Um novo sucesso erótico da autora best-seller do The New York Times ― Vi Keeland! A primeira vez que vi Caine West foi em um bar. Ele notou que eu o estava encarando e deduziu que fosse um flerte. Quando veio falar comigo, coloquei-o na linha, exasperando tudo o que eu pensava sobre ele ser um mentiroso, traidor e egocêntrico. Sabe, aquele delicioso canalha havia levado minha amiga para jantar; depois, foram para cama e ele nem sequer mencionou que era casado. Por isso, merecia cada xingamento que saía da minha boca. Quando terminei, um sorriso preguiçoso se expandiu em seu rosto perfeito em resposta ao meu sermão. Só então percebi que o homem para o qual eu vociferava impropérios não era o cara certo. Ops. Lindo engano. Com vergonha, saí sem me desculpar e achei que nunca mais veria o estranho bonitão na vida, certo? Foi o que pensei… Até chegar à aula na manhã seguinte…
Editora: Universo dos Livros; 1ª edição (31 janeiro 2020); Páginas: 336 páginas; ISBN-10: 8550302791; ISBN-13: 978-8550302799; ASIN: B079YBK21N
Clique na imagem para ler o livro
Biografia do autor: Vi Keeland é uma autora best-seller nº 1 do New York Times, nº 1 do Wall Street Journal e USA Today. Com milhões de livros vendidos, seus títulos estão atualmente traduzidos em vinte e seis idiomas e aparecem nas listas de mais vendidos nos EUA, Alemanha, Brasil, Bulgária e Hungria. Três de seus contos foram transformados em filmes pela Passionflix, e dois de seus livros estão atualmente em opção para filmes. Ela reside em Nova York com o marido e seus três filhos, onde vive o seu próprio felizes para sempre com o menino que conheceu aos seis anos.
Leia trecho do livro
Às vezes criamos o nosso próprio caminho. Às vezes o caminho é criado para nós, e a única coisa que podemos fazer é segui-lo.
Capítulo 1
Rachel
Deve haver uma explicação científica para a relação entre ser geneticamente abençoado e agir como um babaca. Olhei de novo, tentando entender o motivo para a minha amiga estar parada em pé do lado de fora do banheiro masculino, completamente embriagada. Claro que a fila para o banheiro feminino estava cinco vezes maior, porque só os homens podem se aliviar quando têm vontade. O Cara Casado estava ali parado, digitando em seu celular — provavelmente mentindo para alguma mulher que não desconfiava de nada. Analisei o seu dedo anelar esquerdo enquanto os outros trabalhavam com afinco. Sem aliança. Pasma. Tenho certeza de que um aliança brilhante de metal, que simboliza o comprometimento eterno com outra pessoa, costuma dificultar o ato de dizer que está solteiro e procurando a mulher dos seus sonhos.
Aff. Que babaca.
Eu amo Ava, mas acho que desconfiaria de qualquer cara com seus trinta anos que dissesse esse tipo de besteira no primeiro encontro.
Meu olhar subiu da mão do Cara Casado para o seu rosto, exatamente no momento em que ele olhou para cima. Se ao menos olhos pudessem lançar facas… Fiz careta para o desgraçado. Não sei por que fiquei surpresa quando ele sorriu para mim.
Idiota.
Provavelmente pensou que eu o estava secando.
Peguei meu celular do bolso para me distrair, olhar para baixo e ler algumas mensagens enquanto aguardava. Só que… eu não conseguia ler as malditas palavras sem os óculos. Deixei o celular de lado e senti que estava sendo observada enquanto esperava pacientemente. Franzir o cenho usa mais músculos faciais do que sorrir, e não valia a pena produzir uma ruga por aquele idiota.
Depois de ir ao banheiro e quase queimar as mãos ao lavá-las — a água da pia no O’Leary tem apenas uma temperatura: mais quente que tudo —, estava pronta para ir para casa. Meu turno tinha terminado há mais de uma hora, e Ava havia ficado depressiva desde que o traidor entrara, então duvidava de que ela se oporia a ir embora mais cedo.
Uma voz grave bonita me fez parar ao sair do banheiro.
— Eu te conheço de algum lugar?
Virei-me e vi o Cara Casado desencostando-se da parede, como se estivesse me esperando. Ignore-o, Rachel. Não vale a pena gastar seu tempo com ele. Olhei em seus olhos para garantir que ele soubesse que eu o tinha escutado, então me virei de costas e segui pelo corredor comprido até o bar.
Ele não entendeu a deixa. Seguindo ao meu lado enquanto eu me distanciava, ele começou a dizer alguma coisa. Parei de repente e virei para encará-lo.
— Você é um completo babaca. Sabia disso? Ele teve a coragem de parecer surpreso.
— Eu? Então, acho que nos conhecemos mesmo?
— Conheço o seu tipo.
— O que isso significa? Revirei os olhos.
— Você pensa que só porque é lindo pode ferrar com todo mundo, que pode sorrir e se safar de qualquer coisa. Bom, espero mesmo que o carma te pegue algum dia, que sua esposa bonitinha acabe dando para metade de Nova York e te transmita uma DST que faça seu pau grande cair.
Ele ergueu as mãos.
— Ouça, docinho, não sei quem você pensa que eu sou ou o que pensa que meu pau grande fez de errado, mas tenho quase certeza de que está me confundindo com outra pessoa.
Minha expressão lhe dizia para parar de mentir.
— Estou aqui com Ava.
— Oh. Ava. Isso explica tudo.
Rosnei para ele — literalmente.
— Grrrrrrr… Bom, deveria. O imbecil deu um sorriso enorme.
— Você fica fofa quando rosna assim. Meus olhos quase saltaram para fora.
— Está mesmo dando em cima de mim?
— Isso seria errado, não seria? Considerando… que você sabe sobre mim… e sobre Ava e tal.
— Você é um mala.
— Virei para me afastar.
— Espere. — Ele pegou meu braço, me fazendo parar de novo.
— Posso te perguntar só uma coisa?
— O quê?
— Quem é Ava?
Inacreditável. Era o tipo de cara que não se lembrava do nome das mulheres com quem transava. Quero dizer, fazia duas semanas desde a última vez em que haviam dormido juntos.
— Volte para casa, para sua esposa, Owen.
Deixei o Owen Casado parado no corredor e voltei para a mesa onde Ava estava afogando as mágoas em silêncio.
— Quer ir embora daqui? Estou meio cansada e preciso me levantar cedo.
Achei melhor não mencionar meu pequeno desentendimento com Owen. Isso só pioraria as coisas. Infelizmente, Ava tinha começado a se apaixonar de verdade pelo babaca. No mês em que estavam saindo, ele a fez delirar, enchendo-a com aquele papo de como via o futuro deles, com dois filhos e um pug.
Ironicamente, ele estava certo. O futuro deles envolvia, sim, dois filhos e um pug. Porque ele estava segurando uma coleira enquanto passeava com suas duas filhinhas loiríssimas no momento em que ela o viu no parque. Só que ele se esqueceu de mencionar que, nessa versão do futuro, sua esposa também estaria segurando o filho deles de um mês de idade enquanto passeavam.
Ava cambaleou um pouco ao sair da banqueta.
— Eu deveria subir neste balcão e dizer para todas as mulheres tomarem cuidado com aquele babaca.
Em outra situação, eu teria concordado. Mas, naquela noite, tinha quase certeza de que, se ela subisse no balcão, acabaria no hospital.
— Ele não é digno da sua saliva.
Peguei a blusa dela do encosto da banqueta e segurei para que ela vestisse. Ava suspirou e, nas duas primeiras vezes, errou o buraco para enfiar o braço.
Atrás do balcão, Charlie — que tinha nos ouvido quase a noite toda — estava servindo uma cerveja.
— Chega. De agora em diante eu quero nomes. — Ele bateu a caneca cheia no tampo de madeira, derramando cerveja por todo lado. — Vou investigar qualquer babaca com quem uma de vocês duas estiverem saindo. — Charlie O’Leary era dono do pub no Brooklyn onde Ava e eu trabalhávamos. Ele também era um policial aposentado.
Sorri.
— Ok, mas saiba que isso me faz querer te dar nomes de suspeitos de assassinato, só para ver suas orelhas ficarem daquela cor roxa adorável quando você está bravo. — Inclinei-me sobre o balcão e lhe dei um beijo na bochecha.
— Boa noite,
Charlie. Ele resmungou alguma coisa sobre ser grato por não ter filhas e me deu tchau.
— Podemos sair pela porta dos fundos? — Ava perguntou. — Não quero passar por ele na saída.
— Claro. É lógico.
Entrelacei meu braço no dela para me certificar de que ficasse equilibrada enquanto andávamos. Depois de dar alguns passos, olhei para cima e vi o Cara Casado parado ao lado da porta dos fundos.
— Humm, Ava, deveríamos sair pela frente. Ele está parado na porta dos fundos agora. Ela olhou em volta.
— Não, ele está na porta da frente conversando com Sal, o novo garçom.
Ela estava mais bêbada do que eu pensava. Apontei o queixo na direção da saída, uma linha reta até Owen.
— Aquela é a porta de trás, Ava.
— Eu sei. Owen está na da frente.
Franzi o cenho.
— Aquele não é o Owen? Com a camisa azul de botão?
Ela bufou do jeito que pessoas bêbadas geralmente fazem.
— Eu disse que ele era o cara bonito de camisa azul, não o deus grego com cara de modelo. Virei rapidamente minha cabeça em direção ao bar. Havia apenas um cara perto da porta da frente e eu não o conhecia. Ele estava conversando com Sal.
Ela olhou de novo e, então, suspirou e assentiu.
— Eu deveria falar para Sal dar um soco nele.
— Ava… o cara conversando com Sal agora, neste exato momento, é Owen?
— Sim.
— A camisa dele é marrom, Ava. Não azul.
Ela se virou de novo para a porta da frente, apertou os olhos e deu de ombros.
— Talvez. Não estou conseguindo enxergar muito bem. Minhas lentes estão embaçadas por causa da maquiagem e do choro.
Quando ela dissera que o seu ex havia acabado de entrar no bar e apontara para a direção da porta da frente, havia apenas um cara com uma camisa azul de botão.
Merda.
Tinha despejado tudo no cara errado.
Já que eu não podia fazer Ava sair pela porta da frente, onde o verdadeiro Owen estava parado, engoli em seco. Claro que o Owen Errado ficou de olho em mim, com um sorriso no rosto, enquanto eu caminhava até a porta de trás.
Ele assentiu para minha amiga quando passamos.
— Tenha uma boa noite, Ava. Boa noite, Estressadinha.
Saí de maneira covarde, olhando para a frente, sem fazer contato visual com o cara, até estarmos fora do estabelecimento.
Ava não estava tão determinada. Virou a cabeça e manteve os olhos fixos no Owen Errado, mesmo quando saímos na rua. Ela podia estar bêbada e com lentes embaçadas, mas não estava cega.
— Puta merda. Viu aquele cara? E ele disse meu nome?
Olhei para trás enquanto a porta do bar se fechava. O Owen Errado acenou com um sorriso presunçoso.
— Você está ouvindo coisas.
Deus, eu ia me atrasar.
Como se as aulas de segunda não fossem ruins o suficiente depois de trabalhar em dois turnos no domingo, minha blusa estava com uma mancha de café, porque tive que pisar fundo no freio quando um idoso passou em um Cadillac enorme. Ele resolveu que precisava virar à esquerda… estando na faixa da direita.
O primeiro dia de aula sempre era um pesadelo. As pessoas perambulavam pelo campus, ou ficavam paradas no meio do caminho, enquanto ensinavam aos colegas o caminho para os muitos prédios. Buzinei para dois alunos que faziam exatamente isso. Eles olharam para mim como se eu fosse a irritante.
Vamos. Mexam-se, pessoal.
Depois de dar três voltas pelo estacionamento, parei em um lugar reservado em frente ao Nordic Hall. Estiquei-me para remexer no porta-luvas, e metade do conteúdo caiu no chão enquanto eu procurava o que precisava.
Achei.
Enfiei um bilhete antigo debaixo do meu limpador de para-brisa e fui para a sala 208. Precisava muito fazer xixi, mas teria que segurar até o fim da aula. Eu sabia de três coisas sobre o professor West, além de que ele era do departamento de composição de música. Um: ele se livrou de sua última auxiliar porque ela se recusou a corrigir todos os trabalhos que ele queria. Dois: na última semana, quando eu contava para alguém que havia sido remanejada para o professor West, todo mundo fazia uma cara — nada encorajadora — e dizia que ele era um babaca e que quase fora demitido alguns anos atrás. E três: detestava quando os alunos chegavam atrasados. Era conhecido por trancar a porta da sala assim que a aula começava, para que os retardatários não conseguissem interromper.
Nenhuma dessas opções caía bem para mim. Mas que escolha eu tinha? Havia perdido meu cargo de auxiliar do professor Clarence quando ele morreu de forma repentina por conta de um aneurisma, há três semanas. Nessa altura, eu tinha sorte de estar realocada. E, sem o cargo de auxiliar, não conseguiria pagar a mensalidade do Conservatório de Música. Já estava trabalhando como garçonete em tempo integral no O’Leary só para pagar meu aluguel e uma parte da mensalidade.
Quando eu cheguei na sala de aula, gotas de suor desciam por meu decote. A porta estava fechada, então esperei um minuto, na tentativa de ficar mais apresentável, alisando meus cachos escuros e selvagens o máximo que conseguia, considerando a umidade. Era inútil tentar tirar a mancha que cobria quase meu seio direito inteiro, então, em vez disso, troquei de mãos e a escondi com a pasta de couro que estava carregando. Inspirando fundo, segurei a maçaneta da porta.
Trancada.
Merda.
E agora? Verifiquei a hora em meu celular. Estava apenas oito minutos atrasada, e era o primeiro dia do segundo semestre letivo do ano. Mesmo assim, o professor já havia dado início à aula lá dentro. Será que eu deveria bater à porta e interromper a aula, sabendo que ele implicava com isso? Ou simplesmente não apareceria no meu primeiro dia no novo cargo?
Atraso era o menos pior.
Ou foi o que pensei.
Bati levemente à porta com os nós dos meus dedos, torcendo para algum aluno no fundo da sala escutar e me deixar entrar sem ser notada.
O professor ficou em silêncio assim que a porta se abriu. Era um auditório, então eu entrei pela fileira de cima, enquanto ele estava lá embaixo. Para minha sorte, quando entrei na ponta dos pés, ele estava de frente para o outro lado e escrevendo na lousa.
— Obrigada — sussurrei ao me acomodar no assento mais próximo do fundo e soltar a respiração de alívio.
Mas talvez aquela sensação de imunidade fosse prematura.
O professor ainda estava escrevendo quanto perguntou:
— Quem chegou atrasado?
Aff.
Queria me afundar no assento e fingir que não tinha sido eu. Mas eu era a auxiliar, não uma aluna. Precisava que eles me respeitassem, já que daria aula nessa sala às vezes.
Limpei a garganta.
— Eu cheguei atrasada, professor.
Ele tampou a caneta de lousa e se virou.
Pisquei algumas vezes. Meus olhos só podiam estar zoando comigo. Peguei a bolsa, encontrei meus óculos e os coloquei — mesmo que minha visão de longe estivesse perfeitamente normal —, como se, por algum milagre, colocar os óculos fosse transformar em outra pessoa o homem parado à frente da sala.
Mas não era outro.
Não havia como negar. Aquele era um rosto do qual as pessoas não se esqueciam.
Um maldito rosto lindo.
Era ele.
Puta merda.
Era ele mesmo.
Estava ferrada.
Eu estava realmente ferrada.
O professor observou a sala de mais de duzentos alunos, incapaz de determinar de onde a voz tinha vindo. Rezei para que ele desistisse e desse uma bronca geral na sala sobre sua intolerância em relação a atrasos.
Não tive essa sorte. Nunca tive nenhuma.
— Levante-se. Quem quer que tenha chegado atrasado, por favor, levante-se.
Ah, Deus.
Senti o peso do desconto na mensalidade de vinte e cinco mil dólares que eu tinha como auxiliar naufragar no meu estômago. Foi difícil me levantar da cadeira. Mas ele estava aguardando. Não tinha como evitar. Isso seria um problema.
Hesitante, levantei-me, prendendo a respiração para ele não me reconhecer.
Talvez tivesse bebido muito e nem se lembrasse de nossa rápida conversa no bar, na noite anterior.
— Não vou tolerar atrasos de alunos. Isso interrompe a minha aula.
— Entendi.
A luz acima de sua cabeça refletia em seu rosto como se ele fosse um ator em cima de um palco, dificultando a visão das fileiras no topo da sala. Ele ergueu a mão e encobriu os olhos. Agora, eu estava vinte fileiras acima dele — devíamos estar a mais de quarenta e cinco metros de distância —, mesmo assim, quando nossos olhos se encontraram, ficaram travados como se fôssemos as duas únicas pessoas na sala.
Soube o momento em que ele me reconheceu. Assisti a tudo em câmera lenta. Um Soube o momento em que ele me reconheceu. Assisti a tudo em câmera lenta. Um sorriso preguiçoso se abriu em seu rosto bonito, embora não um sorriso de felicidade. Diria que era mais parecido com um cachorro que acaba de encurralar um gatinho no canto e está prestes a se divertir com o pobrezinho.
Engoli seco.
— Não acontecerá de novo. Sou Rachel Martin, professor. Sua auxiliar.
Capítulo 2
Rachel
A sala estava completamente vazia. Nem tinha certeza se ele sabia que eu ainda estava sentada lá. Se sabia, estava fazendo um ótimo trabalho em me ignorar enquanto guardava o seu notebook.
— Ao contrário dos boatos que provavelmente ouviu, eu não mordo.
Pulei quando ele falou. Agora que o auditório não estava mais cheio de alunos, a acústica do espaço enorme ressoava sua voz grave por todas as paredes.
Levantei-me e comecei a descer pela passarela da vergonha até a frente da sala. Sem dúvida, eu devia um pedido de desculpas ao cara, mesmo que ele não fosse um professor — um professor que seria meu novo chefe pelas quinze semanas seguintes, no mínimo. Queria me dar um chute na bunda por não ter me desculpado na noite anterior, quando saí do bar. Agora, iria parecer que só estava fazendo isso por causa da situação em que estava envolvida.
O que era verdade, não me entenda mal, mas não queria que parecesse isso.
Respirei fundo.
— Sinto muito por ontem à noite.
A expressão dele era ilegível.
— Imaginei que sentiria, bem neste momento.
— Obviamente, pensei que você fosse outra pessoa.
— Foi o que deduzi. Você pensou que eu fosse o babaca, o cara do pau grande, não é?
Fechei os olhos. Durante os últimos noventa minutos havia repassado a conversa toda da noite anterior na minha cabeça. Pensei que tivesse me lembrado de tudo que havia dito mas, aparentemente, não lembrava. Quando abri os olhos novamente, o professor West ainda estava me observando. Seu olhar era bem intenso.
Desatei a falar.
— Minha amiga Ava saiu com esse cara chamado Owen por um mês ou mais. Ele falava um monte de merda desde o primeiro dia, mas ela não percebeu. Certa noite, quando ela estava saindo do trabalho, ele foi ao seu encontro e disse: “Você se importa se te acompanhar até a sua casa? Minha mãe sempre disse para seguir os meus sonhos”. Ela caiu na dele, em toda a farsa, desde o primeiro dia. Então, em um sábado, ele estava supostamente fora da cidade, a trabalho, e ela estava do outro lado da cidade fazendo umas coisas para a mãe. Ao voltar do mercado, ela pegou um atalho pelo Madison Square Park e deu de cara com ele. Ele estava com a esposa e as filhas.
— E, aparentemente, você pensou que eu fosse ele?
Assenti.
— Ela chegou durante o meu turno e começou a beber vários Long Island. Quando Owen entrou, ela apontou para a direção em que ele estava e disse que era o cara de camisa azul.
— E imagino que nós dois estivéssemos de camisa azul?
Não consegui me conter e sorri, pensando em Ava na noite anterior.
— Na verdade, não. Ava não é de beber muito. Acabou que ela estava mais alterada do que pensei. A camisa de Owen era marrom… Não era nem preta, que poderia ser confundida com azul-marinho ou algo assim. Observei os lábios do professor West se curvarem.
— De qualquer forma, sinto muito mesmo. Mal lhe dei chance de falar e, quando percebi o que tinha acontecido, fiquei com tanta vergonha que nem parei para me desculpar.
— Aceito sua desculpa por ontem à noite. Embora não devesse abordar um homem no corredor para lhe dar um sermão sozinha, suas intenções foram admiráveis.
Eu deveria ter ficado quieta e grata por ele aceitar minha desculpa.
Deveria.
— Por que não posso abordar um homem no corredor?
Ele me mediu com o olhar.
— Porque você tem um metro e meio, e isso não é nada em um bar barulhento. Ninguém teria te ouvido se eu tivesse te arrastado para o banheiro dos homens e trancado a porta.
Cruzei os braços à frente do peito.
— Eu sei me cuidar.
— Não disse que não sabe. Disse que não deveria se colocar nessas situações.
— Mas insinuou que eu não conseguiria fazer isso. Ele fechou o zíper de sua mala de couro.