro de 1971, o mercado estava assistindo a uma nova derrocada, caindo para 797, em meio a um temor generalizado sobre seu futuro. Não permitimos que essas flutuações afetassem nossa atitude geral em relação a uma política de investimentos sensata, que permanece essencialmente igual desde a primeira edição deste livro, em 1949.

A extensão da queda do mercado entre 1969 e 1970 deveria servir para aniquilar uma ilusão que vinha ganhando força durante as duas últimas décadas, a saber, a de que as principais ações ordinárias poderiam ser compradas a qualquer momento e a qualquer preço, com a garantia não apenas de um lucro final, mas também de que qualquer perda incidental seria logo compensada por um novo avanço do mercado para picos ainda mais elevados. Isso era bom demais para ser verdade. Finalmente, o mercado de ações “voltou ao normal”, no sentido de que tanto os especuladores quanto os investidores devem novamente se preparar para sofrerem perdas significativas, e talvez prolongadas, tanto quanto ganhos no valor de sua carteira.

Para muitas emissões secundárias e de terceira linha, sobretudo de empresas recém-lançadas, o dano causado pela última queda do mercado foi catastrófico. Isso não é nenhuma novidade em si mesma — tinha acontecido com força semelhante em 1961-1962 —, mas havia agora um novo elemento no fato de que alguns dos fundos de investimento tinham compromissos vultosos em títulos altamente especulativos e obviamente supervalorizados deste tipo. É evidente que não é apenas o novato que deve ser advertido de que, embora seja necessário entusiasmo para grandes realizações alhures, em Wall Street ele quase invariavelmente leva ao desastre.

A grande questão que teremos de enfrentar deriva da extraordinária alta nas taxas de juros das obrigações com grau de investimento. Desde o final de 1967, o investidor tem sido capaz de obter um rendimento de tais obrigações duas vezes superior ao dos dividendos de uma carteira representativa de ações ordinárias. No início de 1972, o retorno foi de 7,19% para as obrigações com grau de investimento contra apenas 2,76% das ações industriais. (Esses números podem ser comparados com 4,40% e 2,92%, respectivamente, no final de 1964.) É interessante lembrar que, quando escrevemos pela primeira vez este livro, em 1949, os números eram quase exatamente opostos: as obrigações rendiam apenas 2,66% e as ações, 6,82%.0 Nas edições anteriores, recomendamos consistentemente que, pelo menos, 25% da carteira do investidor conservador fossem mantidos em ações ordinárias, e preferimos, em geral, uma divisão meio a meio entre os dois tipos de ativos. Devemos agora avaliar se a grande vantagem atual do rendimento das obrigações sobre o das ações ordinárias justificaria uma política voltada apenas para as obrigações até que uma relação mais sensata volte a ocorrer, o que esperamos que aconteça. Naturalmente, a questão da inflação continuada será de grande importância no processo de tomada de decisão. Dedicaremos um capítulo a essa discussão.

No passado, fizemos uma distinção básica entre dois tipos de investidores aos quais este livro se dirigia: o “defensivo” e o “empreendedor”. O investidor defensivo (ou passivo) procurará, principalmente, evitar perdas ou erros graves. Seu objetivo secundário será se livrar de trabalho, aborrecimento e necessidade de tomar decisões com frequência. O traço determinante do investidor empreendedor (ativo ou agressivo) é sua vontade de dedicar tempo e dar apuro à seleção de títulos que sejam seguros e mais atraentes do que a média. Por muitas décadas, um investidor empreendedor desse tipo poderia esperar uma recompensa valiosa por sua capacidade e seu esforço adicionais na forma de um rendimento médio acima daquele obtido pelo investidor passivo. Temos dúvidas a respeito da existência de uma recompensa adicional realmente substancial para o investidor ativo nas condições de hoje. Porém, no próximo ano ou nos anos subsequentes, tudo poderá mudar. Deveremos, da mesma forma, continuar a dedicar atenção às possibilidades de uma estratégia de investimentos empreendedora, como existia em períodos anteriores, e que pode retornar.

A visão predominante tem sido a de que a arte de investir bem reside, primeiramente, na escolha daqueles setores que têm mais probabilidade de crescer no futuro e, em seguida, na identificação das empresas mais promissoras desses setores. Por exemplo, os investidores espertos — ou seus assessores espertos — teriam reconhecido, há muito tempo, as grandes possibilidades de crescimento da indústria de computadores como um todo, e da IBM em particular. E, da mesma forma, as possibilidades de crescimento expressivo de várias outras indústrias e empresas. Porém, esse reconhecimento não foi tão fácil quanto nos parece quando olhamos em retrospectiva. Para ilustrar essa visão desde o começo, acrescentaremos aqui um parágrafo que incluímos pela primeira vez na edição de 1949 deste livro.

Tal investidor pode ser, por exemplo, uma pessoa que compra ações de companhias aéreas porque acredita que o futuro delas será ainda mais brilhante do que a tendência já refletida pelo mercado. Para essa classe de investidor, o valor de nosso livro reside mais nos avisos sobre as ciladas nesta abordagem do investimento favorito do que em qualquer técnica positiva que o ajudará ao longo de seu caminho.

As ciladas tornaram-se particularmente perigosas no setor citado. Era fácil, é claro, prever que o volume de tráfego aéreo cresceria espetacularmente ao longo dos anos. Em função desse fato, suas ações se tornaram uma escolha favorita dos fundos de investimento. Porém, apesar da expansão do faturamento — a uma taxa ainda mais alta do que a da indústria de computadores —, uma combinação de problemas de tecnologia e expansão excessiva de capacidade resultaram em uma lucratividade instável e até mesmo altamente negativa. Em 1970, apesar de urna nova alta nos números de passageiros, as companhias aéreas divulgaram perdas de cerca de US$200 milhões a seus acionistas. (Também haviam reportado perdas em 1945 e 1961.) Uma vez mais, em 1969-1970, as ações dessas empresas caíram mais que o mercado em geral. Os registros mostram que até mesmo os especialistas de fundos mútuos, que trabalham em tempo integral e são regiamente pagos, erraram completamente sobre o futuro de curto prazo de um setor grande e não-esotérico.

Por outro lado, embora os fundos de investimento tivessem investimentos e ganhos substanciais na IBM, a combinação de seu preço aparentemente alto com a impossibilidade de se ter certeza sobre sua taxa de crescimento os impedia de colocar mais do que, digamos, 3% de seus recursos nessa companhia de ótimo desempenho. Logo, o efeito sobre os resultados finais dessa excelente escolha não foi nada decisivo. Ademais, muitos — se não a maioria — dos investimentos em empresas da indústria de computadores, a não ser a IBM, parecem não ter sido lucrativos. Desses dois exemplos, tiramos duas lições para nossos leitores:

1. As perspectivas óbvias de crescimento físico em um negócio não significam lucros óbvios para os investidores.
2. Os especialistas não dispõem de formas confiáveis de escolher e se concentrar nas empresas mais promissoras dos setores mais promissores.

O autor não seguiu tal abordagem em sua carreira financeira como gestor de fundos, não podendo oferecer conselho específico e tampouco motivar aqueles que desejem tentá-la.

O que então pretendemos realizar com este livro? Nosso objetivo principal será dar conselhos ao leitor sobre áreas de possíveis erros significativos e desenvolver políticas com as quais ele se sinta à vontade. Falaremos bastante sobre a psicologia dos investidores. Na verdade, o principal problema do investidor, e até seu pior inimigo, é provavelmente ele mesmo. (“O erro, prezado investidor, não está nas estrelas — e tampouco em nossas ações —, mas em nós mesmos…”) Isso ficou comprovado nas últimas décadas, à medida que se tornou mais necessário aos investidores conservadores comprarem ações ordinárias e, assim, exporem-se, a contragosto, à emoções e tentações do mercado. Por meio de argumentos, exemplos e exortações, esperamos auxiliar nossos leitores a estabelecerem as atitudes mentais e emocionais apropriadas para tornarem suas decisões de investimento. Vimos muito mais dinheiro ser ganho e mantido por “pessoas comuns” que eram, por temperamento, mais bem talhadas para o processo de investimento do que as que não tinham essa qualidade, muito embora elas tivessem um amplo conhecimento de finanças, contabilidade e dos meandros do mercado acionário.

Além disso, esperamos incutir no leitor uma tendência a medir ou quantificar. Com relação a 99% dos valores mobiliários, podemos afirmar que, a algum preço, estão suficientemente baratos para serem comprados e, a algum outro preço, tão caros que deveriam ser vendidos. O hábito de relacionar o que é pago com o que está sendo oferecido é um traço extremamente desejável nos investimentos. Em um artigo de uma revista feminina escrito há muitos anos, aconselhamos as leitoras a comprarem ações como compravam alimentos, não como compravam perfumes. As perdas realmente assombrosas dos últimos anos (e em muitas ocasiões anteriores semelhantes) aconteceram com aquelas ações ordinárias das quais os compradores se esqueceram de perguntar o preço.

Em junho de 1970, a questão “quanto custa?” podia ser respondida pelo número mágico de 9,4%, o rendimento obtido em novas ofertas de obrigações de concessionárias de serviços públicos de primeira linha. Esse rendimento caiu agora para aproximadamente 7,3%, mas até mesmo esse retorno nos provoca a pergunta: “Por que pensar em qualquer outra resposta?” Porém, há outras respostas possíveis, as quais precisam ser cuidadosamente avaliadas. Além disso, repetimos que nós e os leitores devemos nos preparar com antecedência para condições possivelmente bastante diferentes no período de, digamos, 1973 a 1977.

Apresentaremos em detalhes um programa positivo de investimento em ações ordinárias, parte do qual atende a ambas as classes de investidores, sendo a outra parte direcionada, sobretudo, ao grupo empreendedor. Por mais estranho que possa parecer, vamos sugerir como uma de nossas principais condições que os leitores se limitem a ações vendidas a um preço pouco acima do valor de seus ativos tangíveis.n A razão para esse conselho aparentemente antiquado é, ao mesmo tempo, prática e psicológica. A experiência nos ensinou que, embora haja muitas boas empresas em rápido crescimento cujo valor de mercado é muito superior ao de seu patrimônio liquido, o comprador de tais ações dependerá demais dos humores e das oscilações do mercado acionário. Em comparação, o investidor em ações, digamos, de concessionárias de utilidade pública com um valor aproximadamente equivalente ao de seu patrimônio liquido, pode sempre se considerar o proprietário de uma participação em um negócio saudável e em expansão, adquirida a um preço racional, não obstante o que o mercado de ações possa dizer em contrário. O resultado final de tal política conservadora pode ser melhor do que aventuras emocionantes nos campos glamourosos e perigosos do crescimento previsto.

A arte de investir possui uma característica que nem sempre é percebida. Um resultado respeitável, sem ser espetacular, pode ser obtido pelo investidor leigo com um mínimo de esforço e habilidade. Porém, superar esse padrão facilmente atingível exige muito empenho e mais sabedoria ainda. Se você simplesmente tentar utilizar apenas um pouco de conhecimento e inteligência adicionais em seu programa de investimento, em vez de obter resultados um pouco melhores do que os normais, é bem possível que seu desempenho piore.

Uma vez que qualquer um — pela simples compra e manutenção de uma lista representativa — pode igualar o desempenho médio do mercado, “superar a média” pareceria ser um problema relativamente simples; no entanto, na prática, o número de pessoas espertas que tentam essa estratégia sem sucesso é surpreendentemente grande. Até mesmo a maioria dos fundos de investimento, com todo seu pessoal experiente, não tem tido um desempenho tão bom ao longo dos anos comparado ao mercado em geral. Somado a isso está a análise das previsões sobre o mercado de ações divulgadas pelas casas de corretagem, pois há fortes indícios de que seus prognósticos calculados são menos confiáveis do que um simples cara ou coroa. Ao escrever este livro, procuramos nunca esquecer esta armadilha básica dos investimentos. As virtudes de uma política de carteira de investimentos simples — a compra de obrigações com grau de investimento acompanhada de uma lista diversificada das principais ações ordinárias — foram enfatizadas. Qualquer investidor pode pôr em prática essas virtudes apenas com uma pequena ajuda de um especialista. As aventuras além desse território seguro foram apresentadas como sendo repletas de dificuldades desafiantes, em especial no que concerne ao temperamento do investidor. Antes de embarcar em tal aventura, o investidor precisa confiar em si mesmo e em seus assessores, particularmente no que se refere a ter um conceito claro sobre as diferenças entre investimento e especulação e entre preço de mercado e valor intrínseco.

Uma abordagem decidida dos investimentos, firmemente embasada nos princípios da margem de segurança, pode render um retorno atraente. Porém, a decisão de buscar essas remunerações, em vez do retorno seguro dos investimentos defensivos, não deve ser tomada sem antes refletirmos muito a respeito.

Um pensamento retrospectivo final. Quando este jovem autor entrou em Wall Street, em junho de 1914, ninguém tinha a mínima ideia do que os próximos cinquenta anos trariam. (O mercado de ações nem mesmo suspeitava de que, em dois meses, eclodiria uma guerra mundial que fecharia a Bolsa de Valores de Nova York). Agora, em 1972, somos a nação mais rica e poderosa do mundo, mas cercada por uma enorme quantidade de grandes problemas, e estamos mais temerosos do que confiantes no futuro. No entanto, se canalizarmos nossa atenção para a experiência americana de investimentos, podemos tirar algum consolo desses últimos 57 anos. Apesar de suas vicissitudes e vítimas, tão abaladoras quanto imprevistas, continuou sendo verdade que os princípios de investimentos sensatos produziram, de forma geral, resultados sólidos. Devemos presumir que continuará a ser assim.


Nota ao leitor: Este livro não se dirige à politica financeira global dos poupadores e investidores; ele lida apenas com aquela porção dos recursos que eles se dispõem a colocar em títulos negociáveis (ou resgatáveis) no mercado, isto é, em obrigações e ações. Consequentemente, não discutiremos outros meios importantes, tais como poupanças e depósitos a prazo, contas de poupança e empréstimo, seguros de vida, anuidades e hipotecas de propriedades ou a participação em empresas próprias. O leitor deve ter em mente que, onde se lê a palavra “agora”, ou seu equivalente, no texto, ela se refere ao final de 1971 ou início de 1972.


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